segunda-feira, abril 14, 2008

Moscovo e Tóquio voltam a não chegar a acordo sobre fronteiras


Moscovo e Tóquio voltaram a não chegar a acordo sobre a disputa das ilhas Curilhas, que impede a assinatura de um tratado de paz entre a Rússia e o Japão, mas os ministros dos negócios estrangeiros dos dois países prometem continuar o diálogo.
“Acordámos continuar o diálogo sobre a questão territorial a fim de chegar a um acordo”– declarou o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, depois de um encontro com o seu homólogo nipónico, Masahiko Komura.
O Japão reivindica o domínio de quatro ilhas da Cordilheira das Curilhas, no extremo oriente, que passaram a fazer parte da Rússia depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Em 1956, o dirigente soviético Nikita Khrutchov mostrou-se pronto a devolver duas das quatro ilhas em troca da assinatura de um tratado de paz entre a União Soviética e o Japão, mas Tóquio continuou a reivindicar a devolução das quatro ilhas.
O problema territorial voltou à ordem do dia depois da desintegração da URSS, em 1991, mas sem vista devido às posições tomadas por ambas as partes.
“Neste momento, cada um dos países tem a sua posição sobre isso, mas acordámos continuar a discussão para encontrar uma solução mutuamente aceitável” – declarou Komura, acrescentando que “nestas conversações não foi apresentada nenhuma ideia concreta sobre a solução desta questão”.
Todavia, este problema não tem impedido o crescimento dos laços económicos entre os dois países. Segundo Komura, “as trocas comerciais entre a Rússia e o Japão constituíram cerca de 21,2 mil milhões de dólares, ou seja, cinco vezes mais do que em 2002. Na Rússia estão representadas 302 empresas nipónicas”.
Serguei Lavrov considerou que o Japão poderia participar na criação de um sistema global de neutralização da ameaça dos mísseis, sublinhando que Moscovo pretende ganhar o apoio de Tóquio neste campo até à Cimeira do G-8, que terá lugar no Verão, no Japão.
“Continuamos a considerar que a melhor forma de controlar e neutralizar, em caso de necessidade, as ameaças da difusão de mísseis seria a criação de um sistema verdadeiramente colectivo, que una os Estados, Unidos, Europa, Rússia e todos os países interessados, nomeadamente o Japão” – declarou ele.
Komura não deu resposta à proposta russa, mas apenas frisou que a cooperação entre o Japão e os Estados Unidos no campo da criação de um escudo antimíssil não está virada contra a Rússia.
“Quando a parte japonesa toma uma decisão qualquer, temos sempre em conta a preocupação e os interesses de outros países. No que respeita à implantação pelos Estados Unidos de um sistema de defesa antimíssil, trata-se de uma medida necessária tendo em conta a localização do Japão, vizinho da Coreia do Norte, que realiza testes nucleares” – precisou.
Lavrov entregou ao seu homólogo nipónico mais uma lista de japoneses que foram internados e morreram em campos de concentração da Sibéria depois da Segunda Guerra Mundial.
“Consideramos isto como um sinal da abordagem séria desta questão por parte da Rússia” – declarou o ministro japonês.

4 comentários:

Unknown disse...

Milhazes,
Independente dos fatos históricos, olho por todos lados e não consigo enxergar sequer uma razão pela qual a Rússia deveria atender a demanda japonesa. Que vantagem a Rússia teria? Econômica? Ora, nos anos pós-perestroika, quando a situação econômica da Rússia era precaríssima, ela não recorreu a esse expediente econômico com o Japão, porque o faria agora? Quanto à vantagens políticas, não vejo sentido, pelo contrário, qualquer concessão russa contraria interesses de cidadãos russos que habitam o local e repercutiria negativamente na Rússia continental. Do ponto de vista da política internacional, não vejo nada que a Rússia poderia ganhar numa concessão territorial com o Japão. Que o Japão tenha suas reivindicações, é mais do que compreensível... mas qual a razão de a Rússia sentar-se à mesa com o Japão sobre esse assunto?
Há que se acrescentar que os japoneses são pouco flexíveis em matéria de acordos (Krushev que o diga) e, sem exagero, são pouco confiáveis quanto ao cumprimento. Não são poucos os casos.
Recentemente o Brasil decidiu lançar seu padrão tecnológico para as transmissões de TV digital. Houve uma pressão muito forte da Europa e do Japão para que o sistema resguardasse a compatibilidade com os seus sistemas, o que permitiria aos fabricantes exportar produtos eletrônicos sem grandes adaptações tecnológicas. Os brasileiros negociaram e, no final, chegaram a um acordo com o Japão, que envolveria investimentos daquele país na construção de uma fábrica de chips eletrônicos no Brasil. Pois bem: não se passaram dois anos do acordo, e o Japão já recuou de seu compromisso, apesar de o Brasil ter adotado certos padrões tecnológicos que garantem a compatibilidade com o sistema japonês. Como confiar num país desses?
Outro exemplo de um certo cinismo da política externa japonesa é a questão da caça às baleias. Os japoneses lideram o abates mundiais desse aninal, mas a posição oficial do governo japonês é a de que estão somente coletando alguns animais com fins científicos. Como é que um Governo assim pode inspirar confiança nos russos em sua reivindicação por um acordo internacional envolvendo as ilhas Kurillas. E, repito, o que a Rússia teria a ganhar com um acordo desses?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Almir, a não ser que a Rússia venda as ilhas por muitos milhares de milhões de dólares... Mas penso que não o irá fazer. Aquelas pouco significam em termos económicos para a Rússia, pois Moscovo está de costas voltadas para o seu Extremo Oriente e Sibéria, mas é um precedente perigoso... Um problema sem fim à vista.

Anónimo disse...

Na minha opinião passado é passado a Russia deveria demonstrar boa vontade e devolver as ilhas, afinal não vai fazer falta....
as relações cordiais são essenciais nas relações entre os paises na falta dela é que ocorrem guerras....antonio carvalho

Anónimo disse...

o Almir deve ser um saudosista esclerosado da antiga Urss Stalinista... está fora so tempo
ele deveria ir pra Cuba engraxar as botas do camarada Fidel...
Quantos morreram nas mãos desses ditadores ?? em nome do socialismo ??
Antonio Salim