O Presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, reconheceu, pela primeira vez publicamente, que as forças armadas georgianas deram início às acções militares na Ossétia do Sul, mas defendeu se ter tratado de “medidas adequadas e justificadas”.
“A questão não reside em saber por que é que a Geórgia começou as acções militares, nós reconhecemos que começámos essas acções, mas teríamos outra possibilidade quando começaram a liquidar os nossos cidadãos?”, perguntou o dirigente georgiano ao falar na reunião da Comissão Parlamentar de Investigação da Crise de Agosto no Cáucaso.
“Chegou ao nosso conhecimento de que armamentos pesados e tropas russas estavam concentradas junto do Túnel de Rokski (que liga a Ossétia do Norte à do Sul). A parte russa violou ilegalmente a fronteira georgiana. Este facto foi depois negado pela parte russa. Na véspera da intervenção em grande escala, no dia 06 de Agosto, mataram nossos soldados da dorça de manutenção da paz, bombardearam aldeias georgianas e não georgianas”, continuou o dirigente georgiano.
“Nessas condições, continuou, não devem fazer perguntas se realizámos acções militares, mas se o governo de algum país democrático aceitaria a exterminação cruel da sua própria população civil”.
“Nós tentámos impedir uma intervenção e lutámos no nosso território, nem um soldado pôs o pé em território alheio. Por isso não é preciso colocar a questão de se tínhamos ou não direito de defender os nossos cidadãos”, acrescentou.
“As questões devem ser colocadas da seguinte forma: não foi a Rússia que realizou a intervenção contra a Geórgia, não foi a Rússia que abandonou o Tratado sobre redução de tropas na Europa, não foi a Rússia que concedeu passaportes aos nossos cidadãos, o país que preparou a agressão durante muitos anos, que se recusou às conversações de paz no quadro da OSCE?”, interrogou Saakachvili.
“A Rússia não respondeu sequer a uma pergunta e quero dizer que uma grande ameaça paira não só sobre nós, mas sobre todo o mundo”, frisou ele.
Saakachvili declarou também que recebeu qualquer sinal de Washington para dar início às acções militares na Ossétia do Sul.
“Não compreendo de que “luz verde” falam, isso não corresponde à realidade”, considerou.
“Avisámos várias vezes os nossos parceiros de que a Rússia preparava um ataque contra a Geórgia, mas eles calaram essa questão. Verificámos várias vezes a informação de que os militares russos já estavam a entrar no território da Geórgia”, esclareceu.
Mikhail Saakachvili desmentiu também a notícia difundida por vários órgãos de informação de que teria insultado Vladimir Putin, primeiro-ministro, chamando-lhe “liliputo”.
Respondendo à pergunta da comissão de investigação se esse insulto não detriorou as relações russo-georgianas, o Presidente respondeu: “Isso é um tema inventado, as relações entre os nossos países começaram a deteriorar-se na época do Presidente Eduard Chevarnadzé.
“Vou reconhecer-vos que, depois da primeira visita à Rússia, nutri grande simpatia para com Putin, gostava muito dele”, concluiu.
“A questão não reside em saber por que é que a Geórgia começou as acções militares, nós reconhecemos que começámos essas acções, mas teríamos outra possibilidade quando começaram a liquidar os nossos cidadãos?”, perguntou o dirigente georgiano ao falar na reunião da Comissão Parlamentar de Investigação da Crise de Agosto no Cáucaso.
“Chegou ao nosso conhecimento de que armamentos pesados e tropas russas estavam concentradas junto do Túnel de Rokski (que liga a Ossétia do Norte à do Sul). A parte russa violou ilegalmente a fronteira georgiana. Este facto foi depois negado pela parte russa. Na véspera da intervenção em grande escala, no dia 06 de Agosto, mataram nossos soldados da dorça de manutenção da paz, bombardearam aldeias georgianas e não georgianas”, continuou o dirigente georgiano.
“Nessas condições, continuou, não devem fazer perguntas se realizámos acções militares, mas se o governo de algum país democrático aceitaria a exterminação cruel da sua própria população civil”.
“Nós tentámos impedir uma intervenção e lutámos no nosso território, nem um soldado pôs o pé em território alheio. Por isso não é preciso colocar a questão de se tínhamos ou não direito de defender os nossos cidadãos”, acrescentou.
“As questões devem ser colocadas da seguinte forma: não foi a Rússia que realizou a intervenção contra a Geórgia, não foi a Rússia que abandonou o Tratado sobre redução de tropas na Europa, não foi a Rússia que concedeu passaportes aos nossos cidadãos, o país que preparou a agressão durante muitos anos, que se recusou às conversações de paz no quadro da OSCE?”, interrogou Saakachvili.
“A Rússia não respondeu sequer a uma pergunta e quero dizer que uma grande ameaça paira não só sobre nós, mas sobre todo o mundo”, frisou ele.
Saakachvili declarou também que recebeu qualquer sinal de Washington para dar início às acções militares na Ossétia do Sul.
“Não compreendo de que “luz verde” falam, isso não corresponde à realidade”, considerou.
“Avisámos várias vezes os nossos parceiros de que a Rússia preparava um ataque contra a Geórgia, mas eles calaram essa questão. Verificámos várias vezes a informação de que os militares russos já estavam a entrar no território da Geórgia”, esclareceu.
Mikhail Saakachvili desmentiu também a notícia difundida por vários órgãos de informação de que teria insultado Vladimir Putin, primeiro-ministro, chamando-lhe “liliputo”.
Respondendo à pergunta da comissão de investigação se esse insulto não detriorou as relações russo-georgianas, o Presidente respondeu: “Isso é um tema inventado, as relações entre os nossos países começaram a deteriorar-se na época do Presidente Eduard Chevarnadzé.
“Vou reconhecer-vos que, depois da primeira visita à Rússia, nutri grande simpatia para com Putin, gostava muito dele”, concluiu.
9 comentários:
boas, caro José Milhazes,
apenas me surge neste momento uma questão, será que os media portugueses, nomeadamente a TSF, vão agora pedir desculpas aos seus ouvintes, leitores e telespectadores pela péssima informação que nos deram aquando desse flagelo?
infelizmente não creio que o façam, a máscara não lhes pode cair, e como o povo é muito esquecido, irão continuar a desinformar.
é certo que o regime russo não é flor que se cheire, os atentados à bomba que ocorreram em moscovo há anos com quase toda a certeza foram operações da intelligence do FSB com vista a atribuir a sua autoria aos chechenos, mas o seu a seu dono e neste caso parece que têm razão.
P.S- a rádio TSF chegou ao desplante de até fazer jingles onde apareciam apenas georgianos a dizerem-se vitimas dos russos e que estes os tinham atacado pela calada da noite, pelos vistos como aliás se vem confirmando, foi precisamente o contrário.
Caro leitor que assina "ovigia", eu nada tenho a ver com a TSF, por isso cada um responde por si.
Quanto a mim, continuo a defender que é necessária uma investigação internacional independente, pois das palavras de Saakachvili conclui-se que a direcção georgiana não tinha outra saída.
Eu não defendo os dirigentes georgianos, e muito menos Saakachvili, mas considero que não são os únicos com "culpas no cartório" no que respeita à guerra do Cáucaso. A concentração de tropas russas na fronteira entre a Ossétia do Norte e do Sul, bem como a presença de tropas russas em Tzkhinvali (facto reconhecido por alguns militares russos) pedem uma investigação profunda.
Se os factos mostrarem que eu me enganei na minha análise, pedirei desculpa. Sou jornalista, não sou bruxo...
sr. Milhazes desculpe a critica, mas o sr. tem um péssimo habito português que é nunca admitir um falhanço.
bruno.
Mais um sinal da retirada do tapete. Mesmo que seja o único culpado, Schakachvilli nunca o vai admitir, pelas razões óbvias mas a verdade é que está a cair em desgraça.
Como o José Milhazes já referiu inúmeras vezes, é de facto muito estranha a prontidão do exército russo.
Mais estranha é a ofensiva ter começado no dia de abertura dos Olimpicos e logo após as manobras com tropas norte-americanas, tendo as forças georgianas nem sequer aliviado a prontidão entre os dois eventos.
Cumpts
Manuel Santos
MSantos, os russos tinham realizado um exercício militar (Kavkaz 2008) relacionado com uma intervenção na Geórgia. Mas não estavam assim tão preparados como afirma.
Parte do material que entrou em acção era muito velhinho, de segunda linha, tais como os T-62 (!). Se tivessem planeado verdadeiramente uma ofensiva os russos teriam usado material de melhor qualidade, que o têm disponível.
Mas no meio disto tudo, o que tem piada é o kamarada Saakashvili admitir que começou tudo mas ainda vir dizer que "a culpa foi dos russos".
Como diria Lermontov, "Seria muito divertido se não fosse tão triste".
boas a todos,
Jose Milhazes, sem dúvida que nada tem a ver com a TSF e nem eu o afirmei, apenas me limitei a constatar um facto, de que os media ao contrário do que pelo que tenho lido o Milhazes faz, não se limitam aos factos.
antes criam pseudo-factos, para alimentar a asneira que geralmente vem dos EUA, UK e Nato.
acredito que os russos não sejam totalmente inocentes, a história da distribuição de passaportes russos o prova.
mas a verdade é que os russos tb não são estupidos, a georgia começou a construir bases com o alto patrocinio dos EUA e da Nato, aliás, bases que seguem os standard procedures da Nato, a georgia teve manobras e treinos com tropas dos EUA e tem lá tido técnicos e conselheiros militares israelitas, quer a modificar aviões quer a dar treino.
acham mesmo que a russia não estava a par disto? acham que os russos olhavam para o lado e não estavam a tomar algumas precauçoes? não acredito.
caro Milhazes, gosto da maneira como dá a notícia, limita-se a expôr factos, e é apenas isso que peço aos media e não a divulgação de press releases ou a tomada de partido por um dos lados.
cumprimentos,
rjnunes
"das palavras de Saakachvili CONCLUI-SE que a direcção georgiana não tinha outra saída."
Que razões o levam a tomar por certas as palavras de Saakachvili?
Depois disto tudo ainda não aprendeu a ser prudente?
Infelizmente esta "Investigação Internacional assim como as investigações da OSCE ou quaisquer outras que por acaso sejam divulgadas pelas representações diplomáticas das nações envolvidas nada mais são que um "Show" um "Circo" montado, ou melhor o "Pão e Vinho" para o povo Romano, ou seja apenas para iludir e desviar atenção, fingir que alguma coisa está para ser investigada para averiguar a verdade, pura balela para não se dizer que é a mais deslavada mentira. A questão da Geórgia é simples e clara, pois envolve interesses econômicos e estratégicos da UE e os Estados Unidos, tendo por exemplo um elevado investimento em um Pipeline "Baku-Tiblisi-Ceyham" que tem importantes 55km dentro do território da Ossétia do Sul, a questão da NATO poder ter uma base instalada no quintal russo, que compromete estratégicamente a capacidade de defesa da Rússia. E esta conversa do presidente georgiano que não houve sinal verde, é mais uma grande mentira houve sim, mas o que não se esperava era alguma atitude russa, achavam que o comportamento da Rússia seria o de protestar na ONU, como ocorreu com o Afeganistão ou o Iraque e não reagir, foi isso que os Estados Unidos confirmaram para a Geórgia e erraram. Agora se as tropas Russas estavam de prontidão, não há nada de errado, primeiro que esta é a atitude militar correta de qualquer país que tenha informações de sua inteligência militar quanto à mobilização de forças militares de uma nação vizinha com a qual não existem boas relações, além do mais os pedidos das lideranças da Ossétia do Sul e da Abikhazia de ajuda a Rússia já eram do conhecimento de todos, e a Rússia havia feito várias advertências ao governo georgiano que reagiria se esta atacasse as regiões separatistas. A Georgia já tinha um crime nas costas ao enviar soldados para ajudar à ocupação e à matança de civis em um país soberano que é o Iraque, que foi covardemente invadido por tropas dos Estados Unidos e seus aliados. O ataque às regiões separatistas representa apenas mais um sinal do tipo de comportamento que se pode esperar deste governo.
Näo tinham outra saída, JM?
Pois, com certeza que das palavras do maníaco georgiano näo poderia vir outra conclusäo... e ele admitir que começou a carnificina já é um princípio. Será para lhe comutarem a pena em Haia?
Näo me convencem com a história de "ataques preventivos", muito ao gosto dos EUA. A ser assim, o governo russo também pode concluir que nada mais resta à Rússia que lançar "SS-20"s, porque a OTAN tem bases preparadíssimas para (a) atacar em mais de 50 países do Mundo. Entäo em que ficamos?
É sempre a mesma questäo: se fossem os russos a iniciar a guerra, ele sairía como mártir, e a Rússia perderia qualquer razäo que poderia ter. Assim, foi ele que a perdeu.
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