De há uns tempos para cá, quando o ano começa a chegar ao fim, a Rússia ameaça cortar o gás por falta de pagamentos. E este fim de ano não é excepção.
A Gazprom não irá fornecer gás natural à Ucrânia a partir de 01 de Janeiro se não receber até lá o pagamento de dívidas por fornecimentos anteriores, anunciou hoje Serguei Kuprianov, porta-voz da empresa gasífera russa.
“Hoje, os colegas ucranianos transferiram 800 milhões de dólares para pagar dívidas por fornecimentos de gás no Outono, mas comunicaram que não iriam pagar mais nada até ao novo ano”, declarou Kuprianov numa conferência de imprensa realizada para o efeito.
Kurianov acrescentou que se “até lá não formos reembolsados, o que já é hoje evidente, e se não for encontrada outra solução, não poderemos assinar um novo contrato”.
“O que quero dizer é que não teremos motivo jurídico para fornecer gás à Ucrânia a partir de 01 de Janeiro”, frisou.
O porta-voz da Gazprom anunciou também que a empresa russa já preveniu os seus parceiros europeus dos problemas que poderão surgir no fornecimento de gás através do território ucraniano.
A empresa gasífera ucraniana Naftogaz Ukraini veio desmentir as declarações de Kuprianov, sublinhando que pretende transferir para a Gazprom mais 200 milhões de dólares.
“O pagamento da dívida está a ser feito dentro dos prazos e a confirmação disso é a transferência de 800 milhões de dólares”, declarou Valentin Zemlianski, porta-voz da empresa pública ucraniana.
Zemlianski confirmou a promessa feita hoje por Victor Iuschenko, Presidente da Ucrânia, de que, até ao fim do ano, a Naftogaz irá pagar mais 200 milhões de dólares.
No meio de tanta confusão, vá lá saber quem fala verdade ou não, mas há aqui uma questão bem mais importante: a falta de transparência nos negócios, que permite o enriquecimento de poucos e provoca o sofrimento de muitos.
A situação económica e financeira na Ucrânia está próxima do colapso, a moeda nacional grivna perde peso a olhos vistos, os habitantes de Kiev já tiveram, neste Inverno, de viver alguns dias sem aquecimento e água quente, mas os políticos continuam uma luta pelo poder absolutamente imoral.
Como testemunha da "Revolução Laranja" de 2004, tenho de reconhecer que, nessa altura, fiquei com uma pequena sensação de que a Ucrânia poderia sair da cepa torta, que as novas autoridades poderiam ser mais competentes que as anteriores, mas, tal como acontece depois de praticamente todas as revoluções, vem a ressaca.
Parafraseando Chico Buarque, diria "Foi bonita a festa, pá!", mas a fase lírica da revolução passa e constatamos que os novos senhores apenas fizeram de conta que estavam com o povo para chegar ao poder.
Na semana passada, as ditas forças democráticas: Bloco de Iúlia Timochenko, Bloco de Vladimir Litvin e Nossa Ucrânia - Autodefesa Popular, anunciaram a criação de uma nova coligação, que não funciona, nem deverá funcionar. O impasse político vai continuando e a situação económica e social degradando-se. Até quando?
Talvez algum dos leitores ucranianos deste blog possa explicar o que vai na cabeça dos dirigentes do seu país.
A Gazprom não irá fornecer gás natural à Ucrânia a partir de 01 de Janeiro se não receber até lá o pagamento de dívidas por fornecimentos anteriores, anunciou hoje Serguei Kuprianov, porta-voz da empresa gasífera russa.
“Hoje, os colegas ucranianos transferiram 800 milhões de dólares para pagar dívidas por fornecimentos de gás no Outono, mas comunicaram que não iriam pagar mais nada até ao novo ano”, declarou Kuprianov numa conferência de imprensa realizada para o efeito.
Kurianov acrescentou que se “até lá não formos reembolsados, o que já é hoje evidente, e se não for encontrada outra solução, não poderemos assinar um novo contrato”.
“O que quero dizer é que não teremos motivo jurídico para fornecer gás à Ucrânia a partir de 01 de Janeiro”, frisou.
O porta-voz da Gazprom anunciou também que a empresa russa já preveniu os seus parceiros europeus dos problemas que poderão surgir no fornecimento de gás através do território ucraniano.
A empresa gasífera ucraniana Naftogaz Ukraini veio desmentir as declarações de Kuprianov, sublinhando que pretende transferir para a Gazprom mais 200 milhões de dólares.
“O pagamento da dívida está a ser feito dentro dos prazos e a confirmação disso é a transferência de 800 milhões de dólares”, declarou Valentin Zemlianski, porta-voz da empresa pública ucraniana.
Zemlianski confirmou a promessa feita hoje por Victor Iuschenko, Presidente da Ucrânia, de que, até ao fim do ano, a Naftogaz irá pagar mais 200 milhões de dólares.
No meio de tanta confusão, vá lá saber quem fala verdade ou não, mas há aqui uma questão bem mais importante: a falta de transparência nos negócios, que permite o enriquecimento de poucos e provoca o sofrimento de muitos.
A situação económica e financeira na Ucrânia está próxima do colapso, a moeda nacional grivna perde peso a olhos vistos, os habitantes de Kiev já tiveram, neste Inverno, de viver alguns dias sem aquecimento e água quente, mas os políticos continuam uma luta pelo poder absolutamente imoral.
Como testemunha da "Revolução Laranja" de 2004, tenho de reconhecer que, nessa altura, fiquei com uma pequena sensação de que a Ucrânia poderia sair da cepa torta, que as novas autoridades poderiam ser mais competentes que as anteriores, mas, tal como acontece depois de praticamente todas as revoluções, vem a ressaca.
Parafraseando Chico Buarque, diria "Foi bonita a festa, pá!", mas a fase lírica da revolução passa e constatamos que os novos senhores apenas fizeram de conta que estavam com o povo para chegar ao poder.
Na semana passada, as ditas forças democráticas: Bloco de Iúlia Timochenko, Bloco de Vladimir Litvin e Nossa Ucrânia - Autodefesa Popular, anunciaram a criação de uma nova coligação, que não funciona, nem deverá funcionar. O impasse político vai continuando e a situação económica e social degradando-se. Até quando?
Talvez algum dos leitores ucranianos deste blog possa explicar o que vai na cabeça dos dirigentes do seu país.
11 comentários:
Boa noite, estimado JM.
Queria perguntar-lhe se essa coligação é a dos mesmos partidos da anterior, e se a Constituição foi efectivamente alterada no sentido da diminuição de poderes do Presidente.
Grato.
isto ja parece quando a ucrania se aproxima de uma eventual adesão a NATO. a russia fexa o gas a ucrania ou ameaça fechar o gaz e la se vai as aspirações da ucrania de entra na NATO.
"a falta de transparência nos negócios, que permite o enriquecimento de poucos e provoca o sofrimento de muitos."
Qual falta de transparência? O que se passa é simples: Os Ucrânianos querem o gás mas quem o tem são os Russos, logo os Russos cobram uma determinada quantia pelo gás; o problema dos Ucrânianos é que na Ucrânia não há dinheiro para comprar o gás. É nesta altura que a Ucrânia se tem de submeter á influência Russa para poder receber o gás. É assim que o mundo funciona e creio que o senhor Milhazes, apesar do tempo que passou nessa bolha Soviética, já tem idade para o compreender.
"mas os políticos continuam uma luta pelo poder absolutamente imoral."
Então mas, mas... não é a Ucrânia uma democracia? Não é o povo que elege os seus líderes democráticamente? Então, se algum culpado, é o povo por ser tão... até me faltam as palavras. Que luta imoral pelo poder? A partir do momento que essa luta é legitimada com os votos do povo, não vejo como pode ser imoral.
Os amigos ucranianos muitas vezes estão mais ocupados a lançarem farpas aos camaradas russos. é pena..
Acho que o amável convite do Sr. José Milhazes era feito para mim, por isso tentarei responder por pontos breves.
1. Tem a razão o Samuel, quando diz que a questão de gás é usada pela Rússia como a arma de remessa contra aspirações europeias da Ucrânia.
2. Sobre as cabeças dos nossos políticos: neste momento o país vive um pouco como a Itália após a 2ª G.M. governos corruptos, eleições constantes, ... mas a economia se desenvolve.
3. Gás barrato é sobremaneira necessário às fábricas do Leste do país, dai a politização da questão.
4. Ucrânia não precisaria do gás russo, pois bastava nós o gás do Turkmenistão, a sua compra é difucultada pelos russos.
5. Na minha opinião já neste inverno é preciso fazer o seguinte: a) passar a totalidade das casas dos ucranianos para os contadores obrigatórios do gás do fornecimento centralizado, usado para a preparação dos alimentos. A imensa maioria dos ucranianos ainda paga uma taxa fixa: quer usando o gás apenas para cozinhar, 2-3 horas por dia, quer o usando para aquecer os apartamentos (pessoas fazem isso), e isso é imoral é errado; b) Ucrânia deverá aumentar o preço do tránsito do gás pelo seu território, tantas vezes, quando os russos pretendem aumentar o preço do gás para os consumidores ucranianos. Em 2001 o ditador da Belarus, Alyaksandr Lukashenka já fez isso e saiu-se lindamente, Gazprom recuou.
Notas:
1. Acho que nem todos os leitores deste blog, sabem que a Ucrânia tem o fornecimento do gas (para cozinhar) centralizado. Em Portugal, as pessoas compram o gás em botijas, correcto? Governo pode descançar: quem tem dinheiro compra, quem não tem, aquece na lareira. Na Ucrânia se vive os restos do socialismo, Governo não quer deixar de se preocupar com aqueles que não podem pagar. Mas isso terá que ser feito.
Anedota temática:
Após obter a informação sobre as exigéncias dos piratas da Somália em receber o resgate por carga ucraniana, os representantes do Gazpom se riram histericamente...
p.s.
bom Natal Católico e Ortodoxo para todos, Ano Novo próspero!
O que eu sei é que se não pagar a minha miserável conta de gás, passados dois mese, sem tugir nem mugir, cortam-me o gás.Aqui em Lisboa.
A Ucrânia há quanto tempo não paga? Mas têm dinheiro para dar equipamento militar à Geórgia para fazer guerra aos russos. O Putin é um gajo porreiro. Eu já teria cortado o gás há muito mais tempo. Caloteiros! Paguem o que devem ou voltem ao carvão.
Leitor Jest, obrigado pela sua achega informativa. Bom Natal
Estou bastante interessado em saber porque foi o senhor José Milhazes apagar o meu comentário.
Ou então porque não apagou o comentário do anónimo visto que, ao que parece, não se pode criticar aqui o Grande Estado Legitimado Apenas Pelo Grande Soviete Supremo Em Honra do Povo, Trabalhadores e Explorados que é a Ucrânia.
Hmm... interessante este fenómeno... não se poder atacar os estados criados pelo Comunismo que só contribuem para a miséria Mundial...
Afonso Henriques, volto a explicar-lhe que retirei alguns dos seus comentários, porque são insultuosos. Pode criar o que quiser e quem quiser, mas correctamente. Não cortei o do anónimo, porque não tem insultos.
2 José Milhazes
Obrigado, só falta acrescentar duas coisas:
1. Parece que a Hryvnia parcialmente recuperou o seu peso, PrivatBank em Kyiv vende hoje USD por 7.8 UAH.
http://www.privatbank.ua/info/index3.stm?fileName=d6a_1e.html
2. A Hryvnia fraca favorece as exportações. Neste momento iene japonês se valoriza face ao USD e os japoneses apenas ficam tristes, pois isso encarece as suas exportações.
Bom Natal que se avisinha, estarei um boucado fora da Net...
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