Os cristão católicos e protestantes festejam hoje a Páscoa, enquanto que os cristão ortodoxos (russos, moldavos, georgianos, arménios, etc.) celebram o Domingo de Ramos, mas nem essas importantes celebrações trazem paz à Moldávia e Geórgia, duas antigas repúblicas da União Soviética.
A agência noticiosa russa Interfax acaba de difundir a notícia de que faleceu um dos participantes da manifestação de terça-feira em Chisinau, que começou como protesto contra a vitória comunista nas eleições parlamentares e terminou em actos de vandalismo como a pilhagem dos edifícios do Parlamento e da Presidência da Moldávia.
Segundo os pais do jovem de 23 anos, o seu filho foi detido depois dos desacatos e que "o cadáver apresenta sinais de fortes espancamentos". O Ministério do Interior da Moldávia diz desconhecer o caso e atribui o falecimento a intoxicação pelo gás empregue durante a dispersão da manifestação.
A oposição volta a tentar organizar manifestações de protesto hoje.
Hoje também, chegam notícias da Geórgia de que o centro de imprensa da oposição georgiana, que exige a demissão do Presidente Saakachvili, foi atacado por 50 funcionários dos serviços municipais de limpeza, que destruíram aparelhagem de som e computadores e feriram três pessoas.
A oposição georgiana tinha adiado os protestos para segunda-feira, a fim de permitir aos georgianos festejar o Domingo de Ramos, mas decidir regressar hoje às ruas para continuar os protestos.
À primeira vista, as situações na Geórgia e Moldávia são muito diferentes, mas uma das mais importantes causas de ambas as situações de tensão reside no facto de algumas organizações internacionais não conseguirem resolver os problemas que se colocam perante elas.
Tanto num país como no outro, organizações como a OCSE, Parlamento Europeu, União Europeia reconheceram o carácter legítimo das eleições, embora tenham feito algumas críticas aos processos eleitorais, mais em relação às presidenciais na Geórgia, no ano passado, do que às parlamentares na Moldávia, no domingo passado.
No caso da Moldávia, finalmente, houve unanimidade nesse campo entre os observadores das organizações europeias e os da Comunidade de Estados Independentes.
Porém, é de assinalar que, em qualquer dos casos, os observadores acompanharam os escrutínios, não dedicando igual atenção à forma como decorrem as campanhas eleitorais, nem como são preparados os cadernos eleitorais. E nestas duas fases iniciais é que têm lugar abusos por parte das autoridades.
Durante as campanhas eleitorais, as autoridades utilizam aquilo a que se chama o chamado "factor administrativo", ou seja, a capacidade do poder conquistar votos através de meios pouco correctos como o controlo dos órgãos de informação ou a pressão sobre os funcionários públicos para que votem no partido ou candidato necessários.
No caso dos cadernos eleitorais, um dos juizes do Tribunal Constitucional da Moldávia chamou a atenção para a existência neles de eleitores que já faleceram há 10-15 anos, o que faz com que essas "almas mortas" continuem a votar.
Mas realizadas que estão as eleições e reconhecidas que foram pelas organizações internacionais, é preciso a sua intervenção surgente para fazer com que as divergências não provoquem derrame de sangue em Tbilissi e Chisinau. Trata-se de uma excelente oportunidade, por exemplo, para a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa mostrar a sua utilidade.
Além disso, torna-se urgente a coordenação de esforços da Rússia e União Europeia para pôr fim à espiral de violência nesses dois países europeus.
A Rússia nada ganhará se Mikhail Saakachvili for substituído por um dos líderes da oposição, pois esta não será mais fácil nas relações com o Kremlin; nem a Europa ganhará nada com o derrube de Vladimir Voronin, pois isso poderá significar a desintegração irreversível do país.
É preciso pôr fim à espiral de violência na solução de problemas políticos, processo que requer o apoio internacional. Talvez não seja demais a convocação de uma assembleia pan-europeia (com a participação dos Estados Unidos e Canadá) com vista a elaborar novas regras de convivência no Continente Europeu, iguais para todos.
domingo, abril 12, 2009
Instabilidade na Moldávia e Geórgia pode acabar em banho de sangue
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13 comentários:
Caro José Milhazes,
Vou apenas focar um dos assuntos, a Geórgia e dar a minha opinião (possivelmente já estava à espera...)
Rússia nada ganhará se Mikhail Saakachvili for substituído por um dos líderes da oposição, pois esta não será mais fácil nas relações com o Kremlin...
Depreendo por esta sua frase, que considera ser a influência russa a tentar depôr Saakachvili.
Eu questiono, para que a Rússia quer depôr Saakachvili? O objectivo principal é conter a expansão da NATO e impedir o avanço dos EUA para o Cáspio. Objectivos esses conseguidos. Neste momento é impensável a NATO integrar um país instável como a Geórgia e o acesso ao Cáspio está muito comprometido, pois também foram fechadas as bases na Àsia Central, diminuindo a influência americana na zona.
A instabilidade na Geórgia até pode ser considerada um bónus para a Rússia. A Rússia irá quase de certeza dizer à NATO/UE como é que podem apoiar um líder destes, como é que podem pensar em colocar um país destes na NATO/UE.
Se Saakachvili usar a força para tentar manter-se no poder, só irá ajudar a posição russa. Instabilidade no Cáucaso já a Rússia sabe o que isso é e lida diáriamente com ela.
Agora instabilidade na região por onde passa o único pipeline americano com acesso ao Cáspio é mais perigoso para quem investiu no pipeline. Quem investiu no pipeline precisa de um líder mínimamente credível e Saakachvili já não preenche esses requisitos, tal como aconteceu com o lider anterior.
Não vai ser a Rússia a lidar com ele, vai ser quem o apoiou que o terá que convencer que já não tem como manter o lugar. E o próximo que vier, não interessa que seja hostil à Rússia, afinal todos o que passaram por lá o foram e a Rússia soube lidar com a situação ou não estariamos como estamos hoje.
O principal objectivo foi atingido, dificultar o acesso aos EUA.
Mais, a instabilidade crescente representa um perigo físico para o pipeline e sabotagens no pipeline é um caminho muito perigoso a seguir. Tenha em mente que a Rússia teve o cuidado de não tocar no pipeline e podia fazê-lo.
Nesta perspectiva interessa mais aos EUA acabar com a instabilidade do que à Rússia.
E estou para ver quando Saakachvili sair, qual o país que o irá acolher...
Leitorb PM, Depreendeu mal, eu não considero ser a influência russa a tentar depôr Saakachvili, mas apenas a satisfação do Kremlin em ver "cair na lama" um dos políticos estrangeiros mais odiados e mostrar a "democracia" nos países vizinhos.
A Rússia está habituada a lidar com a instabilidade no Cáucaso, mas é um dos seus "tendões de Aquiles" e o aumento da instabilidade nessa região nada traz de bom para a Rússia.
Caro José Milhazes,
Obrigado pelo o esclarecimento. A sua mensagem não tinha sido correctamente interpretada por mim.
aumento da instabilidade nessa região nada traz de bom para a Rússia...
Verdade. Nem para ninguém. A questão será a quem prejudicará mais.
José Milhazes, aqui concordo consigo pois relativamente a Saakaschvilli, o Kremlin age de acordo com a emoção, dado o ódio visceral que lhe criou.
E decisões políticas baseadas nas emoções geralmente não dão nada de bom.
Cumpts
Manuel Santos
Parece haver quem esteja muito interessado em reacções em cadeia nos países daquela zona. Quem ? Isso não sei, mas a situação tem tendência a piorar.
Caro José Milhazes,
Como temos trocado algumas impressões acerca da Gazprom e não sei se reparou nestas notícias:
Gazprom takes on North America
OAO Gazprom, the world's largest natural gas producer, is making its first "major entry" into the North American natural gas market this year through a deal with Royal Dutch Shell PLC to ship liquefied natural gas to California.
And it has picked Mexico, rather than Canada - its first choice earlier this decade - to aid with the strategy.
In a statement announcing the agreement Wednesday, the two companies said gas from the newly completed Sakhalin-2 project will be shipped to an LNG regasification facility in Baja California, Mexico. It will then be transported to southern California by pipeline and sold to U.S. consumers by Gazprom's subsidiary in Houston, Gazprom Marketing & Trading USA, Inc.
...Under the agreement, Gazprom is trading pipeline gas in Europe for Shell's regasification capacity in the Costa Azul terminal in Mexico...
http://www.financialpost.com/reports/advisor/story.html?id=1478440
GDF Starts Nord Stream Talks; Seeks More Gazprom Gas
GDF Suez SA, owner of Europe’s biggest natural gas network, started talks with OAO Gazprom on joining the Nord Stream pipeline project under the Baltic Sea as it seeks more natural gas from Russia...
http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601072&sid=a6xozdTHDuho
Alguns aspectos a ter em conta:
1) Capacidade de investimento da Gazprom
2) Os EUA ganham mais em negociar com a Rússia do que a tentar aceder aos seus recursos naturais ou dentro da sua àrea de influência.
3) A Europa está a mostrar que considera a Rússia como um parceiro de confiança apesar dos mídia insistir no contrário.
Apesar do que tem acontecido e tem sido dito, a Europa continua a considerar a Rússia como o seu mais importante fornecedor de energia e esse fornecimento vai aumentar, como já estava previsto nos planos europeus.
"A Europa está a mostrar que considera a Rússia como um parceiro de confiança"
tá maluquete?
sandro
3) A Europa está a mostrar que considera a Rússia como um parceiro de confiança apesar dos mídia insistir no contrário.
hehehe esse portuguese tem acesso a informações que nenhuma outra pessoa tem, o cara consegue burlar a imprensa mundial e vai direto na fonte. Ele mantém contato direto com Putin e Obama, ele sabe realmente o que eles pensam e não o que a imprensa diz...podem ver, o cara fala o que o Obama e o Putin estão pensando, o que a UE vai fazer, etc....o cara é um 007!!!! Incrível!!!!
Zé Carlos
PortugueseMan
Por muito má que seja a Rússia será mil vezes melhor que o Médio-Oriente além de permitir diversificar as fontes de energia.
Cumpts
Manuel Santos
Manuel Santos,
A Europa nem vê a Rússia como má, ou não estaria a aumentar ainda mais a sua dependência dela, nem a Europa nem ninguém, pelo o que se vai vendo quem são os clientes.
O problema é quem não deseja uma maior relação entre estes dois.
Cumprimentos,
PortugueseMan
A Europa sempre desconfiará de países não democráticos como a Rússia, a Arábia Saudita, etc. É pura ilusão achar que a UE está procurando ficar cada vez mais dependente de um país instável como a Rússia. Aliás, na verdade a Rússia está cada vez mais dependente da teconologia européia, quase todos os bens duráveis da Rússia vem da UE. A Rússia hoje não produz quase nada além de armas e energia. Além disso, o russo, hoje, dá muito mais valor para o "importado" que os produtos nacionais.
sérgio
Já não vinha aqui a 2 semanas e encontro isto!!
Mas que lastima se encontra aqui o debate sr. milhazes...
portuguese Man..
Msantos..
sérgio.....
lol
parem! estão a provocar sofrimento no mundo quando escrevem!!
, dediquem-se a pesca..
sr. milhazes, quando aqui escreve o afonso henriques, wandard, pippo ou vicent ainda dá para ler alguma coisa, mas assim com estes nobels a escrever não há cabeça que aguente...!!!
astalavista
Por mais que queiram a situacao na Georgia, Moldavo e a Russia continua para mim uma incerteza, o que é certza para mim a UE e USA esperam o regresso da normalidade em Georgia por interesses de Pipeline...
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