sexta-feira, agosto 24, 2007

Moscovo precipitou-se a "apoderar-se" do Árctico


O vice-director do Instituto de Oceanologia da Academia de Ciências da Rússia, Leopold Lovkovski, considerou hoje precipitado o anúncio de que o Árctico é russo. Só os "resultados de perfuração profunda" serão aceites pelas Nações Unidas como prova da origem da Cordilheira Lomonossov, afirmou o cientista em declarações ao diário russo "Kommersant", reconhecendo que o seu país não tem tecnologia para realizar semelhante trabalho. Mas mesmo que a Rússia consiga provas aceitáveis para as Nações Unidas, escreve o diário, o artigo 76 da Convenção sobre o Direito Marítimo prevê que Moscovo possa receber apenas 227 quilómetros quadrados da plataforma continental, e não dois milhões, como anunciaram os políticos russos. As agências noticiosas e televisões russas divulgaram quinta-feira declarações de Victor Posselov, vice-director do Instituto de Investigação Científica de Oceanologia, de que a cordilheira submarina Lomonossov no Oceano Glaciar Árctico é "a continuação estrutural da plataforma continental siberiana". Ao "Kommersant", o cientista diz hoje que não foi compreendido correctamente, mas escusou-se a falar sobre o assunto alegando que o Ministério dos Recursos da Rússia proibiu a emissão de qualquer tipo de declarações sobre o caso. "Não fazemos publicidade, mas ciência. A nossa última expedição foi em Maio no quebra-gelos 'Rossia'. Estamos a estudar os seus resultados, e não o balde de amostras trazido por Tchilingarov. Amostras dessas já tínhamos retirado do fundo dezenas de vezes", declarou um cientista, sob anonimato, ao "Kommersant". O deputado russo Artur Tchilingarov organizou, em Agosto, uma expedição de políticos e de cientistas com o objectivo de conseguir amostras do fundo do Oceano Glaciar Árctico para provar as pretensões da Rússia a esses territórios. Com enorme cobertura informativa, um submarino desceu a quatro quilómetros de profundidade e deixou lá uma bandeira russa. Leonid Lobkovski reconheceu que a expedição de Tchilingarov recolheu amostras de solo para o seu instituto, mas sublinhou que "elas não têm nada a ver com a pertença da cordilheira Lomonossov à Rússia". "A televisão fez uma história completamente diferente sobre essa expedição. É uma estupidez completa afirmar que as nossas amostras darão à Rússia a possibilidade de aumentar o território", frisou o cientista. Lobkovski reconheceu que as Nações Unidas só aceitam como prova da pertença da cordilheira Lomonossov "resultados de perfuração profunda" e que o seu país não tem tecnologia para realizar esses trabalhos. Segundo o Kommersant, o Japão é o único país que possui um navio, cujo valor ronda os 500 milhões de dólares, capaz de fazer perfurações até sete mil metros de profundidade, mas a Rússia dificilmente encontrará meios financeiros para o arrendar. A Rússia, ao contrário do Japão e dos Estados Unidos, não participa no programa internacional de perfuração marítima profunda, porque não paga a quota anual de cerca de dois milhões de dólares. É caso para dizer que, actualmente, ao contrário da época dos Grandes Descobrimentos Marítimos, já não é suficiente colocar uma bandeira, mesmo que a quatro mil metros de profundidade, para provar que se trata de território do país que chegou primeiro. E ainda bem que ainda existem cientistas na Rússia que não trabalham para campanhas eleitorais, mas em prol da verdade científica.


2 comentários:

pedro oliveira disse...

Julgo que com a colocação desta bandeira se atingiu se não o mais profundo pelo menos o mais baixo da política internacional russa

Anónimo disse...

eu amo oceanologia mas faço engenharia de energias renovaveis e ambiental por naum ter opiçao mas o meu sonho é a oceanologia
quero diz q sou fã de vc mil abraços