quinta-feira, janeiro 29, 2009

Eleição de Patriarca Ortodoxo 6


Em 1934, a campanhia anti-religiosa abrandou, mas voltou a reacender com nova força no ano seguinte, quando foi dado início à “limpeza do elemento anti-soviético das grandes cidades”. Ela provocou prisões em massa e desterro entre o clero ortodoxo. O número de detenções de bispos foi tão grande que obrigou o metropolita Serguei a dissolver o Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa (órgão máximo desta Igreja) a 18 de Maio de 1935. (20)
O ano de 1937, também conhecido por “ano do grande terror”, ficou marcado por mais uma onda de repressão contra a Igreja Ortodoxa. Nesse ano, foram encerrados oito mil templos, 136 900 crentes e sacerdotes foram alvos de repressão, 85 300 dos quais foram fusilados. Em 1938, esses números foram, respectivamente, de 28 300 e 21 500; em 1939 – 1500 e 900; em 1940 – 5100 e 1100”(21).

Guerra obriga Estaline a dar marcha atrás

A política do regime estalinista face à Igreja Ortodoxa Russa e a outras confissões religiosas sofreu uma mudança brusca depois das tropas hitlerianas terem invadido a União Soviética em 21 de Junho de 1941.
No dia seguinte, o metropolita Serguei publica uma mensagem dirigida ao clero e crentes, onde apela a levantarem-se em defesa da Pátria. No dia 26, celebra uma missa “pela vitória” na Catedral da Aparição de Moscovo.
Em Julho, Estaline recebe o metropolita na sua casa de campo e manifesta o seu apoio à actividade da Igreja Ortodoxa Russa no sentido da mobilização dos soviéticos na luta contra o nazismo. Além disso, reabilita grandes figuras da História da Rússia, incluindo santos ortodoxos como Alexandre Nevski.
Entre as razões que levaram Estaline a mudar radicalmente de posição face à religião, os historiadores russos destacam o receio que o ditador tinha que os hierarcas da Igreja Ortodoxa Russa pudessem cair nas mãos de Hitler e serem utilizados por Berlim para fins políticos.
“Receando o possível êxito da ofensiva alemã contra Moscovo, o Governo, no início de 1941, decidiu evacuar os dirigentes religiosos para Tchkalov (Orenburg). Isso foi feito com um único objectivo: não permitir a possibilidade de prisão de hierarcas ortodoxos pelas tropas alemãs no caso da conquista da capital e a sua posterior utilização pelos alemães” – escreve o historiador Vladimir Iakunin. (22)
Além disso, Estaline necessitava também de melhorar a imagem do seu regime aos olhos dos povos ocidentais que poderiam formar uma coligação anti-hitleriana, principalmente dos norte-americanos.
O Presidente dos Estados Unidos, Franklim Roosevelt, enviou uma mensagem ao Papa Pio XII para o tentar convencer que “Estaline é melhor do que Hitler”(23).
A espionagem soviética aconselhou também Estaline a mudar de posição em relação à Igreja Ortodoxa Russa. Piotr Sudoplatov, um dos dirigentes da espionagem soviética, escreve a propósito: “Na nossa nota dirigida ao Governo, nós também apoiámos essas Propostas, tendo em vista o importante papel consolidador da Igreja Ortodoxa Russa no crescente movimento antifascista dos povos eslavos e nos Balcãs”(24).
A hierarquia da Igreja Ortodoxa Russa responde à nova política com a recolha de meios para apoiar o Exército Vermelho. No dia 30 de Dezembro de 1942, o metropolita Serguei dá início à recolha de fundos para a construção de uma coluna de tanques.
No telegrama dirigido a Estaline no ano novo, o hierarca ortodoxo escreve: “Numa mensagem especial por nós enviada, convido o clero, os crentes para contribuirem para a construção da coluna de tanques Dmitri Donskoi...Pedimos que seja aberta uma conta especial no Banco de Estado. Que termine em vitória sobre as forças negras do fascismo o feito heróico nacional por Vós dirigido”.
Esta mensagem teve honras de publicação no jornal Pravda, órgão do CC do Partido Comunista da União Soviética, tendo sido acompanhada da resposta de José Estaline: “Ao Metropolita Serguei. Peço que envie ao clero ortodoxo russo e aos crentes a minha saudação e agradecimento do Exército Vermelho pela preocupação revelada para com as forças blindadas do Exército Vermelho. Foi dada ordem para abrir uma conta especial no Banco de Estado. Estaline”(25).

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