terça-feira, fevereiro 03, 2009

Quirguízia pretende encerrar base aérea norte-americana


O Presidente da Quirguízia, Kurmanbek Bakiev, anunciou que o seu Goiverno decidiu encerrar a base aérea americana de Manaz, nos arredores de Bichkek.
“Recentemente, o Governo da Quirguízia decidiu pôr fim ao arrendamento da base americana no território da Quirguízia e, nos tempos mais próximos, essa decisão será formalizada”, declarou Bakiev, numa conferência de imprensa realizada após um encontro com dirigentes russos em Moscovo.
Bakiev justificou essa decisão com “problemas económicos” (ou seja, considera que os Estados Unidos pagam pouvco) e “posdição negativa da opinião pública” (desordens provocadas pelos soldados, etc.).
A decisão de encerrar a base norte-americana deverá ser ratificada no Parlamento quirguize, onde Bakiev tem o apoio da maioria.
A base aérea dos Estados Unidos, onde actualmente prestam serviço militar mais de mil soldados e oficiais norte-americanos, foi aberta na Quirguízia em Dezembro de 2001 para apoiar a operação norte-americana contra os talibans no Afeganistão.
Na mesma conferência de imprensa, foi também anunciado que Kurmanbek Bakiev e o seu homólogo russo, Dmitri Medvedev, assinaram um acordo sobre a concessão pela Rússia de um crédito de dois mil milhões de dólares e mais 150 milhões de dólares de ajuda.
Além disso, os dirigentes dos dois países assinaram um memorando de compreensão relativamente ao desenvolvimento da cooperação económica e financeira entre a Rússia e a Quirguízia.
“Esse empréstimo foi o custo que Moscovo pagou pelo anúncio do encerramento da base norte-americana na Quirguízia”, comentou à Lusa uma fonte diplomática na capital russa, acrescentando: “mas Bichkek ainda poderá marcha atrás se Washington oferecer boasa contrapartidas económicas e financeiras”.
A Quirguízia é o mais pobre país da Ásia Central e um dos mais pobres do mundo, procurando desesperadamente meios financeiros e económicos para enfrentar a crise mundial.
Os Estados Unidos já comentaram a notícia, esperando que o encerramento da base não venha a ocorrer, pois trata-se de um ponto de apoio muito importando na luta contra os talibans no Afeganistão.
Vamos ver quanto vai custar aos norte-americanos a "decisão de princípio" de Bakiev.
Moscovo, como se nada tivesse a ver com essa decisão, diz que continua disposta a cooperar com vista a nornalizar a situação em torno do Afeganistão.

11 comentários:

Anónimo disse...

Se fechar mesmo vai ser um grande golpe para os EUA e de certa forma é um jeito da Rússia mostrar que a OTAN precisa dela para resolver seus problemas, eu particularmente sou contra qualquer base estrangeira em um país, países que tem bases estrangeiras em seu territorio não são países totalmente independentes.

Anónimo disse...

Essa base já está para ser fechada há uns anos e desde que a Rússia abriu lá uma base a pressão aumentou muito.

Caso se confirme o fecho desta base, isto será um rude golpe para os planos dos EUA em estabelecer um pé firme nesta zona do globo.

A Rússia, China, Irão e India não desejam a presença americana nesta zona dado que ameaça as suas posições estratégicas e mais importante, pôe em risco o fluxo de energia em direcção à Ásia.

Mais grave, coloca em risco os pipelines americanos e toda a estratégia de desviar a energia existente para o Ocidente através do Azerbeijão/Geórgia, afectando o futuro do pipeline Nabucco.

A ser fechada, os grandes vencedores serão a Rússia que irá manter a sua posição dominante na àrea e a China que vê assim aumentar a segurança do fornecimento de energia, sem necessitar de impôr a sua presença

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor PortugueseMan, isto parece-me mais uma manobra do Presidente quirguize para ganhar mais uns cobres. A Rússia, a China e a Índia, escreve você, não desejam a oresença americana, mas serão eles capazes de garantir a estabilidade na região?
Não acha, por exemplo, que a Rússia, sozinha, não tem possibilidades de desempenhar esse papel?

Anónimo disse...

Sem dúvida que o Presidente quirguize pretende dinheiro. Outra é a manuntênção do poder.

Ele pode jogar até certo ponto, de modo a maximizar a sua vantagem. Mas tem limites.

Com a entrada dos EUA na Geórgia e Azerbeijão e em países do outro lado do cáspio em especial a aberturas de bases americanas na Àsia Central, coloca em xeque, toda a àrea de influência russa e coloca em perigo o fornecimento de energia ao segundo maior consumidor que é a China, dada a presença do maior consumidor que é os EUA e presença esta militar.

À Rússia só lhe resta uma opção, avançar para garantir que continua a ser a sua àrea de influência. Porque se nada fizer, quem terá que o fazer será a China e esta tem capacidade militar e dinheiro para também ela abrir bases, mas isso entraria em conflito com a Rússia, coisa que a China não quer nem por sombras.

Caso a China avançasse teriamos movimentos por parte da India e esta já abriu uma base na zona em resposta à presença americana e à aparente incapacidade de resposta por parte da Rússia.

Com o avanço da India, aumenta as tensões na Paquistão, que não vê com bons olhos a abertura de bases indianas e como a China também não lhe agrada, pode cooperar ainda mais com o Paquistão de modo a contra-balançar a presença indiana.

Resumindo e em resposta à sua pergunta é imperativo à Rússia mostrar quem detem o poder na zona, ou então novas potências irão aparecer para exercer o controlo, aumentando drásticamente as tensões nesta àrea já de si complicada.

A meu ver a melhor situação para a Rússia é ser ela a exercer essa influência, ou terá problemas ainda maiores no futuro.

Anónimo disse...

Sr. Milhazes,

"A Rússia, a China e a Índia, escreve você, não desejam a oresença americana, mas serão eles capazes de garantir a estabilidade na região?
Não acha, por exemplo, que a Rússia, sozinha, não tem possibilidades de desempenhar esse papel?"

Nós ja temos assistido há muito á "capacidade" dos EUA de garantir a segurança na regiao.

Anónimo disse...

Por outro lado, pensem, quem foi que criou essa inestabilidade toda?

Anónimo disse...

o sr milhazes já pensou ir para aquela zona de guerra?

podia infiltra-se como taliban e descobrir o paradeiro do bin laden..

vasco,

Afonso Henriques disse...

Senhor PortugueseMan, você demonstra grande visão estratégica. Está correcto sim senhor, eu mesmo pensei assim.

Não ligue ás bocas do sr. Milhazes, ele para além de ter a típica estreiteza de vista de um comuna, agora dá para manipular as coisas a seu bel prazer como se isso alterasse a realidade dos factos.

Já dizia a minha avó: O pior cego é aquele...

"o sr milhazes já pensou ir para aquela zona de guerra?
podia infiltra-se como taliban e descobrir o paradeiro do bin laden..."

AH AH AH! AH AH AH!! AAHHHH! Se for para reportar as coisas como foi com a Ossétia, dado o seu anti-Europeísmo (e não falo de União Europeia mas sim a Europa e a sua Civilização) ainda se junta aos Tá-ali-bem

MSantos disse...

Independentemente de juízos de valor acertados ou não, a presença americana é já ela própria um factor de desestabilização dado os anti-corpos que criou nestes últimos anos, em particular nesta conturbada região.

Partindo do princípio que os EUA vão abrir mão da base, a Rússia terá uma oportunidade de ouro (que provavelmente terá construído).

Se souber mesmo gerir essa vitória, poderá conceder facilidades de travessia de território á aviação de combate americana no seu trânsito para o Afeganistão, pois a própria Rússia tambem tem interesse em combater o fundamentalismo islâmico e poderia ser o ínicio de uma parcereia "win-win".

Inclusive os EUA poderiam também envolver a Rússia na luta aos Taliban, no Afganistão, dado os russos terem grande conhecimento e historial de operações no território em questão. Não falo em envio massivo de tropas mas sim em aconselhamento e em algumas operações por exemplo, envolvendo os exprimentados Spetznaz.

Tudo isto aliado á promissora proposta do presidente Obama para redução dos arsenais estratégicos em 80% e eventual reavaliação do escudo anti-míssil poderia criar uma nova era em que a guerra própriamente dita a existir seria da civilização contra o obscurantismo (nesto ponto estou a falar do fundamentalismo e não do Islão).

Para coroar tudo, deveria haver também o envolvimento da China, no intuito de trazer também esta nação mais próximo dos valores que se pretendem neste século. Além disso iria evitar a necessidade desta enveredar pela expansão em grande escala das suas forças navais para proteger as suas fontes de energia (SLOC) e que se forem constituidas vão ser um grande foco de tensão.

Será muito importante reter a frente fundamentalista no Afeganistão e aqui, a intervenção americana foi a única justificada.

Infelizmente haverá outra incógnita muito perigosa nesta região de seu nome, Paquistão.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

MSantos

"poderia criar uma nova era em que a guerra própriamente dita a existir seria da civilização contra o obscurantismo"

Infelizmente, isso só vai continuar a ser um sonho. A Rússia já tentou tantas vezes "estender a mao" aos EUA (nao sei se os seus media deixaram passar essa informaçao aos ouvintes simples). Putin az vezes parecia "sair da pele" (nao sei como traduzir") para estabelecer a parcería com os EUA, especialmente depois de 11 de setembro. E, ao meu ver, Obama é um simples representante do partido democrático, isto é, de uma parte da élite dos EUA. Sim, pode haver uns "passos para frente", mas nao haverá uma revoluçao.

" dado os russos terem grande conhecimento e historial de operações no território em questão" etc.

Depois de 11 de setembro a Rússia, parece, já concedeu toda a informaçao e partilhou com os EUA toda a experiéncia que tinha. Mas em troca recebeu um aumento de umas vezes de trafico de heroina proviniente de afeganistao pelo seu território.

Anónimo disse...

Caro Manuel,

Acredito que qualquer mostra de boa vontade quanto à redução de armamentos, sejam eles nucleares ou convencionais, agora terão de partir dos EU e aliados, pois após o que aconteceu nos anos 90, acredito que a Rússia já tenha aprendido com a humilhação que passou e com certeza não permitirá que aconteça de novo.

Quanto ao Afeganistão, a Rússia já teve sua parcela de erro e já pagou seu preço e o Anonimo Russo tem razão, realmente foram fornecidas pela Rússia todas as informações refentes aos líderes Talibãs e Al Qaeda.

Chegou a hora dos Estados Unidos e seus parceiros da Otan, sairem dos países que invadiram.

Abraço,