quarta-feira, setembro 10, 2008

Reflexões após a Cimeira Rússia-UE sobre o Cáucaso

Na postagem que escrevi sobre a cimeira Rússia-UE, afirmei que: "resumindo tudo o que foi dito, conclui-se que a UE conseguiu apenas a promessa de Moscovo de retirar as suas tropas do território da Geórgia". Trata-se de uma pequena cedência que não consegue esconder a grande cedência feita pela União Europeia.
Se analisarmos o acordo assinado, constataremos que, consciente ou inconscientemente, a UE reconheceu a separação da Ossétia do Sul e da Abkházia em relação à Geórgia.
Explico. Inicialmente, Bruxelas exigia o envio de tropas de manutenção de paz para a região do conflito, mas, no fim de contas, acabou por se contentar com o envio de observadores para a Geórgia, ou seja, de chamar a si o papel de garante de que as autoridades georgianas não atacarão a Ossétia do Sul e da Abkházia. A UE não tem direito de enviar observadores para as duas regiões separatistas, agora sob o controlo total dos militares russos, ou seja, de mais de sete mil soldados e oficiais.
Javier Solana já veio dizer que não é assim, que também deverão ser enviados observadores da UE para a Ossétia do Sul e a Abkházia, mas Moscovo já disse que isso deve ser tratado com os dirigentes desses Estados independentes, que irão dizer não, ou seja, irão realizar o "trabalho sujo" nas respostas assimétricas do Kremlin à UE.
Tendo isto em conta, bem como as medidas tomadas pela Rússia em relação a esses territórios, a realização da conferência sobre o Cáucaso, marcada para 15 de Outubro em Genebra a fim de se discutir o estatudo da Ossétia do Sul e Abkházia, perdeu completamente o sentido.
Talvez seja melhor começar a pensar como sair deste beco em que se encontra a comunidade mundial.
Claro que se pode continuar o confronto, por exemplo, na Ucrânia. A UE, mais uma vez, não deu sinais claros a Kiev sobre os prazos de adesão da Ucrânia à União Europeia. Como se diz em bom português, Victor Iuschenko, Presidente ucraniano, volta a casa "com uma mão à frente e outra atrás".
Mas será assim que Bruxelas quer atrair a Ucrânia para a sua órbita? Foi esse o contributo para travar o desenvolvimento da grave crise interna na Ucrânia?
Os EUA e a UE podem responder com o apoio ao separatismo no Cáucaso do Norte para enfraquecer a Rússia. Mas, neste caso, Washington e Bruxelas deverão ter em conta que as guerrilhas separatistas estão estreitamente ligadas a organizações islâmicas extremistas.
Mas também é possível parar para pensar, pois a continuação do confronto não traz vantagens nem à UE, nem à Rússia, nem aos EUA. Moscovo já provou que pode e manda, mas tem de compreender que não se pode comportar eternamente com a mesma arrogância, mesmo alegando que "os EUA fazem o mesmo". Por muito dinheiro que a Rússia tenha ganho com o petróleo e gás, é insuficiente para manter uma nova corrida aos armamentos. Isto enterrará definitivamente os planos de modernização do país.
Já aqui escrevi, citando jornalistas e politólogos russos, que o Kremlin estuda, como forma de solucionar o conflito, o reconhecimento da independência do Kosovo (como ficou visível durante a guerra com a Geórgia, Moscovo tentou repetir à risca o que aconteceu no Kosovo e recordou-o muitas vezes para justificar as suas acções) , em troca do que a UE e os EUA reconheceriam a independência da Ossétia do Sul e da Abkházia.
Desse modo, esses processos regressariam ao campo do Direito Internacional. Depois, poder-se-á convocar uma conferência pan-europeia ou universal e sepultar definitivamente o "direito dos povos à autodeterminação".
Chegou a hora de pôr de lado a diplomacia reactiva e apostar na diplomacia preventiva. Bem diz o nosso povo, "mais vale prevenir do que remediar".

27 comentários:

Anónimo disse...

na fotografia o durão barroso parece o emplastro.

Klubnika disse...

Alguém me sabe dizer quem é aquele senhor com ar de quem engoliu um garfo que está à direita do Sarkozy? Creio que já o vi em algum lado, mas não me consigo recordar onde.

praianorte disse...

A ditadura do proletariado ou (social-comunismo) como o conhecemos, é uma ideologia castradora da emancipação do homem em toda a sua dimensão humana. Criou o conceito de vanguarda operaria, que a meu ver não passa de uma vigarice, pois vai arredar dos postos dirigentes as classes trabalhadores, passando estas a ser meros joguetes e suporte das mais variadas jogadas de poder. Aqui surgem os sindicatos (?...) dirigidos por gente que se vende ao sistema a troca de algumas mordomias.
Nega direitos universais, individuais e colectivos, que reduzem os povos à menoridade intelectual, reprimindo direitos como, expressão de pensamento e consciência, impondo um modelo único. Ou seja os povos não são livres para promoverem em liberdade, as diversas formas de cultura que cada ser humano transporta.
O sistema, permite que uma elite ou vanguarda, se perpetue no poder, sem escrutínio livre e universal, beneficiário de ilimitadas mordomias, que fazem inveja aos poderes ditos democráticos. Alias, este aspecto é o que mais me choca. Todas as ditaduras, ao longo dos tempos, foram corroídas por tal vil avareza.
Sobre o social-comunismo, já tudo se sabe. Quem não quer ver cego é. Há imensa literatura que retrata fielmente (conspiração dizem os que sofrem de neurose obsessiva) o que se passou e ainda o que se passa em regimes semelhantes.
Argumentam alguns saudosos da Ex-URS, que no antes havia desemprego, não havia miséria, o metro estava limpo, etç. Este tipo de argumento é falacioso, pela simples razão, a ninguém era permitido saber o que se passava, tudo era filtrado para o exterior, a publicidade de (tão nobres feitos) era difundido pela imprensa dominada pelo sistema. Só saía o que interessava. Tudo era belo, o sol iluminava os povos e os campos floriam com passo mágico, como tudo foi enganador.
Afinal, o social-comunismo, implodiu como um baralho de cartas e aí se verificou, que as manhã que cantavam, não passaram de um grande embuste e mentira que o povo comeu. Foi a própria nomenclatura que ruiu. O partido, os militares, com quartéis imundos e soldados a passar fome, navios da armada inoperacionais por não haver dinheiro para os reparar, a indústria e o sistema de saúde estavam num colapso. Segue-se um salva-se quem poder, os ratos abandonam o barco, não é por acaso que os actuais milionários russos pertenceram e militaram nas fileiras do PCR. Aqui se vê que afinal uma ideologia que se diz, revolucionária e igualitária, transforma os seus militantes em senhores do dinheiro e do petróleo, como os (príncipes) árabes. Qual a diferença?
Ao se afirmar que hoje em dia na Rússia se passa fome e há desemprego, terão que perguntar aos actuais senhores do poder, todos eles ex-comunistas e ricos, porque deixam o povo passar por situações miseráveis, quando a actual Rússia está inundada de petróleo e gás? Para onde vai tanto dinheiro? Eu sei. Rearmamento brutal e despesa publica nas forças armadas, além de largos milhares de dirigentes com os seus cofres cheios e tudo isto à custo do pobre povo russo. Alias, é esta a sina deste povo. Acobarda-se, não grita, não exige, consente. Assim é possível ter a ditadura do proletariado, mas sem proletários. Acham que em democracia era possível nesta envergadura? Claro que não, quem disser o contrario está nitidamente a deturpar e mentir.
Um outro aspecto que me apraz sublinhar, prende-se com certos comentadores, que ao enaltecerem de forma obsessiva, para não dizer doentia, as bondades de tal sistema e alinham ou aspiram um dia ser nomenclatura e daí tirar os seu dividendos. Por esta via é mais fácil se vencer na vida…mas com que custos para os deserdados, porque nem todos cabem nas suas fileiras. Também há muito romantismo idealista na juventude, mas com o andar dos anos verificam que afinal nem tudo se resumo a um prato de lentilhas. E que há outras formas de viver, no pensamento, na cultura, na ciência, na economia e fundamentalmente na liberdade individual. A globalidade tem dado um contributo enorme na afirmação do direitos dos povos usufruírem em total liberdade, de todo o saber que está ao seu dispor. Quem não perceber isto, não vai a lado nenhum.
Aqui também se enaltecem os feitos actuais da Rússia em contraponto com tudo que venha dos EUA ou do ocidente. O que retiro de tais argumentos é que verifico muita frustração e viuvez, e como não há um “grande” país comunista (a china???) que vos possa representar então vai daí, apoia-se a RUSSIA CAPITALISTA. Que grande confusão vai na cabeça pensante destes comunistas. Onde chega o disparate ou a lata.
10/09/08
Francisco ribeiro
portugal

Anónimo disse...

É elogiável a desenvoltura de Nicolas Sarkozy. Naturalmente, Medvedev não fica atrás. Mas, eu acho ainda que as antigas doenças diplomáticas onde o farmacêutico-médico-terapeuta é os USA, há sempre o perigo de se esbarrar numa burocracia “viciada” e, às vezes, delinqüente. Mas, notamos o avanço: gente nova a agir com coerência, mais desligados dos arrogantes pastelões do tipo, Margareth, Major, etc., estes, tão correctos que nunca moveram uma palha para a adesão ao Euro.
Mas, uma curiosidade minha é saber que a Abcasia e Ossetia estão bem além do coração europeu superando a Turquia. Segundo aqui consta no meu mapa que a Bulgária, Grécia e Georgia fazem fronteira com a Turquia, e esta nunca causou qualquer celeuma ou alvoroço aos USA e EU por cometer carnificina junto aos povos curdos, no norte do Iraqui, apesar da tendência ao ingresso na União Européia.

Curioso mesmo, meu caro JM.

Eu quero saber do exm° sr. Presidente da UE, que me ajudasse a traduzir esta pequena nota, depois dessas matanças:

“A União Européia aprovou a abertura de negociações para o ingresso da Turquia. Para ser membro definitivo, Ancara terá que passar por profundas transformações na sua estrutura econômica, social, política e cultural. Esse processo de ajuste interno pode durar até uma década.
...

Contudo, há quem veja fatores positivos na integração. O Reino Unido, assim como os USA, dizem que essa aproximação entre Oriente e Ocidente pode contribuir para a ampliação do diálogo entre a Europa e o Islã, além de levar para os países do Oriente Médio os valores da democracia.”

Já com a Russia, não deu certo, né? Ah, me dá um tempo.

Anónimo disse...

Neste caso não me parece que Bruxelas tenham o mesmo interesse pelas aventuras da Geórgia do que tem os EUA.Basta ver as opiniões cautelosas dos nossos governantes que a UE embora condene o uso excessivo da força por parte da Rússia não morre de amores pelo presidente da Geórgia e que percebeu que foi a Geórgia e não a Rússia a dar o primeiro passo.As grandes amizades dos EUA com os países que rodeiam a Rússia pode parecer,para os menos avisados,excessivas.Porque razão os EUA vão auxiliar monetáriamente a Geórgia,que afinal foi vitima da cegueira dos seus governantes,e não ajudam as pessoas que estão a viver aquela tragédia no Haiti?Para o meu caro Xico Ribeiro deixo dito que não sou comunista e que só analiso o que se passou tendo em conta os interesses da Europa que são muitos mais que o petróleo e gaz que compram á Rússia.

Anónimo disse...

ao entrar a turquia na EU. vai ser outra machadada (talvez a final) na contrução europeia. Ao aceitarem a turquia, os europeus não terão legitimidade para negar a entrada a uma argélia ou marrocos, tambem estes estão fora do território europeu.
O fenomeno será parecido com a independencia do kosovo, se estes são independenetes(e nem povo/identidade têm... são albaneses) entao porque negar a independencia a Escocia, país basco( estes sim são nações com identidade e povo próprio).


luis

Fernanda Valente disse...

«A UE, mais uma vez, não deu sinais claros a Kiev sobre os prazos de adesão da Ucrânia à União Europeia.»
(...)
«Foi esse o contributo para travar o desenvolvimento da grave crise interna na Ucrânia?»

Existem pressupostos que sempre foram observados pela UE para a adesão de novos países à comunidade.
A Ucrânia não é mais importante do que a Sérvia ou a Turquia ( sê-lo-à talvez do ponto de vista geoestratégico, mas nós «UE» não estamos em guerra con ninguém) que já há bastante tempo se encontram numa fase prévia de preparação, no sentido de lhes ser possível dar início ao seu processo de candidatura.
No caso da Ucrânia, o regime é bastante instável e a actual primeira-ministra (pró-Rússia) provocou uma cisão na coligação governamental que incluia forças políticas adeptas do actual presidente (pró-UE). A haver ou não eleições antecipadas, tudo aponta para que as forças partidárias afectas ao actual presidente, venham a perder influência no cenário legislativo ucraniano.

Ainda bem que a UE age racionalmente em assuntos tão importantes como o é este, de outro modo, os países que acabaram de entrar e os países que ainda andam às voltas com o crescimento das suas economias - como é o caso de Portugal - veriam as suas posições debilitarem-se ainda mais com o assumir de novas responsabilidades em termos da contribuição financeira que lhes cabe, já para não falar da livre circulação de pessoas para os respectivos mercados de trabalho já de si bastante saturados.

Apesar de a UE estar a ser fortemente pressionada pela imprensa britânica e norte-americana com o objectivo de dar sinais claros à Ucrânia - e ao mundo - sobre a sua admissível aceitação no seio da comunidade, os seus dirigentes têm sabido conduzir a política de adesão com a maior das prudências e muita sabedoria.

Anónimo disse...

É bom que se pense que não interessa a ninguem,pelo menos á UE,uma corrida aos armamentos,quanto menos armas existirem na Europa melhor,daí que não concorde com os acordos dos EUA com alguns paises de leste para instalar misseis.Quanto á Ucrania não ponho em causa que possa entrar na UE,mas não concordo que o faça para enfrentar a Rússia.Afinal a UE é um projecto de união que vem sendo construido há muito tempo,e no qual muitos países se envolveram e muitos povos acreditam,e não um asilo politico.

Diogo disse...

Então Milhazes? Trabalhamos para a NATO?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro Diogo, não o quero desiludir e vou revelar-lhe só si: sou general da NATO.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro leitor anónimo, a Ucrânia não entra na UE contra a Rússia, pois trata-se de uma união de cooperação que não nasceu para combater o que quer que seja, como é o caso da NATO.
Cara Fernanda, a primeira-ministra não é pró-Rússia e não rompeu nenhuma coligação. Neste campo, há contas no cartório, e sérias, do Presidente Iuschenko.
Em poucas palavras, é que a Ucrânia tem uma direcção e oposição extremamente corruptas e vendidas. Talvez Iuschenko seja o menos corrupto se comparado com Timochenko e Ianukovitch, mas o problema é que ele é um dirigente fraco, pouco capaz. Ou seja, a Ucrânia precisa de uma renovação urgente da classe política.
Cara Fernanda, não acha que, no caso da Ucrânia, seria melhor dar prioridade à vertente da adesão à UE em relação à da adesão à NATO? Eu acho que sim.

Anónimo disse...

Sr. Xico Ribeiro, está a precisar de tratamento médico urgente, pois sofre de "Russofobia Crônica", além de viver em realidade passada. Se comporta como um Senador Romano, com as forças de Odoacro nos portões de Roma e sonhando com a Glória de Roma. O regime político da Rússia não é mais o comunismo e o que discutimos aqui não são ideologias e sim geopolítica.

Cure-se

Anónimo disse...

Geopolitica pro russa. Essa costela faciosa não engana as suas origens.

Fernanda Valente disse...

JM,

Não me parece que haja grande interesse por parte da UE na adesão da Ucrânia, pelo menos para já.
Este processo de adesão só convém à "ala liberal" ucraniana e aos neocons norte-americanos que fazem parte de um "think tank" constituído após o desmembramento da ex-URSS. O objectivo deste tt que tem vindo a funcionar como conselheiro da actual administração Bush, era minimizar a influência da Rússia naquela zona geográfica, ao mesmo tempo, cimentando a hegemonia de poder dos EU.
Pessoalmente, privilegio a entrada da Turquia, na medida em que essa adesão pode vir a traduzir-se numa ponte de bom entendimento entre a UE e os estados árabes.

Quanto ao facto da primeira-ministra da Ucrânia não ser pró-Rússia, estou, curiosamente a ouvir isso pela primeira vez; tenho lido notícias da imprensa estrangeira que afirmam o contrário. Mas o JM, naturalmente, estará melhor informado do que eu.
Quanto ao actual presidente, ele conseguiu realmente lutar contra o poder instalado ultra-conservador, ganhando as eleições. No entanto, estamos a esquecer a opinião da população propriamente dita que, penso, na sua maioria vê com muito bons olhos a aproximação ao seu vizinho de maior peso.

Rogerio Henrique disse...

Sr. Xico Ribeiro, peço permissão a transcrever uma mensagem já postada por mim em outro tópico!!!

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Verdadeiramente não há país algum, que tenha se dito comunista que possa ser superpotência... Ora, o comunismo já se revelou um regime frágil de política econômica.... afinal os desejos são ilimitados, os recursos escassos... as diferenças entre pessoas imensas... logo temos que cada ser humano no mundo é tido como um indivíduo....

Ora, indíviuo remete ao individualismo... e o que se adequa mais a este sentimento??? Por óbvio que é o capitalismo....

Então vale uma reflexão... comunismo é um estado de espírito... é pregar a igualdade, depois a liberdade... o fundamento é: niguém pode ser livre se não possuir isonomia com outros... isso é a pura verdade... entretanto nop estágio atual cada Estado só pensa em sí próprio... não haverá comunismo, jamais.... pelo siples motivo de que qualquer um que tente impor este tipo de sistema acabará sendo um ditador... o sistema se disvirtuará... haverá de obrigar as pessoas a abdicarem de liberdades pessoais!!!! Ninguém quer isso.... somos todos indivíduos!!!!

Particularmente gosto sim do comunismo... me delcaro assim... mas sei muito bem que é mera ideologia...

Não aceito que chamem de comunista esses governos totalitários que existiram... mascaraam-se sob a bandeira vermelha, mas todos eram fascistas!!!!

Mas quer saber??? Democracia também não concordo existir... em lugar algum.... EUA??? faça-me rir... tanto aqui, como á temos sim uma minoria poderosa agindo em prol de seus próprios interesses... cite-se cartéis, lobbistas etc... isto é democracia??? Isto é aristocracia!!!!

Novamente vou em posicionar a favor de um Estado forte que possa fazer frente à OTAN... precisamos ou teremos uma nova Roma (os EUA) que submetem outras nações mas não reconhecem sua cidadania.... Roma precisava de Cartago!!!
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Rogerio Henrique disse...

Por questão de economia, passo a trasncrever novamente minha opinião:

É tão ridícula a fundamentação da OTAN em afirmar que a aproximação das fronteiras russas seriam para se defender do Iã e da Coréia do Norte que, de fato, chega a ser engraçado vislumbrar a hipótese de a Rússia instalar tais sistemas aqui na américa latina para se proteger de um possível ataque do monte Fuji... rss* ...

Não acho que o Kremlim esteja blefando... portanto é bom a OTAN começar a rever a maneira que está atratar países rejeitados como Rússia, China, Índia, Irã, Coréia do Norte e outos pequenos países inimigos de Israel!!! Está se formando também um outro bloco... agora com apoio de países da America Latina... Cuba, Venezuela... talvez Colômbia, Bolívia... e quem sabe até mesmo a Argentina (será que esqueceram a guerra das malvinas???)!!!

O fato é.... unidos estes países podem ser tão fortes quanto a OTAN!!!! Principalmente pelo poder de barganha (a Venezuela, a Rússia e países do Oriente Médio anti-israel possuem poder econômico proveniente do petróleo)!!!!

Os dirigentes mundiais têm de abrir os olhos... já existem alguns G's paralelos... por exemplo G3 (Brasil, Índia e África do Sul)!!! Vamos ver o que vai dar!!!

Contudo, há de se reconhecer que na fase atual não há como a Rússia, ou qualquer outro país que seja, manter uma corrida armamentista sem conseqüências catastróficas para sua economia!!!

Torço pra que tudo se resolva mesmo no âmbito do direito internacional público, ao contrário todos nós "pagaremos o pato"!!!

Anónimo disse...

Voltando ao meu comentário anterior, onde eu quis questionar a matanças de curdos pela ação repressiva do exército turco, que com isso achava uma possibilidade de impactar no ingresso desse país à EU, o mesmo aconteceu ao Sadam, pois segundo uma certa norma da ONU isenta de culpa tanto o Iraqui quanto a Turquia, pois os curdos é um povo “sem” nação. Então Israel nada faz de errado se dizimar os palestinianos, tampouco o Brasil com os índios, etc.

Anónimo disse...

"Pessoalmente, privilegio a entrada da Turquia, na medida em que essa adesão pode vir a traduzir-se numa ponte de bom entendimento entre a UE e os estados árabes."

Fernanda, dois pontos:
1 - A Turquia não é um árabe, é turca, e os turcos têm uma enorme desconfiança relativamente aos árabes. A entrada da Turquia na UE não viria reforçar o entendimento com nenhum país árabe, ou persa, porque não existem ligações étnicas, somente religiosas;
2 - A Turquia, naturalmente, pertence a uma civilização não europeia. A sua História e os seus arquétipos culturais e civilizacionais são diversos dos nossos e, em muitos casos, são-lhe totalmente opostos. Historicamente a Turquia é inimiga da Europa e procurou submeter esta à sua (turca e islâmica) civilização. É por isso um erro crasso, de consequências civilizacionais, permitir a entrada da Turquia naquilo que deveria ser, de facto, um "clube cristão". Nós, os europeus, não temos de estabelecer pontes com ninguém e não devemos receber no nosso seio países de cultura totalmente diferente da nossa, do mesmo modo que a OCI não recebe países esmagadoramente cristãos.

Anónimo disse...

Não sejamos hipócritas!!!A Russia não quer a Ucrânia na NATO por uma simples razão: ela acredita fortemente que ainda poderá anexar a Ucrânia no futuro e se esse país aderir à Aliança seus planos irão por água abaixo.
Só não vê quem não quer!

zé carlos

Fernanda Valente disse...

«A entrada da Turquia na UE não viria reforçar o entendimento com nenhum país árabe, ou persa, porque não existem ligações étnicas, somente religiosas»

Precisamente por isso...
Acabou por produzir um comentário relevante à sua contra-argumentação.

Anónimo disse...

Mas precisamente, Fernanda, não sendo parte do clube cristão (porque a nossa civilização é cristã, quer queiramos quer não), não podemos ter no nosso seio um país que nos é estranho só porque pretendemos, de uma forma ingénua, estabelecer laços com o "outro". A Tuquia pertence ao Mundo Turco, não ao árabe, e pertence ao Mundo Islâmico, não ao Cristão.

Não é tarefa da UE servir de "ponte" entre civilizações. A UE deve servir os interesses dos europeus (até mesmo da Rússia). E mais nada.

Fernanda Valente disse...

«A Tuquia pertence ao Mundo Turco, não ao árabe, e pertence ao Mundo Islâmico, não ao Cristão»

E porque é que não pode caber ao «Mundo Cristão» protagonizado pelos estados europeus mais influentes a tarefa da "evangelização" dos islamitas, pela via pacífica, através da aproximação da cultura ocidental ao povo islâmico, ao contrário do que tentaram fazer os EU pela via da força?

«Não é tarefa da UE servir de "ponte" entre civilizações»

E você sabe qual é a tarefa da UE? Olhe, neste momento, eu não sei.
A UE dos países fundadores tinha claros objectivos que foram, posteriormente, ultrapassados por contingências várias, de entre elas o desmembramento da ex-URSS e mais recentemente o fenómeno da globalização ao nível macroeconómico. A UE actual, a 27, ainda nem sequer dispõe de um documento regulador que lhe permita gerir interesses de uma forma unilateral, em benefício do seu conjunto.
Perante este cenário, o da indefinição de «tarefas», porque é que, na sua óptica, a Turquia não deve entrar e sim a Ucrânia?

Fernanda Valente disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fernanda Valente disse...

José Milhazes,

Acabo de ler um artigo de opinião no "The Economist", cujo último parágrafo destaco aqui:

«Over the past three decades enlargement by the EU to take in new members has proved to be the most effective tool for promoting economic reform and securing liberal democracy. But it works only if countries believe they will one day be let in. After the August war, Ukraine, Belarus, Moldova and the three Caucasus countries of Georgia, Armenia and Azerbaijan, all crave reassurance against an irredentist Russia. A clear offer of eventual EU membership, if they work hard to fulfil the necessary criteria, is the least the EU can do.»

O link do artigo é:

http://www.economist.com/opinion/displaystory.cfm?story_id=12208599

É caso para dizer: com um amigo destes quem precisa de inimigos?
Aqui está um exemplo da forte pressão exercida por parte da imprensa britânica e norte-americana sobre a UE, de que eu falava.

Anónimo disse...

Precisamene, as pressões norte-americanas e britânicas são as principais impulsionadoras da entrada da Turquia na UE...

Quanto ao assunto da
"evangelização", os parâmetros culturais dos paises islâmicos são bem diferentes dos nossos. Podem ocorrer nesses países alterações a esse nível (se bem que receio que as alterações se venham a processar mais entre nós do que entre eles), mas isso não pode implicar, ou decorrer, da incorporação de países de um espaço civilizacional num espaço civilizacional diferente como é o nosso. Ora, a Turquia é indubitavelmente diferente da Europa, mesmo da balcânica, como já pude constatar.

Quanto à "missão" da UE, isso depende daquilo que "é" a UE. E o problema é que tirando a parte meramente económica, a UE não se pode definir politicamente pois para que haja uma definição política há que haver, previamente, uma definição ideológica/cultural (tal como acontece com os partidos políticos). E neste campo, nem a UE, nem sequer os europeus, se querem definir sob o ponto de vista cultural, isto é, o que é "ser-se europeu", o que é a nossa "cultura" (uma vez conversei com um turco que se dizia europeu porque, tal como os europeus, ele fumava, bebia, fornicava e não ligava nenhuma à religião!).

Se o próprio preâmbulo do Tratado Constitucional (aka Tratado de Lisboa) ignora por completo o Cristianismo como estando na base da cultura europeia (apesar disso ser óbvio!), se nós, os europeus, política-correctamente ignoramos e ocultamos a nossa cultura por semples ignorância, ou laxismo, ou vergonha ou mesmo para "não ofender o outro", como é que nos podemos apresentar como um projecto de futuro, civilizacional, como é que podemos "evangelizar" os outros (muçulmanos), quando a nossa cultura é a da fornicação, da beberronia e do ateísmo?

Esqueça pois essa ideia de "converter" os outros à nossa cultura. Cultura europeia? Nós nem sequer sabemos o que é isso! E muito menos o sabem os nossos dirigentes (os tais que mandam na UE)...

Fernanda Valente disse...

A nossa acção "evangelizadora" já começou na Turquia, caso não saiba, estão a ser tomadas medidas na área do respeito pelos direitos humanos, e breve, breve, as mulheres vão poder também reclamar os seus direitos, de acordo com os padrões ocidentais, sem serem açoitadas.

Ó "pippo" quando se dirigir a mim, por favor utilize uma linguagem mais cuidada, sem partir para a ignorância, ou então pura e simplesmente ignore os meus comentários.

Quanto a este tema, da minha parte estamos conversados.

Anónimo disse...

Fernanda, na Turquia as mulheres têm direitos (bastantes, até) desde a revolução kemalista. Entre a classe média urbana, não é normal uma mulher ser açoitada. Mas isto ocorre somente entre a classe média urbana, pois nas zonas mais atrasadas (por exemplo, o Leste do país) continuaram a haver os "crimes de honra", onde uma rapariga é morta pela família (pai, mãe, irmão, ...) só por gostar de um rapaz da outra aldeia. E este tipo de casos continuam a ocorrer, entre outras razões porque cresce o islamismo (o qual vai, aos poucos, destruindo a herança kemalista) e a demografia entre as populações mais pobres é superior às da classe média, mais instruida (lá, tal como cá, diga-se de passagem).
Portanto, que adianta haver alterações legislativas? O homicídio é punível tanto aqui como na Turquia. Mas o facto é que estes casos ocorrem devido à cultura, independentemente das leis, e devido à demografia e a um "retrocesso" cultural, a cultura que origina estes casos manter-se-á e até poderá sair reforçada.

Por outro lado, a Fernanda salienta a nossa acção "evangelizadora" através das reformas legislativas na Turquia, mas como sabe essas reformas são apenas para "europeu ver", não são sentidas, não são internamente motivadas. Se à Turquia lhe for negada a entrada na UE, essa reformas serão abandonadas inexoravelmente (e aliás, esse cenário é invocado amiúde pelos dirigentes europeus para não se negar a entrada à Turquia na UE).

Ora, será que foi preciso estender a "cenoura" da UE para que em Portugal, Espanha u Polónia tivessem ocorrido revoluções democráticas? Claro que não.

Em suma, por um lado a Europa não se define culturalmente; por outro lado a Turquia está a "retroceder" para o islamismo, as massas mais islamizadas (sob o ponto de vista cultural) crescem, ao invés da classe média, e as reformas são claramente para agradar à UE, e não motivadas por anseios internos.

Por isso, mais uma vez digo que a UE deveria cuidar de si, definir-se, em lugar de procurar "civilizar" os outros.

PS - Se a ofendi, diga-me em quê. De qualquer modo, também encerro a discussão sobre esta questão.