domingo, novembro 23, 2008

Autoridades russas proibem imprensa de falar em crise


O Serviço Federal de Controlo na Esfera das Comunicações e Órgãos de Informação da Rússia (Rossviazkomnadzor) preveniu o diário económico Vedomosti da necessidade de cumprir rigorosamente a lei de combate ao extremismo.
Este órgão considera extremista o artigo “Novotcherkass-2009”, publicado no Vedomosti pelo académico Evgueni Gontmakher, director no Centro de Política Social do Instituto de Economia da Academia das Ciências da Rússia, onde tenta prognosticar as consequências sociais da crise financeira no país.
Este conhecido economista não exclui a possibilidade de a crise provocar conflitos sociais semelhantes ao ocorrido na cidade russa de Novotcherkass em 1962, quando as autoridades soviéticas esmagaram pela força das armas os protestos dos operários de uma das fábricas locais que protestavam contra as más condições de trabalho e de vida, provocando um número de mortos até hoje desconhecido.
“Durante todo o artigo, o autor contrapõe dois grupos de cidadãos: os despedidos e operários que ficaram sem emprego da única grande empresa na localidade e os burocratas locais que temem perder “os seus confortáveis lugares na vertical do poder””, escreve-se na carta dirigida pelo Rossviazkomnadzor à direcção do jornal.
Este órgão sublinha que não se trata de um “aviso oficial”, mas de uma medida normal de profilaxia para recordar que “é preciso cumprir a lei”, acrescentando que, este ano, cerca de 30 órgãos de informação já foram chamados à atenção.
Segundo a lei da imprensa russa, se um órgão de informação receber, durante um ano, dois “avisos oficiais” da Rossviazkomnadzor , este serviço pode pedir aos tribunais a suspensão da publicação desse órgão de informação.
“Isto é uma violação da liberdade de expressão, um sinal claro de censura, que está a ser instaurada no nosso país”, reagiu Evgueni Gontmakher, que é também membro da direcção do Instituto do Desenvolvimento “Insor”, centro de estudos ligado ao Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev.
“O abismo entre os trabalhadores e os burocratas, descrito no artigo, é um cenário hipotético, que nada tem a ver com extremismo... Sou perito, simplesmente propus no artigo um dos possíveis desenvolvimentos de acontecimentos altamente prováveis. Telefonam-me pessoas, algumas que até trabalham no Governo, que confirmam que semelhantes acontecimentos já começam a ocorrer”, frisou o académico.

7 comentários:

Anónimo disse...

Pois,também em Portugal os jornlistas da lusa foram proibidos de falar em estagnaçao económica.

Jest nas Wielu disse...

Próximo passo é proibir de pensar sobre a crise, novos GULAGS parecem não estar muito longe...

Anónimo disse...

Sim, é possível que comecem a mandar o jornalistas portugueses para as Berlengas ou as Selvagens...

Anónimo disse...

Ou não terem emprego.

Anónimo disse...

É somente mais um sinal da marcha dos russos rumo ao seu destino autoritário. Por tudo que leio e observo, não é possível ser otimista com o futuro desse país. E o pior é que eles estão contentes com essa corja subterrânea que governa seu país em proveito próprio. Lamentável!

Anónimo disse...

O ataque e ocupação da Russia contra a Georgia , provocou a fuga dos investidores internacionais daquele país , bem antes do ápice da crise financeira. A crise só reforçou a debandada. Putin deve estar aprendendo à duras penas , que capital e liberdade não se separam. E o petróleo tambem não garante hegemonia à ninguém.

Anónimo disse...

Nas últimas semanas, a Bolsa de Valores de Moscou interrompeu o pregão várias vezes. Houve fuga de capitais. Mais de 60% da capitalização do país se evaporou. Além disso, o preço do petróleo está caindo – e a Rússia é imensamente dependente dessa única commodity. Mas não é só isso. Pela primeira vez, desde o começo do século XX, a Rússia tem de se preocupar com o que os bancos europeus e americanos fazem.


augusto