sábado, outubro 10, 2009

Eleições regionais com resultados previsíveis

No próximo Domingo, os eleitores russos irão participar na eleição de quatro parlamentos regionais e de órgãos municipais de 76 de regiões e repúblicas da Federação da Rússia.
O Partido Rússia Unida, dirigido pelo primeiro-ministro Vladimir Putin, não duvida de uma vitória com mais de 50 por cento dos votos em todos os escrutínios.
“Espero que conseguiremos a maioria em todos os órgão de poder eleitos, ou seja, mais de 50 por cento”, declarou Boris Grizlov, dirigente da Rússia Unida, sublinhando que “sinto o apoio dos eleitores que considero um apoio à política do Presidente (Medvedev), do Partido, aos passos dados para superar a crise financeira”.
Merecem particular atenção as eleições na Inguchétia e Tchetchénia, repúblicas russas do Cáucaso do Norte atingidas, nos últimos tempos, por ondas de terrorismo.
Segundo a agência Ria-Novosti, em algumas aldeias e vilas da Tchetchénia, as eleições poderão ser adiadas devido ao perigo de atentados terroristas.
Na capital russa, os eleitores irão escolher o novo Parlamento de Moscovo (esta cidade tem o estatuto igual aos dos restantes 82 membros da Federação da Rússia), tendo as autoridades tomado medidas para não permitir a eleição de deputados por parte da oposição extra-parlamentar.
Candidatos do movimento “Solidariedade”, dirigido por políticos da oposição como Boris Nemtsov, antigo ministro de Boris Ieltsin, e Garry Kasparov, ex-campeão do mundo de xadrez, foram impedidos de participarem nas eleições realizadas nos círculos uninominais a pretexto de “não terem reunido correctamente assinaturas de apoio à sua candidatura”.
Este “filtro” deixou de fora também alguns dirigentes do Partido Causa Justa, força liberal criada pelo próprio Kremlin para neutralizar a oposição extra-parlamentar.
O Partido Comunista e o Partido Liberal-Democrático da Rússia, que têm assento no Parlamento do país, queixaram-se de os órgãos de informação, principalmente os canais de televisão estatais, os terem discriminado durante a campanha.
Joaquim Crima, cidadão russo de origem guineense, também conhecido por “Obama russo”, tem, segundo as sondagens de ser eleito deputado na cidade de Sredniakhtubinski.

5 comentários:

Anónimo disse...

O futuro presidente da câmara eleito de Moscovo é extremamente generoso para com os empreiteiros que constroem as infra-estruturas da cidade. A construção da quarta estrada circular tem custado aos cofres do município cerca de 500 milhões de dólares por quilómetro.

Em comparação, os custos de construção do túnel ferroviário sob o Canal da Mancha, provavelmente a mais ambiciosa e complexa obra de engenharia alguma vez construída, foram de 300 milhões por quilómetro.

António Campos

anónimo russo disse...

"Candidatos do movimento “Solidariedade”, dirigido por políticos da oposição como Boris Nemtsov, antigo ministro de Boris Ieltsin, e Garry Kasparov, ex-campeão do mundo de xadrez, foram impedidos de participarem nas eleições realizadas nos círculos uninominais a pretexto de “não terem reunido correctamente assinaturas de apoio à sua candidatura”."

Que perda para toda a humanidade progressiva! Já estou a chorar. (Por sinal, Nemtsov foi vice-primeiro ministro, e, parece, não conseguiu fazer nada de bom enquanto tinha poder).Não ficarei surpreendido se eles realmente não conseguiram obter a quantidade de assinaturas necessária para se candidatar. Mesmo se conseguiram, eu ouvi que os dirigentes russos não gostam daqueles quem entra na política contando com o apoio das forças estrangeiras orientadas hostilmente quanto a Rússia. Francamente, eu tambem não gosto muito. Não pode um cidadão norte-americano como Kasparov que chora constantemente aos jornais tipo Washington Post e, muito provavelmente, tem algum apoio de uma parte da elite dos EUA ter algum poder na Rússia. È a minha convicção.

2. António Campos disse...
"A construção da quarta estrada circular tem custado aos cofres do município cerca de 500 milhões de dólares por quilómetro."

Eles explicam isso dizendo que a maior parte do dinheiro vai para compra ou recompensa de terras e imoveis por onde devem passar as estradas. Embora, claro, deve haver algum elemento de corrupção, proporcionada tambem pelo comportamento dos empresários russos e estrangeiros.

Anónimo disse...

Qual foi o custo das expropriações no Canal da Mancha?

O The Times, baseando-se num relatório do Strategic Rail Authority, estima que o Reino Unido estaria 10 biliões de GBP mais rico se o Túnel não tivesse sido construído.

Jest nas Wielu disse...

Bom, só algum conhecimento da aritmética básica da população russa não permite aos partido do poder ganhar com 101% – 102% dos votos (vontade não falta).

Na Ucrânia, onde as eleições são para valer (pelo menos por enquanto), a Yulia Timoshenko tenta igualar a táctica do Obama, desdobrando-se em criação das páginas e blogues mais ou menos pessoais:

http://tymoshenkoua.livejournal.com – blogue na rede social Live Journal
http://blog.tymoshenko.ua – blogue pessoal “sem a política”
http://www.tymoshenko.ua – página oficial

Cristina disse...

Caro anónimo russo:
"eu ouvi que os dirigentes russos não gostam daqueles quem entra na política contando com o apoio das forças estrangeiras orientadas hostilmente quanto a Rússia".

Você disse uma coisa que já todos sabem: enquanto Putin e Medvedev estiverem no poder, os partidos liberais (que naturalmente apoiam a democracia e a economia de mercado ocidentais)não poderão participar na vida política (já há vários anos que não participam, após o sistema eleitoral ter sido "convenientemente" alterado para isso). Ou seja, o partido RU governa como quer, impedindo todas as outras forças de se aproximarem. Depois basta fazer umas eleições "convenientes" para legitimar a situação. Algo parecido com o que aconteceu ao nosso Humberto Delgado quando quis ser candidato. O povo russo, claro, já foi durante muitas décadas habituado a isso e vota obedientemente. Diga-se de passagem que conseguir votações detes tipo na Rússia não é difícil a um partido que esteja no poder (temos algo semelhante na Madeira). Basta controlar a comunicação social e, especialmente, a televisão.O mais injusto é chamar democracia a esta encenação.
Cristina Mestre