Cartaz da exposição
Foto
Alexandre Dzassokhov
Victor Chalinev e Andrei Tokarev
Veterano
Uma exposição de fotografias tiradas por veteranos de guerra soviéticos e russos em Angola, entre 1974 e 1992, irá estar patente até ao próximo dia 15 no Museu de História Moderna da Rússia, na capital russa.
O tema da exposição “Nós não deveríamos lá estar?” foi retirado de uma canção composta por um dos veteranos soviéticos em Angola e é uma pergunta à posição oficial soviética que nunca reconheceu que cidadãos seus combateram naquela ex-colónia portuguesa.
“Do ponto de vista dos soldados e oficiais que aqui se encontram, a sua presença em Angola foi uma missão internacionalista, quiseram apoiar o povo que se libertára do colonialismo e apoiar as forças políticas nossas aliadas”, declarou à Lusa Alexandre Dzassokhov, antigo membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética.
Nas paredes do museu podem-se ver várias dezenas de fotos, a preto e branco e cores, tiradas por militares e outros especialistas soviéticos e russos durante operações militares contra os adversários do MPLA: UNITA e FNLA.
Fotos tiradas junto a tanques e canhões sul-africanos destruídos, crianças penduradas em blindados e canhões, militares russos e soviéticos ao lado de combatentes do MPLA, ou seja, cenas de uma guerra civil onde participaram duas superpotências:
“Para os Estados Unidos e a União Soviética, o confronto em Angola foi a continuação da guerra fria, mas de forma “quente”, militar. Uma guerra entre duas superpotências, embora elas se recusassem a reconhecer a sua participação directa no conflito”, frisa Dzassokhov, que visitou várias vezes Angola.
Esta posição é apoiada por Victor Chalinev, que foi intérprete militar na Escola de Cadetes de Huambo entre 1985 e 1987.
“Os nossos corações jovens ardiam de desejo de prestar ajuda aos povos oprimidos. Não tive, nem tenho dúvida da justeza da nossa missão”, afirmou à Lusa.
Andrei Tokarev, hoje professor de português e historiador, foi um dos primeiros especialistas militares a chegar a Angola.
“Aterrei em Luanda ainda antes da proclamação da independência do país, na véspera de 11 de Novembro de 1975”, recorda Andrei, na altura tradutor militar, e acrescenta: “tratou-se de uma missão de serviço multiplicada por um internacionalismo sincero, por um desejo de ajudar os amigos num momento difícil”.
À medida que se aproxima a hora de abertura da exposição, dezenas de “veteranos de Angola”, como se designam os russos que combateram ao lado do MPLA, entre os quais se via pessoas de várias idades.
Um veterano mais idoso, que trazia na lapela uma medalha da Organização de Veteranos de Angola na Rússia e um emblema de veterano dos serviços secretos soviéticos (KGB), aceitou prestar declarações à Lusa, mas sem revelar o nome.
“Ajudámos Angola a tornar-se um verdadeiro Estado independente. Foi um período de alto nível nas relações entre Angola e a União Soviética. E mais digo...”, afirmou.
“Esta exposição mostra que a URSS e a Rússia, para não falar de Cuba, deram um grande contributo para a actual estabilidade no nosso país”, declarou à Lusa António José Mateus, adido de imprensa da Embaixada de Angola na Rússia, considerando que “as relações russo-angolanas entraram numa nova de etapa, somos parceiros”.
O tema da exposição “Nós não deveríamos lá estar?” foi retirado de uma canção composta por um dos veteranos soviéticos em Angola e é uma pergunta à posição oficial soviética que nunca reconheceu que cidadãos seus combateram naquela ex-colónia portuguesa.
“Do ponto de vista dos soldados e oficiais que aqui se encontram, a sua presença em Angola foi uma missão internacionalista, quiseram apoiar o povo que se libertára do colonialismo e apoiar as forças políticas nossas aliadas”, declarou à Lusa Alexandre Dzassokhov, antigo membro do Bureau Político do Comité Central do Partido Comunista da União Soviética.
Nas paredes do museu podem-se ver várias dezenas de fotos, a preto e branco e cores, tiradas por militares e outros especialistas soviéticos e russos durante operações militares contra os adversários do MPLA: UNITA e FNLA.
Fotos tiradas junto a tanques e canhões sul-africanos destruídos, crianças penduradas em blindados e canhões, militares russos e soviéticos ao lado de combatentes do MPLA, ou seja, cenas de uma guerra civil onde participaram duas superpotências:
“Para os Estados Unidos e a União Soviética, o confronto em Angola foi a continuação da guerra fria, mas de forma “quente”, militar. Uma guerra entre duas superpotências, embora elas se recusassem a reconhecer a sua participação directa no conflito”, frisa Dzassokhov, que visitou várias vezes Angola.
Esta posição é apoiada por Victor Chalinev, que foi intérprete militar na Escola de Cadetes de Huambo entre 1985 e 1987.
“Os nossos corações jovens ardiam de desejo de prestar ajuda aos povos oprimidos. Não tive, nem tenho dúvida da justeza da nossa missão”, afirmou à Lusa.
Andrei Tokarev, hoje professor de português e historiador, foi um dos primeiros especialistas militares a chegar a Angola.
“Aterrei em Luanda ainda antes da proclamação da independência do país, na véspera de 11 de Novembro de 1975”, recorda Andrei, na altura tradutor militar, e acrescenta: “tratou-se de uma missão de serviço multiplicada por um internacionalismo sincero, por um desejo de ajudar os amigos num momento difícil”.
À medida que se aproxima a hora de abertura da exposição, dezenas de “veteranos de Angola”, como se designam os russos que combateram ao lado do MPLA, entre os quais se via pessoas de várias idades.
Um veterano mais idoso, que trazia na lapela uma medalha da Organização de Veteranos de Angola na Rússia e um emblema de veterano dos serviços secretos soviéticos (KGB), aceitou prestar declarações à Lusa, mas sem revelar o nome.
“Ajudámos Angola a tornar-se um verdadeiro Estado independente. Foi um período de alto nível nas relações entre Angola e a União Soviética. E mais digo...”, afirmou.
“Esta exposição mostra que a URSS e a Rússia, para não falar de Cuba, deram um grande contributo para a actual estabilidade no nosso país”, declarou à Lusa António José Mateus, adido de imprensa da Embaixada de Angola na Rússia, considerando que “as relações russo-angolanas entraram numa nova de etapa, somos parceiros”.
7 comentários:
“Esta exposição mostra que a URSS e a Rússia, para não falar de Cuba, deram um grande contributo para a actual estabilidade no nosso país”
Pena que o contributo para a estabilidade só se tenha sentido passados 30 e tal anos de guerra e sofrimento.
Parte desse acervo poderá estar nesta interessante página:
http://veteranangola.ru
Não existe melhor símbolo das intervenções militares soviéticas que um MI-24 Hind.
Cumpts
Manuel Santos
Realmente, os soviéticos e os cubanos deram uma ajuda desinteressada para a libertação dos países africanos.
Um pouco da miséria africana é fruto também do saque dos recursos naturais promovida pelos países europeus, que contou em Angola com o decidido apoio do governo norte-americano.
Em boa hora esses cidadãos se reúnem para recordarem sua participação na independência angolana.
Uma das formas em que se nota o contributo da URSS no conflito angolano, é a existência de milhares de deficientes sem pés, que indigentemente enxameiam Luanda.
Grande parte dos veteranos russos eram especialistas em estratégica de combate, e a colocação de minas fazem parte desse tenebroso item.
Quanto ao contributo cubano, esse poderá ser medido em substancia numa grandeza diferente!
Boa parte dos especialistas soviéticos actuavam na área da formação. Outros tratavam da defesa anti-aérea. Outros actuavam na área do planeamento táctico e estratégico.
Foi por culpa destes últimos que se deu a ofensiva "Saudemos Outubro", feita nos moldes de uma progressão lenta e metódica, como se estivéssemos na Europa (apesar do escândalo dos comamandos das FAR, que alertavam para as enormes diferenças entre o terreno europeu e o da Europa Central), e que veio resultar na batalha do Cuíto Cuanavale a qual, ironicamente, ditou o fim da guerra contra a África do Sul.
Quanto às minas, todos as utilizaram, por isso todos têm culpa. Todos excepto as vítimas.
É bom que mesmo antigamente houve conflitos e ainda hoje somos irmãos,à procura de melhores condições obriga tudo...
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