quarta-feira, abril 21, 2010

Rússia reduz preço do gás à Ucrânia em troca de prolongamento de presença militar no Mar Negro

A Rússia reduzirá em 30% o preço do gás vendido à Ucrânia, um desconto considerado uma compensação pelo prolongamento do prazo de aluguel da base naval russa da Crimeia, que permanecerá nesta região ucraniana até depois de 2017, anunciou nesta quarta-feira o presidente russo Dmitri Medvedev.
"Os nossos parceiros ucranianos terão um desconto no preço do gás que chegará a 100 dólares se o preço (por 1.000 metros cúbicos) for de 330 dólares. Se o preço for inferior, será 30% do preço", disse Medvedev.
O acordo foi anunciado por Medvedev e pelo seu colega ucraniano Victor Ianukovitch na cidade ucraniana de Kharkov. Ianukovitch considerou que o acordo "não tem precedentes".
Ambas as partes assinaram também um acordo para prolongar por mais 25 anos a presença da frota russa do mar Negro no porto de Sebastopol, que expirava em 2017.
À primeira vista, trata-se de um bom negócio para ambas as partes, mas mais para a Ucrânia que espera economizar cerca de 40 mil milhões de dólares em dez anos.
Porém, vamos estar atentos à implicações destes acordos na política interna da Ucrânia. A antiga primeira-ministra, Iúlia Timochenko, já veio dizer que o acordo sobre a Armada do Mar Negro viola a Constituição da Ucrânia e ameaça dar início ao processo de afastamento de Ianukovitch do cargo de Presidente do país.
A NATO reagiu calmamente à notícia, sublinhando tratar-se de um assunto entre os dois países.



43 comentários:

aferreira disse...

-Estou mas interessado na opinião do Povo Ucraniano, que nas atitudes que a srª Iúlia Timochenko,possa vir a tomar.

Jorge Almeida disse...

Para os ucranianos, este acordo já deve ter valido o esforço feito para eleger Ianukovitch.

MSantos disse...

A Rússia, ultimamente, tem dado mostras de ter adquirido capacidade de condução da sua política externa com bom senso e mestria.

Está a ganhar novamente influência e respeito no seu "estrangeiro próximo" em especial nos países que sofreram revoluções coloridas como é o caso da Ucrânia. A sua postura quer com a crise quirguize quer com a tragédia polaca foram irrepreensíveis.

Obviamente o facto dos republicanos nos EUA estarem afastados das decisões principais e as lideranças mais pró-americanas nestes países se sentirem mais desamparadas também contribuiu para esta reaproximação.

Neste momento falta o "espinho" georgiano.

Se se mantiver neste curso e não cometer as tradicionais asneiras de elefante na loja de porcelanas, pode ser que assimile as vantagens do "soft power" para seu benefício e dos restantes países da região.

Cumpts
Manuel Santos

Jorge Almeida disse...

Doutor Milhazes,

1º) eis a mesma notícia, só que com video a acompanhar:

http://pt.euronews.net/2010/04/21/um-acordo-sem-precedentes-entre-kiev-e-moscovo/

2º) O anúncio que Putin fez na Duma já se começou a sentir nos bolsos dos Russos? Ou foi um anúncio "à la Manuel Pinho"?

http://pt.euronews.net/2010/04/20/russia-anuncia-fim-da-recessao/

Caramba! O que faz o preço do petróleo estar alto!

3º) Mais outra do Quirgistão: O vice-primeiro ministro admite usar napalm contra bandidos!

Napalm!?! Porra ...

http://pt.euronews.net/2010/04/21/governo-do-quirguistao-admite-usar-napalm-contra-bandidos/

PortugueseMan disse...

...À primeira vista, trata-se de um bom negócio para ambas as partes, mas mais para a Ucrânia que espera economizar cerca de 40 mil milhões de dólares em dez anos...

O que mostra imediatamente que este negócio, não tem os detalhes todos. Falta algo mais que não é falado agora, devido certamente às implicações políticas internas.

Mas para terem uma redução desta envergadura, o prolongar da base não chega. A Ucrânia vai ter que pagar mais. Agora quando é que se saberá desses "pequenos" pormenores?

A NATO reagiu calmamente à notícia, sublinhando tratar-se de um assunto entre os dois países.

A NATO nada tem a dizer. São países que não pertencem a esta estrutura. O que eventualmente poderiam dizer é que isso é imcompatível com uma proposta de adesão à NATO e isso era o mesmo que dizer que a NATO fechava as portas à UCrânia e ainda era acusada de ingerência nos assuntos do país.

É melhor a NATO não dizer nada mesmo.

HAVOC disse...

Chupa NATO... Chupa que o limão é azedo!!!!

Mais um golpe de mestre dos estrategistas russos!!! Quero ver agora, onde está a moral da srta. Yulia e o ex-presidente da ucrania...Levaram um tiro de KALASHINIKOV na testa!!! Façam as suas malas e vão morar no Capitólio, seus vendidos!!! Seus prostitutos!!!! Queriam vender a Ucrania para o Capitólio... Contra a vontade do sofrido povo ucraniano!!!

A Rússia prova mais uma vez á Europa Ocidental e a Ámérica quem comanda a sua zona de influencia!!!


Que caiam agora os regimes da Georgia, Letonia, Estonia, Lituania, Moldávia...Todos os que cuspiram na cara da Terra-Mãe irão sentir o peso do martelo da justiça!

Todos os países do antigo Pacto de Varsóvio que se venderam para a NATO vão cair!!! Vão sentir o peso da patada do URSO!!!

Vitória para a política-externa russa! Eles estão voltando... Voltando com tudo!!!

THE BEAR IS BACK!!!!!

HAVOC disse...

A Frota da Marinha Russa do Mar Negro vai ficar mais 25 anos, depois mais 50 anos, depois mais 75 anos, e depois mais 100 anos....


A Frota Russa nunca vai sair de Sevastopol!!! NUNCA! NUNCA!!!!!

SEVASTOPOL É TERRITÓRIO RUSSO!!!! E DEPOIS A UCRANIA IRÁ SER UMA OBLAST RUSSA!!!

Anónimo disse...

...e o Jest?

Já pensaram qual vai ser a reação do Jest?

Pippo disse...

Foi um acordo razoável, ainda que caro, mas que permite à Rússia manter uma importantíssima base numa região onde a sua presença é histórica.

Politicamente, também me parece que este foi um excelente golpe por parte de Ianukovitch, que de um penada resolveu um grave problema económico para o seu país.

Concordo plenamente com o MSantos quando este afirma que a Rússia está a demonstrar saber fazer diplomacia. Em poucos meses, de forma suave e não atabalhoada, Moscovo soube estreitar laços com a Ucrânia e a Polónia, e parece estar em vias de conseguir o mesmo com o Quirguistão.

Espero que tudo se traduza numa melhoria das condições de vida para a população da região e no encerramento de disputas sem sentido.

Anónimo disse...

concordo com o portugueseman, a rússia está apenas enganando os ucranianos mais uma vez

Jest nas Wielu disse...

Yulia Timoshenko tem a sua razão, na medida em que a decisão do “não – presidente” ucraniano é inconstitucional, pois o 17° artigo da Constituição da Ucrânia diz claramente: “Não é permitida a presença das bases militares estrangeiras no território da Ucrânia”.

Além disso, a questão da presença da frota russa do Mar Negro na Ucrânia até 2017 foi mencionada nas disposições transitórias da Constituição da Ucrânia, por isso a mudança de condições deve, necessariamente envolver a mudança da Constituição. Mas depois da última decisão do Tribunal Constitucional sobre a legitimidade de formar a maioria parlamentar não através dos grupos parlamentares, mas através dos deputados individuais, ninguém duvida que a decisão sobre a permanência da frota russa na Ucrânia também não será declarada como inconstitucional.

Quo Vadis, Ucrânia?
Sinto ai uma nova Revolução...

PortugueseMan disse...

concordo com o portugueseman, a rússia está apenas enganando os ucranianos mais uma vez

Não é uma questão de a Rússia estar a enganar a Ucrânia, se fôssemos por aí, então Ianukovitch está numa situação bem pior, afinal é ele que está a "vender" aos russos.

Temos que ter em mente as grandes dificuldades económicas que a Ucrânia tem neste momento e não têem grandes margens de manobras para dizer não ao que os russos querem...

O preço a pagar pela a Ucrânia para ter um desconto desta dimensão, implica um grande desgaste político de quem está aos comandos da nação, pois a oposição sabe o preço a pagar e vai usar fortemente esse argumento para desgaste do governo.

Portanto para "adoçar a pílula", penso que as coisas irão saindo a conta-gotas ao longo deste ano.

Há de certeza sectores estratégicos e empresas que vão passar a ser controlados pelos russos.

Uma delas que me vem à mente é a Antonov. De certeza que os russos querem a Antonov no seu controlo dentro da UAC. E se calhar vão conseguir.

Maquiavel disse...

"Aluguel", JM? Lá que escrevas com o AO tudo bem, mas em Portugal (ainda) usamos "Aluguer"...

Pronto, e temos uma situaçäo de duplo ganho!

A outra tronga usa qualquer desculpa para "dar início ao processo de afastamento de Ianukovitch do cargo de Presidente do país", até se o homem espirrar, logo tudo normal. Mas como a NATO diz que está tudo bem, lixou-se...

Anónimo disse...

Alone Hunter, aqui (Brasil) se diz OTAN, e NÃO NATO. DEIXe A ''NATO'' COM OS PORTIGUESES E FALANTES DE INGLÊS.

Unknown disse...

Nascido há 140 anos, Lênin está sendo esquecido pelos russos

Vladimir Ilitch Lênin, fundador da União Soviética para os mais antigos ou apenas uma estátua para os mais jovens, que nasceu há exatos 140 anos, cai cada vez mais no esquecimento e dá espaço a Stalin, símbolo da autoridade do Estado, um tema atual na Rússia há uma década.

Em menos de 20 anos, o número de russos que apontam Lênin como a "personalidade mais notável do mundo" caiu de 72% a 34%, segundo o centro russo independente de pesquisas Levada.

Paralelamente, três vezes mais de rusos (36% contra 12%) dão a Josef Stalin o título de sucessor de Lênin.

"Stalin simboliza as conquistas do império soviético e por isto seduz os russos mais que Lênin, do qual ainda existem mais de 16.500 estátuas na Rússia", explica Denis Volkov, sociólogo do Centro Levada.

A partir de 2000, com a chegada ao poder de Vladimir Putin - que buscava afirmar sua autoridad após os tumultuados anos 1990 - a popularidade de Stalin aumentou, em detrimento de Lênin, cujo corpo embalsamado permanece em mausoléu ao pé do Kremlin.

"A propaganda estatal abandonou Lênin, dando preferência a Stalin, apresentado como um líder mais forte e responsável pela vitória dos soviéticos sobre os nazistas, acontecimento positivo que é, de longe, o mais importante do século passado para os russos", completa o sociólogo.

"Mas a oposição entre os dois tiranos é artificial", ressalta Valeri Jomiakov, diretor geral da ONG Conselho da Estratégia Nacional.

Para ele, "Lênin é o autor do terror vermelho que ordenou execuções e massa e preparou os crimes do stalinismo".

Mas até o fim da União Soviética em 1991, a reputação do pai da revolução bolchevique permaneceu inalterada, ao contrário de Stalin, que teve o culto a sua personalidade denunciado em várias oportunidades após a morte em 1953.

No ensino fundamental, as crianças soviéticas memorizavam poemas sobre o "avô Lênin", exemplo de sobriedade e de altruísmo, sob imagens de quando o líder político ainda era um bebê.

Na universidade, o quebra-cabeça era o eterno enigma do regime, que afirmava que Lênin, falecido em 1924, estava "mais vivo que todos os vivos", ou aprendiam que o exame do cérebro do ditador, cuidadosamente conservado, permitia explicar de "onde vinha sua genialidade".

"A perestroika destronou Lênin", destaca cientista político Gleb Pavlovski.

"A nova Rússia não queria mais que suas origens remontassem à Revolução de 1917 e queria esquecer Lênin", explica.

Revolucionário, antimonarquista, ateu ferrenho e internacionalista, Lênin não mobiliza as massas na Rússia, ao contrário de Stalin, imagem de um Estado nacional forte, segundo Pavlovski, que é ligado ao Kremlin.

"Com a aproximação das eleição presidencial (em 2012), os partidários de Putin (atual primeiro-ministro) cultivarão ainda mais a imagem de Stalin, e a de Lênin vai caindo no esquecimento", prevê Jomiakov.

Se a retirada do corpo da Praça Vermelha e a exumação ainda provoca debates acirrados, Lênin parece ter sido definitivamente enterrado pelos jovens.

"Lênin é uma estátua perto de nosso armazém", escreve Dacha, que está no primeiro ano do curso primário, durante um teste escrito organizado recentemente em uma escola moscovita. Para Tania, é um "homem com um gorro" e para Alexander "um cosmonauta".

Anónimo disse...

Alone, você enganou-se!

No seu caso não é

THE BEAR IS BACK!!!!

é mais:

THE BEER IS BACK!!!!

Cristina disse...

Ainda bem que Lenine está sendo esquecido pelos jovens. A pena é que muitos outros russos não conseguem esquecer os seus ditadores. Morrem uns, vão surgindo outros...

Jest nas Wielu disse...

Ditadores russos / sim, aqueles que exortam o passado de Stalin, fazem isso para justificar o presente do LiliPutin, nada mudou naquele pais.

MSantos disse...

Esquecimento é ignorância e pode ser tão ou mais nocivo do que a veneração.

Devem ter presente o conhecimento. Tudo depende da forma como o encaram.

Cumpts
Manuel Santos

MSantos disse...

"O preço a pagar pela a Ucrânia para ter um desconto desta dimensão, implica um grande desgaste político de quem está aos comandos da nação, pois a oposição sabe o preço a pagar e vai usar fortemente esse argumento para desgaste do governo."

Se a Rússia exigir esse dito pagamento de uma forma imposta, tipo colonial pois fará muito mal.

Irá criar anti-corpos e reactivará todos os ressentimentos históricos que levarão novamente a Ucrânia para o campo oposto.

A Rússia apesar de tudo fazer para manter a Ucrânia na sua esfera de influência, deverá respeitar a sua soberania, olhá-la como um parceiro e também fazer concessões.

À luz dos últimos acontecimentos e da sua actual postura creio ser esta a abordagem correcta e a que está a ser feita.

Cumpts
Manuel Santos

PortugueseMan disse...

Caro MSantos,

...Se a Rússia exigir esse dito pagamento de uma forma imposta, tipo colonial pois fará muito mal...

Eu não vejo isso como uma imposição, mas sim uma troca de interesses/benefícios.

A Ucrânia pede um desconto de 100 dólares no gás, estamos a falar de um enorme desconto e ainda maior pela quantidade de gás que vai ser transacionado a esse preço, pois não estamos a falar de um pequeno país, mas sim um de grandes dimensões e com muita indústria.

O prolongamento da base em troca deste desconto é claramente insuficiente.

Isto não é uma imposição. São negócios. A Rússia não tem nada que perder Biliões de dólares, apenas porque o país não pode pagar preços de mercado. Como tal, pede em troca pelo desconto algo mais.

Agora é fazer as contas e ver o que a Ucrânia possui que possa equivaler ao que a Rússia vai perder por vender a este preço.

E penso que a estrutura de pipelines, siderurgia, estaleiros navais e a Antonov vão ter alterações.

Agora o governo, seja ele qual fôr, (pois independentemente de quem tivesse ganho,não tinha alternativas do que pedir à Rússia um grande desconto de gás), não pode dizer duma assentada o quanto realmente vai custar este desconto, como tal acho que a coisa vai sendo introduzida aos poucos.

Cumprimentos,
PortugueseMan

José Manuel disse...

A Rússia esqueceu-se de Lénine? Nâo,. Antes pelo contrário. Ver aqui:

http://blogs.publico.es/elojopublico/rusia-se-acuerda-de-lenin/900

Jest nas Wielu disse...

Negociata de Kharkiv

Yanukovich pode celebrar a vitória. Ele conseguiu aumentar o pagamento pela permanência da frota do Mar Negro em 40 vezes. Antes disso pagavam (Ucrânia) 100 milhões por ano.

Desta maneira, foram vitimizados os militares, pensionistas, professores, médicos, todos aqueles, que depende do orçamento (de estado) russo. No total durante os dez anos (o tempo de duração do desconto), os milhões de dependentes do orçamento não receberão 40 biliões de USD.

Boris Nemtsov:
http://b-nemtsov.livejournal.com/68193.html

Cristina disse...

José Manuel
As fotografias são de manifestações do Partido Comunista russo, que gosta de ter umas crianças com bivaques e lenços vermelhos ao velho estilo dos "Pioneiros". Estas pessoas são muito pouco representativas na Rússia actual e vão sendo cada vez menos à medida que a velha geração vai desaparecendo. Provavelmente são tantos como os admiradores de Salazar em Portugal.

Cristina disse...

Jest
Julgo que não é só Yanukovich que pode celebrar vitória. A Rússia também pode.
Nesta mudança da linha política ucraniana temos um bom exemplo como uma grande potência (Moscovo)pode recuperar um "aliado perdido" de forma pacífica. Através de "apoio informativo" ao "seu" candidato (Yanukovich) durante a campanha eleitoral nas últimas eleições, financiando agora abertamente a caótica economia após manobras de pressão com o preço do gás, a Rússia conseguiu o que queria: retirar a Ucrânia à influência americana e torná-la "um país amigo". Tendo em conta que metade da população ucraniana desejava uma aproximação a Moscovo,acho que a Rússia agiu de forma inteligente, ganhando mais uma "república" de forma pacífica. Um exemplo para outras potências mundiais. Pelo menos assim evitam-se guerras.

Jest nas Wielu disse...

2 Cristina

A visão citada não é minha, é do Boris Nemtsov. A visão ucraniana, que compartilho bastante pode ser lida aqui:

“Gás, frota e os interesses”,
Por: Viktor Chumak, Web sítio Pravda Ucraniana:
http://pravda.com.ua/articles/
2010/04/22/4957317/

p.s.

Não é só com o “apoio informativo” de todos os media russos, que o Kremlin apoiou Yanukovich, mas também com os fundos. Sobre a influência americana, é mais um papão propagandístico, do que a realidade do terreno. Infelizmente, as posições pró – americanas nunca foram muito fortes entre as nossas elites. Daí o resultado das últimas eleições.

PortugueseMan disse...

Cristina,

Julgo que não é só Yanukovich que pode celebrar vitória. A Rússia também pode.

Se pensarmos bem, só a Rússia pode celebrar a vitória.

Yanukovich conseguiu uma redução de preço é verdade, mas a dura realidade é que isto demonstra que a Ucrânia é incapaz de sobreviver sem apoio. A Ucrânia não consegue viver no mundo actual, porque não tem dinheiro capaz de manter a sua subsistência.

E enquanto forem dependentes de outros, a sua política nunca será independente, nem nunca poderão seguir uma linha contrária a quem lhes dá suporte, ou seja, a Rússia.

Enquanto esta fôr a realidade, não interessa se o governo seja pró ou anti-russo, o governo estará sempre de mãos atadas.

E quando ainda por cima tentam passar para um bloco militar hostil, o resultado já sabem qual é, estão neste momento a sentir os efeitos na pele de decisões dessas.

E o próximo governo, que possivelmente será novamente anti-russo, ficará de novo de mãos atadas e com uma agravante: Da próxima vez já não passará 80% do gás russo para a Europa. A Ucrânia deixa de poder usar este argumento para fazer pressão tanto à Rússia como a Europa.

O futuro cabe aos ucranianos e é bom que reflictam que enquanto não puderem pagar as suas próprias despesas, nunca serão independentes e só para mudar isto, vão precisar de muitos anos.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Já falámos algumas vezes acerca Gazprom que lhe queria mostrar isto:

Saiu a lista da Forbes das 2000 maiores do mundo, onde a Gazprom está em 16º lugar, o que já é um lugar impressionante, mas repare na coluna dos lucros e se tentar ordenar por lucros, vejá lá quem fica em 1º lugar...

Compare com a ExxonMobill:

Vendas Lucro
Gazprom 115 24
ExxonMobil 275 19

Por menos de metade das vendas da ExxonMobil, consegue gerar mais lucro.

Diga-me se vislumbra dificuldades na Gazprom.

http://www.forbes.com/lists/2010/18/global-2000-10_The-Global-2000_Rank.html

Jest nas Wielu disse...

Sobre o Gazprom

O mesmo Nemtsov fala de 60 biliões de USD da dívida do Gazprom:

http://b-nemtsov.livejournal.com/68193.html

Além disso, não se pode esquecer que Gazprom é uma ferramenta nas mãos do governo russo, quanto ExxonMobil é uma companhia privada que dificilmente fará qualquer favor ao governo dos EUA (a não ser que isso seja lhe vantajoso economicamente).

PortugueseMan disse...

quanto ExxonMobil é uma companhia privada que dificilmente fará qualquer favor ao governo dos EUA (a não ser que isso seja lhe vantajoso economicamente)

Correcção: A não ser que isso lhe seja vantajoso.

O "economicamente" está a mais.

MSantos disse...

A Rússia se quiser manter a Ucrânia na sua esfera de influência terá de establecer uma espécie de parceria irmanada com esta e a sua análise não poderá ser exclusivamente focada sob o ponto de vista do negócio. A Rússia deverá estar preparada para fazer concessões e atribuir "vitórias" à Ucrânia, caso contrário não passará de uma relação colonial.

Um exemplo concreto e dado o estado degradado da Armada russa serão os planos de reactivação dos estaleiros navais do Mar de Azov de modo a serem adjudicadas novas unidades para a frota do Mar Negro.

A Rússia fica com uma frota renovada e a Ucrânia reactiva uma indústria que lhe era tradicional.

No caso das petrolíferas norte-americanas bem como muitas multinacionais será ingénuo em as separar das jogadas políticas dado o elevado grau de promiscuidade entre gestores privados e políticos, um dos maiores câncros que está a atingir os países democráticos e que representa uma das maiores ameaças à própria democracia e ao estado de direito.

Cumpts
Manuel Santos

Pippo disse...

Caro MSantos, não sei se será muito vantajoso para a Rússia reactiva a indústria naval ucraniana, a não ser que tais unidades fiquem com 50% (ou mais) de capitais russos.
Tendo em conta o local onde estão (Leste da Ucrânia, com maioria russa ou russófona), o negócio poderia ser politicamente viável. De outro modo, seria estar a dar dinheiro à Ucrânia de mão beijada, sem se saber qual a orientação política do país no futuro.

Melhor negócio seria a deslocalização dessas unidades industriais para Novorossiysk. A Ucrânia seria compensada mas em compensação ver-se-ia livre de um elefante branco.

Em qualquer dos casos, concordo obviamente consigo, isto é, a Rússia não deve tratar a Ucrânia com sobranceria mas sim com respeito e igualdade. Quem sabe se no futuro isso não levará a uma maior união?

Roman disse...

Jest nas Wielu disse...

Ditadores russos / sim, aqueles que exortam o passado de Stalin, fazem isso para justificar o presente do LiliPutin, nada mudou naquele pais.

link 1
link 2 (vídeo)

É por isso que você também não gosta do "LiliPutin"?

MSantos disse...

Pippo

No caso concreto da construção naval, para Moscovo é quase uma necessidade pois os principais estaleiros do país, estão sobrecarregados de trabalho, quer na construção de submarinos nucleares, navios para a armada indiana, e claro o melhor cliente e que paga mais e melhor que é o sector civil nórdico.

Como já foi várias vezes afirmado, a marinha russa de superfície está a entrar em alto nível de decrepitude. A única solução será ou encontrar fornecedores no exterior ou estaleiros adicionais. Aqui a possibilidade ucraniana assenta como uma luva numa situação win-win.

A melhor forma que a Rússia encontrará de manter a Ucrânia na sua esfera de influência será em criar interdependência económica e ser motor do seu desenvolvimento, razão pela qual os "encantados" pensavam que seria a NATO e os EUA a trazerem-lhes no tal plano Marshal que nunca ninguém viu.

Cumpts
Manuel Santos

PortugueseMan disse...

Caros Pippo e MSantos,

...a Rússia não deve tratar a Ucrânia com sobranceria mas sim com respeito e igualdade. Quem sabe se no futuro isso não levará a uma maior união?...

...A melhor forma que a Rússia encontrará de manter a Ucrânia na sua esfera de influência será em criar interdependência económica e ser motor do seu desenvolvimento, razão pela qual os "encantados" pensavam que seria a NATO e os EUA a trazerem-lhes no tal plano Marshal que nunca ninguém viu.

E como se pode pensar em amizade sincera entre países, quando existe uma ligação de dependência?

Está a Ucrânia a escolher as suas amizades? não está. Está a escolher a única via possível para a sua sobrevivência.

Não existe mais nenhum país no mundo que possa fazer o que a Rússia está a fazer à Ucrânia. Nem o Banco Mundial nem o FMI, podem fazer algo semelhante, estas entidades não dão dinheiro, emprestam e nenhum irá subsidiar energia a um país.

A Ucrânia vai continuar a viver num sistema artificial, pois o mundo não está a viver com aqueles preços de energia e a Rússia vai enfiar enormes somas de dinheiro que deveriam estar a ser utilizadas na melhoria da própria Rússia, que como toda a gente sabe, há muita coisa a fazer.

Isto é um sistema artificial que interessa a todas as partes.

A Ucrânia pode respirar, devido ao desconto que lhe foi dado.

A UE respira de alívio, porque não queria que um país destas dimensões rebentasse, sendo ele o país trânsito de 80% do gás russo para a Europa.

A Rússia evitou a entrada da NATO e dilatou o prazo da base à custa de dinheiro.

Só que daqui a poucos anos vamos ter eleições de novo. Vai ganhar os prós russos? se calhar não. Só que entretanto pelo menos o Nord Stream já deverá estar activo o que fará com que a Ucrânia diminua de importância.

E se os novos políticos optarem por se afastar da Rússia? De que serviu todo o dinheiro que a Rússia DEU (não emprestou)?

Esta relação não é de amizade é de amizade forçada. E a linha que divide os que simpatizam com os russos e os que não simpatizam é muito ténue.

Pippo disse...

"E a linha que divide os que simpatizam com os russos e os que não simpatizam é muito ténue"

Acho que essa linha passa mais ou menos pelo meio da Ucrânia :O)

MSantos disse...

Caro PM

Na minha opinião está a fazer uma análise demasiadamente materialista e ver tudo pela óptica do ganhador/perdedor e está a esquecer-se que estamos a falar de povos irmanados e de raízes comuns.

Creio que todos os leitores que vivem nestes países e conhecem os dois povos amíude poderão corrobar a minha afirmação. Bem...quase todos (um abraço, Jest :o)!

Estes factores tal como o são importantes nos relacionamentos entre pessoas também o são entre nações.

Como muito bem referiu ainda há ucranianos que não simpatizam com os russos porque foram dos tais "encantados" ao pensar que ao aderirem ao Ocidente ficariam ricos da noite para o dia. Além dos factores culturais e geográficos da Ucrânia ocidental.

No entanto até para esses "encantados" os últimos anos "ocidentais" deverão ter sido elucidativos.

Resta à Rússia saber acarinhar e respeitar a sua nação irmã.

Resta também à Ucrânia saber aproveitar as benesses que poderão vir de Moscovo para dinamizar e diversificar a sua economia de modo a não ficar dependente dos subsídios no gáz.

Esperemos que a verdadeira parceria se instale apesar das eventuais asneiras russas que poderão vir e das nuvens negras que a política ucraniana já demonstra.

Cumpts
Manuel Santos

Jest nas Wielu disse...

Vejo que a maioria dos comentários assentam quase sempre nos clichés do tipo “sobrevivência”, “amizades”, “rios do dinheiro”, “encantados”. Enfim, análises pouco objectivos, que na Ucrânia geralmente são feitas nas apresentações de história da escola primária, etc.

Proponho vós uma análise mais profissional, que demonstra em pormenor a quantidade destes “rios de dinheiro”, etc.

Gás, frota e os interesses

Por: Viktor Chumak, Pravda Ucraniana

As clausulas do acordo ditam que por 25 anos adicionais de aluguer do território, a Ucrânia receberá o desconto na compra do gás “russo” no valor de 30% do seu custo, mas não superior a 100 dólares, durante a vigência dos contractos actuais.

Situação válida por 10 anos, isso é, até 2019.

Além disso, a Ucrânia é obrigada a comprar em 2010 os 40 biliões de m³ de gás, contra os 33 biliões em 2009. Ao mesmo tempo, a Ucrânia aumenta na mesma grandeza o preço de aluguer dos objectos da frota russa do Mar Negro em Sabastopol.

Pegamos a calculadora e calcularemos.

Em dez anos, o desconto máximo que poderemos conseguir é realmente 40 biliões de dólares, ao mesmo tempo, o preço potencial de aluguer das instalações da frota, vale 3 – 5 biliões de dólares por ano. Significa que falamos sobre os mesmos, 30 – 50 biliões por 10 anos.

Além disso, o que será após 2019? O gás por contratos novos e o aluguer por acordo antigo até 2042?

Consequência para os cidadãos e a economia

Em 2009 a Ucrânia consumiu 53 biliões de m³ de gás, destes, 20 biliões do gás nacional e 33 fornecidos pela Rússia. A população, as empreses públicas e comunais gastaram 23 biliões m³. Significa, que as suas necessidades poderiam ser satisfeitas pela produção nacional, aumentando ligeiramente a produção ou usando os recursos existentes mais efectivamente. E o preço deste gás para a população não iria aumentar.

O resto do gás, é consumido pela indústria química, metalúrgica e de criação de energia. A maioria destas fábricas pertence aos oligarcas ucranianos e não só: Firtash, Ahmetov, Novinski, Yaroslavski, Pinchuk, Taruta, Hayduk, Surkis, Hryhoryshyn. A maioria são representantes ou apoiantes do Partido de Regiões.

Significa isso, que uma decisão discutível, do ponto de vista do interesse nacional, recebeu um apoio lobbista dos interesses comerciais dos principais patrocinadores do Partido de Regiões e da campanha presidencial de Yanukovich.

Em resultado desta decisão, a propriedade estatal, objectos arrendados pela frota russa de Mar Negro trazem benefício não para a sociedade, mas para os seus membros mais ricos. Mesmo o aumento simples do preço de aluguer destes objectos seria mais justo. Pois significaria o ganho para o orçamento de estado, e não para os proprietários selectos.

Além disso, a diminuição do preço de gás só pode dar o efeito positivo para a Ucrânia, criando mais valias na luta concorrencial apenas na perspectiva de curto prazo. Baixo preço de gás, “mata” a motivação dos proprietários em modernizar a produção, escolhendo as tecnologias de baixo consumo energético. O uso contínuo das capacidades produtivas velhas (застарілих) e o aumento das responsabilidades sociais levará à perda de capacidade de ganhar a corrida concorrencial contra as linhas produtivas mais tecnologicamente avançadas.

Fonte:
http://pravda.com.ua/articles/2010/04/22/4957317/

Pippo disse...

Isso está muito bonito, mas se a solução era assim tão clara, ou seja, confiar apenas na produção gazífera nacional, porque é que os anteriores dirigentes tiveram tantas "guerras" com a Rússia acerca do gás? Bastava, pelos visto, aumentar a produção.

Essa análise é ilógica.

Pippo disse...

Ukraine parliamentary vote on Black Sea fleet erupts into fistfight

It is a country riven by bitter division, seething political conflict and furious tempers. Not Britain, but less genteel Ukraine, where parliamentarians today staged one of the most memorable brawls of recent times, involving eggs, fists, smoke bombs and an umbrella used as a shield.

Ukraine's parliament erupted when parliamentarians were asked to vote on a controversial law allowing Russia to continue to use a naval base in Crimea.

Opposition MPs oppose the move by Ukraine's new pro-Russian president, Viktor Yanukovych, describing it as a betrayal. As scuffles broke out, nationalist MPs unfurled the Ukrainian flag.

They then began pelting the speaker, Volodymyr Lytvyn, with eggs. As bodyguards protected him with two umbrellas, Yanukovych's supporters joined in, slapping and punching one hapless MP. Smoke then filled the chamber.

The clashes symbolise the split between Ukraine's Russian-speaking east and south and Ukrainian west and centre. These divisions, though sometimes exaggerated, have worsened since Yanukovych's narrow victory in February's election.

Soon after winning, Yanukovych torpedoed the coalition of his defeated Orange rival, Yulia Tymoshenko, luring MPs away from her government. "Today will go down as a black page in the history of Ukraine and the Ukrainian parliament," Tymoshenko said in parliament.

She vowed to tear up the deal with Russia as soon as she was returned to power. Her party accuses the new government of selling Ukraine's sovereignty – with deputies today shouting "betrayal", "traitor" and "impeachment".

Yanukovych this week agreed to extend the lease to Russia's Black Sea fleet on the Crimean port of Sevastopol for 25 years, until 2042. In return, the Kremlin has given Ukraine a 30% discount on its gas bill.

Despite promising to pursue a foreign policy on many fronts, and eventually EU membership, Yanukovych has swiftly returned Ukraine to Russia's orbit. He has so far made no concessions to the western half of the country.

His pro-western predecessor Viktor Yushchenko had promised to evict Russia from Sevastopol when the original lease expired in 2017. Russia's prime minister, Vladimir Putin – no fan of Ukrainian nationalism – described the egg-throwers as hooligans.

http://www.guardian.co.uk/world/2010/apr/27/ukraine-parliament-fight-eggs


E VIVA O CIVISMO! :O)

Jest nas Wielu disse...

2 Pippo

Gás: solicito que leias o artigo traduzido mais uma vez, assim poderás verificar que o autor faz uma clara distinção entre a) gás consumido pela população, as empreses públicas e comunais = 23 biliões m³ e b) a totalidade do gás consumido no país = 53 biliões de m³.

Fazendo uma simples operação aritmética 53 – 23 = 30 biliões de m³ consumidos pela empresas da indústria química, metalúrgica e de criação de energia, que pertencem aos oligarcas, apoiantes do Partido de Regiões.

Portanto a fórmula “utilizador – pagador” não funcionou aqui, usufrui o grande capital e paga a Nação. Situação nada bonita.

Parlamento: entre 211 deputados presentes, os 236 (Sic!) votaram pelo acordo. Se isso que se chama civismo, então claramente prefiro a Koliyivschyna.

PortugueseMan disse...

Bom Jest,

Nesse caso, o autor deveria ter defendido isso enquanto esteve lá o presidente anterior.

A produção nacional seria para o consumidor com um valor mais justo.

Os restantes 30 Biliões seriam para a indústria a valores de mercado.

Mas claro que o autor nunca iria fazer este raciocínio senão alguém diria que assim iria matar a indústria do "partido das regiões" enfiando mais uns bons milhares senão milhões para o desemprego.

O pais deixaria de produzir, e viveria à custa de subsidios de desemprego e de subsidios de gás que mesmo a preços nacionais a maior parte das famílias não conseguiria pagar.

E claro o autor nem comenta qual a razão da Ucrânia andar a pedir dinheiro ao FMI, porque o governo anterior que penso que não pertencia ao partido das regiões, andava a compensar o preço do gás, o que vai contra o que o autor defende, que seria deixar o preço do gás e a indústria que se lixe, que se modernize.

Um artigo fantástico.

outro anónimo disse...

-40 biliões de USD.-
- Até quando??' Até quando a China decidir que já não faz qualquer diferença - Depois, Kappot!