quinta-feira, março 11, 2010

Foi há 25 anos



Os funerais dos secretários-gerais do Partido Comunista da União Soviética começavam a ter uma periodicidade assustadora. Em três anos, 1982-1985, deixaram este mundo (não sei se foram para o Além, pois tratava-se de ateístas convictos) Brejnev, Andropov e Tchernenko, mas o mais preocupante consistia em que, quando se olhava para a tribuna no Mausoléu de Lénine na Praça Vermelha durante as manifestações e paradas, constatava-se que as cerimónias fúnebres poderiam tornar-se permanentes.
Mas, no dia 11 de Março de 1985, o Comité Central do PCUS decidiu, ou melhor, viu-se obrigado a eleger um jovem de 54 anos para o cargo de Secretário-Geral e, por conseguinte, dirigente máximo da União Soviética.
O ar que se respirava na URSS era tão bolorento, decadente, que a eleição de Gorbatchov permitiu acreditar que, no mínimo, iríamos assistir à abertura minimamente possível da porta para permitir a renovação da atmosfera provocada pelo "socialismo desenvolvido".
Quem não viveu na URSS nesse período terá dificuldar em imaginar a situação no país. Quando se lia os jornais soviéticos, tudo ia de vento em poupa, havia algumas pequenas dificuldades, mas o comunismo estava à vista. Como demorava a chegar o comunismo, teve de se criar uma fase intermediária, o socialismo desenvolvido, mas isso era apenas um pequeno precalço.
A realidade era bem diferente. Prateleiras de lojas vazias, senhas de racionamento, o Estado fazia de conta que pagava ao povo e este fazia de conta que trabalhava. Resumindo, as pessoas entravam cada vez mais na política do desenrasca, uma das razões que levou ao crescimento rápido do mercado negro. Além disso, era frequente a "troca directa", ou seja, se tu tens acesso à carne e ele ao sabonete, troca-se e resolve-se dois problemas.
Não é por acaso que profissões como talhantes, directores de lojas de Estado gozavam de grande prestígio, para já não falar de diplomatas ou outros que tinham acesso a produtos estrangeiros.
Os soviéticos, e muitos dos estrangeiros que viviam na URSS e não tinham dólares como eu, andavam sempre com sacos ou fios no bolso. Não era raridade ver na rua a passar um homem com um "cordão" ao peito de rolos de  papel higiénico, pois trata-se de um produto raro. Não obstante o "Pravda", órgão central do PCUS, ou outros jornais custarem tostões, um papel não substitui outro, salvo em caso extremo.
Os moscovitas eram os que menos se podiam queixar, porque a "montra do socialismo" devia ter um ar mais alegre e feliz. Mas os habitantes das cidades vizinhas de Moscovo já tinham necessidade de vir à capital comprar mortadela, um dos alimentos mais populares na época, porque ela não chegava às suas terras. A super-potência que dominava no Espaço, no bailado e em alguns tipos de armamento, não conseguia dar de comer aos seus cidadãos.
Dinheiro não faltou até ao início dos anos 80 do séc. XX, quando o preço do petróleo estava alto nos mercados internacionais. Mas os petrodólares foram esbanjados numa corrida aos armamentos e em guerras no Terceiro Mundo (Afeganistão, Angola, Moçambique, etc.) que Moscovo não aguentou. Quando o preço desceu, viu-se que a URSS estava em maus lençóis e precisava urgentemente de reformas.
Neste campo, estou de acordo com o que Mikhail Gorbatchov tem dito nestes dias e que tenho publicado no blog. Ele recebeu um país próximo da falência, isso é um facto. Mas, para "consolação" da extrema-esquerda saudosista, posso dizer, com conhecimento de causa, que na URSS havia mais democracia do que, por exemplo, na Coreia do Norte.
Gorbatchov recebeu um país cheio de problemas e sem dinheiro, talvez ele não imaginasse até onde tinha chegado a situação. Avançou com a reestruturação e transparência, esperando que o sistema fosse reformável, mas as estruturas estavam tão podres que ruíram durante a reestruturação.
Se, como afirmam alguns críticos comunistas de Gorbatchov, o fim da União da Soviética foi obra dele, da CIA e companhia, então isso atira por terra um dos principios básicos do marxismo-leninismo: o papel das massas na História.
Acredito mais no princípio de que nada é eterno, principalmente aquilo que é apresentado como fase incontornável da História. Esta não tem leis, mas é, em grande parte, movida por ocasionalidades, e uma delas foi a eleição de Gorbatchov. As consequências dessa ocasionalidade continuam a fazer sentir-se no mundo, por isso talvez ainda seja cedo para lhe atirar pedras...

35 comentários:

Jest nas Wielu disse...

Bela lembrança, de facto, quem nunca viveu na grande zona, nunca poderá perceber que país era aquele, é como explicar a um leigo, porque o 3° Reich não era um bom lugar para viver...

Alguns artigos interessantes sobre o aniversário da Perestroika:
Leonid Mlechin: Quem, senão Gorbachev?

"Como dizem os marxistas, acaso é a revelação de conformidade. Lembro perfeitamente aquele tempo. O estado da sociedade: tristonho, irritado e o desejo geral de mudanças. Lembro, como até os membros superiores do aparelho partidário, no seu meio, sem rodeios, mandavam as palavrões ao sistema áspero e ligavam as suas esperanças à figura do jovem secretário – geral (do PCUS)":
www.mk.ru/politics/article/
2010/03/10/
445229-leonid-mlechin-kto-esli-ne-gorbachev.html

Resultados e consequências da Perestroica

"No dia 10 de Março de 1985 morreu o secretário – geral do PCUS, Konstantin Chernenko, durante a tarde do mesmo dia, decorreu a reunião do Bureão Político do Comité Central do PCUS, onde foi tomada a decisão do que o partido será encabeçado pelo Mikhail Gorbachev".
rus.ruvr.ru/2010/03/10/5178687.html

Dmitri Furman
"O Processo se iniciou"?

"Em Março deste ano serão comemorados dois aniversários ligados à Perestroica: 25 anos atrás, no dia 11 de Março, Gorbachev foi escolhido como o secretário – geral do Comité Central do PCUS e 20 anos atrás, no dia 15 de Março de 1990 ele foi escolhido como primeiro e último presidente da URSS".

http://www.profile.ru/items/
?item=29842

p.s.
Espero que Sr. José não levará a mal, mas é necessário fazer uma pequena correção à essa frase sua: “Mas, para "consolação" da extrema-esquerda saudosista, posso dizer, com conhecimento de causa, que na URSS havia mais democracia do que, por exemplo, na Coreia do Norte.”

Em 1985 sim, concordo perfeitamente, mas não em 1932-33 (Holodomor) ou em 1935-38 (grandes purgas) e por todos estes GULAGes fora...

Maquiavel disse...

O papel das massas é permitir às elites chegarem ao poder.
As massas säo controláveis, näo pensam independentemente, säo facilmente manipuláveis. Por isso os mesmo que apoiaram Gorbatchyov apoiaram a seguir Yeltsin, depois Putin, agora Madvedev. Direi mais: apoiariam de Ivan a Pedro a Estaline a Yeltsin, se vivessem o suficiente!

O empregador "fazia de conta que pagava ao povo e este fazia de conta que trabalhava. Resumindo, as pessoas entravam cada vez mais na política do desenrasca"
ora bem, esta situaçäo reflecte Portugal 25 anos depois...

Quanto ao comentário habitual do jest, já chega de ucranianos quiserem fazer apenas seu o sofrimento de 1932-33. A fome foi geral, e talvez se tenha sentido mais na RSS ucraniana porque... antes havia lá algo para comer! No resto da URSS a diferença foi pouca!

HAVOC disse...

È perda de tempo reviver o passado!!!

Viva o Putinismo!!!! Viva PUTIN!!!

Forever Putin (who else?) disse...

Olha o Jest ainda por aqui anda e continua laranja. Então, não foi embora com a Julinha?

Jorge Almeida disse...

Jest nas Wielu,

1º) "Espero que Sr. José não levará a mal, mas é necessário fazer uma pequena correção à essa frase sua: “Mas, para "consolação" da extrema-esquerda saudosista, posso dizer, com conhecimento de causa, que na URSS havia mais democracia do que, por exemplo, na Coreia do Norte.”

Em 1985 sim, concordo perfeitamente, mas não em 1932-33 (Holodomor) ou em 1935-38 (grandes purgas) e por todos estes GULAGes fora..."

não sei que raio de democracia iria encontrar numa Coreia que, ao tempo, sofria com a invasão japonesa!?!

2º) "È perda de tempo reviver o passado!!!

Viva o Putinismo!!!! Viva PUTIN!!!"

Alone, como é? Não é este o glorioso passado da URSS?

Ou só dá jeito relembrar a vitória na Grande Guerra Pátria, Gagarine, Laika, Sputnik, etc ...?

Ou já não jeito relembrar esta parte do passado da URSS?

Meg Mamede disse...

Prezado Prof. Milhazes, fico feliz em poder conhecer mais da Russia através do seu blog, ademais de muita informaçao, o texto é acessível e claro. Estive vivendo uns meses em Lisboa e por acaso comprei seu último livro e logo descobri o blog, indiquei-os aos meus amigos historiadores do Brasil. Quem sabe um dia conheço algo desse gigante país. Abs desde Euskadi. Margarete

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Cara Margarete, obrigado pela sua mensagem.

Anónimo disse...

Agora já aparecem aqui brasileiras de Euskadi. Cuidado Professor Milhazes que a Secreta espanhola anda de olho na ETA.

MSantos disse...

Apesar de tudo o que de negativo a espécie humana tem e de ser tendencialmente injusta, uma das coisas que nos podem dar esperança quanto ao nosso futuro é essa grande capacidade para alimentar o ressentimento e revolta contra o que está mal, prova disso é que qualquer totalitarismo por mais bem sucedido que seja ao implementar-se e a sobreviver, acaba sempre por cair às mãos dos cidadãos que subjugou e oprimiu seja por revoluções ou até quando um líder ou conjunto deles se deparam com a sua insustentabilidade.

Cumpts
Manuel Santos

Anónimo disse...

O povo aplaude quem tenha alma e destreza para o manipular.
A história é disso testemunha.
Em Portugal temos à frente do governo um tal Sócrates.
O povo votou nele não pelas suas (in) capacidades em dirigir o país. Mas por se tratar de um demagogo refinado altamente dotado do uso da palavra. Que tem cometido todo o tipo de trafulhices, sai-se sempre bem e os Portugas aplaudem. Entretanto a economia afunda-se e todos os sectores produtivos estão a sufocar.

Portanto tem pouca sustentabilidade defender que o povo apoia. O povo limita-se a aplaudir. Grandes multidões aplaudiram Estaline de seguida Krutchov depois outros. Foi assim com Hitler, com Salazar, Franco, Churchill, Reagan e Bush, mas no dia seguinte fazem-no com o “senhor “ que se segue.


Já aqui o escrevi em tempos “ não se pense que a União Soviética era um paraíso de Kischenev a Providenia” “ mas também não se tratava de um inferno em chamas”.
Qual a diferença entre as prateleiras vazias desse tempo e as carteiras vazias e sem dinheiro para comprar um simples pão hoje?
Ninguém passava fome. Alguém me pode garantir que tal não aconteça neste momento? Pior; hoje morre gente com fome naquilo que foi a URSS.
Não existia analfabetismo. Hoje quantos milhões são já?
Não existiam crianças abandonadas a vaguearem pelas ruas. A UNICEFE fala em milhões.
A esperança media de vida em certas regiões regrediu mais de 20 anos.
Qual a taxa de alcoolismo ? Quantos são já os milhões de miseráveis sem abrigo?
Quantos milhões de idosos vivem abandonados entregues à sua sorte?
Quais são as garantias que os trabalhadores hoje dispõem .
È isto que deve ser posto em causa em primeiro lugar. Fazer a defesa dos mais vulneráveis da sociedade.
Ou será que a degradação social regrediu naquilo que era a URSS, em especial na Rússia? Quais foram os progressos realizados durante a governação Gorbatchov, para tanto alarido em torno da consagração dos princípios que se propunha implementar? Todos os especialistas sérios são inânimes em afirmar que a pressa e a falta de experiência redundaram naquele imenso desastre.
Vamos aceitar que as estruturas estavam caducas. No que foi que melhoraram com as mudanças? Qual foi o ramo sectorial em que qualquer desses países progrediu. Nem a obesa Rússia com a mesa recheada de todo o tipo de matérias primas conseguiu dar um único passo em frente.
Quando o dinheiro jorrava com o alto preço da venda de matérias primas. O que foi que os dirigentes do país fizeram para que a economia se desenvolvesse? Nada absolutamente.
Importaram bens de consumo, alguns necessários e outros supérfluos (luxo e ostentação). Em 2008 a Rússia foi o país da Europa que mais automóveis particulares pôs a circular. Importaram milhões de veículos usados (sucata). No entanto a sua industria automóvel definha de dia para dia.
A AvtoVaz tal como é, tem os dias contados. Embora os malabarismos dos governantes o queiram esconder. Li há poucos dias um artigo de Leonid Kalachnikov um engenheiro especialista desse ramo, que foi um alto quadro do sector nesta e noutras empresas diz isso mesmo.
Quando se fazem criticas ao que estava mal, tem que existir ao mesmo tempo coragem e um mínimo de honestidade para se assumir que as mudanças processadas em nada melhoraram as condições de vida da maioria dessas populações. Pelo contrario, agravaram-nas.
Porque todos os indicadores dos organismos Internacionais apontam nesse sentido. A própria Rússia no IDH já se encontra atrás do Brasil.

Esconder esta realidade não se está a prestar informação. Está-se a desinformar.
Ou as pessoas só merecem o nosso apoio quando estão sujeitas a regimes políticos que nos desagradam?

Anónimo disse...

Jest;
Sabe o que desencadeou as purgas de 1937/38 ? É que se não sabe ou está a tentar esconder algo eu disponho de informação credível para desfazer essas e outras falácias!
Sobre o seu brinquedo preferido que é o Holodomar também disponho de uns dados interessantes de uma historiadora Judia Francesa que deitam por terra essa fantochada.
Quanto aos muitos milhões de vitimas que os fabricantes dessa trapalhada faminologica (Szepticky, Decourtay Lozynsky, Herriot, Blum, Werth e outros). Baseiam os cálculos retirados dos dados demográficos disponíveis na época.
Ora se entre 1929 e 1939 não existiu qualquer censo da população na União Soviética. E é sabido também que em todos os países do mundo, nos períodos de grande progressão industrial (URSS não foi excepção durante esses anos) existe sempre uma forte deslocação das populações dos meios rurais para as cidades. Por qual a razão se está a ignorar este fenómeno?
Portanto estes aldrabões cozinharam os números “fatídicos” a partir do diferencial entre os censos de 1929 e de 1939. Para eles as pessoas que faltavam nas áreas rurais só poderiam ter sido assassinadas, depois não se dando por satisfeitos com a “monstruosidade do genocídio” reduziram tudo ao mínimo de tempo possível e como se o “crime” tivesse sido minuciosamente programado. Começaram com 3 milhões e já lá vão em mais de trinta milhões.
Os fabricantes desta “catástrofe” esqueceram o facto de que o tempo não pode com a mentira e preserva a verdade. Julgavam que poderiam fragmentar a história em capítulos segundo a sua conveniência e assim interromper o fio dos acontecimentos, pensando que os outros agiriam da mesma forma. É sabido que qualquer relato pode ser a prova ou a negação de algo passado e os investigadores sempre tiveram curiosidade em pesquisar isso.
E ainda mais quando os dados não coincidem. Se cada um dos “autores” apresenta a sua versão diferente, com uma disparidade enorme de números. Portanto alguém está a faltar à verdade.
Assim sendo só devemos confiar apenas em especialistas isentos e imparciais.
E mais ainda, não conseguem explicar a razão porque quando terminou a “soudure” terminou a escassez de cereais. Portanto as falhas saltam à vista. Alguém pode acreditar que se decretou a fome para terminar no dia 15 de Julho de 1934?

Se seguisse-mos por o mesmo raciocínio em contabilizar as populações dessa forma , então em Portugal e alguns países da Europa o extermínio das populações rurais tinha sido muito mais desastroso. Cerca de 50% da população rural teria sido dizimada.

Qual foi o decréscimo demográfico na Ucrânia durante esse período? Esses números ainda ninguém foi capaz de apresentar.
Portanto deixem-se de tretas.

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Francisco Lucrecio, se hoje está mau, não significa que ontem estava melhor. Compare a URSS com os países mais desenvolvidos da Europa, mas com estatísticas verdadeiras e não inventadas.
Se tudo não estava assim tão mau, porque é que o sistema ruiu tão depressa?

Jest nas Wielu disse...

2 Maquiavel

O nosso Holodomor foi provocado pela liderança política da URSS, não tinha causas naturais, por isso o recordamos como uma tragédia e um genocídio perpetuado contra a nossa nação.

2 Forever Liliputine 17:38

Como vê, continuo andar por ai e continuo a comer as “laranjas da CIA”.

2 Jorge Almeida

Comparo a URSS de 1935 com a URSS de 1985 e digo: “em 1935 a URSS era um grande campo de concentração e em 1985 a situação dos direitos individuais na URSS já não era assim tão má”. Uwsiyngelili?

2 Todos

A petição “Putin deve ir embora” reuniu 2049 assinaturas em dois dias apesar dos constantes ataques DOS. Assinada pelos (entre outros): Elena Bonner, Lev Ponomaryev, Vladimir Bukovsky, Garri Kasparov, Boris Nemtsov, Geydar Dzhemal.
http://www.putinavotstavku.ru

Jest nas Wielu disse...

2 Francisco Lucrécio

Purgas soviéticas: se sabe de alguma verdade escondida (se calhar as purgas foram executadas pelos nacionalistas ucranianos), então faça o favor de partilhar a sua informação credível connosco.

Holodomor (Holod = fome + mor = morte): também traga a informação da sua historiadora credível, embora anónima e não esqueça do que a negação do Holodomor é um crime na Ucrânia.

Sobre o número de mortos: o remeto para o artigo da Wikipédia, escito pelo historiador português Luís Matos Ribeiro (pessoa credível e não anónima) (http://pt.wikipedia.org/wiki/Holodomor) onde poderá ver o número de mortes causadas pela Grande Fome: “Apesar da existência de estimativas que vão de 1,5 a 10 milhões de vítimas ucranianas, os cálculos mais recentes do historiador Stanislav Kulchytsky, com base em fontes dos arquivos soviéticos, indicam um número entre 3 a 3,5 milhões de mortes.”

Só posso terminar com as palavras do nosso grande poeta nacional Taras Shevchenko: “Leiam, estudem / E aprendem dos estrangeiros / mas não tenham vergonha do que é vosso.” (Poema “Aos mortos, aos vivos, aos não nascidos”, 1845).

HAVOC disse...

Quem disse que a Rússia hoje vai mal? Nunca houve tanta oportunidade de emprego, a classe média está cada dia que passa aumentando, a Rússia está abrindo o seu mercado para empresas estrangeiras...

Porque voces não relatam isso? Será que voces não compreendem que a União Soviética acabou á apenas 19 anos? Nenhum país no mundo conseguiu se adaptar de forma tão rápida á abertura de mercado como a Rússia. O P.I.B ( ou GDP ) vem crescendo 7% desde 1998. Apenas 14% dos russos vivem abaixo da linha de pobreza!!! O desemprego na Rússia hoje está em 7%!!!

Porque vocês não comparam os indices russos com os chineses e indianos???

A Rússia é um gigante, com imensas reservas de petróleo, gás natural, metais e outros, respondendo por 80% das exportações!!! A Rússia é ainda considerada muito boa comparado á outros países como Itália, Grécia e Turquia, no que se refere á longa tradição em educação, ciencia e indústria!!!

O grande problema russo é descentralizar as riquezas em volta de Moscow, e distribuir para todo o território!!!

Vocês sabiam que a área total de terras cultiváveis na Rússia está estimada em 1.237.295 quilometros quadrados, o 4º maior do planeta???

Ao contrário de países como Portugal e vizinhos, a Rússia tem grandes reservas de terras aráveis, para plantação.

E não poderia deixar de citar que a Rússia é uma super-potência energética, com as maiores reservas de gás natural, a 8ª maior reserva de petróleo e possue a 2ª maior reserva de carvão!

A Rússia é o 4º país do planeta que mais gera energia elétrica, com usinas hidrelétricas espalhadas por todo o território.

Se a Rússia não tivesse o seu arsenal nuclear, com certeza seu território não lhe pertencia, pois os abutres do ocidente á anos ambicionam as reservas naturais da Sibéria... Bom para a Rússia, que tem como se proteger!

Ruim para o Brasil, que agora se vê cercado pela 4ª Frota dos EUA navegando pelo Atlântico Sul, e as 6 bases-aéreas que a Colombia cedeu para os Abutres de Washington, para se apossar de tudo aqui!!!

Uma dúvida? O que significa essa palavra que voces usam aí chamada "PURGAS"???

Essa palavra, Purgas, não existe aqui no Brasil... Existe a palavra Pulga, que é um bichinho que provoca coceira.

Se alguem pudesse me explicar, agradeceria!!!

Jest nas Wielu disse...

2 Alone Hunter

Pobreza: até pode ser verdade, que pelas estatísticas russas apenas os x % dos seus cidadãos vivem abaixo da linha da pobreza, verdadeira questão é: qual é a linha da pobreza? Nos EUA os pobres são consideradas as pessoas que ganham 10.000 USD e menos por ano, ou seja 800 USD por mês. Na Rússia isso dava, salvo erro, uns 24.000 rublos. Aí poderíamos contar o número de pobres no país.

Sobre as purgas (que é uma palavra bem portuguesa), apesar de existir outra, que é expurgos, apenas queria sugerir a leitura de livros, livros e mais uma vez livros. Estes são os maiores amigos de homem.

Além disso, poderá ler isso:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Expurgo
http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=529&Itemid=35

p.s.
Se quiseres saber o que significa o GULAG, campo de prisioneiros de Solovki, não tenhas a vergonha, faça as suas perguntas.
http://en.wikipedia.org/wiki/
Solovki_prison_camp

Anónimo disse...

As pulgas são um dos grandes problemas da humanidade.

Anónimo disse...

O PIB DA RÚSSIA ACABA DE CAIR -8% EM 2009.

HAVOC disse...

Obrigado senhor Jest nas Wielu (É persa?)

Obrigado pela resposta senhor Jest ( Da onde vem isso?)

Cada figura...

Anónimo disse...

Ò Jest, toma cuidado não te vá acontecer como ontem a um rapaz de Euskadi a quem só faltou ir acompanhado por alguma arista brasileira.

Anónimo disse...

Senhor JM;
Se a memória não me atraiçoa, já assisti o Senhor a admoestar por mais de uma vez participantes deste seu espaço alertando que estávamos a discutir assuntos da Rússia e por esse facto mesmo O blog se chamava (darussia).
Por distracção, ou de propósito o Senhor quebrou as regras que estabeleceu, em seu favor. Serão ainda resquícios daquilo que aprendeu nos tempos Soviéticos? Não pretendo adiantar tal pressuposto!
O Senhor JM além de não ter respondido à questão que lhe coloquei. Sobre o agravamento das condições sociais da maioria da população na Ex-URSS (pode falar-se em desastre sem exageros é disso mesmo que se trata) não abordei outras áreas que igualmente colopsaram, porque é na vertente social que os inimigos do sistema martelam , fazendo disso o seu cavalo de batalha.

Não só se furtou à que questão que lhe foi colocada e que vinha no seguimento do tema em discussão. Para lançar-me o repto de fazer a comparação da URSS com os países mais desenvolvidos da Europa.
Quais são os graus de desenvolvimento que quer que lhe responda? Qualificação profissional? Cultura? Sistema de ensino? Cuidados de saúde? Protecção na velhice? Direito aos tempos de laser? Direito à habitação? Redes de transportes? Segurança no emprego? São tantas coisas que não sei a qual devo responder-lhe.
Como o Senhor JM já aqui o referiu e não o vou desmentir porque sei que se tratava de uma realidade. Sim; existiam senhas de racionamento para alguns bens. No entanto a lista de regalias sociais que mencionei atrás era garantida a toda a população. Com as mudanças a maioria dessa população perdeu esses direitos garantidos. Para maior desgraça nem as “infames” senhas dispõem para adquirir a comida que precisam. Passam fome!
Esta é realidade nua e crua que os adeptos das mudanças se recusam a aceitar.

Também não defendi que ontem é que era bom. Mantenho e afirmo que as condições de vida da maioria da população pioraram severamente.
Alguém consegue provar-me o contrário?

Anónimo disse...

Quanto à queda do sistema sem qualquer resistência como faz tanto alarde.

Sinceramente considero desonestidade um Professor de História formado pela prestigiada GPU, interpelar um leigo (analfabeto) questionando as causas porque o sistema Soviético ruir.
Sabe muito bem as causas, e não o pode esconder nem usar subterfúgios do tipo “os comunistas acusam a CIA” Ou os “gigantescos orçamentos militares”.
As causas foram muitas e o processo levou alguns anos a amadurecer. E todos os ingredientes juntos usados em simultâneo, no momento certo, proporcionaram o colapso do sistema, com pouca ou nenhuma reacção. Como por exemplo: a estagnação do fim da era Brejnev, falta de uma rede eficaz, na recolha e distribuição dos bens de consumo (parte dos produtos apodreciam no local onde eram produzidos por isso havia excesso de determinado tipo de bens nuns locais e grande escassez noutros). Isso contribuiu para o mercado paralelo que chegou a atingir a mesma dimensão do mercado legal, criando uma rede organizada de corrupção e máfias. Falta de rigor e exigência na qualidade dos processos de fabrico, trabalhava-se para os números.
Foram estas e outras falhas graves que Gorbatchov denunciou, e muito bem. Só que em vez de combate-las no sentido de melhorar a situação. Não o fez. Começou por fazer grandes e eloquentes discursos em louvor a Marx e a Lenine a exigir o retorno aos seus princípios filosóficos e aos ideais da Revolução Bolchevique (tenho um livro com alguns desses discursos) para captar a simpatia do povo.
Depois rodeou-se dessa estirpe malévola, causadora e conectada com a podridão do sistema, dando-lhes poder para actuarem livremente.
Só assim se entendem as razões porque tudo piorou depois da chegada de Gorbatchov ao poder, acercou-se por essa guarda Pretoriana que já minava os subterrâneos do sistema. Inclusivamente conspirando na sombra.
Os mesmos “guardiões” que o protegeram, foram os mesmos que o “assassinaram” depois de consumadas as conquistas.
Foram esses ladrões da era comunista diabolizados por uma certa imprensa ao serviço da direita Internacional e da burguesia. Que hoje, são idolatrados e acarinhados por a mesma imprensa e as mesmas forças.
E o povo esse povo sofredor, humilhado e espoliado. Por quem carpiam rios de lágrimas, foi atirado para a sarjeta do esquecimento.
Nada interessa que agonia e o desespero tivessem aumentado. Se os objectivos pretendidos foram alcançados.
O capitalismo reconquistou o espaço perdido!

Anónimo disse...

Purgas soviéticas: se sabe de alguma verdade escondida (se calhar as purgas foram executadas pelos nacionalistas ucranianos), então faça o favor de partilhar a sua informação credível connosco.


Jest:
Disse muito bem; sei a verdade dos factos, nem está escondida, só os espíritos que vagueiam nas trevas não o querem reconhecer .

As purgas foram tanto efectuadas por nacionalistas Ucranianos como o desastre que a sua Ucrânia está mergulhada foi causado por os Soviéticos. Se o desejar saber tem as causas noutro post que tive o cuidado de muito sucintamente esclarece-lo.
Amanhã respondo-lhe à questão das purgas e à contrição que está a fazer sobre os números do Holodomar,. Mas que grande acto de modéstia para passar a defender “apenas” a cifra de 1, 5 Milhão de mortos. Logo faz como o rapaz que viu uma raposa do tamanho de um elefante, depois já era do tamanho de um cavalo, foi diminuindo até chegar ao ponto de não ter visto qualquer raposa.
Os fabricantes desta algazarra começaram nos 3 milhões chegaram aos 30 M agora já falam em 1,5 M. Se eles próprios não se entendem nas mentiras que hão-de propalar como querem que os outros acreditem?
Fica para depois.
Fiz esta incursão para dizer que não estou esquecido.
Até breve!

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Francisco Lucrécio, se você viveu na União Soviética, teve oportunidade de constatar que os direitos proclamados estavam longe de ser garantidos. Posso-lhe dizer que, nos anos 80, em Portugal, a média de vida já era bem melhor do que na União Soviética. Porque acha que grande parte do país estava fechado à entrada de estrangeiros, por segredos militares? Não, porque só estavam abertas grandes cidades, e nem todas.
Se você fosse a uma aldeia a algumas centenas de quilómetros de Moscovo, iria ver o que vê hoje.
No papel, pode-se escrever tudo, mas a realidade é bem diferente.

HAVOC disse...

O que voces tem que entender e aceitar é que o futuro aponta para Rússia, China, Brasil e Índia...

A Europa Ocidental irá cair, vocês não estão vendo o que está acontecendo com a Grécia??? Será uma reação em cadeia, hoje é Grécia, amanha vai ser a Itália, depois Alemanha,etc...

E os Estados Unidos irão cair também. E o sucessor está do outro lado do Pacífico, trilhando os caminhos para o topo da cadeia!!! Não tem mais como impedir... A América irá cair, e depois os seus aliados fantoches da NATO!!! Vocês não aceitam o fato de que a Ucrania não quer entrar na NATO, pois a NATO está com os dias contados!!!

O futuro, amigos europeus, está em outro lugar!!! Vocês tiveram a sua chance, e desperdiçaram!!! É só acompanhar os noticiários diariamente!!!

Vocês europeus foram vítimas, ao longo dos últimos 60 anos, de uma lavagem cerebral em massa, com campanhas patrocinados pelos americanos, onde de todas as maneiras eles fizeram voces acreditarem que quem não estiver nas rodas da influencia da União Européia e NATO é do mal!!!

Vocês vão aceitar, de uma maneira ou de outra, o surgimento, daqui á 15 anos, das novas superpotencias mundiais, que irão dirigir e comandar o cenário geoestratégico mundial.

A Europa Ocidental não tem mais nada á oferecer á humanidade!

Rod disse...

Excelente texto. confesso que sempre tive uma opinião bastante negativa sobre o Sr. Gorby, mas agora compreendo um pouco melhor as opções que ele tinha e o que efetivamente acabou ocorrendo na URSS.

Anónimo disse...

Caro JM:
É extremamente difícil discutir o tema União Soviética, com quem não se identifica com a luta dos trabalhadores, e excluídos da sociedade, que são a maioria da população mundial ( por razões sobejamente conhecidas o fosso tem vindo a alargar-se nas duas ultimas décadas).
A experiência também nos tem ensinado que aqueles que militaram na área da esquerda, e por qualquer razão mudaram de campo se transformam nos inimigos mais impiedosos dos partidos da classe operária.
Ciente deste anátema politico/teatral, costumo por norma quando confronto os meus inimigos de classe ser sempre o mais explicito possível, não me poupando a esforços em explanar os factos e os acontecimentos em debate, pesquisando todas as opiniões que possa deitar a mão. Isto para justificar o que defendo e porque defendo. Também não me limito e seguir a opinião dominante.
Caro JM: é precisamente por essa mesma razão que costumo alongar-me na resposta às questões que me colocam de índole politico/social. Podia ser mais breve e conciso, se me esforço é pelo respeito à verdade, desejo que seja o mais minuciosamente conhecida.
Por o que atrás referi tenho a plena consciência que o Senhor JM nunca vai dar o braço a torcer, entrincheirou-se no seu reduto e nada o vai desalojar. Mas quero que entenda que ainda existe alguém que mantêm bem vivas as ideias e as esperanças que o Senhor já algum dia abraçou. Digo-lhe mais: de modo algum irei trair as minhas origens.
(Lá vou levar mais uns carimbos de comuna. Não; sou pior, tenho pressa e exijo quando da derrocada da burguesia, a limpeza seja eficaz para que não deixe raízes).

Caro JM: como mais uma vez se esquivou a responder-me, coloco a questão doutro modo.
O que era a União Soviética quando da sua formação no inicio dos anos 20?
Simplesmente um dos países mais atrasados da Europa, nalgumas áreas tinha um atraso de mais de 100 anos, com uma taxa de analfabetismo superior a 98%.
As regalias sociais tal como as conhecemos onde foram implementadas em primeiro lugar?
Na União Soviética! Na restante Europa só depois da II GG.
Em 1970 no seu apogeu a URSS era a Segunda Potência, ao nível de desenvolvimento industrial, tecnológico e cientifico, em alguns sectores ascendeu ao primeiro lugar.
Ora isto por muito que se esforcem os seus detractores não se consegue com analfabetos ou com multidões de escravos famintos.
Isto consegue-se apenas com trabalhadores altamente qualificados e motivados, bons técnicos e grandes cientistas. Com boas infra-estruturas de apoio.
Em 2010 em que condições vive a maioria das populações que faziam parte desse país?
Na mais profunda miséria em condições terceiro-mundistas!
Quem foram os causadores da derrocada do sistema?
Foi o bando de oportunistas que faziam parte do Aparatchik instalados nas mais altas instancias do poder, depois muito aplaudidos e respeitados pela imprensa burguesa quando consumaram o roubo e as pilhagens que levou o país à catástrofe nos anos 90.
É isto precisamente que os apoiantes da burguesia não lhe interessa revelar. Rejeitam admitir que estão conectados com os crimes cometidos.

Anónimo disse...

O Senhor JM tem a coragem e a afronta em dizer-me que os Portugueses nos anos 80 tinham uma média de vida superior aos Soviéticos?
Ou que os direitos proclamados estavam longe de ser garantidos. Não me está a tentar convencer que os organismos Internacionais eram compostos todos por uma cambada de patetas?
A sua ex-camarada Zita Vodka/laranja, não tem melhor desempenho no refinamento da propaganda contra as ideias que defendia com garras e dentes de felino. Hoje quem não concorda com ela é Estalinista. Tal como o “camarada Abel” Durão Barroso actual Presidente da Comissão Europeia, tecia loas a Estaline (pesquise na GOOGLE. pt camarada Abel). Os pinotes que as pessoas são capazes de dar, depois querem ser levados a sério.

Quanto a essa atoarda das cidades interditas.
Eu estive numa dessas cidades que diziam ser interdita a estrangeiros, Gorki. Sabe como se chama hoje? Nizni Novgorod. Andei por todo o lado, ninguém me incomodou. Realmente haviam algumas zonas interditas mas não era só a estrangeiros. Perto do aeroporto e do rio Oká junto do grande parque industrial da AvtGaz,(trabalhavam lá mais de 80 mil pessoas) onde se situavam as fabricas dos aviões MIG e dos tanques, aí não se podia circular.

Já aqui contei este caso. Uma ocasião fomos dar um passeio ao local onde o rio Oká desagua no Volga um sitio chamado Strelka (flecha, seta) um sitio panorâmico. Decidimos ir dar mais uma volta, passa-mos uma ponte rodoviária/ferroviária que dá para Bor e Linda, vimos uns grandes estaleiros à beira do rio, tiramos umas fotos, às tantas apareceu a policia, fomos os quatro presos. Não sabíamos falar Russo mas lá conseguimos dizer que trabalhava-mos na refinaria de Kstovo (25 km abaixo de Gorki). Foram-nos lá levar, trataram-nos com todo o respeito. Falaram com os Italianos, chefes da empresa, explicaram que não podia-mos tirar fotos naquele local porque se tratava de estaleiros onde construíam submarinos atómicos. Nem os rolos das máquinas nos tiraram.
Andei por onde quis, aldeia, vilas, cidades, montes e vales, ninguém me incomodou, Não vi essa miséria que propagandeiam. Também não vi carros de luxo a circular nas estradas, nem grandes mansões como se vê agora.
Portanto se aquilo era um inferno em chamas, quando lá estive em 1988, já as cinzas estavam frias.
Miséria, exclusão social, degradação da vida das pessoas, insegurança nas ruas, esqueletos de fábricas abandonadas, extensas áreas de bons campos agrícolas por cultivar, vejo agora. Tudo isto ao lado do luxo e ostentação de uma minoria de privilegiados.

Como o Caro JM cita no seu comentário “ no papel, pode-se escrever tudo, mas a realidade é bem diferente” Será por esse facto que só aceita como realidade aquilo que se escreve contra os seus ex-camaradas?
Se é assim que pensa tem que admitir que carrega uma parte do demónio dentro do corpo, foi um deles, prestou-lhe serviços, deve parte da sua mobilidade social à União Soviética, e o bom passadio que hoje desfruta consegui-o graças aos comunistas.
Até onde pode chegar a ingratidão!

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Leitor Francisco Lucrécio, eu não defendi, nem defendo que na Rússia actual se vive melhor do que na era soviética. Há pessoas que ganharam e outras que perderam. Eu não sou apoiante, nem simpatizante do actual regime na Rússia, ao contrário de parte da esquerda que tem ideias semelhantes às suas.
Quanto a comparar a União Soviética com a Rússia antes de 1917, tem sentido se se tiver em conta que todos os países europeus evoluíram também. A Rússia pré-revolucionária tinha grandes bolsas de desenvolvimento industrial e agrícola, A Rússia fazia parte do clube das grandes potências europeias e mundiais, mas tinha também enormes áreas de pobreza e subdesenvolvimento.
Esses contrastes, em menor ou maior grau, existiam em todos os países europeus. Muitos deles resolveram esses contrastes sem custos sociais, políticos e económicos gigantes, como aconteceu na URSS.
Um não gosto de analisar a história com "ses", pois trata-se de uma tarefa pouco produtiva, mas faço uma excepção para lhe fazer uma pergunta: Será que a Rússia não seria hoje um país mais rico, desenvolvido e democrático se não tivesse ocorrido a revolução comunista de 1917, mas tivesse ocorrido a revolução democrática de Fevereiro de 1917?
O Francisco Lucrécio acha um pecado, crime, que as pessoas mudem de ideias, citando dois casos já gastos. Acho que poderia citar nomes novos, por exemplo, dos muitos outros militantes e dirigentes do PCP que abandonaram esse partido. Você acha que as pessoas que foram comunistas não podem mudar de ideias. Nestas discussões, recordo-me sempre do ditado: "só os burros não mudam de ideias", sublinhando desde já que não pretendo insultá-lo, mas apenas sublinhar que, durante a vida, as pessoas mudam de ideias, tanto mais quando ela é intensa e elas são pessoas interessadas por problemas sociais, políticos, etc.
Nunca ouvi dizer que alguém tenha nascido já comunista ou socialista, ou fascista...

Jest nas Wielu disse...

2 Alone Hunter
De nada, isso, de certeza, vem de algum lado.

2 Anónimo 22:55
Não se preocupe, estou bastante bem na vida.

2 Francisco Lucrécio
Já ouviu falar sobre a Massacre da Moeda? Os moçambicanos dizem que os portugueses mataram 600 pessoas, os portugueses responsáveis (na séria do Joaquim Furtado “A Guerra”) dizem que morreram “uns” 10. Aqui pode se ler que perderam a vida 14 – 17 pessoas: http://www.macua.org/Quantos_Morreram_em_Mueda.htm Aconteceu apenas em 1960 e há tanta disparidade nos números. O nosso Holodomor aconteceu em 1932-1933 em um país onde a estatística era quase uma “pseudo – ciência” burguesa, à par da cibernética...

Anónimo disse...

Senhor JM.
Todos nós sabemos que as coisas más que aconteceram no espaço ex-Soviético foi culpa dos comunistas, e tudo o que é bom tem sido mérito do capitalismo. Só não conseguem explicar os motivos porque a situação se degrada de ano para ano.
Também não é como diz, que há pessoas que ganharam e pessoas que perderam .A maioria da população perdeu. E quem ganhou foram os bandidos de ontem que são os mesmos de hoje. Mas se ontem eram tiranos e ditadores, hoje são democratas e homens de bem. Porque mudaram de cor politica. Mas os sacrificados continuam a ser os mesmos.


O Senhor JM não tente atirar-me para os braços do PCP, porque eu fui capaz de abandonar esse partido talvez mais de uma década antes de o Senhor o ter feito. Sem ter recebido qualquer favor ou benefícios pessoais dessa organização politica. É aquilo que muitos dos seus inimigos e o Senhor JM não podem dizer.
Se oriento as minhas convicções politicas neste sentido, é porque compreendo que a luta de classes ainda não terminou, pelo contrario está a agudizar-se. Portanto não sou um daqueles visionários que pensam que a historia chegou ao fim e acabou a disputa entre exploradores e explorados..
Por outro lado se defendo o passado e o presente do movimento comunista é porque tenho a consciência que não é esse o inimigo a abater de imediato. Por enquanto é a única força politica mais eficaz no combate as injustiças impostas por o sistema desumano que impera.
Compreendo e não rejeito que toda agente tem a liberdade de fazer as escolhas que entender e quando entender, só não tem é o direito de trair. Mudando de campo com a consciência tranquila como se nada tivesse acontecido nas suas vidas. Fazendo dos inimigos de ontem os amigos de hoje e vice versa.
Quando leio Francois Furet, Conquest, Glucksmann e outros ex-comunistas, encontro em todos razões idênticas para justificar as guinadas ideológicas que efectuaram. Mas em contrapartida nenhum é capaz de explicar os motivos porque aderiram e militaram nesses partidos, por vezes durante muitos anos .
É estranho? Talvez o tivessem feito apenas por necessidade. Querem melhor exemplo que o ex-Estalinista Durão Barroso? Consultem a Google ou a Youtube.

Já agora agradecia que me disponibiliza-se os dados que dispõe sobre o Império Czarista em 1917, e onde se situavam essas tais bolsas de desenvolvimento e o que produziam. Pode começar por a escolaridade que é o melhor barómetro para medir o grau de desenvolvimento de qualquer sociedade. Compare-os depois com os países desenvolvidos, mostre-me estatísticas verdadeiras tal como me recomendou à dias.
Até parece que ignora que nesse tempo ainda se praticava o feudalismo em muitas regiões do Império apesar de ter sido abolido na década de 1860.
Um pais com esse sistema não pode ser desenvolvido. Havia regiões que 1 em cada 500 apenas sabia ler. A maioria dos camponeses ainda se calçavam com botas feitas de casca de árvores.
Enquanto na maioria dos países Europeus a taxa de analfabetismo rondava os 15 a 25 % “apenas”.

Anónimo disse...

Também não deve entrar em contradições, quando me diz que se não tivesse existido a revolução Bolchevique a Rússia hoje era um país mais rico, mais desenvolvido e mais democrático.
Faz favor explique-me as razões porque em 20 anos de capitalismo a situação na Rússia se tem degradado drasticamente colocando já em risco a sua integridade. Quais foram os progressos alcançados no ex-espaço Soviético depois da sua extinção? O que se deve chamar a um sistema politico quando a maioria dos seus cidadãos se recusa a participar nos actos eleitorais? Ainda merece o nome de democracia?
A Rússia de hoje ao contrario daquilo que defendem os simpatizantes do sistema, não é um gigante energético. Tratasse unicamente de uma colónia de matérias primas.
A Rússia não passa de um coito de bandidos. Tenho na minha posse um artigo da Revista Forbes que diz isto. A entrada dos magnatas Russos para a nossa lista em 2009 aumentou quase 100% de 32 para 62.
Em ano de crise profunda as 10 maiores fortunas aumentaram de $75.4 MM para $129.25,MM um recorde invejoso. O Senhor agora tire as ilações que entender já que vive na Rússia, pode muito bem ir a essas aldeias que diz serem miseráveis no tempo da URSS para ver se nota alguma diferença?
Se o Senhor JM por algum motivo está melindrado com o seu ex- partido. Não deve deitar a mão a tudo quanto tem ao alcance para desancar naqueles que com quem partilhou os mesmos ideais e travou as mesmas lutas.
Ou não sabia aquilo que estava a fazer? Eu tive lá de 1976 a 1979, e não me apercebi que se tratasse de qualquer seita secreta. Bastava ler os estatutos.
Agora trocar a leitura de “O Capital” por os discursos de Goebbels é preciso ter um “g´anda” estômago.

Ou mudou de opinião ao ponto de julgar que já vivemos na sociedade perfeita e equilibrada?

Anónimo disse...

Jest:
vamos ter ocasião de discutir-mos todos esses assuntos, recorrendo a fontes mais crediveis que a Wiki.
Porque a maioria da informação daí retirada é mais contrafeita que os produtos fabricados no Bangladesh.
Não o faço por falta de tampo.

Anónimo disse...

Ressalvo; onde digo “coito” devia ter dito couto.
Obrigado

Jest nas Wielu disse...

2 Francisco Lucrecio

Acho que não há necessidade de Francisco desrespeitar o seu compatriota, o historiador português Luís Matos Ribeiro (autor do artigo sobre Holodomor na Wiki portuguesa).

Quando aos fontes, sim, a Wiki não é infalível, mas a sua credibilidade anda na mesma ordem que a Enciclopedia Británica. Além disso, reveja lá, por favor as suas próprias “fontes” – “uma historiadora judia italiana”. Acha que é mais credível que Luís Matos Ribeiro? Eu não acho... Além disso, se quer uma visão judáica sobre o Holodomor, pode ler este artigo do Moises Fishbein, judeu ucraniano, que conhece o Holodomor pelos relatos da sua mãe Sara Fishbein, professora de língua ucraniana.

http://ucrania-mozambique.blogspot.com
/2009/11/visao-judaica-do-holodomor-ucraniano.html

p.s.
Vídeo sobre Holodomor:
http://www.youtube.com/watch?v=VmSc8ZKvDKw