Recentemente, ao visitar a Galeria Tretiakov de Moscovo, a maior colecção de arte russa, deparei com este quadro de Valeri Iakobi (1834-1902), pintor russo pouco conhecido. O quadro chama-se "Bobos da Corte de Anna Ioannovna".
Entre os bobos está João da Costa, português de origem judaica, que divertiu alguns dos czares russos. Comparando o bobo que está em primeiro plano, vestido de cor de rosa e cabeleira branca, com gravuras feitas anteriormente, conclui-se que se trata do português.
Talvez devido ao cargo que ocupava na corte russa, os dados que até nós chegaram sobre a vida de João Christian Semah da Costa Cortiços, chamado, na Rússia, Ivan D’Acosta ou Ian Dacosta, são uma mistura de realidade e lenda.
Para a posteridade ficaram as suas anedotas, cheias de humor e sabedoria. Não era “douto por não saber latim”, mas este judeu de origem portuguesa mantinha acesas conversas filosóficas, teológicas e outras com o czar Pedro o Grande, o que lhe valeu a simpatia do reformador da Rússia.
Entre as cerca de cem pessoas que tinham o título de bobo na corte russa, um descendente de marranos portugueses, João da Costa, figurava entre os mais sábios e próximos do czar Pedro I. Tratava-se de um homem extremamente culto para a época: sabia, além do português, espanhol, italiano, francês, alemão e holandês. Embora tenha vivido 26 ou 27 anos na Rússia e se ter casado com uma mulher russa, nunca aprendeu a falar a língua do seu país de acolhimento, visto que ela começava a ser pouco empregue na alta sociedade de São Petersburgo. O francês e o alemão eram as línguas dominantes entre a nobreza russa, tendo a primeira ocupado esse lugar até meados do séc. XIX.
António Ribeiro Sanches, outro ilustre português que viu na Rússia e se encontrou com o bobo, a quem comprou parte da sua biblioteca pessoal, foi o autor da única biografia de João da Costa que chegou até nós, sendo uma homenagem às qualidades daquele que “não foi douto por não saber latim”.
Uma das numerosas anedotas em que o bobo português é a personagem central vem confirmar a opinião do seu conterrâneo: “Costa, homem bastante culto, gostava muito de livros. A sua esposa, que não se dava lá muito bem como o marido, disse num dos momentos de meiguice: - Meu amigo, como gostaria de me transformar num livro para ser objecto da sua paixão! - Nesse caso, gostaria de ter-te como calendário, pois pode substituir-se todos os anos – respondeu o bobo”.
Entre os bobos está João da Costa, português de origem judaica, que divertiu alguns dos czares russos. Comparando o bobo que está em primeiro plano, vestido de cor de rosa e cabeleira branca, com gravuras feitas anteriormente, conclui-se que se trata do português.
Talvez devido ao cargo que ocupava na corte russa, os dados que até nós chegaram sobre a vida de João Christian Semah da Costa Cortiços, chamado, na Rússia, Ivan D’Acosta ou Ian Dacosta, são uma mistura de realidade e lenda.
Para a posteridade ficaram as suas anedotas, cheias de humor e sabedoria. Não era “douto por não saber latim”, mas este judeu de origem portuguesa mantinha acesas conversas filosóficas, teológicas e outras com o czar Pedro o Grande, o que lhe valeu a simpatia do reformador da Rússia.
Entre as cerca de cem pessoas que tinham o título de bobo na corte russa, um descendente de marranos portugueses, João da Costa, figurava entre os mais sábios e próximos do czar Pedro I. Tratava-se de um homem extremamente culto para a época: sabia, além do português, espanhol, italiano, francês, alemão e holandês. Embora tenha vivido 26 ou 27 anos na Rússia e se ter casado com uma mulher russa, nunca aprendeu a falar a língua do seu país de acolhimento, visto que ela começava a ser pouco empregue na alta sociedade de São Petersburgo. O francês e o alemão eram as línguas dominantes entre a nobreza russa, tendo a primeira ocupado esse lugar até meados do séc. XIX.
António Ribeiro Sanches, outro ilustre português que viu na Rússia e se encontrou com o bobo, a quem comprou parte da sua biblioteca pessoal, foi o autor da única biografia de João da Costa que chegou até nós, sendo uma homenagem às qualidades daquele que “não foi douto por não saber latim”.
Uma das numerosas anedotas em que o bobo português é a personagem central vem confirmar a opinião do seu conterrâneo: “Costa, homem bastante culto, gostava muito de livros. A sua esposa, que não se dava lá muito bem como o marido, disse num dos momentos de meiguice: - Meu amigo, como gostaria de me transformar num livro para ser objecto da sua paixão! - Nesse caso, gostaria de ter-te como calendário, pois pode substituir-se todos os anos – respondeu o bobo”.
3 comentários:
Não é calendário, é agenda.
Não se vê a imagem
Caro leitor Sapka, no século XVIII havia apenas calendários, e não agendas. Quanto à foto, irei solucionar o problema.
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