domingo, dezembro 27, 2009

Petróleo siberiano chega a Pacífico por tubo


O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, realizará uma visita de trabalho, nos dias 28 e 29 de Dezembro, ao Extremo Oriente, nomeadamente para inaugurar o oleoduto Sibéria Oriental-Pacífico, anunciou no Domingo o serviço de imprensa do Governo.

“Durante a sua estadia em Nakhodka, Vladimir Putin participará na cerimónia da inauguração do oleoduto Sibéria Oriental-Pacífico. O primeiro-ministro visitará o ponto final do pipeline, o porto Kozmino (Pacífico), a partir do qual se realizará a primeira carga de petróleo destinado aos países da Região Asiática do Pacífico”, lê-se num comunicado do serviço de imprensa.

O oleoduto Sibéria Oriental – Pacífico (VSTO-1) deverá transportar petróleo russo para os países do Sudeste Asiático. A primeira etapa da obra previa a construção de um terminal petrolífero em Kozmino, com uma capacidade de 30 milhões de toneladas de crude por ano. Após a realização da segunda etapa, a construção do pipeline VSTO-2, as capacidades de escoamento aumentarão para 80 milhões de toneladas por ano.

Além disso, o projecto prevê a construção de um ramal do oleoduto que irá chegar à fronteira da China.

O novo oleoduto irá ligar-se aos pipelines existentes da Transneft, empresa pública russa que tem o monopólio de transporte de crude no país, permitindo criar um sistema único que permitirá controlar a distribuição das correntes petrolíferas pelo território da Rússia no sentido Este e Oeste.

Este novo oleoduto poderá contribuir fortemente para o desenvolvimento do Extremo Oriente russo, tanto mais que o transporte de petróleo da Sibéria Oriental para o Pacífico deverá impulsionar a construção naval, nomeadamente de petroleiros e plataformas para extracção de gás e petróleo.

O Extremo Oriente da Rússia é uma região que tem sido muito esquecida por Moscovo, mas, nos últimos tempos, as atenções viram-se para lá, pois é o ponto de contacto com países como China, Japão, Coreia do Sul, etc. O desenvolvimento da região poderá também atrair população de outras regiões da Rússia, pois um dos entraves ao avanço é precisamente o baixo número de habitantes.

6 comentários:

PortugueseMan disse...

Já agora caro JM, gostaria de complementar a sua notícia com esta:

China: Gasoduto começa a fornecer gás natural de antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central

Samandepe, Turquemenistão, 14 Dez (Lusa) - Um gasoduto crucial para levar gás natural da Ásia Central para a China começou hoje a funcionar, contornando a Rússia, o que diminuirá o seu controlo sobre os vastos recursos naturais da região.

A torneira do gasoduto foi oficialmente aberta no norte do Turquemenistão pelos líderes da China, Cazaquistão, Uzbequistão e Turquemenistão.

Primeira grande rota de exportação de gás da Ásia Central que contorna a Rússia, este gasoduto desempenhará um papel chave na retirada das antigas repúblicas soviéticas da região da esfera de influência económica de Moscovo.

Prevê-se que os fornecimentos de gás à China através do gasoduto atinjam cerca de 13 mil milhões de metros cúbicos em 2010 e 30 mil milhões de metros cúbicos em 2013, quando a infra-estrutura estiver definitivamente concluída.


http://www.lusa.pt/lusaweb/user/showitem?service=310&listid=NewsList310&listpage=1&docid=10455406

Gostaria de apontar um pormenor interessante nesta notícia.

Ela contém ao fim e ao cabo uma pequena análise sobre as consequências da abertura de gasodutos para a Rússia. Aponta o "bypass" do país, diminuindo a sua influência.

Mas muito mais fica por dizer. Estas duas notícias mostram para onde está a fluir a energia desta zona. Para a Àsia, para a China. Isto apesar da forte presença americana e o estabelecimento de um oleoduto em direcção contrária que passa pela problemática Geórgia.

A abertura deste gasoduto, coloca em sério perigo o Nabucco. Quem serão os fornecedores capazes de alimentar tal pipeline? Cada vez é mais dificil e arriscado avançar com o pipeline.

Por outro lado, a abertura de novos pipelines russos para a Àsia, é um mau sinal para a Europa. A Rússia está a diversificar a sua carteira de clientes. Mais rápido do que a Europa a diversificar a sua carteira de fornecedores.

Mas na altura da guerra do gás, quantas notícias e analistas, disseram que a Rússia precisava mais da Europa como cliente do que a Europa precisava da Rússia como fornecedor?

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, mais uma pequena achega:

"Actualmente, a Sibéria Oriental produz cerca de um milhão de toneladas de crude anualmente, o que é claramente insuficiente para justificar a rentabilidade da obra. Daí o governo russo ter concedido um regime de exoneração fiscal durante dez anos às petrolíferas russas. Isto fará com que o erário público não vá receber por ano cerca de 4 mil milhões de euros.
Peritos citados pelo jornal electrónico newsru.com estão cépticos quanto à possibilidade de as petrolíferas chegarem a conseguir a extracção anual de 30 milhões de toneladas nos próximos anos.
Além disso, Serguei Bogdantchikov, director da Rosneft, a maior petrolífera pública russa, anunciou que o preço de extracção de um barril de petróleo e do seu transporte até ao pipeline da Transneft será de 80 dólares.
Segundo o newsru.com, a extracção de petróleo naquela região só será rentável se o preço do crude chegar aos 137 dólares por barril."

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Faz agora dez anos que Vladimir Putin chegou ao poder na Rússia. Um balanço do diário Vremya Noveostei publicado em espanhol pela Ria- Novosti:
"Diez años transcurridos desde que Boris Yeltsin traspasó el poder a Vladímir Putin son plazo suficiente para preguntarse qué avance ha logrado Rusia desde entonces, escribe hoy el diario Vremya Novostei.

Las reformas más ambiciosas parecían factibles en diciembre de 1999. Sólo faltaba superar el colapso financiero del año anterior, tomarse un respiro, poner orden en Chechenia y en Gazprom para que Rusia fuera adelante.

Pero anduvo en círculos. Hasta tal grado que la única reforma estructural que se llevó al término, la del sector energético, ya está en proceso de franca involución.

A lo largo del último decenio los rusos aprendieron a ensamblar coches diseñados en el extranjero y a comprarlos al crédito, junto con mil cosas más. Aprendieron a comparar mentalmente la rentabilidad de depósitos en rublos, dólares y euros. Crearon un nuevo avión y fabricaron varios submarinos.

Volvieron al unipartidismo tranquilizando a sí mismos con el discurso sobre el desarrollo del sistema político. Restaron sentido a las elecciones federales bajo el pretexto de que se necesita estabilidad política. Suprimieron la elección de gobernadores, alegando el imperativo de la disciplina burocrática. Hicieron imposible, ya sin pretexto alguno, la mera existencia de una televisión independiente. Suplantaron el axioma de que el Estado es menos eficaz que el propietario privado con el esfuerzo diario por demostrar que al menos es más justo. Enseñaron al mundo entero que es posible vivir en medio de corrupción total.

Y no es esto lo más importante. Tras una década de "desarrollo estable" y existencia en condiciones privilegiadas, fruto de la coyuntura global, los rusos se fueron acostumbrando a la idea de que no tiene sentido escrutar el horizonte. Conocen exactamente cuál es su lugar: tienen un pasado grandioso y la oportunidad de ser toda una potencia regional a futuro. Aceptan que jamás van a alcanzar a la mayoría de los países que se les adelantaron en el desarrollo económico.

No deja de ser chistoso que el régimen, ahora que va tocando fondo el primer decenio de la era post-Yeltsin, haya formulado la consigna "¡Rusia, adelante!". La modernización realmente tiene importancia vital para el país pero todavía no hay incentivo alguno volcarse hacia esta tarea.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Actualmente, a Sibéria Oriental produz cerca de um milhão de toneladas de crude anualmente, o que é claramente insuficiente para justificar a rentabilidade da obra. Daí o governo russo ter concedido um regime de exoneração fiscal durante dez anos às petrolíferas russas. Isto fará com que o erário público não vá receber por ano cerca de 4 mil milhões de euros...


O que produz actualmente não interessa, o pipeline não está a ser construido em função do que se produz hoje.

Tenho alguma curiosidade nesses valores, o Estado financia 40 mil milhões em 10 anos?

Seja como for isto é um investimento (e estratégico) do país e a questão da rentabilidade não deve ser posta em causa, ele é necessário ou não estaria a China a enfiar 25 biliões de dólares no projecto.


...Além disso, Serguei Bogdantchikov, director da Rosneft, a maior petrolífera pública russa, anunciou que o preço de extracção de um barril de petróleo e do seu transporte até ao pipeline da Transneft será de 80 dólares.
Segundo o newsru.com, a extracção de petróleo naquela região só será rentável se o preço do crude chegar aos 137 dólares por barril."


Será? O facto é que quando este projecto arrancou nem se imaginava petróleo a 80 dólares e agora temos cálculos para 137?

Então porque arrancaram com o projecto? porque é que a China e o Japão andaram a lutar para ter o melhor acesso ao pipeline? porque está a China a meter tanto dinheiro?

O facto é que ter um pipeline, numa altura em que cada vez se consome mais energia e vindo de um fornecedor estável, comparado com petroleiros a vir do Médio Oriente, nunca se sabendo quando estala uma nova guerra, não tem preço.Não é só uma questão de preço é uma questão de termos energia e que essa energia flua para nós.

Jest nas Wielu disse...

Canções populares sobre Putin (texto e MP3)

Camaradas, putleristas, os nossos camaradas do 3° Roma (aquele que se levanta do chão, apesar do ser constantemente atacado pelo eixo neoliberal Washington – Tbilissi – Kyiv), reuniram uma bela colecção de canções patrióticas e bastante canónicas sobre Putin, beleza total:
http://community.livejournal.com/phophudia/612960.html

Cristina disse...

JM
Também achei este artigo do Vremya Novostei muito interessante e já de manhã tinha pensado colocá-lo num comentário.
Aqui vai a versão portuguesa (peço desculpa se a tradução é demasiado livre)
"DEZ ANOS DA ERA PÓS-YELTSIN ENSINARAM À RÚSSIA O SEU LUGAR NO MUNDO

Os dez anos decorridos desde que Boris Yeltsin entregou o poder a Vladimir Putin são um período suficiente para perguntar o que conseguiu a Rússia desde então, escreve hoje o diário Vremya Novostei.
As reformas mais ambiciosas pareciam fáceis de fazer em 1999. Só faltava superar o colapso financeiro do ano anterior, pôr ordem na Chechénia e na Gazprom para que a Rússia fosse em frente.
Mas o país andou em círculos. Andou à volta de tal maneira que a única reforma estrutural que foi levada até ao fim, a do sector energético, já está em processo de franco retrocesso.
Ao longo da última década, os russos aprenderam a montar automóveis desenvolvidos no estrangeiro e a comprá-los a crédito, juntamente com muitas outras coisas. Aprenderam a comparar mentalmente a rentabilidade dos depósitos em rublos, dólares e euros. Criaram um novo avião e fabricaram vários submarinos.
Voltaram ao sistema de partido único, tranquilizando-se com o discurso sobre o desenvolvimento do sistema político. Fizeram as eleições federais ficar sem sentido sob o pretexto de que é necessária estabilidade política. Acabaram com a eleição dos governadores, alegando o imperativo da disciplina burocrática. Tornaram impossível, já sem qualquer pretexto, a mera existência de uma televisão independente. Ultrapassaram o axioma de que o Estado é menos eficaz do que o proprietário privado com o seu esforço diário. Ensinaram ao mundo inteiro que é possível viver no meio da corrupção total.
Mas isso não é o mais importante. Após uma década de “desenvolvimento estável” e a existência de condições privilegiadas, fruto da conjuntura global, os russos foram-se acostumando à ideia de que não tem sentido olhar para o horizonte. Sabem exactamente qual é o seu lugar: têm um passado grandioso e a oportunidade de ser uma potência regional no futuro. Aceitam que jamais irão alcançar a maioria dos países que os ultrapassaram em desenvolvimento económico.
Não deixa de ser engraçado que o regime, agora que tocou o fundo na primeira década da era pós- Yeltsin, tenha adoptado a palavra de ordem “Avante Rússia!”. A modernização tem realmente importância vital para o país mas não há qualquer incentivo para nos voltarmos para esta tarefa".

Cristina Mestre