segunda-feira, junho 29, 2009

“Na nossa vila há hotel para albergar a família portuguesa”











Natália Zarubina, mãe de Alexandra, olha com alguma incerteza para o futuro, mas não fecha a “porta” à vinda da família Pinheiro à aldeia onde habita.
“Na nossa vila há um hotel com condições e estou disposta a receber o João e a Florinda, eles podem visitar a Sandra quando quiserem”, declarou Natália à Lusa quando confrontada com a pergunta de se admitia a possibilidade de regressar a Portugal.
Um riso céptico surge-lhe no rosto e desvia o rumo da conversa.
“Recebemos ajuda inesperada. Um grupo de russos que vivem nos Emiratos Árabes Unidos enviaram uma piscina de plástico e um telemóvel para a Alexandra. Um anónimo trouxe-nos comida para os cães que deve dar para mais de um ano”, relata a mãe da menina russa que foi retirada à família de acolhimento portuguesa e levada para a Rússia há pouco mais de um mês.
“Mas também recebi um postal com insultos vindo da Espanha, pelo menos trazia selo espanhol. Exigiam que eu devolvesse a criança a Portugal”, acrescentou.
Natália não se queixa, mas constata que pouco apoio tem recebido das autoridades russas, a não ser uma estadia de duas semanas para ela e as filhas numa casa de repouso no Distrito de Iaroslav.
“Da Câmara Social junto do Presidente da Rússia não veio cá ninguém, disseram-me que vou começar a receber um abono de família no início de Julho, mas não sei quanto, vou increver-me no centro de emprego, mas não está fácil”, sublinha.
A crise económica já há muito tempo chegou à vila de Pritchistoe e os empregos não são muitos, tanto mais que desapareceram algumas indústrias.
“Antes, tínhamos uma panificação, uma vacaria, fábrica de leite e queijo, mas já fecharam todas”, reconhece Valéria, a irmã mais velha e a maior amiga de Sandra.
O seu sonho é estudar arquitectura na cidade de Iaroslavl, mas para isso é preciso terminar a escola média, obter notas para conseguir esse objectivo e ter meios financeiros para ir estudar para a capital de distrito.
Quando se aborda a questão da possibilidade de Natália e Alexandra regressarem a Portugal, a primeira reacção de toda a família dos Zarubin é uma negativa, mas já não tão firme como há um mês atrás, quando mãe e filha chegaram à Rússia.
Além das dificuldades económicas evidentes, aumentadas pela entrada em casa de mais duas pessoas, as relações com alguns vizinhos não são nada pacíficas. A família dos Zarubin chegaram do Cazaquistão a Pritchistoe em 2000, são todos russos, mas olhados com alguma desconfiança pelos locais.
Alexandra ainda não tem idade para compreender zangas e problemas de adultos e tenta estabelecer contacto com os locais, aprendendo rapidamente palavras separadas ou frases inteiras em língua russa.
“Quero um morojno (gelado em russo) de chocolate e kartochki (batatas)”, diz Alexandra depois de entrar numa pequena loja local.
A menina fala numa mistura de russo e português, sendo cada vez maior o número de palavras russas nas suas conversas, mas continua a dizer em português: “mãe Natália” e “mãe Florinda”.

15 comentários:

FPtrad disse...

Vamos ver no que isto vai dar... seria óptimo que a Natália e a família Pinheiro chegassem a um entendimento, para que a Alexandra não perca os laços afectivos com a família portuguesa. Se estivessem próximos uns dos outros, as coisas seriam menos complicadas para a Alexandra.
Não se trata de querer tirar a Alexandra à Natália, pois não creio que a família Pinheiro queira violar uma ordem do tribunal, mas que, ao menos, as duas famílias criem laços de convivência para o bem estar da Alexandra.
É uma criança linda e tenho a certeza de que, quando for adulta, vai ser uma belíssima mulher.

Anónimo disse...

O mais preocupante, independentemente das dificuldades financeiras, é o corte brutal com toda a vivência de Alexandra.
Alexandra está a ser acompanhada por técnicos especializados e imparciais (psicólogos e afins)?

Quem se resposnabilizará por eventuais traumas sobre Alexandra, a família biológica, já que é sua "dona"? Claro que deveria ser o Estado Português, mas nada havendo a fazer em tempo útil para Alexandra...
Cumprimentos,
Maria Ferreira

Teresa disse...

Bom dia!

Parece-me que a Maria Ferreira tem toda a razão no comentário que aqui faz.
Que se saiba, Alexandra não está a ter qualquer apoio psicológico. Vamos ter de ver, infelizmente, os danos que vão ser causados por toda esta situação.
Teresa

Anónimo disse...

Já alguém reparou que a menina é bonita e fotogénica (e vaidosa, já agora)? O melhor é que comece a fazer publicidade. Ganha dinheiro para a família toda num instante.

Anónimo disse...

Também há muitos pântanos e florestas, onde facilmente se poderia fazer desaparecer os portugueses, segundo declarações atribuídas à jovem Valéria, (ameaça proferida nos prolegómenos da "crise", quando se falava da hipótese do casal Pinheiro ir a Prechistoe).

Anónimo disse...

Sabem, na Rússia não é comum as pessoas terem acompanhamento psicológico, mesmo com problemas mais graves. Também nas escolas, quando surge alguma criança com dificuldades linguísticas ou de aprendizagem, não há um mínimo de apoio dos professores, o que podem recomendar é mudança para uma escola de deficientes.

Anónimo disse...

A miuda é muito parecida, muito mesmo, com um certo senhor, de quem nem me atrevo a escrever o nome.

Anónimo disse...

Senhor Anónimo

Quando refere que a menina é parecida com um senhor que nem se atreve a dizer o nome, isso é cobardia e está a levantar suspeições.
Assim sendo ou revela o que pensa ou então o melho é estar calado para não cometer erros graves.
É só um aviso.

Paty disse...

Muito linda a nossa princesinha...
Tenho esperança de que estará para breve a sua chegada.
O nosso muito obrigado ao Sr.José Milhazes por nos manter informados e não desistir da nossa xaninha.

Bem haja.

FPtrad disse...

Paty,

É melhor não começar a fazer castelos no ar...

Anónimo disse...

Então, sr. Milhazes, não apaga as ameaças e os avisos? Quem cala, consente...

FPtrad disse...

Caro anónimo das 14:44,

Eu não fiz nenhuma ameaça: apenas acho que não se devem tomar os desejos por realidades. A verdade é que a procissão ainda vai no adro e ainda é cedo para sabermos qual o desfecho desta história: pode ser que a Natália esteja a fazer-se difícil, mas que, no fundo, queira regressar a Portugal e não queira admiti-lo perante os jornalistas. Ou então pode mesmo querer ficar, mesmo tendo em conta os problemas que vai ter de enfrentar (desemprego, falta de perspectivas, o inverno, a falta de condições em casa...).
Sinceramente, acho que a família Zarubin e a família Pinheiro deveriam chegar a um consenso que sirva os interesses da Alexandra.

Anónimo disse...

Pode ser que miuda seja um ET...

FPtrad disse...

Para o anónimo das 16:10,

Que piada de mau gosto! Francamente!

maria santana disse...

Lamento que os anónimos não se retratem ou provavelmente eles sim são os "etts". Este caso como outros que envolvem crianças deviam merecer muito respeito, há pessoas envolvidas em grande sofrimento, sobretudo crianças que não pediram para nascer, haja respeito! Faço o apelo para quem tenta negredir este caso com comentários de "#chacota", que olhem para o lado, pois aí mesmo, está um buraco para eles, caem não se vão levantar porque é o destino dos tristes