terça-feira, abril 01, 2008

Retórica militarista para consumos internos

A julgar pelas declarações dos dirigentes da Rússia e dos países da NATO, pode-se esperar uma "segunda edição" da guerra fria, mas um olhar mais atento mostra que as coisas não estão tão más como parecem nas relações entre as duas partes. A nomeação de Dmitri Rogozin, político nacionalista e racista, para embaixador de Moscovo junto da NATO faz um cheitaço a duas partes. As suas declarações bombásticas são bálsamo para os corações dos que os que pensam que o engradecimento da Rússia está no amedrontamento do Ocidente e para os que querem convencer-nos de que o perigo militar russo aumenta, sendo, por conseguinte, investir mais uns milhões em armas.
Mas a realidade pode ser outra. Peritos russos e norte-americanos estão a preparar para o encontro de Vladimir Putin e George Bush, que se irá realizar no próximo dia 06 em Sotchi, um documento que deverá ser o “roteiro do caminho” para as relações entre Rússia e Estados Unidos no período de transição e a médio prazo, noticiam todas as agências russas citando fonte do Kremlin.
“Não será apenas a realização de um balanço. Planeia-se aprovar um “roteiro do caminho” para os futuros presidentes dos Estados Unidos e Rússia” – assinalou a fonte, acrescentando que “o documento que irá ser assinado incluirá as questões do sistema defesa antimíssil”.
Segundo a mesma fonte, “os peritos trabalham intensamente na preparação de um documento conjunto sobre o quadro estratégico das relações russo-americanas, que será um “roteiro do caminho” no período de transição, num futuro próximo e a lomgo prazo”.
“O encontro dos dois dirigentes é “significativo e politicamente importante” – frisou a fonte do Kremlin.
Esta “fuga de informação” é um sinal claro de que russos e norte-americanos já chegaram a acordo sobre pontos importantes da agenda de trabalhos.
Quanto ao sistema de defesa antimíssil que Washington pretende instalar na República Checa e na Polónia, Moscovo manifestou-se, inicialmente, contra, mas, depois, os norte-americanos propuseram a presença de militares russos junto do radar e das plataformas de mísseis para que se convençam que o sistema não visa espiar a Rússia ou ameaçar a sua segurança.
O Kremlin prometeu pensar e a resposta poderá vir no próximo Domingo, quando Putin e Bush se encontrarem pela última vez na qualidade de presidentes dos seus países.

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