sexta-feira, setembro 18, 2009

Avó esteve em Portugal, mas recusou encontro com família portuguesa de acolhimento


Olga Zarubina, avó de Alexandra, menina russa que foi retirada da família portuguesa de acolhimento pelo Tribunal de Guimarães, esteve em Portugal entre 13 e 16 de Setembro, mas optou por não se encontrar com João e Florinda Pinheiro.
“”Não achei indispensável encontrar-me com eles”, declarou lapidarmente à Lusa Olga Zarubina após a chegada a Moscovo, recusando-se a avançar mais explicações.
A avó de Alexandra esteve no Porto e em Braga a convite do grupo “Pela Alexandra”, organização que luta pelo regresso da menina russa a Portugal, para estudar no local as propostas feitas por autarcas e homens de negócios portugueses à família Zarubina.
Entre as propostas, estava a oferta de um apartamento pela autarquia portuense, de um café para Natália, mãe biológica de Alexandra, explorar e apoio económico à mudança da família Zarubina da Rússia para Portugal.
“Olga Zarubina recusou-se visitar a casa que João e Florinda Pinheiro tinham alugado para a família russa viver caso decida vir para Portugal”, revelou à Lusa a cidadã russa que a acompanhou na visita e pediu para não revelar o seu nome.
“Ela recusou-se também a ir a casa da família Pinheiro, tendo-se cruzado apenas num restaurante de Braga, mas Olga não recusou a mala, com roupas e prendas, que João e Florinda entregaram para a Alexandra”, acrescentou.
“A viagem foi normal, mas se é bom viver como hóspede, melhor ainda é estar em casa”, começou a avó de Alexandra, em jeito de balanço.
“As propostas que foram feitas são sérias, mas preciso de pensar muito bem. Quando chegar a Pretchistoe (aldeia onde vive a família Zarubina na Rússia), vou aconselhar-me com a família e iremos decidir”, acrescentou.
“Não é fácil mudar de um país para outro. A minha família já tem a experiência dura de mudança do Cazaquistão para a Rússia, quando do fim da União Soviética. Por isso, precisamos de tempo para pensar”, frisou.
Olga Zarubina foi recebida por um representante da Câmara do Porto que prometeu conceder todo o apoio possível à família russa se ela decidir vir residir para Portugal.
“Foi-lhe prometido, além de um apartamento, o rendimento social mínimo, apoio da acção social e acompanhamento de integração para Valéria, a irmã mais velha de Alexandra”, revelou à Lusa uma das participantes no encontro.
Além disso, a avó de Alexandra teve oportunidade de visitar um infantário, tendo notado que “é muito semelhante aos nossos infantários na Rússia”, uma escola secundária de Vila Nova de Gaia, a Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (Valéria pretende dedicar-se à Arquitectura) e um hospital do Porto.
Olga Zaburina não quis visitar uma clínica de Vila Real, onde a filha Natália poderá ser sujeita a um curso de recuperação de uma doença que a afecta.
“Duvido que a minha filha queira ser internada”, argumentou ela.
Em Braga, a avó de Alexandra encontrou-se com algumas mulheres da comunidade russa e ucraniana que conheciam ou eram amigas de Natália, quando ela vivia nessa cidade.
Antes de partir para Moscovo, Olga Zarubina foi também a alguns supermercados para comparar preços de produtos alimentares e outros, tendo feito numerosas perguntas aos portugueses que a acompanharam.
Os membros da organização “Pela Alexandra” aproveitaram a oportunidade para comprar roupas e prendas para a família Zarubina.
Agora, a avó de Alexandra tem um mês para tomar uma decisão.
“Preciso de tempo para pensar, é uma decisão difícil, já tenho alguma idade...”, concluiu Olga antes de embarcar no comboio que a levou de Moscovo para Pretchistoe.

4 comentários:

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

ESQUECER NUNCA...

Cristina disse...

Mais uma vez obrigada a todas as pessoas que tornaram possível a vinda da avó da Alexandra, aos que deram o seu melhor quer em Portugal, quer em Moscovo. Um agradecimento especial ao JM. Não esqueceremos estas pessoas. Cabe-nos a nós, sociedade civil emendar o erro que as nossas instituições cometeram. Cabe-nos a nós, povo, fazer melhor que os nossos governantes, mostrar que somos capazes de ser solidários de forma desinteressada, de fazer o melhor por esta família russa.
A Rússia será sempre a sua pátria, mas Portugal poderá ser a pátria de acolhimento.
Eu sei que a possível mudança da família Zarubin para Portugal não será uma tarefa fácil, há que vencer muitas resistências e muitos receios, mas não é impossível.
Penso também que isso só acontecerá se tudo for feito na maior discrição.
Deus queira que tudo dê certo!
ESQUECER NUNCA!
Cristina Mestre

vox disse...

A notícia (presumindo-se que reproduz a totalidade de todos os factos verídicos) causa alguma perplexidade.
Sem dúvida que o regresso da criança vai ser problemático.
Permito-me discordar da opinião do Sr. Italo Tavares, a solução não é, de modo algum, esquecer.
VOX