sexta-feira, janeiro 15, 2010

Victor Ianukovitch, equilibrista entre a Rússia e Ocidente


O dirigente do Partido das Regiões e provável vencedor da primeira volta das presidenciais na Ucrânia, Victor Ianukovitch, já foi rotulado de “pró-russo”, porém os analistas vêem nele um defensor dos interesses de parte da oligarquia ucraniana que não quer ver as estruturas económicas nas mãos do capital russo, bem mais poderoso.
A biografia de Ianukovitch poderia ser fatal para a sua carreira política num país onde a justiça funcionasse, mas, na Ucrânia, não constitui um grande obstáculo à sua popularidade.
Nascido em 1950 na cidade de Enakievo (Leste da Ucrânia), Ianukovitch viu-se a contas com a justiça soviética duas vezes. Em 1967, um tribunal soviético condenou-o a três anos de prisão por agressão, tendo cumprido metade da pena. Em 1970, volta a ser condenado, desta vez por tentativa de violação de uma menor.
Segundo os seus biógrafos oficiais, em 1978, o Tribunal Regional de Donetsk reabilitou Ianokovitch, considerando “não ter existido corpo de delito”. Porém, esta questão nunca foi esclarecida até ao fim visto os processos terem desaparecido sem deixar rasto.
Victor Ianukovitch está também por trás da tentativa de falsificação das eleições presidenciais em 2004, que falhou porque o seu opositor, Victor Iuschenko, conseguiu trazer milhões de apoiantes seus para a rua e obrigar a realização de uma terceira volta, que penalizou Ianukovitch.
A derrota não o fez abandonar a carreira política, mas apenas esperar as divergências entre os seus adversários políticos: Victor Iuschenko, actual Presidente, e Iúlia Timochenko, que levou à desintegração da coligação pró-ocidental.
Apresenta-se com um programa de amplas reformas sociais com vista ao melhoramento do nível de vida das camadas mais desfavorecidas da população: “elevar o nível de vida dos ucranianos até ao nível europeu”, “colocar a Ucrânia entre os 20 países mais desenvolvidos do mundo”, “privar de privilégios a classe política”, etc.
No campo internacional, promete normalizar as relações com a Rússia, mas não renuncia à aproximação da Ucrânia da União Europeia, sublinhando que, ao mesmo tempo, é contra a adesão do seu país à NATO.
“Seria infantil supor que a política de Ianukovitch-presidente vai ser completamente pró-russa. Antes de tudo, no campo económico, o dirigente do Partido das Regiões apoiou a declaração de Iuschenko sobre a necessidade de rever as relações com a Rússia no que respeita ao negócio do gás”, considera Innokentii Adiassov, analista da Duma Estatal (Câmara Baixa) do Parlamento da Rússia.
Segundo ele, “com Ianukovitch, a Ucrânia continuará a política de diversificação das fontes de fornecimento de hidrocarbonetos, o que, na prática, significará o apoio à construção de novos pipelines que ladeiem o território da Rússia”.
As sondagens dão-lhe uma vitória folgada à primeira volta, mas o resultado da segunda, onde deverá enfrentar Timochenko, continua a ser uma incógnita.

8 comentários:

Anónimo disse...

"A biografia de Ianukovitch poderia ser fatal para a sua carreira política num país onde a justiça funcionasse, mas, na Ucrânia, não constitui um grande obstáculo à sua popularidade."

Ainda bem que isto só acontece na Ucrânia ou na Rússia.

Cá no ocidente era impossível.

PortugueseMan disse...

...Segundo ele, “com Ianukovitch, a Ucrânia continuará a política de diversificação das fontes de fornecimento de hidrocarbonetos, o que, na prática, significará o apoio à construção de novos pipelines que ladeiem o território da Rússia”.
...


Afirmações estranhas.

O problema da Ucrânia não é o fornecimento de gás. o problema é conseguir pagá-lo. Vão estender pipelines a quem, se não conseguem pagar preços de mercado?

PortugueseMan disse...

"...e não forçar a adesão do seu país à NATO..."

ah, o ponto fulcral. Depois de acertado esta questão, podemos tratar do contrato do gás...

MSantos disse...

"Ainda bem que isto só acontece na Ucrânia ou na Rússia.

Cá no ocidente era impossível."

Subscrevo inteiramente o que quis dizer, anónimo!

;)

Cumpts
Manuel Santos

Ricardo disse...

A Rússia não vê problemas em um país integrar a UE, único problema dela é com a OTAN.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
anonimo russo disse...

Ianukovich nunca foi julgado em tribunal por algum estupro, nem nunca foi acusado disso, que eu saiba.