sábado, janeiro 23, 2010

Blog dos leitores

Texto enviado pela leitora Cristina Mestre:
MINISTÉRIO DO INTERIOR MUDA DE METODOLOGIA PARA ACABAR COM AS ESTATÍSTICAS FALSAS
22.01.10 – RIA Novosti

Um dos temas mais comentados na imprensa russa de hoje é a transição para uma nova metodologia de avaliação do trabalho da Polícia, anunciada na véspera por Rachid Nurgaliev, ministro do Interior da Rússia.
O objectivo é acabar com o sistema anterior em que os agentes tinham normativos quantitativos para desvendar os crimes, o que os levava a deter pessoas e fazer processos a todo o custo, para “cumprir o plano”. Agora, pretende-se levar em conta outros indicadores, como a opinião dos cidadãos e o número de condenações em tribunal.
A nova metodologia foi apresentada pelo ministro do Interior numa reunião da Associação Nacional de Juristas. O ministro acrescentou que “o grau de ressonância social de um crime desvendado ou esclarecido” também será um critério de avaliação. O ministro disse que a gestão da Polícia será efectuada através de fontes objectivas e independentes, embora não tivesse precisado quais. Para além disso, indicou que o ministério utilizará detectores de mentiras e psicólogos no processo de selecção de agentes.
A metodologia anterior, aprovada pelo mesmo ministro em 2005, impunha uma escala progressiva para resolver delitos. Cada agente do Interior, ainda que fosse um simples polícia de bairro, tinha a obrigação de desvendar todos os meses pelo menos mais um caso que no período anterior. Se não o conseguia, ficava sem uma percentagem considerável da retribuição.
Como resultado, os polícias andavam mais à caça de estatísticas do que de criminosos reais e muitas vezes fabricavam processos de forma a atingir os números exigidos.
Mikhail Pachkin, presidente da Associação de Polícias de Moscovo, qualifica como “avanço sério” a abolição dos velhos métodos. “Isto significa que o Ministério do Interior reage de alguma forma às críticas por parte da sociedade”, disse.

1 comentário:

Jorge Almeida disse...

Daqui a pouco, a polícia russa vai ser obrigada a ter "livro de reclamações" ao balcão.

Não concordo com violência policial, mas ter em consideração a opinião dos cidadãos (e, com isto, dos presos) também não é bom processo para avaliar a polícia.

Parece-me que, na Rússia, começam a aplicar uma ideia peregrina que circulou também entre os governantes portugueses. Dizendo que têm a conta a opinião dos cidadãos na avaliação dos funcionários públicos (neste caso, dos polícias), conseguem "dar uma de democratas" e, ao mesmo tempo, "lavar as mãos" das consequências da avaliação feita, para além de deixarem de ter de gastar dinheiro em inspectores/avaliadores.