segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Ianukovitch e Timochenko queimam últimos cartuchos em contenda com resultado incerto


As últimas sondagens publicadas na Ucrânia apontam para uma vitória de Victor Ianukovitch, dirigente do Partido das Regiões, sobre a primeira-ministra Iúlia Timochenko nas eleições marcadas para o próximo domingo.

Segundo um estudo da empresa Research & Branding Group, Ianukovitch vai à frente de Timochenko com 13 por cento das intenções de voto, respectivamente 44,9 e 31,6 por cento, mas a maioria dos analistas são da opinião de que nada está decidido e que um erro grave de um dos candidatos pode significar a sua derrota.

Ambos os candidatos tentam trazer para o seu lado os eleitores que votaram na primeira volta por outros candidatos, principalmente pelo milionário Serguei Tiguipko, por Arseni Iatseniuk, antigo dirigente do Parlamento da Ucrânia, e Victor Iuschenko, actual Presidente do país, mas estes recusam a fazer um apelo claro ao voto num deles.

Daí Iúlia Timochenko ter prometido a Tiguipko o cargo de primeiro-ministro, a Iatseniuk “trabalho conjunto no Estado com uma nova direcção” e a Iuschenko continuar a “consolidação das forças democráticas”.

Anna Guerman, deputada do Partido das Regiões, acusa Timochenko de demagogia e mentira, sublinhando que esta não pode prometer o cargo de primeiro-ministro a Tiguipko, porque não tem o apoio do Parlamento.

“Na primeira volta, os eleitores que votaram nos candidatos derrotados manifestaram assim a sua oposição aos vencedores. Por isso, a maioria pode ficar em casa ou votar contra Timochenko e Ianukovitch”, declarou à Lusa o economista e analista político ucraniano Serguei Tchevtchenko.

A afluência às urnas será um factor muito importante na segunda volta.

“Ao olhar para as sondagens, os apoiantes de Ianukovitch já cantam vitória, precipitação que lhes pode sair cara porque isso pode levar muitos eleitores a ficarem em casa”, considera, em declarações à Lusa, o analista político Vladimir Dolin.

Nesta situação, Timochenko dramatiza a situação para mobilizar o seu eleitorado.

“Nos arredores de Kiev, as casas de repouso estão repletas de homens armados que estão prontos a tomar o poder de qualquer forma. Todos recordam 2004. Ianukovitch (que foi então acusado de falsicar as eleições) não mudou, mas, tal como nesse ano, nós iremos pô-lo no lugar e ele, em circunstância alguma, verá o poder na Ucrânia”, declarou a primeira-ministra ao canal televisivo Inter.

Victor Ianukovitch recusou-se a participar em debates televisivos com Timochenko, preferindo viajar pelo país e prometer aumento de reformas e salários.

“Não concordo quando me dizem que é inútil discutir com uma mulher. Eu, em primeiro-lugar, considero que ela é primeira-ministra e deve responder por cada uma das suas palavras. Mas se é mulher, deve ir para a cozinha e mostrar aí as suas habilidades”, declarou Ianukovitch num dos canais de televisão ucranianos.

Mas os ucranianos não acreditam que a estabilidade política se instale no seu país depois de 07 de Fevereiro. Nenhum dos candidatos tem o apoio da maioria parlamentar e já prometeram eleições antecipadas em caso de vitória.

21 comentários:

PortugueseMan disse...

...Mas os ucranianos não acreditam que a estabilidade política se instale no seu país depois de 07 de Fevereiro. Nenhum dos candidatos tem o apoio da maioria parlamentar e já prometeram eleições antecipadas em caso de vitória...

Depois das eleições é bom mesmo que os políticos tenham a noção da responsabilidade dos seus actos e que as suas acções podem ditar o curso da Ucrânia.

Não interessa quem ganhe, que se lute agora até às eleições, mas depois independente de quem ganhe que se unam, senão a Ucrânia vai mergulhar numa crise, que não sei onde irá parar.

Jorge Almeida disse...

O comentário sexista de Ianukovitch era totalmente dispensável.

Só mostra a qualidade do candidato.

Pobre Ucrânia!

Temos que apanhar com isto num país do tamanho da França, por onde passa o oleoduto que vem da Rússia para abastecer a Europa Central ...

antonio everardo disse...

O Victor Ianukovitch não é um sujeito normal. Se acham que a Ucrania não está bem com a julia, segundo dizem, imaginem com Victor. Se a Julia fugisse do debate? O que o midia diria? que coisa! E isso, caro Milhazes.

anónimo russo disse...

Este blog aínda está vivo?

È interessante, mas na internet russa não existe nenhuma censura. Proprietários de muitos blogs (e alguns dos mais visitados tambem) nem tiram os comentários insultousos ou obscenos.

Anónimo disse...

Rússia - Portugal
Sotchi, Sábado, 6 de Fevereiro

Jorge Almeida disse...

Dr. Milhazes,

o jornal gratuito português "OJE - O Jornal Económico", na página nº 5 da sua edição de hoje, 2010-02-03, refere que "O candidato presidencial Victor Ianukovitch afirmou, ontem, que, se ganhar a segunda volta das eleições no domingo, a sua prioridade será o afastamento da sua rival, Iulia Timochenko, do seu cargo de primeira-ministra."

A referida edição do jornal vem no seguinte ficheiro pdf:

http://imgoje.viatecla.com/downloadedimages/2010-02-02%20202414_58f39908-a7f7-4cda-903e-03995e6d3a27$$CFD6664B-72E3-4D69-A7E2-EB70454659B5$$79840E57-BF44-442C-82B4-32E5A6F00817$$edicaoonline$$pt$$1.pdf

Anabela Santos disse...

O comentário sexista de Victor Ianukovitch não é “dispensável”, mas absolutamente inadmissível, execrável, vergonhoso. E é com estas construções ideológicas que a Ucrânia será provavelmente dirigida?! Muito tenho a lamentar.

Cumprimentos a JM.

Anabela Santos disse...

Resposta das ONG’s ucranianas às declarações sexistas de Victor Ianukovitch:
http://www.gender.at.ua/news/2010-02-07-233

anónimo russo disse...

Quanto a Ianukovich, ele, se não me engano, já foi primeiro-ministro da Ucrânia (e naquela epoca o país não sofreu tudo aquilo que sofreu com os alaranjados), e não acho que seja tão tolo. Tambem, as pessoas que votam nele, sabem o que fazem. Sim, ele não domina muito bem a arte de falar, foi provavelmente por isso que não participou nos debates.


Mas a campanha eleitoral na Ucrânia foi marcada por outros acontecimentos bastante interessantes e escandalosos. Sr. Milhazes podia ter dito disso tambem. È que Iuchenko que aínda é presidente, apos perder as eleições, proclamou Bandera heroi da Ucránia. Muitos consideram isso um passo político que pode influenciar o resultado das eleições. È que Bandera, lider da Organização dos Nacionalistas Ucranianos, que atuava nos anos 30-40 (nos anos 50 os restos do movimento aínda existiam) nos territórios etnicamente ucranianos da Polónia e no oeste da Ucrania atual foi uma figura mais do que controversa para os próprios ucranianos. O movimento foi ultra-nacionalista, exterminava polacos étnicos e judeus (e os russos, claro, mas não havia muitos russos lá) e nem poupava os próprios ucranianos "não correctos". O movimento durante a sua história colaborou com o exercito nazi, recebendo armas e sendo alguns elementos treinados por instrutores alamãos, combateu contra os exército sovietico etc. Na ucránia Bandera provavelmente é heroi para uma parte da população no oeste do país, mas nas outras regiões não acho que seja um grande heroi para a população. Mesmo no ocidente do país vivem as pessóas cujos antepassados foram mortos por "bandérovtsi". Assim, é uma figura mais do que controversa para a Ucrânia e que, o que é importante, de maneira nenhuma pode unir ucranianos.

Jest nas Wielu disse...

Sobre Yanukovich:

Caros, parece que vocês se esqueceram, que Yanukovich no seu passado ficou 2 vezes preso por pequenos assaltos na rua, na sua juventude (1967 – 1969) ele e um grupo de jovens – delinquentes assaltavam as pessoas, lhes roubando principalmente os gorros de pele, mas também carteiras, relógios, etc.

Aqui podem ler com mais pormenor:
http://ucrania-mozambique.blogspot.com/2004/12/quem-viktor-yanukovich.html

Voltei.

Vasco disse...

Bom....parece que a máfia de Donetsk tá bem encaminhada para ganhar as eleições.
O que se segue? Guerra civil?
Mais um estado falhado?

V.

José Manuel disse...

Enquanto isso...Yuschenko condecora antigos colaboracionistas nazis. Não deixa de ser interessante que a oligarquia dominante que se instalou no poder na década de 90 venha com este movimento de reabilitação dos colaboracionistas e criminosos de guerra nazis, não só na Ucrânia como também nas Letónia, Estónia e Lituânia. Os antigos combatentes das Wafen SS Narwa, especialistas em capturar e massacrar judeus, ciganos e outros grupos étnicos, são recebidos como "heróis" enquanto que os que combateram o nazism são hostilizados.

Anónimo disse...

A ucrania nunca existiu como pais.O sempre existiu foi a mãe russa.

Wandard disse...

Caro José Manuel,

Realmente é lamentável o que está ocorrendo conforme o seu comentário, condecorar colaboradores nazistas, mas o que podemos esperar se os Estados Unidos e aliados acobertaram e protegeram oficiais da SS como Klaus Barbie e Reinhard Ghelen (oficial nazista que virou chefe do Serviço Secreto da Alemanha Ocidental).

Infelizmente os líderes da revolução laranja em nada ajudaram à Ucrania, nada mais fizeram do que serem peças no jogo de tabuleiro da Otan com a Rússia o país e o povo só perderam até então e não ganharão com quem quer que saia vitorioso das eleições atuais.

Jest nas Wielu disse...

2 Ze Manel

Stepan Bandera recusou-se colaborar com os nazis, por isso entre 1941 e 1944 esteve preso no campo de concentracão nazi de Sachsenhausen. De qualquer maneira, não devem ser os ze maneis a determinarem quem pode e quem não pode ser considerado herói da Ucrânia.

anónimo russo disse...

Jest nas Wielu disse...
2 Ze Manel

Stepan Bandera recusou-se colaborar com os nazis, por isso entre 1941 e 1944 esteve preso no campo de concentracão nazi de Sachsenhausen. De qualquer maneira, não devem ser os ze maneis a determinarem quem pode e quem não pode ser considerado herói da Ucrânia."



Os investigadores dizem que nem tudo foi tão simples com esse campo de concentração. È que Bandera esteve lá numa repartição politica em que as condições de vida eram mais semelhantes a "prisão de casa" e foi libertado em 1994 para combater com o exército sovietico.

anónimo russo disse...

anónimo russo disse...


"... e foi libertado em 1994 para "


em 1944, claro.

Wandard disse...

Jest,

Realmente as investigações não apresentam indícios de Stepan Bandera ter sido colaborador nazista, ele foi um nacionalista ucraniano que terminou sendo preso pelos nazistas por resistir com a proclamação da independência da Ucrania, quando da invasão da União Soviética.

Abraço,

anónimo russo disse...

Wandard disse...
Jest,

"Realmente as investigações não apresentam indícios de Stepan Bandera ter sido colaborador nazista, ele foi um nacionalista ucraniano que terminou sendo preso pelos nazistas por resistir com a proclamação da independência da Ucrania, quando da invasão da União Soviética.

Abraço,"



A história é mais complicada. Depeis de ser preso, foi libertado em 1944 e UPA, dizem, recebia armas do exêrcito nazi. Sim, ele foi um "simples" nacionalista ucraniano. Mas UPA exterminou dezenas de milhares de polacos.

Jest nas Wielu disse...

2 Anónimo russo 23:07

Não haja duvida, que Stepan Bandera era tratado consoante o seu estatuto de líder ucraniano, mas o seu irmão Vasyl morreu no campo de concentração nazi, assim como vários outros nacionalistas que foram fuzilados pelos nazis pela recuza de colaborar: poetisa Olena Teliha, vários outros membros de OUN-M.

2 Wandard
Obrigado, a sua honestidade intelectual é a sua marca e mais valia em qualquer debate.

2 Anónimo russo 22:05

Veja lá diferença abismal entre a sua argumentação e do amigo Wandard, pois aquilo que disse é simplesmente intelectualmente desonesto. Houve a guerra, os polacos (Armija Krajova, WiN, Bataljony Hlopski) atacavam os ucranianos, a UPA atacava os polacos, os nazis atacavam os polacos e ucranianos, por ai fora. Qualquer pessoa honesta, reconhece que houve os crimes e excessos de TODOS os lados. Não é possível dizer em vigor que “ucranianos fizeram”. Pois ucranianos reagiam, eram atacados e reagiam como sabiam e como podiam. Em 1947 os ucranianos eram vítimas de operação Visla (Wisla), etc.
Além disso, entre 1933 e 1941 a URSS colaborava activamente com Hitler: vendia lhe metais, alimentos, oferecia os cursos aos oficiais do ex6ercito, força aérea, etc. Se Stalin pode colaborar com os nazis (pela bem da URSS), porque Stepan Bandera não pode usar uns inimigos contra outros? Onde está a lógica?

p.s.
e sem esquecer sobre os grupos de extermínio de NKVD, vestidos a-la UPA, que cometiam os crimes contra as populações civis. Em caso de duvida, posso fornecer as provas via arquivo de SBU.

anónimo russo disse...

Jest nas Wielu disse...
2 Anónimo russo 23:07

1.)

"Não haja duvida, que Stepan Bandera era tratado consoante o seu estatuto de líder ucraniano, mas o seu irmão Vasyl morreu no campo de concentração nazi"


Os 2 irmãos de Bandera morreram nos campos de concentração... tendo sido assassinados por polacos, que se encontravam lá, tambem como reclusos. Acho que a razão destes assassinios todos os que estão a par entendem.


2.
"Qualquer pessoa honesta, reconhece que houve os crimes e excessos de TODOS os lados. Não é possível dizer em vigor que “ucranianos fizeram”. Pois ucranianos reagiam, eram atacados e reagiam como sabiam e como podiam. Em 1947 os ucranianos eram vítimas de operação Visla (Wisla), etc."

Não sou um especialista neste assunto, mas li e vi alguns materiais. Talvez os polacos tambem tivessem feito limpezas étnicas em relação aos ucranianos. O que vi, entre outras coisas, foram uns trechos de um livro polaco em memória às vitimas de Bandera, inclusive as fotos com montes de cadaveres, alguns com as cabeças cortadas, as famílias inteiras mortas, as crianças nos caixões etc.
È problema de Iuchenko e aqueles para quem Bandera é heroi, para mim tanto faz. Mas quando ele é proclamado demonstrativamente heroi da Ucrânia, uma grande quantidade de pessõas mesmo na Ucrânia, se não me engano, não partilham essa alegria. E para as pessóas cujos antepassados combatiam os nazi no exercito sovietico duvido que ele possa ser um grande heroi.