O apoio da Rússia a novas sanções em relação ao Irão irá refletir-se negativamente na cooperação económica dos dois países, nomeadamente no campo da energia, declarou Reza Sajadi, embaixador iraniano na capital russa.
“Hoje, a Rússia ocupa o 36º lugar nas trocas comerciais do Irão. Mas a política da nossa direcção visa fazer com que subam para 15º lugar. Ou seja, pretende,os reforçar as nossas relações”, disse o diplomata à agência Interfax.
“Mas se a Rússia votar pelas sanções, esse processo certamente perderá velocidade. Estamos preocupados não só com o comércio direto entre os nossos países. Semelhante passo ameaça também a nossa cooperação energética”, acrescentou.
O embaixador iraniano recordou que a Rússia e o Irão cooperam “em várias áreas, por exemplo, na estabelecimento do preço do gás ao nível internacional. Um erro da outra parte pode transformar essa cooperação em concorrência”.
“Não se pode esquecer que estamos ligados com a Rússia não só pelo programa nuclear, temos muitas outras esferas de cooperação”, recordou.
O embaixador iraniano deixa mais uma ameaça no ar: “Claro que semelhantes ações da Rússia não terão uma ressonância positiva na opinião pública iraniana. Isso seria o mesmo que o Irão, por exemplo, votasse pela resolução onde a Rússia é considerada culpada do holodomor na Ucrânia”.
A Ucrânia acusa a direcção comunista soviética de ter provocado o holodomor (grande fome) dos anos 30 do séc. XX, que matou milhões de ucranianos, e exige que a Rússia reconheça essa crime enquanto Estado herdeiro da URSS. Moscovo recusa-se terminantemente a fazer isso.
“Ninguém está a dizer que, se as coisas correrem assim, nós iremos suspender as nossas relações bilaterais, mas claro que isso se fará sentir na qualidade da nossa interação”, concluiu.
Depois das últimas ações empreendidas por Teerão no sentido de enriquecer urânio até 20 por cento, Moscovo deu a entender que poderá apoiar novas sanções do Conselho de Segurança da ONU, mas continua a defender a via diplomática para a solução do problema nuclear iraniano.
8 comentários:
Bom,
Nunca pensei ver o Irão a usar este tom para com a Rússia.
Eles estão a subir a parada. A Rússia em breve vai ter que decidir se abandona ou não a central nuclear.
E o sistema S-300... nem vê-lo.
É concordar com as sanções e chutar a bola para a China.
E enquanto toda esta andança diplomática prossegue, Israel mantém-se muito caladinho, o que indicia que está a estudar a lição.
Posso estar enganado ou, ou o Irão surpreende o mundo com um ensaio nuclear, ou Israel bombardeia os alvos iranianos com recurso a aviões e submarinos. Mas pela diplomacia não iremos lá.
Se o Iräo se armar ao pingarelho, a Rússia deixa de os ajudar a enriquecer o uränio. E depois? Comem-no?
Boa, caso ayatollah reconhecerem o Holodomor ucraniano seria mesmo muito boa!!!
"Boa, caso ayatollah reconhecerem o Holodomor ucraniano seria mesmo muito boa!!!"
Sem dúvida, Jest!
Seria engraçado países aliados dos EUA, como é o caso da Polónia, Ucrânia ocidental, bálticos etc empareceirarem com o Irão dos ayahtolahs a reconhecer a grande fome ucraniana ao mesmo tempo que este refuta o holocausto dos judeus.
Agora a sério: isto só revela a política e posturas sem princípios (neste caso dos iranianos) e naquilo em que nos tornamos quando pomos as nossas tendências políticas à frente desses mesmos princípios.
Cumpts
Manuel Santos
Nesta estória, surpreende-me o facto de Israel ainda não ter bombardeado as instalações nucleares iranianas, como fez com as iraquianas em 1981.
Nessa altura, Israel não ameaçava, fazia. Hoje em dia, só ladra, não morde!
Caro Jorge Almeida
Neste momento as instalações nucleares iranianas são muito numerosas e redundantes. Mesmo o bombardeamento das instalações principais de Natanz não impediriam as restantes de obter matéria físsil.
A bomba nuclear iraniana é uma questão de tempo e caso não haja mudança política segue uma trajectória imparável.
O que não impedirá Israel de cometer um acto desesperado.
Cumpts
Manuel Santos
Numerosas e não só: escondidas! É muito difícil, somente com recurso ao satélite, detectar todas as novas instalações e perceber o que se anda lá a fazer.
A tudo isto acresce o facto do ataque ter de ser efectuado no momento certo. Demasiado cedo e a operação pode ser retomada sem grande dificuldade; demasiado tarde, ou se torna ineficaz, ou pode resultar num desastre radioactivo.
De qualquer modo, não sei se o Irão nuclear é inevitável. O que me parece cada vez mais inevitável é o ataque israelita, produza este os resultados que produzir. É uma questão de sobrevivência e neste campo Israel não pode arriscar.
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