A maioria dos russos apoia a Ossétia do Sul e a política do Kremlin no conflito com a Geórgia, indica uma sondagem do Levada-Tsentr, publicada hoje em Moscovo.
O estudo refere que 71 por cento dos russos está do lado da Ossétia do Sul, apenas 02 por cento apoia a Geórgia e 21 por cento não apoia nenhuma das partes do conflito.
Oleg Saveliev, analista do Levada-Tsentr, considerou, em declarações ao diário Kommersant, que os cidadãos russos vêem na Ossétia do Sul e na Abkházia, repúblicas separatistas da Geórgia, “aliados, parceiros da Rússia”.
A Geórgia é vista, na opinião do sociólogo, como um país que “representa uma ameaça aos interesses da Rússia”, maior do que os Estados Unidos. Além disso, a sondagem mostra uma radicalização clara dos russos face ao conflito no Cáucaso.
A questão do estatuto da Ossétia do Sul provoca respostas mais divergentes, com 46 por cento dos russos a considerar que a república deve fazer parte da Rússia (em Julho de 2007, esse número era de 34 por cento). Para 33 por cento a Ossétia do Sul é um Estado independente (32 por cento em 2007) e apenas 04 por cento defende que deve continuar a fazer parte da Geórgia (09 por cento em 2007).
Uma esmagadora maioria dos russos (81 por cento) é da opinião que Moscovo deve conceder apoio político, económico e humanitária à república separatista, mas apenas 53 por cento apoia a ajuda militar.
Os sociólogos assinalam também que a sondagem mostra que, agora, o Kremlin “pode realizar qualquer iniciativa no campo da política externa e interna”, pois o poder russo conseguiu “consolidar a sociedade em torno da bandeira”. Porém, Boris Makarenko, vice-director do Centro de Tecnologias Políticas, considerou que esta consolidação “não autoriza a tomada de decisões erradas”, sublinhando que se trata de um “factor passageiro”.
13 comentários:
Independentemente do que se possa pensar da Rússia (é sempre bom dizer isto para não indispôr o politicamente correcto neoconservador que tem alguma força na blogosfera), é natural que isto suceda, o estranho seria o contrário e quem tiver juizo tem de ter isto em conta.
Gaita, por causa de uma ilhota que nem chega a ser ilhota, um rochedo da treta, não houve uma ameaça de guerra há bem pouco tempo entre a Espanha e Marrocos? E que dizer das Malvinas? Qual é a lógica de os ingleses considerarem aquilo como "território nacional" e se darem ao trabalho de atravessarem um oceano para esmagar os argentinos? Como é que quem acha isto natural acha que a Europa se deveria envolver numa guerra por causa da Geórgia?
A Europa terá sempre uma História a recordar conflitos e territórios em disputa. Passados quase 200 anos, ainda há quem não se conforme com Olivença, a título de (actualmente pacífico) exemplo.
Na Geórgia, o passar do tempo iria, eventualmente, levar a uma situação na Ossétia semelhante à actualmente vivida no Chipre - apesar de pouco ou nada provável, ainda há esperança em reunificação ou, pelo menos, em "comunidade".
Ainda não tinha pensado nisso mas, de facto, é possível que seja necessária "anuência" dos EUA para as condições do cessar-fogo serem aceites por todas as partes. Contudo, assim sendo, a Geórgia não vai parecer apenas um protectorado norte-americano? O Porto-Rico do Cáucaso?
PS: Obrigado pela sua objectividade e imparcialidade.
Mas afinal qual é o papel dos EUA em tudo isto?.O problema do separatismo da Ossétia do Sul já não é de hoje nem de ontem,mas parece-me mais correcto ele ser mediado pela OSCE.A Geórgia não pertence á UE nem á NATO.Mas para mim faz mais sentido que estas questões sejam resolvidas pela diplomacia europeia e não pelos USA,não vejo razão para eles se meterem em tudo o que se passa no resto do Mundo.
José, muito interessante sua postagem, mas faltou algo (o link para a fonte). Creio que isto gera mais credibilidade ao seu blogue amigo. Enorme abraço.
O que sobra para a Ucrânia?
E a sanidade mental de Saakashvili? Terá aindacréditi? e daqui a uns tempos, onde estará?
Estas sondagens terão algum efeito nas decisões tomadas pelos dirigentes russos? Parece-me bem que não. Eles tomam as decisões que melhor entendem qualquer que seja a situação. Estas sondagens são mais curiosidades para entreter a opinião pública do que dados a ter em conta na evolução da situação. Ajudam a compor uma certa imagem virtual de um conflito (ainda) impossível de compreender.
com o controlo dos média pelo Kremlin-como o José Milhazes tem escrito- as sondagens só podiam dar isso. A presença dos USA na Geórgia é a única garantia de independência do país, face às agressões do gigante russo. Também foram os USA k garantiram a independência do Koweit face a Saddam. Muito significativo o apoio pessoal dos países bálticos, Polónia e Ucrânia a Tbilissi, países k conheceram no sangue as agressões soviéticas. Derrota estratégica importante para os ex KGB do Kremlin. francisco
Mais do que a questão entre a Geórgia e a Rússia, o que está em causa é o cerco desta pelo imperialismo americano, conforme se tem visto desde a tentativa de destruição da Rússia do tempo de Ieltsin com todos os liberais americanos a lançar a Rússia para níveis do princípio do século passado. Graças à nova equipa de Putin, a Rússia saíu do fundo o que, para mentalidade paranoica da Administração Bush, que ainda pensa em termos de Guerra Fria,constitui um obstáculo à sua vontade de hegemonia universal, e daí, nomeadamente, as cionhecidas influências nas chamadas "revoluções" laranja nos paises confinantes com a Rússia.Os quais teem todo o direito de não gostar da dominaçao russa, porém, a raiz da questão é a vontade imperial americana de controlo dos recursos energéticos da zona e as suas provocações, mesmo de carácter militar, a Moscovo. Os EUA tornaram-se um problema para a paz e o equilíbrio mundial, com as suas aventuras e a sua mannia de que são os guardiões do Planeta como os únicos homens bons à face da terra. Só que usam sempre dois pesos e duas medidas, de que o último exemplo foi a independcia do Kosovo. E com isso e as suas mentiras perdem toda a credibilidade.Desde há séculos que a Rússia mantém um espaço de influência ou domínio, sem nunca sair dele, pelo não é previsível que constitua algum perigo para o chamado Ocidente. São um império continental, sem mais. Ao passo que o Americano é como um polvo tentacular por cima do mundo.Conviria que se servisse disso para promover a paz,já que se diz assente em valorees cristãos e democráticos, mas afinal só promove a guerra.
Eu estive em Tbilisi no dia que comecaram os bombardeamentos, e tive que fugir no ultimo aviao para a Turquia.. ide a Georgia E DEPOIS PODEM FALAR MAL SOBRE A RUSSIA E TODA A SUA POLITICA, nao falem sem saber ou sentir o que a minha familia la esta a sentir e sentiu. As Bomabas caiream a 2 km de onde estavam e ficaram numa cave 2 dias antes de fugirem, o que vale eu ser Americano e eles serem a unica embaixada que me poderia ajudar. Em Portugal, nos estamos num paraiso.. E o Milhazes que me desculpe, mas as suas noticias e observacoes sao cada vez piores, vc esta em Moscovo, porque nao sabe fazer outra do que fazer comentarios no seu blog sobre um pais que so mostra o que lhes interessa... A frustracao de ja nao saber viver em Portugal esta a vista..
Na minha opinião o objectivo do ocidente EUA/França?/Geórgia etc foi provocar a Rússia. Uma manobra arriscada para os georgianos que esperam, claro, vir a ser recompensados. Os republicanos americanos precisam de um susto internacional em vésperas de eleições, e com o russofóbico Mccain candidato a sintonia de objectivos e factores é perfeita. E Condoleeza Rice (e a administração americana), esta especialista em Rússia, não deve estar a agir à deriva como às vezes se sugere. A médio/longo prazo o enfraquecimento da Rússia é o objectivo e ainda a mais longo prazo, se possível, a sua desintegração (Ossétia Sul>Norte>etc etc) com a Federação a poder ruir como um baralho de cartas. A história é dinâmica.
Na minha opinião o objectivo do ocidente EUA/França?/Geórgia etc foi provocar a Rússia. Uma manobra arriscada para os georgianos que esperam, claro, vir a ser recompensados. Os republicanos americanos precisam de um susto internacional em vésperas de eleições, e com o russofóbico Mccain candidato a sintonia de objectivos e factores é perfeita. E Condoleeza Rice (e a administração americana), esta especialista em Rússia, não deve estar a agir à deriva como às vezes se sugere. A médio/longo prazo o enfraquecimento da Rússia é o objectivo e ainda a mais longo prazo, se possível, a sua desintegração (Ossétia Sul>Norte>etc etc) com a Federação a poder ruir como um baralho de cartas. A história é dinâmica.
Sinceramente o que mais gosto de ver é a posição assumida por algumas pessoas que por terem opinião contrária a outras, pensam que isso lhes dá automaticamente o direito para insultar essa mesma pessoa. A possibilidade de discordar e apresentar as razões para tal dando a possibilidade do outro repensar a sua posição e quem sabe reconsiderar, nem sequer se põe. É preciso esmagar logo quem que se mostra com opinião diferente dos "Iluminados pela Verdade", injuriando, difamando, mesmo que o outro tenha um ponto de vista válido. Elucidativo também, é o facto da maioria dessas pessoas fazerem isso a coberto do anonimato...
A não esquecer que os russos sabem muito bem que nenhuma opinião contrária a da Kremlin, não será esquecida por quem do "direito"...
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