Caros leitores, cá estou de regresso ao vício chamado blog Darussia. Voltei, porque, segundo as informações que nos chegam de Kiev, ainda hoje ou amanhã, o Presidente Victor Iuschenko poderá anunciar a dissolução da Rada Suprema (Parlamento) da Ucrânia e convocar eleições parlamentares antecipadas.
Se todas as forças políticas ucranianas se mantiverem no campo da legalidade constitucional, o país poderá atravessar mais esta crise da forma pacífica como superou as anteriores. No entanto, forças estrangeiras preparam-se para participar na contenda e esperemos que não venham a provocar uma grande crise de dimensão internacional.
Na semana passada, Iúlia Timochenko esteve em Moscovo e, ao que tudo indica, terá recebido o apoio de Vladimir Putin para enfrentar Victor Iuschenko. É de assinalar que, durante a conversa entre eles, presenciada pelos jornalistas, o primeiro-ministro russo chamou ao Presidente da vizinha Ucrânia "trafulha de meia tigela"!
A julgar por este dito, que se junta a muitos outros já famosos do dirigente russo, que hoje assinala o 56º aniversário natalício, o Kremlin parece não estar com paninhos quentes e ficar imóvel a observar o que se irá passar no país vizinho.
Desta vez, Moscovo aposta em Timochenko, mas não se esquece de Victor Ianukovitch, dirigente do Partido das Regiões, pois este ainda pode vir a servir no futuro.
Quanto a Iuschenko, a sua popularidade anda pelas ruas da amargura, é de cerca de 6%, mas ele pretende utilizar as eleições parlamentares apenas como trampolim para as presidenciais de finais de 2010.
Como já tenho escrito, devemos estar atentos às acções de Arseni Iatzeniuk, actual dirigente do Parlamento. Este poderá ser uma boa alternativa à política pouco produtiva do actual Presidente ucraniano.
É de salientar que, durante esta nova crise, a União Europeia se tem comportado da maneira a que já nos habituou, cheia de indecisões, com uma política pouco clara. Não se decide a dar sinais claras à Ucrânia sobre a adesão desse país à UE e, quando ao ingresso na NATO, alguns dos dirigentes dos grandes países europeus voltam a dar o dito por não dito. Angela Merkel, chanceler alemã, defendeu, no mês de Agosto, durante o conflito entre a Rússia e a Geórgia, que a adesão de Tbilissi e Kiev era um facto adquirido, mas, na semana passada, após um encontro com Dmitri Medvedev em São Petersburgo, já veio dizer que a cimeira de Dezembro da NATO ainda não dará luz verde à adesão de georgianos e ucranianos a essa aliança.
Pessoalmente, considero que a prioridade deve ser dada à adesão dos dois países à UE, não porque Moscovo se oponha à entrada desses países na NATO (acho que os países soberanos devem ter o direito de aderir a que organizações queiram), mas porque não se sabe bem para que serve a Aliança Atlântica. Acho que já está na hora de nos explicarem para que serve esta organização militar, quais os seus objectivos, adversários, etc.
Voltando à Ucrânia, apenas escrevo para concluir que a luta entre as elites políticas ucranianas continuará a aumentar de intensidade.
Se todas as forças políticas ucranianas se mantiverem no campo da legalidade constitucional, o país poderá atravessar mais esta crise da forma pacífica como superou as anteriores. No entanto, forças estrangeiras preparam-se para participar na contenda e esperemos que não venham a provocar uma grande crise de dimensão internacional.
Na semana passada, Iúlia Timochenko esteve em Moscovo e, ao que tudo indica, terá recebido o apoio de Vladimir Putin para enfrentar Victor Iuschenko. É de assinalar que, durante a conversa entre eles, presenciada pelos jornalistas, o primeiro-ministro russo chamou ao Presidente da vizinha Ucrânia "trafulha de meia tigela"!
A julgar por este dito, que se junta a muitos outros já famosos do dirigente russo, que hoje assinala o 56º aniversário natalício, o Kremlin parece não estar com paninhos quentes e ficar imóvel a observar o que se irá passar no país vizinho.
Desta vez, Moscovo aposta em Timochenko, mas não se esquece de Victor Ianukovitch, dirigente do Partido das Regiões, pois este ainda pode vir a servir no futuro.
Quanto a Iuschenko, a sua popularidade anda pelas ruas da amargura, é de cerca de 6%, mas ele pretende utilizar as eleições parlamentares apenas como trampolim para as presidenciais de finais de 2010.
Como já tenho escrito, devemos estar atentos às acções de Arseni Iatzeniuk, actual dirigente do Parlamento. Este poderá ser uma boa alternativa à política pouco produtiva do actual Presidente ucraniano.
É de salientar que, durante esta nova crise, a União Europeia se tem comportado da maneira a que já nos habituou, cheia de indecisões, com uma política pouco clara. Não se decide a dar sinais claras à Ucrânia sobre a adesão desse país à UE e, quando ao ingresso na NATO, alguns dos dirigentes dos grandes países europeus voltam a dar o dito por não dito. Angela Merkel, chanceler alemã, defendeu, no mês de Agosto, durante o conflito entre a Rússia e a Geórgia, que a adesão de Tbilissi e Kiev era um facto adquirido, mas, na semana passada, após um encontro com Dmitri Medvedev em São Petersburgo, já veio dizer que a cimeira de Dezembro da NATO ainda não dará luz verde à adesão de georgianos e ucranianos a essa aliança.
Pessoalmente, considero que a prioridade deve ser dada à adesão dos dois países à UE, não porque Moscovo se oponha à entrada desses países na NATO (acho que os países soberanos devem ter o direito de aderir a que organizações queiram), mas porque não se sabe bem para que serve a Aliança Atlântica. Acho que já está na hora de nos explicarem para que serve esta organização militar, quais os seus objectivos, adversários, etc.
Voltando à Ucrânia, apenas escrevo para concluir que a luta entre as elites políticas ucranianas continuará a aumentar de intensidade.
14 comentários:
Mais do que nunca é necessário uma liderança na UE. Até quando esta apatia Europeia.
A europa já é uma babel suficientemente confusa, agora se der guarida a Turquias e Ucrânias, sem mais aquelas, é o fim da picada!
A prudência é boa conselheira!
Caro Milhazes,
a Europa acabou com o advento da crise financeira. O Presidente da UE em exercício, o francês Sarkozy, já apenas se reúne com o "G4" (os países europeus do G8)ignorando completamente os demais países membros. Ainda por cima, a Constituição Europeia foi chumbada em tempo de paz e agora é muito mais complicado fazer "engolir a pílula".
Trata-se de uma ironia do destino: no momento em que se discute a entrada de novos países na UE (Turquia, Ucrânia, Geórgia,etc.), o sonho europeu regride para o seu núcleo original. A Europa volta a ser entre 2 ou 3 (R-U de fora), e nem Portugal faz parte. Se este cenário se confirma, que aprendamos com a historia e que não nos tornemos mais uma vez criados dos ingleses. Cumprimentos!
Bem-vindo de volta!
Após a entrada extemporânea dos 10 países de Leste sabe-se lá como, fazer entrar mais uns quantos, de economias ainda mais frágeis, em tempo de crise financeira, é pura ficçäo.
Quanto à OTAN, partilho da sua opiniäo. Há quem diga que mais näo é que que o cartel de vendas de armamento militar, indústria que, como se sabe, domina a política dos EUA. Já Ike o tinha avisado! Mais para mais era republicano e militar!
Näo só ninguém lhes diz näo, mas ainda conseguem é enfurecer a Rússia que está bem mais perto da UE que dos EUA (em termos concretos, quero lá saber do Alasca...)!!!
Se ganhar quem esté previsto ganhar, a Ucrânia mudará sua posição face à Rússia e beneficiará económica e políticamente com isso. Provavelmente a Princesa Leia foi a Moscovo discutir futuros apoios russos ao seu governo de molde a ter uma vida fácil durante a sua legislatura. A factura, claro está, será um afastamento face à NATO (não à UE, que é militrmente inócua), com perda de margem de manobra para os EUA.
Mau grado a oposição de certos nacionalistas radicais, mais cedo ou mais tarde a Ucrânia terá de se aproximar, ou mesmo associar, à Rússia. A geografia e a História assim o ditam.
Começo por responder ao leitor Pippo, se as coisas fossem tão evidentes como você escreve, não estaríamnos na situação em que nos encontramos agora. Qual a razão que o pode levar a concluir que a Ucrânia deve "até mesmo associar-se" à Rússia. Eu, por exemplo, se fosse ucraniano, defenderia boas relações com a Rússia, mas sem associações, porque isto faz lembrar uma velha anedota soviética. Dois guardas fronteiras, um soviético e um polaco, encontraram uma pepita de ouro na linha da fronteira. O soviético pergunta ao polaco: "vamos divirdir isto como irmãos?". "Não, responde o polaco,o melhor é repartir em metades iguais".
Pode dizer que eu não tenho razão, mas o peso histórico é importante nresta decisões.
Quanto ao leitor Rouxinol, apenas coloco uma questão: significa que a UE esgotou o seu poder de alargamento?
Caro Maquiavel, nem em tempo de crise a árvore deve encobrir a floresta.
O leitor Nuno Bento, parece-me, chama a atenção para um ponto interessante. Em tempo de crise, os mais fortes tentam, num clube restrito, resolver as coisas e sem pequenos países que chateiem. Acho que é a hora de fazer do G-8 um G pelo menos 11. Sem isto, não haverá soluções aceitáveis para a crise.
E, a propósito da crise, é importante assinalar que ela tem muito que se lhe diga. As suas causas necessitam de uma análise profunda, mas seria bom determinar os "génios" neo-liberais que conduziram a esta situação, bem como o papel das elites políticas e económicas em todo este processo.
Também não setia mau se alguém, da esquerda ou direita, aproveitasse este momento para apresentar novas ideias, saídas.
Para começar, falta moralidade nas elites em Portugal. Meter uns quantos "vips" influentes cujos delitos foram comprovados (Pedroso, Cruz, Vale Azevedo,..) seria um bom começo. Como seria também mudar de "opinion makers" particularmente no capitulo económico. Eu ja comecei a boicotar o "diario economico" há muito. Por fim, há alguém que por sucessivas vezes não esteve bem: o meu caro professor e agora ministro das finanças, o Dr. Teixeira dos Santos. Baixar o IVA de 1% em vésperas de crise foi uma estupidez que só fragilizou as contas do Estado (e depois dizem que não há dinheiro para manter as maternidades e os postos de saúde de província). Assim como retirar as condições vantajosas dos certificados de aforro durante as férias, empurrando ainda mais as famílias para perderem dinheiro na bolsa ou para depositarem nos bancos (a risco, quem sabe).
Se for se basear pela história. A Ucrania irá querer distancia da Rússia. Sempre se deram mal em relacoes com os russos.
Ps.: Essa Timochenko é uma mulher perigosíssima. Maquiavélica ao extremo.
Com base na História, a Ucrânia começou como Rússia, foi conquistada (em parte) por polacos, afastou-se destes e associou-se à Rússia, integrou-se na Rússia, dissociou-se brevemente desta, foi novamente incorporada, agora voltou a dissociar-se, e se a Julia ganhar, provavelmente caminhará para uma qualquer forma de associação com a Rússia ao nível económico e político. Quem sabe se no futuro não se chegará à reintegração?
Na História destes dois países existe uma constante, do mesmo modo que nas Histórias de Portugal e Castela/Espanha existe a constante desta última tentar sempre garantir a hegemonia peninsular, nomeadamente conquistando o rectângulo (e de ser repelida).
Estas são as evidências históricas e se calhar por isso é que estamos na situação em que nos encontramos agora.
Caro Pippo, a sua comparação é interessante, mas tem uma falha de peso. Nós estamos entre a Espanha e o Oceano, enquanto que a Ucrânia está entre a Rússia e a restante Europa, o que lhe dá um maior poder de escolha.
para Filipe aka Pippo
"a Ucrânia começou como Rússia"
A Rússia é que começou com a Ucrânia, pois Kyiv tem mais de 1500 anos e Moscovo apenas cerca de 860... Os ucranianos fundaram o Moscovo e se os moscovitas acham que o rei Volodymyr, rainha Olga não eram ucranianos, então tb não eram os russos. Alias, a própria palavra Rússia começou ser usada à partir do Pedro I (o Grande), até ai era a Moscovia, "terra da vaca molhada"...
Bom, é certo que cada país tem o direito de se juntar às organizaçöes que quiser.
Agora näo se pode é querer dar uma no cravo e outra na ferradura, i.e., querer pitrol e gás russo a preço de saldo, e entrar no seu maior rival militar!
Isso dar para os dois lados e lucrar foi só para um grande espertalhäo, o Tito da RFS Jugoslávia!
Caro José Milhazes, será mesmo que a Ucrânia está a escolher entre a Rússia e a UE? Não andará outro país no namoro?
Reformulo a questão de outra maneira: será que a UE representa verdadeiramente os interesses dos estados europeus ou haverá uma potência estrangeira a comandar os seus destinos, já para não falar dos interesses económicos imiscuidos. Penso que o que está insinuado é evidente e plausível e não se trata de nenhuma teoria da conspiração.
Caro JM, a minha comparação é pertinente e não é falha, pois a "Ucrânia" nunca "escolheu" entre a Rússia e a restante Europa. A Ucrânia, como o nome indica, era terra de fronteira entre Estados (Lituânia, Polónia, Império Otomano e Rússia) e ora pertenceu a um, ou a outro, ou andou repartida. Nunca houve um Estado ucraniano unificado, ao contrário da Rússia (ou Moscóvia, que obviamente não designa "terra da vaca molhada", mas deriva directamente do nome da cidade-Estado que constituiu o Reino).
Destino bem diferente teve Portugal, que só esteve sob domínio estrangeiro, semi-efectivo, durante 60 anos.
Portanto, fazendo uma comparação histórica, parece-me que haverá uma tendência óbvia. E a escolha, actualmente, não está entre a UE (UE? E "isso" é o quê?) e a Rússia mas sim entre a NATO e a Rússia. E nós sabemos actualmente que interesses defende a NATO. Não são os EU-ropeus. O caso do Kosovo está aí para o demonstrar.
Afric Dymon/Jest - A Rússia não começou como Ucrânia pois o território nunca foi designado como tal. Desde o início que o nome é "Russ (ou Ros') de Kiev", não "Ucrânia de Kiev".
Se não sabe distinguir a diferença entre "começar como" e "começar com", terá de ter mais umas aulas de português.
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