“Álvaro Cunhal falou de forma muito positiva sobre as mudanças na União Soviética realizadas pelo Partido Comunista, sob a direcção de Mikhail Gorbatchov”, declarou, numa entrevista à Lusa, Vadim Medvedev, antigo membro do Bureau Político da União Soviética.
Medvedev, actualmente investigador da Fundação Gorbatchov, esteve no Porto, à frente de uma delegação do Partido Comunista da União Soviética, para participar nos trabalhos do XII Congresso do Partido Comunista Português, realizado entre 01 e 04 de Dezembro de 1988.
Segundo ele, um dos objectivos mais importantes da sua viagem consistia em “explicar os objectivos da política de perestroika (reestruturação) e de glasnost (transparência)”.
“Durante os trabalhos do congresso do PCP, depois da chegada ao Porto e antes da partida, tive várias conversas com Álvaro Cunhal. Ele provocou em mim uma impressão muito grande, não só, como me expressar melhor, pelo seu apego ao tradicionalismo, mas também pela compreensão dos problemas de Portugal, da Europa e do mundo”, recorda ele.
Medvedev, um dos teorizadores da política de reformas realizada por Mikhail Gorbatchov entre 1985 e 1991, afirma que o dirigente comunista português “claro que aceitou a perestroika”, e acrescenta: “nessa altura, ou ele ainda não tinha chegado ao ponto crítico, ou teve vergonha de falar, mas expressou-se de forma muito positiva sobre as mudanças que tinham lugar na União Soviética, da política de Mikhail Gorbatchov”.
Confrontado com a informação de que Álvaro Cunhal se transformou, mais tarde, num dos fortes críticos de Gorbatchov, nomeadamente por traição dos ideais comunistas, Medvedev atribui semelhante posição ao facto de “ele, tal como muita outra gente, não ter compreendido que nós nunca falámos do regresso ao capitalismo”.
“E então, e hoje, continuamos a afirmar que a saída não é o regresso ao capitalismo, mas também não se trata propriamente do regresso ao socialismo. Defendíamos, e continuamos a fazê-lo, o avanço para uma sociedade mais moderna, post-industrial, orientada para o homem”, precisou.
“Tendo em conta a atual crise mundial, também no Ocidente se procura uma nova ordem, que responda aos novos desafios do século XXI”, concluiu.
3 comentários:
Pela minha percepção do Cunhal, ele era um grande Yes-Man em relação a tudo que vinha da URSS: Stalin e Gorbachov, GULAGes e Glasnost, Purgas e Perestroica…
O filme “Rússia – 88” sobre um bando dos skinheads russos. Apesar de ser premiado fora da Rússia, no país o filme é praticamente proibido:
http://russia88.com
Boa noite,
antes de mais parabéns pelo blog.
Convido a assistir ao vídeo http://www.youtube.com/watch?v=amYnJ9vjXxs e ao site do centro de estudos do curso de Relações Internacionais da universidade do Minhho www.cecri.org
Cumprimentos
Não houve um congresso um ou dois anos antes de 1985 qm que o Delegado do PC da Uniãoi Soviética foi o próprio Gorbatchov?
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