quinta-feira, janeiro 29, 2009

Eleição de Patriarca Ortodoxo 7


No campo dos actos, o ditador comunista autorizou o restabelecimento do Patriarcado na Rússia. A 8 de Setembro de 1943, o Concílio dos Bispos da Igreja Ortodoxa Russa elegeu, por unanimidade, Serguei Patriarca de Moscovo e de Toda a Rússia. Além disso, foram libertados os poucos bispos e sacerdotes ortodoxos que conseguiram sobreviver aos campos de concentração do GULAG.
Quando o Patriarca Serguei faleceu a 15 de Maio de 1944, a notícia foi publicada no diário Izvestia e noutros jornais soviéticos e a organização da eleição do novo dirigente da Igreja Ortodoxa Russa esteve a cargo pelo Conselho para os Assuntos da Igreja Ortodoxa Russa junto do Conselho de Ministros da URSS, órgão criado em 1943 para controlar os ortodoxos russos.
Desta vez, foi decidido eleger o novo Patriarca não num Concílio Nacional, mas Universal. Estaline precisava de uma Igreja que correspondesse ao poderio da União Soviética depois da Segunda Guerra Mundial e foi ressuscitada, após a eleição de Alexis I para substituir Serguei, a tese de “Moscovo – Terceira Roma”.
““Moscovo – Terceira Roma” continua a ser o símbolo da ideia reunificadora universal, em contrapeso ao papado, ao seu desejo de autocracia espiritual, à aristocracia episcopal e aos sonhos maníacos de poder terrestre... “Moscovo é a Terceira Roma e não haverá uma quarta”, como diziam os nossos antepassados durante o reinado de Ivan III...”(26).
A direcção da Igreja Ortodoxa Russa retribuía com a participação no culto da personalidade do ditador comunista: “Só se pode alcançar a paz abençoada, o bem-estar firme e o vedadeiro sossego na via da verdade; a verdade dos povos está de forma invisível, mas real ligada com a Verdade de Deus... À Verdade de Deus está também ligado o desejo dos povos amantes da paz de viver na paz e na justiça... Estamos felizes porque o nosso povo realiza essa verdade sobre a condução firme do Chefe reconhecido por todos e do inspirador dos povos amantes da paz, José Estaline...”(27).
É necessário reconhecer que esta atitude da Igreja Ortodoxa Russa permitiu ganhar tempo para restabelecer parcialmente as suas fileiras. Segundo dados oficiais, entre 1946 e 1949, o número de paróquias de 10 544 para 14 477. Em Janeiro de 1948, na URSS estavam registados 11 827 sacerdotes e diáconos ortodoxos(28).
No então, a partir de 1949 e até à morte de José Estaline, a 3 de Março de 1953, as autoridades comunistas lançaram novas ofensivas contra a Igreja Ortodoxa Russa, embora de menor intensidade do que as dos anos 20 e 30 do séc. XX. A quantidade de templos não parava de diminuir: 14 445 em 1.1.1949, 14 323 em 1.1.1950, 13 913 em 1.1.1951, 13 786 em 1.1.1952 e 13 555 em 1.1.1953.(29)

5 comentários:

Anónimo disse...

passo per caso nel tuo blog
un saluto from Italy, ciao

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Gratia, ciao

Anónimo disse...

Stalin poupou o resto da Igreja Ortodoxa, que Lenin tinha começado a roubar e a aniquilar, por duas razões: 1) condição posta por Roosevelt para ajudar a URSS contra os nazis, 2) necessidade de consenso da nação russa para fazer frente aos mesmos nazis

Anónimo disse...

Podemos resumir esta perseguição e o fim da mesma numa simples palavra: Política.

Gilberto disse...

A verdade é que a Igreja Ortodoxa, como clero, nunca foi flor que se cheire.