quarta-feira, abril 07, 2010

Instabilidade política regressa à Ásia Central


Ainda há duas semanas atrás, a situação no Quirguistão parecia ser calma e completamente controlada pelo Presidente Kurmambek Bakiev, que proclamou a “democracia consultiva” nesse país da Ásia Central.
Numa reunião para celebrar a vitória da “revolução das túlipas” de 2005, realizada em finais de Março, Bakiev “enterrou” a democracia representativa, considerando que “as eleições há muito que deixaram de ser um processo de competição de programas reais de transformações no sistema de governo e transformaram-se no confronto de máquinas tecnológicas”.
Por isso, o dirigente quirguize decidiu proclamar a “democracia consultiva”, definindo-a como “a inclusão de diferentes grupos sociais nos processos de elaboração e realização da política do Estado”.
A oposição tentou aproveitar essa oportunidade para transmitir as suas exigências: redução dos preços da eletricidade, renúncia às reformas constitucionais que visam reforçar os poderes presidenciais e afastamento de parentes do Presidente Bakiev de altos cargos públicos.
Recentemente, o Presidente Bakiev nomeou o seu filho dirigente da Agência Central para o Desenvolvimento, Investimentos e Inovações do Quirguistão, que controla importantes fluxos financeiros.
O poder respondeu com a detenção de praticamente todos os dirigentes da oposição, o que fez com que estes não pudessem controlar os manifestantes na capital e em várias cidades do país.
Os confrontos, que já provocaram cerca de 10 mortos e dezenas de feridos, bem como sérios prejuízos materiais, tendem a agravar-se.
Entretanto Rússia e Estados Unidos lançaram um apelo ao diálogo, pois a deterioração da situação no Quirguistão pode refletir-se em toda a Ásia Central. Moscovo e Washington possuem nos arredores da capital quirguize bases militares, sendo a base norte-americana fundamental para o apoio logístico às forças da NATO que combatem no Afeganistão.
Estão a ser feitas tentativas de estabelecimento de diálogo entre Bakiev e a oposição, sendo para isso necessário libertar os dirigentes opositores, mas, por enquanto, sem êxito.

14 comentários:

Jorge Almeida disse...

Não lhes bastava estarem na rota de movimentação das drogas cultivadas no Afeganistão que vão parar à Europa Central, a epidemia de SIDA que grassa neste e nos outros países da Ásia Central, o fundamentalismo islâmico que aumenta imenso naquela região, e a tradição de raptar noivas, temos um poder corrupto e despótico.

Que raio de país!

Jorge Almeida disse...

Doutor Milhazes,

em relação a eleições no Quirguistão, veja só isto:

http://www.youtube.com/watch?v=tIO8-WZs47U

Uma proeminente figura política nacional, que, actualmente, arranjou um "tacho" na OSCE, a dizer aquilo ...

Quando se arranjam figuras destas para controlar eleições, que é que se pode esperar?

E isto já foi Presidente da Câmara Municipal de Lisboa! Valha-nos deus!

Anónimo disse...

E "isto" foi o melhor presidente que a CML teve nos últimos 20 anos.

Anónimo disse...

Off topic

Medo do Japão, explica aquisição de porta-helicópteros

Governante russo afirma que pretensões japonesas são razão da compra
07.04.2010

Segundo a imprensa russa, o vice-ministro russo da defesa, Vladimir Popov, terá afirmado que a aquisição por parte da marinha russa de quatro navios porta-helicópteros da classe Mistral à França, são resultado da continua pressão do Japão para reaver as ilhas Curilhas, que foram capturadas pela União Soviética durante a fase final da II guerra mundial, poucos dias antes da rendição do Japão.

As ilhas são disputadas entre japoneses e russos desde o século XVII [1].
As confrontações entre japoneses e russos continuaram com altos ebaixos para os dois lados. Quando a esquadra russa foi esmagada pelos japoneses em Tsushima em 1905, a posição russa ficou muito fragilizada. A situação de fragilidade dos russos, aumentou depois da derrota frente aos alemães, que levou a uma humilhante rendição da Rússia que resultou posteriormente numa guerra civil. Na altura os japoneses aproveitaram para tomar não só posições nas ilhas Curilhas, como também tomaram parte da ilha Sakalina.

No final da II guerra mundial, a União Soviética aproveitou a total decadência do Japão, para retomar a parte sul da ilha Sakalina e para ocupar as ilhas Curilhas.
Até hoje, embora o Japão não reclame nenhuma parte da ilha Sakalina, continua a reclamar da ocupação russa das ilhas Curilhas, que os japoneses consideram como seu território.
O Japão tem vindo continuamente a reclamar a devolução dos territórios ocupados pelos soviéticos na sequência da II guerra mundial, e a questão tem prejudicado as relações entre os dois países desde os anos 50.

O poder naval do Japão, tem vindo a aumentar, chegando ao ponto de a marinha japonesa ser a segunda mais poderosa do Pacífico, logo a seguir à marinha dos Estados Unidos.

Russos preocupados com situação de inferioridade

As preocupações tácticas dos russos compreendem-se pois na actualidade, a situação da esquadra russa no Pacífico é de tremenda inferioridade – não contando com sistemas de armas nucleares, cuja utilização está fora de questão contra uma potência não-nuclear como o Japão.
Os russos, estão numa situação de pré-colapso, com navios absolutamente ultrapassados e obsoletos, de valor militar mínimo, contra marinhas equipadas com sistemas dos mais modernos, como é o caso das marinhas do Japão e da Coreia do Sul, que possuem navios armados com sistemas de combate super sofisticados, construídos à volta dos radares Spy-1 norte-americanos e dos sistema integrado de combate AEGIS.

Mesmo a marinha da China, ainda que tecnologicamente menos avançada, possui navios mais modernos e com maior esperança de vida, além de, por ser uma potência do Pacífico, poder concentrar num único oceano toda a sua força militar naval, possuindo por isso um numero de navios impressionante.

A comparação da esquadra russa do Pacífico com a esquadra japonesa, demonstra uma distanciação em termos de poder militar e tecnológico, que deixa a Rússia numa situação de debilidade absoluta.
Em termos convencionais, a esquadra russa do Pacífico, é neste momento a quinta classificada, depois da esquadra dos Estados Unidos, do Japão, da China e da Coreia do Sul.

Mais... Continua: http://www.areamilitar.net
/noticias/noticias.aspx?NrNot=909

João disse...

O estado de degredo em que caíram o Tajiquistão e o Quirguistão demonstram a ineficácia das organizações regionais, nomeadamente, da Organização de Cooperação de Xangai e da Organização do Tratado de Segurança Colectiva, apesar da cooperação em matéria de segurança, não conseguiram evitar que um dos seus membros voltasse a cair na anarquia. Demonstra igualmente a fraqueza da Rússia em conseguir manter a ordem numa periferia que considera como "sua" [ou "estrangeiro próximo", como gostavam de lhe chamar].

Anónimo disse...

E os EUA vão deixar os Japoneses armarem-se como afirma? Reveja lá isso que escreveu.

Anónimo disse...

Este palácio parece uma cópia do palácio do Itamaraty, projetado pelo Niemayer em Brasília...

PortugueseMan disse...

Medo do Japão, explica aquisição de porta-helicópteros

Governante russo afirma que pretensões japonesas são razão da compra


É uma notícia aberrante e ainda por cima não faz referência qual foi a imprensa russa que referiu isso.

Duvido que alguem tenha feito semelhante afirmação e que a imprensa tenha dito algo do género.

Pippo disse...

O problema destas Repúblicas da AC é que eles obtiveram a independência de forma quase forçada e os dirigentes dos PC locais assumiram a liderança dos países de forma pouco democrática. Daí ao nepotismo (que é o que se verifica em todas as repúblicas turcas da ex-URSS) foi um passo.

A ameaça islâmica no Quirguistão não é muito importante, isto é, é bem inferior ao que se verificou no Uzbequistão e Tajiquistão (onde houve, inlusive, uma guerra civil). Há islamismo militante, é claro, mas não é uma verdadeira ameaça, quer nacional, quer internacional. Os terroristas islamitar quirguizes preferem militar noutros países e não no seu, vá-se lá saber porquê...

Esta instabilidade governativa, mau grado os mortos, que são de lamentar, pode vir a dar bons frutos se se verifcar uma mudança de liderança para indivíduos mais capazes e menos corruptos. Não conheço os líderes da oposição quirguize mas pode-se presumir que entre eles haverá gente de valor.

Por fim, é absurda a afirmação que a Rússia não "controla o seu estrangeiro próximo" pois a influência que exerce sobre o Quirguistão é mínima. O Quirguistão assumiu-se como um "asset" que disponibiliza profundidade estratégica a quem estiver disposto a paga-la, é um país de trânsito, porta de acesso relativamente estável ao Afeganistão e aos hidrocaobonetos da AC, e por isso pode jogar com as pretenções da China, da Rússia e dos EUA neste tabuleiro estratégico.

Anónimo disse...

Oposição quirguiz afirma que Rússia participou de deposição de Bakiyev
Líderes agradeceram papel russo na deposição do presidente; Putin negou participação no ocorrido


Os autoproclamados líderes do Quirguistão agradeceram a Rússia nesta quinta-feira, 8, por terem ajudado a derrubar o presidente Kurmanbek Bakiyev, e afirmaram que pretendem fechar uma base americana que fornece suporte a operações militares no Afeganistão.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, negou que Moscou tenha participado da deposição do presidente na ex-república soviética, a qual a Rússia tem como parte de seu próprio quintal.

No entanto, ele foi o primeiro líder a reconhecer a oposicionista Roza Otunbayeva como líder do Quirguistão, e telefonou para ela assim que ela divulgou que estava no comando do país.

Otunbayeva, ex-ministra de Relações Exteriores, disse que o governo interino controla o país inteiro, exceto as regiões do sul de Osh e Jalalabad, que apoiam Bakiyev, e que possuía o apoio das Forças Armadas e das guardas da fronteira.

Roza afirmou que a situação da economia no Quirguistão é preocupante e precisaria de ajuda estrangeira. Putin teria perguntado a ela como poderia ajudar, segundo a líder.

Base

Um alto oficial da Rússia afirmou nesta quinta-feira, 8, que o presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, não cumpriu uma promessa de fechar uma base militar dos Estados Unidos no país e sugeriu que Moscou iria pressionar o novo governo a cumprir o fechamento.

"Deve haver apenas uma base no Quirguistão - russa", disse a autoridade a repórteres em Praga, em condição de anonimato.

"Bakiyev não cumpriu sua promessa sobre a retirada da base americana", disse oficial, horas depois do presidente Dmitri Medvedev e Barack Obama assinarem novo tratado de não-proliferação nuclear.

Segundo um oficial do novo governo formado no Quirguistão, há uma alta probabilidade de que a base aérea americana no país, que serve as tropas dos EUA no Afeganistão, tenha seu prazo de estadia reduzido.

"A Rússia teve seu papel na saída de Bakiyev", disse Omurbek Tekebayev, um ex-líder da oposição que agora tem obrigações constitucionais no novo governo que afirma ter tirado o presidente Kurmanbek Bakiyev do poder.

"Vocês viram o tamanho da alegria russa quando eles viram a derrubada de Bakiyev", afirmou. "Então agora há uma alta probabilidade de que a duração da presença da base americana no Quirguistão seja reduzida".

Os EUA alugaram a base aérea Manas, que provisiona suprimentos para operações militares no próximo Afeganistão, desde que a guerra neste país começou, em 2001.

No ano passado, Bakiyev afirmou que iria evitar os funcionários americanos da base após ter aceitado um pacote de ajuda da Rússia, mas depois mudou de ideia e permitiu a presença dos americanos.

Dúvida

Os Estados Unidos ainda não se decidiu sobre a legitimidade do autoproclamado governo interino no Quirguistão, disse um oficial americano nesta quinta.

"Nós ainda estamos avaliando o que está acontecendo, então é difícil fazer uma decisão agora sobre quem está no poder (do país)", disse a autoridade, que falou em condição de anonimato.

"Reconhecer um governo interino, lidar com esse governo irá depender do curso das ações deles", afirmou. "Nosso interesse é a restauração de um governo democrático e constitucional".

A fonte também declarou que o ministro de Relalções Exteriores quirguiz, Kadyrbek Sarbayev, se encontrou com um diplomata nos Estados Unidos.

Anónimo disse...

Oposição quirguiz afirma que Rússia participou de deposição de Bakiyev
Líderes agradeceram papel russo na deposição do presidente; Putin negou participação no ocorrido


Os autoproclamados líderes do Quirguistão agradeceram a Rússia nesta quinta-feira, 8, por terem ajudado a derrubar o presidente Kurmanbek Bakiyev, e afirmaram que pretendem fechar uma base americana que fornece suporte a operações militares no Afeganistão.

O primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, negou que Moscou tenha participado da deposição do presidente na ex-república soviética, a qual a Rússia tem como parte de seu próprio quintal.

No entanto, ele foi o primeiro líder a reconhecer a oposicionista Roza Otunbayeva como líder do Quirguistão, e telefonou para ela assim que ela divulgou que estava no comando do país.

Otunbayeva, ex-ministra de Relações Exteriores, disse que o governo interino controla o país inteiro, exceto as regiões do sul de Osh e Jalalabad, que apoiam Bakiyev, e que possuía o apoio das Forças Armadas e das guardas da fronteira.

Roza afirmou que a situação da economia no Quirguistão é preocupante e precisaria de ajuda estrangeira. Putin teria perguntado a ela como poderia ajudar, segundo a líder.

Base

Um alto oficial da Rússia afirmou nesta quinta-feira, 8, que o presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, não cumpriu uma promessa de fechar uma base militar dos Estados Unidos no país e sugeriu que Moscou iria pressionar o novo governo a cumprir o fechamento.

"Deve haver apenas uma base no Quirguistão - russa", disse a autoridade a repórteres em Praga, em condição de anonimato.

"Bakiyev não cumpriu sua promessa sobre a retirada da base americana", disse oficial, horas depois do presidente Dmitri Medvedev e Barack Obama assinarem novo tratado de não-proliferação nuclear.

Segundo um oficial do novo governo formado no Quirguistão, há uma alta probabilidade de que a base aérea americana no país, que serve as tropas dos EUA no Afeganistão, tenha seu prazo de estadia reduzido.

"A Rússia teve seu papel na saída de Bakiyev", disse Omurbek Tekebayev, um ex-líder da oposição que agora tem obrigações constitucionais no novo governo que afirma ter tirado o presidente Kurmanbek Bakiyev do poder.

"Vocês viram o tamanho da alegria russa quando eles viram a derrubada de Bakiyev", afirmou. "Então agora há uma alta probabilidade de que a duração da presença da base americana no Quirguistão seja reduzida".

Os EUA alugaram a base aérea Manas, que provisiona suprimentos para operações militares no próximo Afeganistão, desde que a guerra neste país começou, em 2001.

No ano passado, Bakiyev afirmou que iria evitar os funcionários americanos da base após ter aceitado um pacote de ajuda da Rússia, mas depois mudou de ideia e permitiu a presença dos americanos.

Dúvida

Os Estados Unidos ainda não se decidiu sobre a legitimidade do autoproclamado governo interino no Quirguistão, disse um oficial americano nesta quinta.

"Nós ainda estamos avaliando o que está acontecendo, então é difícil fazer uma decisão agora sobre quem está no poder (do país)", disse a autoridade, que falou em condição de anonimato.

"Reconhecer um governo interino, lidar com esse governo irá depender do curso das ações deles", afirmou. "Nosso interesse é a restauração de um governo democrático e constitucional".

A fonte também declarou que o ministro de Relalções Exteriores quirguiz, Kadyrbek Sarbayev, se encontrou com um diplomata nos Estados Unidos.

Anónimo disse...

E com que direito têm os EUA em imiscuir-se nos assuntos daquela parte do mundo?
Quem lhe passou essa procuração?
Não pretenderão transpor a Porta da Zungária?

PortugueseMan disse...

...Esta instabilidade governativa, mau grado os mortos, que são de lamentar, pode vir a dar bons frutos se se verifcar uma mudança de liderança para indivíduos mais capazes e menos corruptos. Não conheço os líderes da oposição quirguize mas pode-se presumir que entre eles haverá gente de valor...

Caro Pippo,


Como em cima deles recai a pressão dos EUA, Rússia e China, seja quem vá ou fique no governo, terá muitos problemas em lidar com tantos interesses opostos.

Por exemplo se este governo cai, se calhar a oposição que quer subir ao poder, vai possivelmente fechar a base americana, tal como a Rússia/China querem que aconteça.

Mas o fecho desta base dá um rude golpe aos EUA, para poderem andar no Afeganistão.

A Rússia no ano passado deu um empréstimo de 2 biliões e logo a seguir se disse que a base iria fechar, entretanto os EUA mexeram-se e conseguiram manter a base.

Agora se os EUA vêem que têm mais hipóteses com o actual governo, o que será que vão fazer para tentar que o governo não caia?

E não deixo de pensar que isto que aconteceu aqui era o que poderia acontecer na Geórgia. E deve haver mais gente a pensar nas semelhanças...

Pippo disse...

"não deixo de pensar que isto que aconteceu aqui era o que poderia acontecer na Geórgia"

Mas, caro PM, a oposição na Geórgia já está a ameaçar precisamente com isso!
Ainda há dois dias, na muy democrática Geórgia, foram presos mais dois dirigentes oposicionistas, o que aponta a revolução como a única alternativa viável para expulsar Saakashvili do poder.