terça-feira, abril 21, 2009

Medvedev quer uma nova "arquitectura europeia"


O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, propôs a realização de um forum com a participação de todos os Estados euro-atlânticos, a União Europeia, NATO, Organização para a Segurança e Cooperação na Europeia, Organização do Tratado de Segurança Colectiva e Comunidade de Estados Independentes, para dar início a conversações multilaterais sobre um tratado sobre segurança europeia.
“Considero que o início de conversações sobre o tratado de segurança europeia poderia ter lugar num forum a alto nível com a participação de todos os Estados euro-atlânticos, todas as organizações internacionais, incluindo a UE, NATO, OSCE, OTSC, CEI, organizações regionais de todos os países que fazem parte dessas organizações”, declarou Medvedev, ao discursar na Universidade de Helsínquia.
Segundo ele, a Rússia considera ser indispensável fixar no Tratado de Segurança Europeia mecanismos únicos de regularização pacífica de conflitos, bem como os princípios básicos de controlo dos armamentos.
“Considero importante fixar no Tratado mecanismos únicos de prevenção e regularização de conflitos através de meios pacíficos, avançar para um novo nível de cooperação para enfrentar as ameaças à segurança”, acrescentou.
“No futuro tratado, considero ser necessário incluir também os princípios básicos do desenvolvimento dos regimes de controlo dos armamentos, as medidas de reforço da confiança, da contenção e da suficiência sensata no campo militar”, frisou.
Dmitri Medvedev declarou que espera da NATO que cumpra os compromissos de não instalação de militares e armamentos no território de Estados estrangeiros.
A Rússia, segundo ele, saudaria a decisão da NATO de renunciar aos planos de aumento das suas forças nos países do Báltico.
“Nós já retirámos armamentos pesados em medida considerável da Região de Kalininegrado. Esperamos que os nossos parceiros da NATO revelem contenção e sensatez nestas questões”, concluiu.
O Presidente russo, Dmitri Medvedev, declarou na capital finlandesa que a Rússia apresentará aos seus parceiros do G-20 e da Comunidade de Estados Independentes as suas propostas sobre a cooperação no terreno energético, incluindo o transporte dos recursos energéticos.
“Hoje mesmo, entregarei ao G-8, G-20, aos países da CEI e aos nossos vizinhos mais próximos como a Finlândia, um documento básico que determina os aspectos da cooperação no terreno, incluindo as propostas sobre o acordo de transporte de combustível”, declarou Medvedev numa conferência de imprensa depois de conversações com homóloga finlandesa.
O dirigente russo assinalou que “Moscovo deseja iniciar quanto antes as respectivas conversações com os parceiros da União Europeia e espera que as propostas russas sejam acolhidas de forma construtiva”.
Arkadi Dvorkovitch, assessor de Medevev para assuntos económicos, explicou que este documento é composto por três princípios fundamentais.
“Trata-se de um documento que contém três capítulos”, declarou Dvorkovitch, que acompanha o Presidente russo.
“O primeiro contém os princípios da cooperação energética internacional que devem servir de base ao novo documento jurídico internacional. O segundo prevê os elementos de um acordo sobre o trânsito, cuja parte constituinte poderá ser um tratado sobre a solução de situações de conflito nessa esfera, na esfera do trânsito”, explicou.
Segundo Dvorkovitch, “o terceiro capítulo prevê os materiais e produtos que consideramos que devem ser abrangidos por actos jurídicos”.
O assessor considera que as propostas russas não serão uma surpresa para os países europeus, mas sublinha que a União Europeia terá de realizar um grande trabalho interno caso sejam aprovadas.
“Já dissemos muitas vezes que não estamos satisfeitos com os documentos que fazem parte do sistema da Carta Energética e que achamos necessário criar uma nova base normativa e jurídica”, acrescentou.
Quanto à construção do North Stream, gasoduto que ligará a Rússia à Alemanha através do Mar Báltico, Medvedev defendeu que ele é vantajoso para Europa, porque garantirá a sua segurança energética.
“Trata-se de projectos que formam a armação da segurança energética europeia e as numerosas vias alternativas de fornecimento de gás apenas incrementarão a segurança e não o contrário, e, por essa razão, a Rússia continuará avançando nessa direcção observando as normas ecológicas”.
O gasoduto, que deverá entrar em funcionamento em 2010, precisa do apoio dos países da bacia do Báltico para ser construído. A Suécia, a Estónia e a Finlândia têm dúvidas quanto à sua segurança ecológica.

1 comentário:

Gilberto disse...

Tá certo o Medvedev. Tem que baixar a guarda mesmo e dá um sorriso - mesmo que amarelo - e chamar para a conversa.

Agora... instável e "de lua" como a Russia é, dá para confiar?