Quem vive ou passou Moscovo sabe onde fica a estação de metropolitano Kropotkinskaia. Sim é aquela que fica a algumas poucas centenas de metros do Kremlin, residência oficial do Presidente russo e símbolo do poder no país, que tem saídas que conduzem ao Templo de Cristo Redentor e ao Museu Puschkine.
Pois é, em pleno dia, nessa região, onde há mais polícias por metro quadrado do que em qualquer outro bairro de Moscovo, foram assassinados a tiro um conhecido advogado que defendeu civis da barbárie militar russa na Tchetchénia, bem como Anna Politkovskaia, a conhecida jornalista russa que também foi assassinada por denunciar iguais crimes.
Merkelov foi atacado e abatido logo depois de ter dado uma conferência de imprensa para denunciar a libertação antecipada do ex-coronel do exército russo Iuri Budanov, o autor da morte da jovem chechena Elza Kungaieva, 18 anos, em Março de 2000. Um responsável do centro independente de imprensa Nezavisissimy Press-Tsentr, onde o advogado falara aos jornalistas, lamentou que Merkelov nada tenha dito sobre presumíveis ameaças de morte recebidas.
Budanov foi condenado a 10 anos de prisão em Julho de 2003 - na sequência de uma maratona judiciária e de um processo anterior do qual saíra incólume -, por ter estrangulado Elza Kungaieva. O ex-coronel foi no entanto libertado na passada quinta-feira, apesar de um recurso do advogado Markelov. A libertação do militar foi denunciada por activistas dos direitos humanos e gerou uma vaga de indignação na pequena república separatista do norte do Cáucaso.
O carrasco da jovem tchetchena, talvez para sair mais depressa da prisão, acabou por reconhecer que assassinára a jovem e que estava arrependido, mas não reconheceu que a violou antes de a ter morto.
O autor dos disparos contra o jurista foi um desconhecido, que conseguiu escapar, segundo testemunhas presenciais.
A jornalista estagiária que acompanhava o advogado morreu na sequência de ferimentos, revelou o director do bi-semanário Novaia Gazeta, onde a jornalista trabalhava.
Ironia do destino, ou talvez não, mas, na segunda-feira, o Novaia Gazeta publicou uma grande investigação sobre os crimes cometidos por homens ligados ao actual presidente pró-russo da Tchetchénia, Ramzan Kadirov.
Não seria melhor se as supremas russas se preocupassem mais com a segurança dos seus cidadãos que lhes estão perto em vez de irei "proteger" cidadãos seus feitos à pressão na Ossétia do Norte e da Abkhásia?
Afinal, a segurança prometida por alguns dirigentes não passa de mais uma promessa. Segurança há, mas só para alguns.
Talvez a justiça russa descubra e castigue os criminosos. Talvez, mas custa-me a acreditar.
33 comentários:
Se fosse um país(suas instituições) minimamenbte sério, o famigerado general voltaria à prisão, pelo menos em caráter preventivo, imediatamente. No ato.
Mas como na Rússia, o judiciário(bem como o legislatívo) é um mero e reles empregadinho do Kremlin, fica difícil...
Mas não duvido que eles "inventem" um culpado não. Pelo menos para dar um satisfação á à imprensa.
Espero que a imprensa russa(que está cheia de gente muito digna e boa, porém não na imprensa "oficial", claro) não fraqueje, como aconteceu lamentavelmente no caso Politkovskaya, até entre seus pares de jornal.
É nessa hora que a imprensa tem que mostrar que deve ser a instituição mais importante de um país.
Gilberto, sabe que os jornalistas da imprensa, nomeadamente do bi-semanário Novaia Gazeta, continuam a tentar transmitir a verdade, o que termina como terminou ontem, com um tiro na cabeça da jornalista. O probllema é que a televisão e rádio estão praticamente todos controlados e, aí, penso que há pouco a fazer.
1. Por que o senhor acha que ossetinos e abkhazos foram feitos cidadaos russos "a força"? Pelas palavras do senhor ve-se que nunca esteve la (pelo menos na Abkhazia, para onde eu, por exemplo, como muitos outros concidadaos meus, costumo ir com a familia para descansar quase todos os veroes). Viage la, converse com as pessoas. Entao, vai entender melhor o que se passou no verao e a situaçao em geral. Nao ouve nenhuma "força" no momento em que se tornavam cidadaos da Russia. Alem disso, o que é engraçado, de facto nunca deixaram de ser cidadaos russos, nao vieram do estrangeiro de repente, mas foram parte, antes de tudo, do antigo Imperio Russo e, depois, da Uniao Sovietica. È preciso nao esquecer isso para entender a cituaçao melhor.
Só que nao quiseram viver na Georgia apos ela ficar independente, e parece, tinham razoes fortes para isso.
2. No problema tchecheno tembem nem tudo está tao simples. Se tiver vontade, procure os russos que viveram na tchechenia antes, antes da primeira guerra. O que foi feito deles e por que nao vivem mais lá? Tambem um facto interessante - voce sabia, que o primeiro sequestro dos refens - alunos de uma escola - pelos tchechenos ocorreu na minha cidade muito antes da primeira guerra tchechena, no inicio dos anos noventa. Sim, houve crimes por parte dos militares russos, mas voce acha que os tchechenos nao roubavam pessoas, nao cortavam cabeças a ninguem? E tambem - o que é um crime quando vai uma querra e os teus camaradas morrem a teu lado. Acredite, nao há inocentes nesse conflito.
O diabo está em pormenores. È pena que as pessoas comuns do Ocidente, da Europa, muitas vezer nao tenham o quadro integro do que se está a passar na Russia, o quadro no contexto historico.
Caro Milhazes,
Posso está sendo injusto em julgar dessa forma -- haja vista o medo e a pressão que essa gente sofre -- mas achei a cobertura do assassinato da Politkovskaya, por parte da minúscula imprensa independente -- inclusive por parte da Novaya Gazeta -- muito frouxa.
Leitor anónimo, leia com atenção.Primeiro, eu não escrevi que foram feitoa cidadãos à força, mas à pressa. Segundo, eu nunca revelei apoio ou simpatia por terroristas, sejam eles tchetchenos, russos, etc.
Se o leitor acha que os cidadãos europeus, neste caso concreto os portugueses, brasileiros e outros lusófonos extra-europeus, não recebem informação plural, tem este humilde blog para exprimir as suas posições. Serão sempre bem recebidas.
Caro Gilberto, os jornalistas não têm nervos de ferro, mesmo os da Novaya Gazeta. Mas devo dizer-lhe que o crime de ontem está a ter forte repercussão nos media electrónicos russos.
Se as autoridades investigassem com o mesmo afinco!
O senhor escreveu "a pressao". se nao entendi correto - me perdoe. Nao sou um mestre em portugues, sou um amador.
Agora queria dizer umas palavras sobre Budanov. Na minha opiniao, ele um simples soldado (nao é um general, é um coronel, Gilberto Mucio). Tambem é preciso esclarecer, para que as pessoas que nao entendem do assunto, nao pensassem que o coronel veio a uma aldeia pacifica, agarrou uma moça e a matou: é que na guerra na tchechenia do lado dos tchechenos participavam muitas vezes as mulheres atiradoras (ou como isso se chama em portugues, atirador-certeiro ou como); claro que matavam os soldaddos russos. Pois do lado da aldeia atuava uma dassas atiradoras, e quando as forças russas entraram na aldeia, a suspeita caiu sobre a moça. Se ela tinha culpa ou nao, isso eu nao sei, mas pode se entender o estado dos militares. È preciso dizer tambem, para que as minhas palavras nao parecessem completamente anti-tchechenos, que na segunda guerra tchechena muitas formaçoes militares tchechenas aderiram ao exercito russo, vendo, que a cituaçao na tchechenia no periodo entre as guerras, no periodo da real independencia da Russia só tinha piorado.
Pois, na minha opiniao, Budanov é um soldado, que nao tem influencia, nao tem recursos para organizar um assasinio mal saindo da prisao. Eu acho que pode ser feito pelos grupos criminosos que estao em estado de guerra com grupos criminosos tchechenos e que, provavelmente,decidiram apoiar Budanov (sem desejo do seu lado, simplesmente tomando-o sob a sua proteçao).
O estado só perde com este assasinio.
Tambem quero dizer que estes defensores dos direitos humanos, que ficam sempre do outro lado, do lado oposto a Russia, nao teem apoio aqui, nao sao respeitados pelo povo, porque se nao parecem traidores, muitas vezes parecem pessoas doentes mentalmente: a qualquer razao gritam histericamente só para acusar o governo, se houvesse ultimamente derrotas do nosso exercito, eles parece que festejariam isso, como foi na primeira guerra tchechena, quando o Kovalev (conhecem-no?)anunciava com um sorriso as perdas do nosso exercito, aparecendo na televisao "muito livre" entre os militantes tchechenos. Que respeito podem ter festejando a morte dos nossos loldados, defendendo o lado oposto? Aquele lado nao é tao inseguro.
Nao vi ate hoje na televisao de Portugal nenhum desrespeito aos seus militares que participaram nas guerras em Africa, nao sei se houve alguma vez um processo por causa de algum crime cometido la. E nao há guerras sem crimes. Tanto mais, que, na minha opiniao, nao se pode comparar o que aconteceu na Tchechenia com alguma guerra colonial (nao quero ofender ninguem, desculpem). Mas é um assunto muito complicado.
Leitor, Budanov não é apenas um soldado ou oficial (neste caso, coronel, como bem precisa), mas um criminoso condenado por um tribunal russo depois de fortes pressões públicas.
Além disso, ele não só assassinou, como violou a jovem. Segundo a Convenção de Genebra, mesmo que ela fosse uma franco-atiradora, deveria ser tratada como prisioneira de guerra. Não imagino oficiais russos fazer o mesmo na Europa na guerra de 1812 contra Napoleão, mas já imagino oficiais soviéticos a fazerem o mesmo durante a Segunda Guerra Mundial.
Leitor, em Portugal, escreveu-se e muito sobre os crimes cometidos pelas tropas portuguesas em África.
E, desculpe, os defensores dos direitos humanos na Rússia não são contra a Rússia, como você diz, mas contra aqueles que violam esses direitos.
Mas rogo-lhe que continue a escrever neste blog para que os meus leitores lusófonos tenham conhecimento das posições dos leitores russos. Esta troca de ideias é muito útil.
Ao leitor anónimo russo
O Sr. José Milhazes já disse quase tudo, só queria acrescentar que cada um de nos tem que responder por seus próprios actos, violador e assassino Budanov responde por seus...
Cidadãos “russos” na Ossétia do Sul. A grandessíssima maioria deles são ossetas. De 1.200 pessoas na eleição do Putin em 2004, passaram para 30.000 na eleição de Medvedev em 2008. No mesmo período a população diminuiu em cerca de 50% (trabalham na construção civil em Moscovo e nas outras cidades da Rússia).
Já que gosta de dar exemplos africanos, imagina se Portugal se recusar sair de Angola & Moçambique em 1975, à pretexto de defender os seus 200.000 cidadãos em Moçambique e 500.000 em Angola...
Entao, onde estiveram estes defensores dos direitos humanos, quando os russos estavam sendo expulsos das suas casas na Tchechenia, corriam os perigos de morte, e penso, eram assasinados, no inicio dos anos noventa? Eu acho que deve haver um patriotismo saudavel neste periodo da historia da Russia, em que vivemos, devido as particularidades do pais. Senao, o pais nunca vai se levantar.
Eu, por mim, nao quero ver mais num canal central da televisao um "defensor dos direitos humanos", sorrindo quando fala da morte dos soldados russos, proclamando a "derrota pesada" do exercito (kovalev, ano 94-96). Deve haver uns limites. Sobre Budanov, vou responder mais tarde, nao tenho tempo por enquanto. Desculpe.
Jest nas Wielu,
Ao senhor tambem vou responder mais tarde. Desculpe
Jest nas Wielu,
voce diz "Cidadãos “russos” na Ossétia do Sul. A grandessíssima maioria deles são ossetas." Sabe, eu moro no sul da Russia, e na cidade e nos arredores dela uns 20-30 por cento sao armenios, moram aqui há 200 anos, sao bilingues. Eu nao posso considera-los meus concidadaos? Devo julga-los inferiores a mim? Nao merecem ajuda do estado?
Tambem queria prevenir os lusófonos: Jest nas Wielu, pelo que se ve é um ucraniano "cor de laranja" (vi o seu simbolo de cachecol cor de laranja)(daqueles, que consideram a Russia o inimigo maior da Ucrania). Sabem, eu curiosamente, procurando noticias sobre a "guerra do gas" encontrei há uns 3 dias um site ukraniano cheio de adeptos "cor de laranja" e simplesmente nacionalistas. Nunca pensava encontrar tantos insultos, dirigidos a Russia e ao seu povo (que é, por sinal, em parte, e até posso dizer "em grande parte" "misturado" com as relaçoes de parentesco com o povo ucraniano. para mim - é o mesmo povo.)
Por isso acho escusado discutir com voce, Jest nas Wielu, e nao vou fazer isso.
Vou relembrar mais uma vez a historia: há cerca de 200 anos a ossetia (antigo reino dos alanos) ficou aliado do Imperio Russo ficou parte dele. Mais ou menos no mesmo periodo, a Abkhazia e a Georgia tambem entraram nele, mas nao juntamente, nos anos diferentes. Em meados do seculo 19 a ossetia foi administrativamente dividida para a do norte e a do sul, a divisa passou pela serra gue dividia a terra dos ossetas. A ossetia do sul ficou sob a jurisdiçao do distrito de Tiflis (Tbilissi), na altura isso nao tinha importancia nenhuma, o pais era único. Assim permaneceu por aproximadamente 2 seculos. (excluindo o periodo entre os anos 1918 e 1920), quando a Georgia ficou um estado independente (e logo ocorreu a guerra entre a Georgia e a ossetia do sul). Durante esse tempo todo, claro que os povos de cada uma das 3 republicas eram pimeiro subditos do Imperio, depois cidadaos da Uniao Sovietica. No 1989 (nao me lembro bem) aconteceu o referendo por questao da separaçao da Georgia da Uniao Sovietica. A separaçao foi aprovada, mas na confusao daqueles anos "esqueceram" de perguntar aos ossetas e aos abkhazes se queriam permanecer na US, se quariam ficar independentes ou se queriam ficar parte da Georgia. Ambas as republicas tentaram se separa da Georgia com as suas proprias forças, houve duas guerras, e ficaram de facto independentes da Georfia mas nao reconhecidas. Durante esse tempo todo da independencia sem reconhecimento o Governo dda Georgia nao deixou os sonhos de recuperar os territorios perdidos. Enfim, sentindo forte apoio dos EUA, em agosto do ano passado a Georgia, munida por EUA e uns outros seus aliados, decidiu recuperar o controlo sobre a ossetia do sul, provocando muitas vitimas entre a populaçao civil. A Russia, ao contrario do que muitos pensavam, reagiu, obtendo uma vitoria estrategica bastante importante para si. Uma vitoria que, pelos vistos, corresponde aos interesses dos povos da Abkhazia e da Ossetia.
Sr Milhazes,
o sr disse:
"Não imagino oficiais russos fazer o mesmo na Europa na guerra de 1812 contra Napoleão, mas já imagino oficiais soviéticos a fazerem o mesmo durante a Segunda Guerra Mundial".
Primeiro, a historia é uma ciencia, nao admite muita imaginaçao, opera com os fatos. E nao estou nada certo de que nas guerras de napoleao nao havesse violaçoes como de uma, tanto de outra parte. È preciso consultar as fontes.
Segundo,pode imaginar a quantidade de violaçoes cometidas pelo exercito alemao? E violaçoes ainda nao é o pior do que fizeram. Mas hoje ninguem odeia os alemaos por isso - foi uma guerra.
A comparaçao que o sr fez nao me parace correta.
Ou o sr. quer dizer que durante o tempo da uniao sovietica o povo todo se estragou?
Nao quero ofender ninguem - mas todo o pais participou na guerra, uma quantidade inumera de pessoas foram mortas, muitos tornaram oficiais (claro que sovieticos). Na familia de quase qualquer russo (ukraniano, belorusso) há ou houve alguem que tenha participado na guerra, muitas vezes todos os avos dum representante da geraçao de hoje participaram na guerra. E seria corajosamente demais dizer assim de povo todo.
Nao quero ofender ninguem, só quero explicar. È preciso ser objetivo.
P.S. Soljenitsyn (ou como se escreve na transliteraçao latina)tambem foi um oficial sovietico, como muitos e muitos outros.
Ao Anónimo 10.53
Ao Jest nas Wielu 12.32
Ambos fazem referências à Guerra Colonial Portuguesa, perfeitamente descontextualizadas da sua essência assim como do "modus operandi" do seu termo e conclusão.
A mim parece-me que a Russia ainda não resolveu o seu contencioso com as colónias onde ainda mantêm a soberania, da mesma forma que mantem atrasado (parado) quaisquer projectos viaveis de coexistência de estados federados.
O facto de manter colónias dentro da mesma continuidade territorial, não dá à Russia motivos para negligenciar o que é ambição e justa condição sine-quanon das élites das diferentes nações que a compoem.
O fim da guerra colonial portuguesa deve-se à decisão da elite militar intermédia que nas diferentes colónias suportava e mantinha um esforço de guerra, que avaliou como injusta e politicamente errada como designio nacional. Portanto, antes de acabar com a guerra, acabou com a superstrutura politico-militar que na altura governava o país.
Eu cumpria o serviço militar na Guiné-Bissau, na altura do golpe de estado de 25 Abril/74 e assistí por dentro aos acontecimentos.
Ao amigo Anónimo 10.53 posso garantir que numa guerra cada homem armado trava com ele próprio uma guerra pessoal, que determina o seu comportamento com o "outro".
Inácio Cristiano
Eu só mencionei a guerra colonial portuguesa para mostrar a atitude da sociedade com os antigos combatentes. Claro que nao conheço muito, mas nao vejo pela sua televizao qualquer desrespeito aos antigos combatentes.
Quanto a Russia, o Nosso Caucaso de Norte nao é um conjunto de colonias. Atualmente os interesses das elites locais parece que estao equilibrados. Tambem nao teem forças bastantes agora para opor qualquer coisa ao poder central. E nao vao ter, se a Russia nao ficar enfraquecida tanto como nos anos noventa. A cituaçao no Caucaso de norte é muito dificil de explicar, se a pessoa nao conhece o pais e esta localidade precisamente. Em
150-200 anos foi criado um sistema de convivencia dos varios povos do Caucaso com a propria Russia, e estes povos nao sofrem a opressao, ninguem nunca os explorou. Alem disso, tem tensoes entre alguns dos povos naquela regiao, teem religioes diferentes etc.
Alem disso, a propria Russia é um conjunto_ no fundo, de varios povos e varios territorios, mas alem de Caucaso nao tem mais zonas de tensao, e no proprio Caucaso a razao de pequenos confrontos que surgem ainda em certas localidades bastante limitadas (as fronteiras da Tchechenia)é o negocio, isto é, os militantes sao pagos habitualmente das fontes de fora da regiao, segundo eu entendo.
Inácio Cristiano
"A mim parece-me que a Russia ainda não resolveu o seu contencioso com as colónias onde ainda mantêm a soberania, da mesma forma que mantem atrasado (parado) quaisquer projectos viaveis de coexistência de estados federados.
O facto de manter colónias dentro da mesma continuidade territorial, não dá à Russia motivos para negligenciar o que é ambição e justa condição sine-quanon das élites das diferentes nações que a compoem.
"
Com todo o respeito, mas o senhor nao entende o que é a Russia. È preciso VER, VIVER aqui pelo menos um tempo. Mais uma vez - nao é um conjunto de colonias. Isto é o essencial.
p.s.
Inácio Cristiano
A Russia é um organismo vivo. Estava fraco por algum tempo e custou-lhe muito superar a inflamaçao do braço esquerdo, houve ate´perigo de perde-lo, mas, finalmente, curou-se.
E a cabeça nao oprime nem deseja mal aos outros orgaos, e, o que é importante, os orgaos nao poderao sobreviver sem a cabeça.
pps
Inácio Cristiano
Sim, desculpe - esqueci-me dum facto de opressao dos tchetchenos (e inguches, se nao me engano) pelo Stalin - transportou ambos os povos em meados dos anos quarenta para Kazaquistao. Depois permitiram-lhes voltar. Enfim, foram as únicas regioes que nos deram problemas, mais tarde. No resto do Caucaso do norte, segundo eu entendo, está tudo calmo agora.
Ao Anónimo 20.10
Gostava que considerasse o meu "profundo respeito pelos veteranos de guerra russos, aquando da invasão nazi".
Quanto à minha "tese" de considerar territórios incluidos na Russia como colónias, basta estar de acordo com as "evidências" demonstradas pelo seu próprio texto.
Ao Anónimo 20.20
Caro amigo interlocutor, eu conheço minimamente a história da Russia para percepcionar as diferentes tensões nos diversos lugares da imensidão "russoide".
A fim de me poder caracterizar, posso dizer-lhe que pertenço à geração de maio/68 e sempre admirei o velho Jean Paul Satre.
Pessoalmente revejo-me melhor a habitar um espaço territorial que fosse do Artico ao Mediterraneo e Mar Negro; e do Atlântico aos Urais, do que aceitar a "imensidão russoide" de S.Petersburg a Vladivostok como entidade politica estável e coesa!
Os factores identidários são muito mais relevantes na primeira hipótse do que na segunda (embora esta traduza a "realidade" actual)
Ao Anónimo 20.29 e 23.46
Não reconhecer a determinados grupos étnicos a autodeterminação por ausência mental, no minimo é ofensivo!
Quanto às "sementes de ódio" que os czares de todas as épocas semearam, cabe aos cidadãos livres da Russia o livre arbítrio de COLHER ou REGEITAR tais frutos deformados congenéticamente pela história do homem.
A todos vós os meus respeitosos cumprimentos.
"Se fosse um país(suas instituições) minimamenbte sério, o famigerado general voltaria à prisão"
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oras que país é esse então? a Otan mata civis por erro aos montes no afeganistão e não acontece absolutamente nada e no Iraque então?! nem preciso falar nada, no fundo a Rússia é até bem parecida com o Ocidente (EUA + UE).
Inácio Cristiano,
Sou o "anónimo" de ontem.
Na sua opiniao, a Espanha, por exemplo, é uma formaçao frágil e inestável? E ainda vai caber, na perspectiva historica, aos espanhois decidirem se querem reter Catalunha ou pais Basco, porque tudo isso foi fruto de guerras de outrora? Acha a Espanha um conjunto de colónias?
Anónimo russo. (vou me assinar daqui em diante)
Leitor anónimo, a Espanha não é um conjunto de colónias,mas passa por uma fase de instabilidade. Depois da proclamação unilateral da independência do Kosovo, tudo é possível, até a desintegração de Estados que pareciam fortes.
Sr Milhazes.
Entao,o nosso Inacio Cristiano pode ter uma ideia, aproximada, claro, do que é a Russia. Eu acho que, se tais estados permanecerem fortes, antes de tudo, economicamente, entao nao vai haver ameaças da sua integridade. A Rússia, por mais que quisesse, nunca poderá largar uma das republicas do caucaso de norte sem perder toda a regiao. Tambem, mesmo se assim acontecesse um dia, tal republica nao poderia sobreviver sozinha (o que aconteceu com a Tchetchenia. Foi por isso que o Basaev empreendeu, finalmente, um ataque desesperado a Daguestao, onde sofreu a derrota rapida do exercito russo junto com as milicias e tropas irregulares da populaçao local). Pois, tal republica nao poderia sobreviver sózinha por simples questao da posiçao geografica - seria, do lado de norte, leste e oeste, rodeada por outras republicas caucasianas e territórios russos, e, do lado do sul, apertada contra a serra do Grande Caucaso, alta e intransitavel durante uns meses por ano.
Leitor anónimo, eu estou de acordo consigo, mas acho que as coisas podiam ter sido resolvidas de outra maneira, no caso da Tchetchénia. Poderia ser possível chegar a um acordo com Dudaev e até mesmo com Maskhadov. Se tivesse sido proposto a esses dirigentes tchetchenos a mesma autonomia que tem hoje Kadirov, eles teriam aceitado um acordo com a Rússia. Eu sou dos que acredito que Moscovo ainda irá ter sérios problemas no Cáucaso do Norte. Como você sabe, o terrorismo não é o único problema, há a corrupção, o desemprego e o baixo nível de vida da população. Se o poder central tentasse resolver algum desses problemas, talvez a situação melhorasse.
Jose Milhazes.
Primeiro, nem tudo está tao ruim e, se estiver tudo bem com a economia russa, a Russia nao deve ter problemas no Caucaso. Eu moro mais perto do Caucaso que de Moscovo, muitos caucasianos estudam aqui, e a mim a cituaçao nao parece tao trágica.
A origem de tudo o que aconteceu na Tchetchenia é preciso procurar no fim dos anos 80, quando a republica, devido a confusao geral no pais, segundo eu entendo, ficou sem qualquer controlo por parte do centro, e, ainda por cima, deixaram lá os armazens do exercito ainda sovietico com todo o equipamento e muniçoes, os tanques e até os avioes! de treino. Assim permaneceu uns anos. Com o tempo, sem saber o que fazer, sem nenhum controlo do centro, foram eleites os novos orgaos locais, surgiu a ideia de independencia. E só em 1994 foi que Moscovo, de repente, sem preparaçao devida militar, decidiu interferir. Se nao tivessem deixado a Tchetchenia sem controlo naquela altura, até a ideia de separatismo, penso eu, podia nao ter surgido. Mas era um tempo dificil para todo o pais, isso pode justificar em parte a negligencia do poder de entao.
Anónimo russo.
Sr. Milhazes,
Tambem quero acrescentar, que Medvedev nao permanece inactivo - há pouco demitiu o impopular presidente da Inguchetia Murat Ziazikov, no tempo do governo do qual aconteceu o escandalo com o assassinio do lider da oposiçao (na verdade nao sei, se esse oposicionista tinha grande apoio de populaçao, se era simples extremista islamico - o que tambem podia ser), mas li que nao era popular. Isso indica que, parece, o governo toma conta do que se está a passar, vigia a situaçao e atua na direçao certa.
Obs. nao era popular o Ziazikov, do oposisionista eu nao sei.
Anónimo russo
Ao estimado interlocutor
Anónimo russo 19.31
Quanto à sua pergunta:
"Acha a Espanha um conjunto de colónias?"
-Eu respondo (mas não tenho procuração de defesa do Embaixador espanhol):A Espanha não é um conjunto de colónias, mas detêm a soberania de duas colónias marroquinas, Ceuta e Mellila.
Quanto às provincias autonómicas da Biscaia e da Catalunha elas são governadas tal como determinado pelos seus povos, conforme detalhes revindicados pelos próprios parlamentos regionais, em eleições livres e universais, onde os partidos nacionalistas não foram sujeitos a quaisquer restrições de expressão ou voto, disposeram de todas as prorrogativas de quaisquer outros partidos, e elegem o parlamento regional considerado apenas os votos da região.
Devo acrescentar que a integração no reinado de Espanha destas regiões/provincias/ex-reinados não foram feitas á custa de luta armada.
A Catalunha, nunca foi independente (mas tentou) fazia parte do reino de Aragão, e chegou a fazer parte do reino Maiorquino juntamente com as ilhas Baleares; Sardenha; Secilia e Nápoles.
30% da etnia basca vive no sul da França fazendo fronteira com a região espanhola de Navarra onde vivem os restantes 70% do mítico país basco em conjunto com os 20% de espanhois de todas as origens que vivem na região.
Os bascos (ou Vascos)nunca tiveram governo autónomo, e fixaram-se nesta região como guarda-avançada do sacro império de Carlos Magno que se delimitava pelos Pirineus.
Embora os bascos se ficassem pela fronteira, outras hordas mercenárias atravessaram-na para sul como vandalos e alanos e influenciaram os reinos feudais de matriz cristã que existiam na peninsula.
...pelo sul da peninsula estava prestes a invasão muçulmana.
Inácio Cristiano ,
Primeiro, sobre o Caucaso do Norte. Mais uns pormenores.
1.Nenhuma das republicas tem dirigente russo, todos os dirigentes representam elites nacionais.
2. A história da convivencia dos cossacos russos com os povos locais tem o inicio no sec. 17. O processo da colonizaçao do caucaso acontecia desde os anos 70 do sec. 18 (eu posso errar um pouco) até aproximadamente meados do sec. 19. foi um processo muito complicado, incluia conflitos militares, construçao de fortalezas e povoaçoes, migraçao da populaçao russa.
3. A esmagadora maioria dos povos do Caucaso do Norte ate ao momento de absorçao pela Russia (alem da Ossétia e, talvez, das formaçoes do Daguestao, mas sobre o Daguestao nao me lembro bem)apresentavam um conjunto de tribos (nao é nenhuma propaganda do Kremlin, acredite), que se podiam juntar no caso de uma guerra. (Qualquer um dos inguches ou tchetchenos de hoje sabe a que clá (teip) pertense).
4. Se olhar para o mapa da Tchetchenia, verá que a metade do norte do atual territorio thcecheno tem 70 % dos toponimos russos. Esse território com povoaçoes cossacos antigos foi oferecido a tchetchenia pelo poder sovietico na segunda metade do sec 20.
E agora, sobre a Espanha.
Se a Catalunha tentou, entao, porque nao FICOU independente?
Alguem já tem organizado um referendo para os bascos? E porque acha o Pais Basco "mitico"? Nao penso que eles estejam de acordo. Quem pode tomar a responsabilidade de decidir se sao dignos ou nao ter a sua autonomia?
Anónimo russo.
Inácio Cristiano,
Mais uma coisa. Sabe, sé as pessoas das republicas do Caucaso Do Norte, que, igualmente a regiao onde eu vivo, constituem parte de um único pais, tendo ligaçoes economicos muito fortes com o resto da russia, algumas das republicas recebendo um grande numero de turistas russos todos os anos, se eles ouvissem de repente que querem independéncia e lutam por ela, que sao deprimidos etc., ficariam surpreendidos.
Sobre a Tchetchenia, se quiser, posso explicar mais detalhadamente, mas agora ela nao deseja a separaçao.
Anónimo russo.
Mais correto seria sempre:
Mais uma coisa. Sabe, sé a esmagadora maioria dos representantes dos povos das republicas do Caucaso Do Norte, que, igualmente a regiao onde eu vivo,
Anónimo russo.
Ao estimado interlocutor
Anónimo russo 19.15
Sua 1º Questão:
"Mais uma coisa. Sabe, se a esmagadora maioria dos representantes dos povos das republicas do Caucaso Do Norte, que é igualmente a regiao onde eu vivo,constituem parte de um único pais, tendo ligaçoes economicos muito fortes com o resto da russia, algumas das republicas recebendo um grande numero de turistas russos todos os anos,"
-Eu observo que o estimado intercomentador informa que as ditas republicas recebem turistas russos, em vez de utilizar mais apropriadamente o termo "turistas nacionais" para distingui-los de estrangeiros, como se faz em qualquer país.
Percebe-se perfeitamente que a Russia fosse o natural guardião do Caucaso do Norte, vis a vis com o império Otomano. Só não se percebe muito bem, é o que os politicos modernos do sec.XX fizeram, ou seja conceberam umas caricaturas de republicas, baseadas em colinas e desfiladeiros onde imperavam clans de indole tribal. Só se pode concluir que a ideia sempre foi "dividir para reinar" como em todo o mundo se fez com as colónias. Saltar de um conceito tribal, para um conceito politico de Republica, só dá para rir, nem em Africa isso é aceite pelas elítes.
A Europa tem todo o interesse em estabilizar aquela fronteira, mas se estiver de acordo, o estimado intercomentador pode sugerir ao Sr. Mendvedev a criação de uma unica região autónoma, Caukasistão do Norte por exemplo onde todos os grupos ètnicos estivessem representados proporcionalmente em termos de habitantes, sem descriminação geracional, em partidos livres de matriz étnica ou não.
Sua 2º Questão:
"E agora, sobre a Espanha.
Se a Catalunha tentou, entao, porque nao FICOU independente?
Alguem já tem organizado um referendo para os bascos? E porque acha o Pais Basco "mitico"? Nao penso que eles estejam de acordo. Quem pode tomar a responsabilidade de decidir se sao dignos ou nao ter a sua autonomia?"
-A Catalunha pela sua situação geografica (charneira entre francófonos e castelhanófonos) sempre representou uma elevada posição económica e estratégica, daí a dificuldade em livrar-se do poder central fosse ele Maiorquino, Aragonês ou Castelhano.
Na guerra civil de 1936, quando as tropas nacionalistas ajudadas pelos nazi-fascistas cortaram o pais ao meio, a Catalunha declarou a independência, mas mais uma vez as forças aliadas (republicanos; anarco-sindicalistas; socialistas e stalino-comunistas)não foram suficientes para no minimo garantir o reconhecimento internacional, durou uma semana.
Em relação ao país basco, aconselho-o a procurar na internet
Wikipédia por exemplo, os termos Navarra; Biscaia;Gipuscoa; Aragão
Melhores cumprimentos
com a devida vénia e permissão do Administrador do Blogue.
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