quarta-feira, setembro 16, 2009

Rússia entra na era da alta velocidade




A Rússia entra na era da alta velocidade através de um “compromisso” entre a mais moderna tecnologia alemã e a infra-estrutura russa ainda não modernizada. Os Velaros Rússia, fabricados pela empresa alemã Siemens, irão começar a circular no próximo mês de Dezembro entre Moscovo e São Petersburgo, ficando à espera de uma linha férrea autónoma e mais moderna.
Não obstante, Vladimir Zinner, director do Departamento de Alta Velocidade dos Caminhos de Ferro da Rússia (RZD), não tem dúvida de que o primeiro TGV a cursar entre as duas maiores cidades russas está ao nível de concorrer com o automóvel e o avião.
SAPSAN (Falcão) é o nome do primeiro comboio de alta velocidade fabricado pela Siemens especialmente para a Rússia e os testes com os primeiros aparelhos revelaram já as boas perspectivas deste moderno meio de transporte.
Mesmo utilizando a actual infra-estrutura existente, o SAPSAN deverá cursar a uma média de 150 quilómetros à hora, o que permitirá superar os 660 quilómetros que separam Moscovo e São Petersburgo em 04 horas e 15 minutos.
Em comparação com os actuais comboios russos, o TGV da Siemens faz apenas poupar 33 minutos, mas, além de prometer velocidades bem mais altas quando for construído um caminho de ferro especial para o efeito (até uma média de 350 km/hora), já agora garante mais espaço, conforto e segurança.
Inicialmente, a Rússia planeava adquirir à Siemens 60 comboios de alta velocidade, mas a crise económica mundial obrigou a rever os planos e a reduzir esse número para oito.
Mas trata-se de dificuldades temporárias e as autoridades russas dizem-se decididas a modernizar as infraestruturas do país.
“O nosso objectivo é construir até 10 mil quilómetros de linhas férreas de alta velocidade até 2030”, declarou à Lusa Vladimir Zinner.
“Vamos apostar principalmente nas distâncias médias, onde o poder de concorrência do TGV é evidente em comparação com o avião, para já não falar do automóvel”, acrescentou.
Num país onde praticamente não existem auto-estradas, uma viagem entre Moscovo e São Petersburgo de automóvel leva, em média, 8-9 horas, o que faz com que este meio de transporte não seja concorrente com o TGV.
“O TGV também vai concorrer com o avião. Embora o voo entre Moscovo e São Petersburgo demore apenas 1 hora e 20 minutos, é necessário estar no aeroporto duas horas antes do voo e, antes disso, é necessário chegar ao aeroporto. Tendo em conta as extensas filas de carro nas estradas das duas cidades russas e o facto de os aeroportos se situarem nos arredores, a viagem do avião não se torna mais rápida”, declarou à Lusa Hans-Jorg Grundman, chefe do Departamento de Mobilidade da Siemens.
“Além disso”, continua, “o passageiro terá muito mais espaço, poderá usar computador e telemóvel no comboio e o bilhete será mais barato”.
Segundo a direcção da RZD da Rússia, o bilhete (ida e volta) de TGV entre Moscovo e São Petersburgo deverá rondar os cem euros, enquanto que o bilhete de avião custa 130 euros.
“E não se pode menosprezar o facto de o TGV ser incomparavelmente menos poluente”, sublinhou Grundman.

3 comentários:

PortugueseMan disse...

...Inicialmente, a Rússia planeava adquirir à Siemens 60 comboios de alta velocidade, mas a crise económica mundial obrigou a rever os planos e a reduzir esse número para oito....

Caro JM,

Não penso que a crise económica mundial seja o factor principal para a mudança de planos.

Essa situação não ocorreu com a mudança do responsável dos caminhos de ferro?

Esses 60 comboios não estavam originalmente planeados para serem construidos todos na Alemanha? pois acho que é isto que está a mudar. A Rússia quer importação de tecnologia e know-how. Portanto se não foi já acordado, algo deve estar a ser feito para alguns (senão a maioria) desses comboios serem feitos na Rússia. Serão importados novos métodos de fabrico para os construtores russos.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, no caso da construção das locomotivas para comboios de carga e passageiros, grande parte será construída na Rússia por empresas conjuntas, mas, no caso dos TGV, não ouvi nada sobre a produção deles em fábricas russas. Sei que a Rússia optou pela política de comprar tecnologias ocidentais (incluindo produções inteiras) e implantá-las nas suas fábricas, mas, no caso do TGV, parece-me um projecto para o futuro.

Anónimo disse...

a russia e um dos paises mais modernos do mundo