sexta-feira, abril 16, 2010

Contributo para a História (Angola)



Igor Jdarkin escreve nas memórias: "Semelhante coisa não aconteceu nem no Afeganistão": "O facto é que (como já falei atrás)nas tropas angolanas havia muitos traidores. Ou seja, aqueles que transmitiam informação, e da mais fresca, à UNITA.
Por exemplo, na nossa 21ª brigada, o chefe dos serviços operativos (um angolano) era traidor, descobrimos isso em poucas semanas.
Graças a esses traidores, a UNITA e os sul-africanos sabiam praticamente tudo sobre as tropas angolanas, as suas movimentações, armamentos, espírito de combate, intenções, tarefas colocadas, etc. Se a brigada angolana se colocava em posição defensiva, claro que instalava à sua frente campos de minas. Pois é, os mapas desses campos de minas iam parar, muito frequentemente, às mãos do adversário, por isso, os sul-africanos, sem grandes dificuldades,abriam corredores nos campos de minas e atacavam as brigadas angolanas. Mas intrometeram-se os cubanos, instalaram campos de minas, mas transmitiam-lhes outros mapas (falsos).
Os sul-africanos avançavam nas calmas e íam pelos ares. A propósito, os cubanos conseguiram apoderar-se de um filme sul-africano de um combate a 11 de Março: os sul-africanos avançavam em tanques, sentados nos blindados, a tocar gaitas de beiços, muito parecidos aos alemães. E, de súbito, ouviu-se explosão atrás de expolosão e os "tanques voaram" (como se exprimiu Fidel Castro), o operador sul-africano nem sequer teve tempo para desligar a câmara, tudo ficou gravado.
Além dos mapas falsos dos campos de minas, de que já falei antes, os cubanos convenceram-nos a ter, além dos conselheiros soviéticos, cubanos nas brigadas angolanas. E tudo se endireitou".
  

13 comentários:

HAVOC disse...

Enquanto isso na Rússia, os estrategistas planejam criar um parque nacional nas ilhas de Franz Joseph e Novaya Zemlya e várias ilhas vizinhas!

O principal objetivo dessa estratégia é assegurar os interesses russos na região. Ninguem pode reclamar um território com este status!!!

Mais um golpe de mestre dos estrategistas russos!!!

HAVOC disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
aferreira disse...

Biografia a duas vozes .
Perguntas sobre a batalha do Cuíto Cuanaval de Ignacio Ramonet ou Comandante em Chefe Fidel Castro em Biografia a duas vozes.
"-Em 1987, é lançada uma ofensiva militar contra Angola : a África do Sul volta a atacar.
Sim em finais de 1987, tem lugar a ultima grande invasão sul-africana do solo angolano, em circunstâncias que punham em perigo a sobrevivência do novo Estado …. Por essa data, a África do Sul com (apoio politico e militar dos USA)lançaram o último e mais ameaçador golpe contra ums forte concentração de tropas angolanas que avançavam , por terrenos arenosos em direcção à Jamba , no limite sudeste da fronteira de Angola , onde se supunha estar o posto de comando de Jonas Savimbi, chefe da UNITA. Devo dizer que nos tínhamos oposto sempre a tais ofensivas contra a Jamba se cada vez que isso acontecia, não se impedia a África do Sul de intervir à última hora, com a sua moderna aviação, a sua poderosa artilharia e as suas forças blindadas, capazes de infligir consideráveis perdas às forças angolanas. Nós discutíamos a questão com os soviéticos e os angolanos todos os anos «não façam isso, não se metam nessas ofensivas desgastantes, custosas e inúteis. Não contem connosco para essas aventuras.» "

aferreira disse...

2)Pergunta Ramonet.
"Mas o Estado - Maior angolano não tinha seguido a sua recomendação.

Como é que agiram perante a agressão sul-africana?

Refere-se à última ofensiva contra a capital imaginária de Savimbi nos confins do Sudeste de Angola?
Nessa ocasião, uma vez mais repetiu-se a história já conhecida. A ofensiva, na sua parte final, foi duramente atacada pela África do Sul , causando grandes baixas aos angolanos em homens e equipamentos blindados inteiramente novos, fornecidos pelos soviéticos para aquela operação , além do aconselhamento militar. O inimigo, extremamente confiante, avançava em profundidade rumo a Cuíto- Canaval - antigo aeroporto alternativo da NATO, perto da base de Menongue - e preparava-se para desferir um golpe mortal contra Angola. Ali não havia um único cubano, com aliás em ocasiões anteriores , até porque dissemos «não contem connosco.» Perante o desastre que estava em marcha , sem dúvida o maior de todos, no qual não tínhamos a mínima responsabilidade, houve desesperados apelos por parte do governo angolano pedindo-nos apoio.
Imagine em que estado anímico estaríamos nós, perante tais desastres previstos. Como é de supor, bastante desagradados. Mas, desta vez, o risco era muito maior, porque embora a retirada da força que restava estivesse a ser feita de maneira ordenada – uma vez que OS SOLDADOS ANGOLANOS ERAM VALENTES E DISCIPLINADOS -, o moral daquele agrupamento de tropas estava destroçado, os tanques e os blindados de transporte que ainda estavam operacionais encontravam-se a duzentos quilómetros da nossa unidade mais próxima."

Jorge Almeida disse...

Mapas de minas em Angola?

Onde é que eles estão?

Agora, que era necessário, de modo a proceder à retirada dessas minas ...

Pippo disse...

Evidentemente, as melhores unidades das FAPLA eram as enquadradas pelos cubanos, que melhor entendiam o terreno e os homens com quem estavam a lidar. Os soviéticos simplesmente não tinham a mesma "sensibilidade".

Essa não é, contudo, uma característica essencialmente eslava: nos dias de hoje, há uma clara diferença na relação entre norte-americanos e, por exemplo, portugueses, com os soldados estrangeiros que estão a ser alvo de acompanhamento e treino. No Afeganistão, por exemplo, os nossso homens attached à Divisão de Cabul são convidados pelo mullah da Divião a ir à madrassa e à mesquita; os nossos antecessores, norte-americanos, foram basicamente corridos à pedrada. Tudo deriva da diferença e entre abertura de espírito, simpatia e humildade em contraste com a arrogância de quem se considera superior aos demais...

Posto isto, lamento desmentir El Comandante, mas a opinião generalizada relativamente aos soldados angolanos é que eles não eram lá muito valentes, e seguramente não eram disciplinados. Frente aos sul-africanos, as FAPLA frequentemente desapareciam logo após os primeiros tiros. Aliás, a quantidade impressinante de material capturado é reveladora: muitos T-55 foram capturados intactos, pois as tripulações não aguentavam os impactos das granadas de 90mm, disparadas por Elands ou Ratels, granadas essas que só dificilmente penetravam a blindagem do carro de combate.

Enfim, poderia relatar vários outros casos, que me foram contados por testemunhas oculares (não foi certamente esse o caso do Fidel), os quais estabelecem esse baixo padrão para as FAPLA.

Não é politicamente correcto dizê-lo, mas é assim.

aferreira disse...

Sr. Pippo.
-Pode dizer o que lhe vier à cabeça adoçar o rebuçado/pró-racista com entender. Isso em nada alterará o que efectivamente aconteceu em solo Angolano.

aferreira disse...

-Além disso as melhores unidades das Faplas ao contrário de que o Sr.pippo diz. Não eram enquadradas por cubanos; em especial neste género de operações!- Em que o Alto Comando Cubano, se negavam a participar como afirma e reafirma o Comandante em Chefe Fidel Castro.
-além disso não é só Fidel que o diz.
-O próprio Jonas Savimbe, o disse quando fez referência a destruição das melhores brigadas de Elite das faplas … as melhor armadas e as mais combativas, destruídas ou derrotadas a uns escassos quilómetros de Mevinga . -Não fala em Cubanos.

aferreira disse...

- Correcção :
"à destruição das melhores brigadas de Elite das faplas … as melhor armadas e as mais combativas, destruídas ou derrotadas a uns escassos quilómetros de Mevinga, pelo exercito Sul Africano, Batalhão Búfalo e FASA com os seus modernos Mirage F1 .
-Não fala em Cubanos.

Pippo disse...

aferreira:

Quando a adoçar o "rebuçado/pró-racista", já o tinha prevenido contra essas frases-chavão de outros tempos. O conflito não era entre um governo racista e outra anti-racista mas entre um governo anti-comunista e um governo comunista. A inclusão nas SADF de unidades constituídas por negros (bat. 32, 101º, etc.) atesta essa verdade inconveniente. Pode dizer o que entender que isso em nada alterará o que efectivamente aconteceu em solo Angolano.

Quanto às melhores unidades, refere-se a quais? Às 21ª e 25ª? À 59ª? Ou refere-se à 47ª, destruída por um Battle Group das SADF e que deixou 100% dos seus carros de combate no terreno?
Isso é o melhor?

Esta é que é a verdade, quer queira quer não queira.

E já agora, a destruição da 47ª e o flagelamento das restantes brigadas envolvidas na op. "Saudemos Outubro" não envolveu exclusivamente as SADF: Como certamente sabe, estiveram envolvidos na acção uns dois ou três batalhões regulares e uma unidade de comandos da UNITA. Apesar de pior equipados do que as FAPLA, o seu contributo não foi desprezível.

PS - já agora, tal como os Atlas Impala, os "modernos" Mirage F1 da FASA eram tecnológicamente inferiores aos MiG-23 e tinham de voar a rasar a copa das árvores para não serem atingidos pela AA. É que nesta operação, como aliás desde meados dos anos 80, a superioridade aérea encontrava-se do outro lado...

aferreira disse...

-Pode dar as cambalhotas que quiser.
-
-Mas o facto é que se tratava não só da defesa do solo Angolano como também da contribuição para a luta da independência da Namíbia pondo com isto em causa o regime na África do Sul.
-Estas são as minhas palavras, Mas vão de encontro ao que disse:
«Cuito Cuanavale foi a viragem para a luta de libertação do meu continente e do meu povo do flagelo do apartheid»,Nelson Mandela, Cuba, Julho de 1991

Pippo disse...

E o que é que isso tem a ver com as más prestações das FAPLA? Está a tentar desviar o assunto para quê?

Aliás, o regime do apartheid já estava em declínio desde os finais dos anos 70. E só por acaso, onde menos se sentia a segregação era, precisamente, na Namíbia e nas SADF!

Não adianta contrapor factos com propaganda. Dê as voltas que quiser, as FAPLA eram fracas. E é isso que se discute.

João disse...

Tão fracas que ao 25 de Abril de 1974 quase não existiam.