terça-feira, dezembro 11, 2007

Eu escolho-te, tu escolhes-me...


A Igreja Ortodoxa Russa foi a primeira a reagir ao convite dirigido por Dmitri Medvedev, candidato do Kremlin à Presidência da Rússia, a Vladimir Putin para dirigir o Governo do país depois de abandonar o cargo de Presidente.
“É evidente que tanto Vladimir Vladimirovitch Putin, como Dmitri Anatolevitch Medvedev são estadistas eficazes, que gozam da confiança das pessoas. Na Igreja conhecem-nos como bons parceiros no diálogo e nos trabalhos comuns” – declarou Vselovod Tchaplin, porta-voz da Igreja Ortodoxa Russa.
Berl Lazar, o rabino supremo da Rússia, considera que seria “uma grande prenda” se Putin aceitar chefiar o Governo.
“Vladimir Putin provou, com o seu trabalho no cargo de Presidente, que pode realizar qualquer tarefa. Por isso seria uma grande prenda se o mais competente dirigisse o Governo” – declarou um dos dirigentes máximos da comunidade judaica russa.
Posição semelhante foi expressa pela comunidade muçulmana da Rússia.
“Durante a sua presidência, Vladimir Putin elevou as questões sociais a um nível completamente novo e, nesse campo, foi ajudado por Dmitri Medvedev. Será um excelente dueto de grandes estadistas” – considerou Damir Guizatullin, chefe da Direcção Espiritual dos Muçulmanos da Parte Europeia da Rússia.
“A proposta feita por Dmitri Anatolevitch não é nada inesperada” – considerou o político liberal Nikita Belikh, dirigente da União das Forças de Direita.
O ultranacionalista Vladimir Jirinovski, dirigente do Partido Liberal Democrático, considerou que esse convite foi feito para “pôr fim às conversas sobre o futuro local de trabalho do Presidente e sobre que ele poderá afastar-se e o novo Presidente não conseguirá continuar a sua política”.
“Todos devem compreender claramente que o Presidente (Putin) continuará realmente à frente do poder executivo” – precisou.
“A proposta de Dmitri Medvedev tem direito a existir. Vladimir Putin cumpriu as funções presidenciais e estou convencido que ele cumprirá as de Primeiro-ministro, tanto mais que ele transitou para Presidente do cargo de Primeiro-ministro” – frisou Alexandre Babakov, dirigente do partido pró-Kremlin “Rússia Justa”.
“Claro que se pode propôr tudo o que se quer, mas vai tratar-se de um poder duplo e sabe-se que vai estar no epicentro desse poder” – considerou Vladimir Kachin, vice-presidente do Comité Central do Partido Comunista da Federação da Rússia.
“Esse cenário está longe de ser o melhor, não tratará nada de bom à Rússia” – sublinhou Kachin. Dmitri Medvedev, o político nomeado para o suceder no cargo de Presidente da Rússia, pediu a Vladimir Putin que aceite dirigir o Governo russo depois de abandonar o Kremlin em Maio de 2008.
“Ao mesmo tempo que me mostro disposto a candidatar-me ao cargo de Presidente da Rússia, dirijo-me a ele (Putin) com o pedido de aceitar dirigir o Governo da Rússia depois da eleição do novo Presidente do nosso país” – declarou Medvedev numa declaração transmitida em directo pela televisão russa.
“Considero ser extremamente importante para o nosso país conservar num cargo importantíssimo no poder executivo, no cargo de Presidente do Governo da Federação da Rússia, Vladimir Vladimirovitch Putin” – acrescentou.
Segundo Vladimir Medvedev, "é Precisamente ele (Putin) que dirigiu a lista do partido mais forte: Rússia Unida, que conseguiu uma vitória brilhante nas eleições da Duma Estatal. E só com essa constituição os novos poderes legislativo e executivo poderão trabalhar eficazmente”.
Ontem, quatro partidos: Rússia Unida, Rússia Justa, Partido Agrário e Partido Força Cívica, que nas eleições parlamentares de 02 de Dezembro conquistaram 75 por cento dos votos, apresentaram a candidatura de Medvedev, primeiro-vice-primeiro ministro do Governo, para o cargo de Presidente do país, tendo Putin apoiado essa iniciativa.
Vladimir Putin continua a manter o silêncio em relação à proposta de Dmitri Medvedev, mas todos os políticos comentam a proposta como que se ela já tivesse sido aceite pelo Presidente, pois não duvidam que tudo foi previamente combinado.

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