quinta-feira, setembro 10, 2009

Blog dos leitores (Viagem à Rússia) Parte 2



O leitor Manuel R. Ortigão esteve recentemente na Rússia e decidiu compartilhar as suas impressões e fotografias com os restantes leitores. Aqui fica a continuação.


"A visita ao Kremlin exige a compra de um bilhete para entrar nas muralhas. Dentro do perímetro destas, onde se circula a pé, existem quatro catedrais antigas decoradas com inúmeros ícones de grande beleza encontrando-se numa delas o trono onde os vários Tsares foram coroados. Lá está também o museu de “State Armoury”, onde estão guardadas as colecções de objectos preciosos dos vários imperadores. Contrastando com os vários monumentos antigos há um enorme edifício mandado construir por Nikita Khrutchov, que, além de feio e inestético, destoa francamente com tudo o resto.
Ao fim da tarde fomos à Rua Arbat, de Metropolitano. Sendo esta a primeira vez que andamos de Metro houve que perceber a sua lógica de funcionamento. Esta é uma daquelas situações em que algum conhecimento da lingua Russa apresenta uma grande vantagem, já que os nomes das estações estão escritos apenas em cirílico. O metro tem algumas estações que são autênticos monumentos – obra de Estaline, e surpreendeu-nos pela positiva, pelas seguintes razões: grande eficiência de funcionamento, combóios sempre a passar, com intervalos de escassos minutos, enormes escadas rolantes (as do Metro de Londres ao pé destas são pequenas…) e bilhetes muito baratos, como aliás de todos os outros transportes públicos, uma viagem simples custa 20 rublos o que equivale a cerca de 40 cêntimos.

A Rua Arbat, conhecida de muitos livros e filmes, é uma rua pedonal com lojas e cafés mas cujo movimento fica um pouco aquém do que se esperaria. Algumas pessoas a passear, lojas com aspecto banal e edifícios pouco interessantes. Acabamos por jantar num restaurante referenciado: “the Rus”, onde tivemos uma primeira experiência que iríamos repetir várias vezes: acompanhar uma refeição a vodka e comer caviar. Aliás viemos a aprender depois que bom mesmo é acompanhar a refeição a vodka e sumo, em copos separadas, o que permite beber um pouco de vodka, fazer uma saúde para beber de seguida um gole de sumo, de toranja, por exemplo! Uma boa opção, sem dúvida!
No 3º dia em Moscovo fomos, novamente a pé, na direcção do Boulevard Tverskoy. A mais famosa avenida de Moscovo, comumente referida apenas como o “boulevard”, tem uma larga faixa central arborizada ladeada pelas ruas por onde circulam os carros. Os edifícios do fim do século XIX, são relativamente baixos, contrastando com os enormes edifícios que havíamos visto nas outras áreas da cidade, tornando esta uma paisagem urbana bastante mais agradável. Passamos no café Pushkin, um restaurante famoso que estava na nossa lista, aproveitando para reservar mesa para o jantar. No caminho encontramos de surpresa um mosteiro do sec XIX, muito bonito, onde alguns jovens estavam a pintar. Entramos na loja Yeliseev's Food Hall (Yeliseevskiy Gastronom) uma fantástica e enorme loja de produtos alimentares como não existe em Portugal e ao nível das melhores lojas europeias. Sempre a caminhar pela cidade acabamos por ir dar de novo à Praça Vermelha. Aí fomos então visitar o GUM, o que não tínhamos feito no dia anterior. O GUM são umas enormes galerias comerciais construídas em 1890-93 que chegaram a incluir 2000 lojas. Hoje, mantendo toda a estrutura arquitectónica antiga, em perfeito estado de conservação, o GUM continua a ser um centro comercial onde se encontram as lojas das grandes marcas ocidentais.
O dia acabou com o jantar no Restaurante Pushkin, um dos mais famosos restaurantes de Moscovo muito frequentado pelas elites locais. À porta estava estacionado um Meibach, com dois corpulentos seguranças o que desde logo dava uma ideia do tipo de clientela que lá iríamos encontrar: gente bem vestida e a quem a vida parece correr pelo melhor. Este Restaurante tem dois andares, o de cima, mais caro que é uma livraria antiga ainda com as prateleiras, livros e mobiliário originais, e o andar de baixo que era uma farmácia também antiga e que mantém também a decoração da época. O Restaurante em si não tem mais de meia dúzia de anos mas o facto de ter mantido toda a traça das lojas anteriores confere-lhe um charme e ambiente muito especiais. Fundamental ainda é visitar as casas de banho na cave. A comida é excelente e pagamos cerca de 80 euros por um jantar para os dois, acompanhado de vodka, preço que não sendo barato também não se pode considerar exagerado comparativamente com Lisboa."


cont.

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