O chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, abordou hoje em Tbilissi uma mudança de formato da missão de paz na Abkhazia, república separatista georgiana pró-russa, para onde vai sexta-feira.
Solana, que se reúne hoje à noite com o presidente georgiano, Mikhail Saakachvili, sublinhou que "uma das questões será a mudança do formato das operações de paz".
"Qualquer mudança de missão deve ser objecto de um acordo de todas as partes em conflito. O objectivo principal é fazer baixar a tensão", acrescentou Solana aos jornalistas, sem outras precisões.
Actualmente, há cerca de 2.500 militares russos na Abkhazia sob os auspícios da CEI (Comunidade dos Estados independentes, 12 ex-repúblicas soviéticas) no quadro de um acordo de cessar-fogo assinado nos anos 1990.
Uma missão da ONU composta por 121 observadores militares e 12 polícias fiscalizam o cessar-fogo.
O Parlamento europeu pronunciou-se hoje pelo envio pela União Europeia de uma missão de manutenção de paz na Abkházia, considerando numa resolução que as tropas russas "perderam o seu papel de força de manutenção de paz neutra e imparcial".
Por vezes, a União Europeia até toma decisões sensatas e esta, em relação ao conflito entre a Geórgia e a Abkházia, é uma delas.
A Rússia, como uma das partes do conflito, neste caso do lado dos separatistas da Akházia, já há muito que deixou de ser um intermediário imparcial. A União Europeia pode-o e devo-o ser.
É sabido que a Akházia e a Ossétia do Sul jamais irão aceitar uma reintegração na Geórgia. O fosso criado entre estas regiões separatistas e Tbiliss é demasiadamente fundo e está cheio de sangue de milhares de vítimas das longas guerras civis.
Por outro lado, também é verdade que a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia, não quer deixar alastrar a estes dois territórios o precedente do Kosovo, nem jamais aceitará a absorção desses dois territórios pela Rússia.
Por isso, o actual formato das conversações (ou talvez se possa falar mais de desconversações) não funciona, nem pode conduzir à normalização da situação naquela zona do Cáucaso.
A União Europeia está melhor colocada do que a Rússia para tirar esta situação do impasse. Numa solução futura, a UE pode servir de garante à integridade territorial da Geórgia e à autonomia da Abkházia e da Ossétia do Sul, que poderia ir até ao grau do estatuto actual de Macau ou de Hong-Kong no seio da China. Esse papel poderia ser reforçado com a aproximação das partes do actual conflito à União Europeia.
Mas será que a Rússia poderá aceitar semelhante solução? Penso que sim e por várias razões. Moscovo não consegue tirar esta situação do impasse em que encontra e, caso a situação se deteriore, a instabilidade pode alastarar-se ao Cáucaso russo.
Além disso, deixará de ter argumentos para se apresentar como defensor dos interesses das populações da Abkházia e da Ossétia do Sul no caso de eles passarem a ser garantidos pela União Europeia não contra a vontade da Geórgia, mas com o apoio desta.
Resta ao Kremlin um argumento para manter a crise na situação em que se encontra: a provável adesão da Geórgia à NATO. E este problema também poderá ser superado se a aproximação da Geórgia, Abkházia e Ossétia do Sul às estruturas europeias ocorrer mais rápida e activamente do que a integração da Geórgia na Aliança Atlântica.
A Rússia deve aceitar que os povos da Geórgia e da Ucrânia têm o direito de decidir se querem ou não aderir à NATO. Isso é um direito de qualquer povo, caso contrário, voltamos à política externa soviética da "soberania limitada".
Por outro lado, parte significativa da sociedade da Geórgia e, por enquanto, a maioria da população da Ucrânia são contra a adesão à NATO. E isto só poderá ser superado quando esses povos sentirem as vantagens da integração europeia nos campos sociais, económicos e culturais.
Por fim, se Moscovo não aceitar a solução da União Europeia, arrisca-se a ter de resolver as coisas com os Estados Unidos, que têm estado mais activos do que a UE na busca de solução para o conflito entre a Geórgia e as regiões separatistas da Akházia e da Ossétia do Sul.
Aqui está mais uma oportunidade para que Bruxelas mostre que é capaz de elaborar uma política unida, conjunta, para resolver os conflitos no Continente Europeu. Não o conseguiu no Kosovo, pode conseguir no Cáucaso.
Solana, que se reúne hoje à noite com o presidente georgiano, Mikhail Saakachvili, sublinhou que "uma das questões será a mudança do formato das operações de paz".
"Qualquer mudança de missão deve ser objecto de um acordo de todas as partes em conflito. O objectivo principal é fazer baixar a tensão", acrescentou Solana aos jornalistas, sem outras precisões.
Actualmente, há cerca de 2.500 militares russos na Abkhazia sob os auspícios da CEI (Comunidade dos Estados independentes, 12 ex-repúblicas soviéticas) no quadro de um acordo de cessar-fogo assinado nos anos 1990.
Uma missão da ONU composta por 121 observadores militares e 12 polícias fiscalizam o cessar-fogo.
O Parlamento europeu pronunciou-se hoje pelo envio pela União Europeia de uma missão de manutenção de paz na Abkházia, considerando numa resolução que as tropas russas "perderam o seu papel de força de manutenção de paz neutra e imparcial".
Por vezes, a União Europeia até toma decisões sensatas e esta, em relação ao conflito entre a Geórgia e a Abkházia, é uma delas.
A Rússia, como uma das partes do conflito, neste caso do lado dos separatistas da Akházia, já há muito que deixou de ser um intermediário imparcial. A União Europeia pode-o e devo-o ser.
É sabido que a Akházia e a Ossétia do Sul jamais irão aceitar uma reintegração na Geórgia. O fosso criado entre estas regiões separatistas e Tbiliss é demasiadamente fundo e está cheio de sangue de milhares de vítimas das longas guerras civis.
Por outro lado, também é verdade que a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia, não quer deixar alastrar a estes dois territórios o precedente do Kosovo, nem jamais aceitará a absorção desses dois territórios pela Rússia.
Por isso, o actual formato das conversações (ou talvez se possa falar mais de desconversações) não funciona, nem pode conduzir à normalização da situação naquela zona do Cáucaso.
A União Europeia está melhor colocada do que a Rússia para tirar esta situação do impasse. Numa solução futura, a UE pode servir de garante à integridade territorial da Geórgia e à autonomia da Abkházia e da Ossétia do Sul, que poderia ir até ao grau do estatuto actual de Macau ou de Hong-Kong no seio da China. Esse papel poderia ser reforçado com a aproximação das partes do actual conflito à União Europeia.
Mas será que a Rússia poderá aceitar semelhante solução? Penso que sim e por várias razões. Moscovo não consegue tirar esta situação do impasse em que encontra e, caso a situação se deteriore, a instabilidade pode alastarar-se ao Cáucaso russo.
Além disso, deixará de ter argumentos para se apresentar como defensor dos interesses das populações da Abkházia e da Ossétia do Sul no caso de eles passarem a ser garantidos pela União Europeia não contra a vontade da Geórgia, mas com o apoio desta.
Resta ao Kremlin um argumento para manter a crise na situação em que se encontra: a provável adesão da Geórgia à NATO. E este problema também poderá ser superado se a aproximação da Geórgia, Abkházia e Ossétia do Sul às estruturas europeias ocorrer mais rápida e activamente do que a integração da Geórgia na Aliança Atlântica.
A Rússia deve aceitar que os povos da Geórgia e da Ucrânia têm o direito de decidir se querem ou não aderir à NATO. Isso é um direito de qualquer povo, caso contrário, voltamos à política externa soviética da "soberania limitada".
Por outro lado, parte significativa da sociedade da Geórgia e, por enquanto, a maioria da população da Ucrânia são contra a adesão à NATO. E isto só poderá ser superado quando esses povos sentirem as vantagens da integração europeia nos campos sociais, económicos e culturais.
Por fim, se Moscovo não aceitar a solução da União Europeia, arrisca-se a ter de resolver as coisas com os Estados Unidos, que têm estado mais activos do que a UE na busca de solução para o conflito entre a Geórgia e as regiões separatistas da Akházia e da Ossétia do Sul.
Aqui está mais uma oportunidade para que Bruxelas mostre que é capaz de elaborar uma política unida, conjunta, para resolver os conflitos no Continente Europeu. Não o conseguiu no Kosovo, pode conseguir no Cáucaso.
5 comentários:
É a UE a querer, e bem, expandir a sua influência e possíveis futuros alargamentos ao Cáucaso. Espero que também se começe a ver o Norte de África (Marrocos, Tunisia, Egipto...) como possíveis estados membros da UE.
Caro dvfer, tenha calma, não ponha a carroça à frente dos cavalos. A UE acaba de fazer um alargamento - penso que exageradamente rápido - ao Leste da Europa, tendo deixado no Velho Continente graves problemas por resolver: Kosovo, Chipre, situação indefinida da Turquia nas relações com UE, guerras no Cáucaso, inexistência de uma política comum face à Rússia e a outras regiões da Europa.
Por isso, a integração do Norte de África na UE não está para muito breve. Como diz o povo, não deve ser para o meu tempo.
Considero que a UE deve elaborar programas especiais de cooperação com essa região, o que já está a ser feito, mas não se deve ter pressa com alargamentos. Agora, é preciso digerir o alargamento aos 27 e rezar para que a Irlanda não chumbe o Tratado de Lisboa.
Caro Jose Milhazes, estou totalmente de acordo consigo! Apenas acho importante começar a expandir influência para certas regiões, mas logicamente estamos muito longe de um futuro alargamento nessas mesmas regiões. Mas tudo leva tempo e agora é um bom tempo para começar a pensar no que fazer.
E claro, este discurso de nada valerá se a Irlanda votar Não para a semana, como uma sondagem de hoje na BBC indica que sim..,
Dear Sir/ Madam,
Please delete all comments signed with the name "vitório rosário cardoso" because are not published by the original author but by a "clone" that only aims to damage my reputation.
This case is already followed by the police authorities.
Thank you for your attention,
Vitório R. Cardoso
Exmo(a). Senhor(a),
Solicito que sejam apagados todos os comentários assinados com o nome "vitório rosário cardoso" uma vez que foram publicados por um "clone", que tem como intenção de denegrir e difamar.
Este caso já está a ser seguido pelas autoridades policiais competentes.
Atenciosamente,
Vitório R. Cardoso
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