União Soviética entregou Portugal à social-democracia
política realizada pelo Partido Comunista da União Soviética em relação a Portugal após o 25 de Abril de 1974 levou a entrega do país à social-democracia, escreve Anatoli Tchernaiev, alto funcionário da Secção Internacional do CC do PCUS.
No seu diário “Êxodo Conjunto”, recentemente publicado em Moscovo, Tchernaiev escreve a 13 de maio de 1974: “Até onde chegou o nosso Movimento Comunista Internacional e qual o seu aspeto! Por exemplo: Portugal. Foi derrubado o fascismo depois de um domínio de 50 anos. Foi derrubado pelas Forças Armadas. Começou um verdadeiro “Fevereiro de 1917”. Um enorme acontecimento. Cunhal regressou ao país no dia seguinte e, no aeroporto, foi recebido como Lenine na Estação da Finlândia (Petrogrado). Mas não é disso que quero falar! O dirigente do partido socialista, Soares, ainda não tinha passado uma semana depois do golpe, viajou pelos países da Europa. Encontra-se com os seus amigos da Internacional Socialista na Conferência dos partidos socialistas dos países nórdicos”.
Continua Tchernaiev: “E, em toda a parte, resoluções públicas de apoio a Portugal, promessas de ajuda política e material ao desenvolvimento democrático em Portugal. Não será isto o internacionalismo real à maneira social-democrata? Eles não temem escândalos diplomáticos, não sentem nem sequer incómodo pelas suas ações coletivas. O movimento comunista que tentasse fazer algo semelhante! Se alguém tentasse propor alguma conferência sobre Portugal ou algo semelhante, todos fugiriam em diferentes sentidos”, acrescenta.
A 14 de junho de 1975, Tchernaiev cita uma conversa telefónica entre Edward Geriek, dirigente comunista polaco, com o seu homólogo soviético, Leonid Brejnev, antes de um encontro com Olaf Palme, primeiro ministro sueco e um dos líderes da social-democracia europeia: “sabendo que ia ser abordado o tema de Portugal, eu (Geriek) telefonei uma vez mais do avião para Brejnev. Este disse para eu lhe transmitir que nós (soviéticos) não tencionamos e não iremos ingerir, que travamos os comunistas de Portugal no seu arrebatamento pelas transformações revolucionárias e nas relações com os outros partidos. Não precisamos de qualquer base em Portugal e não tencionamos dedicar-nos a isso”.
A 11 de setembro de 1975, o funcionário soviético escreve que o PCUS enviou a Lisboa um colega seu, Vladimir Zagladin, “para “sugerir” a Cunhal não desviar à esquerda”, parar, talvez mesmo recuar, para reunir forças. A política para chegar ao poder através dos militares falhou”.
Anatoli Tchernaiev escreve a 24 de setembro: 24 de setembro de 1975: “Zagladin chegou de Portugal e França. Foi ouvido durante hora e meia no Bureau Político. Este facto é inédito, mas ainda mais inédito é o facto de termos aceitado a social-democracia para Portugal e, pela boca de Zagladin, dissemos isso a Cunhal”.
Entre as razões para justificar essa decisão, Tchernaiev destaca: “a quase inconsciente divisão de esferas com os americanos (A Checoslováquia é “nossa”, Portugal é “vosso”).
9 comentários:
"...antes de um encontro com Olaf Palme, primeiro ministro sueco e um dos líderes da social-democracia europeia"
Leia-se, a social-democracia de então, responsável pelo grande progresso e desenvolvimento económico da Europa desde o pós-guerra até aos finais dos anos 80 e que não existe mais.
Cumpts
Manuel Santos
A coisa está fedendo na Península Coreana! Todos os caminhos apontam para mais um conflito entre os dois irmãos!
Embora a Força-Aérea, a Marinha e o Exército sul-coreano seja muito mais capaz do que os braços-armados da Coréia do Norte, a Coréia do Sul não possui meios para defender Seul dos ataques com os foguetes que estão apontados para a capital.
Seria algo parecido com o que a Georgia fez na Ossétia do Sul, com aqueles lançadores Graad! Mais multiplicado por 20!!!
Está clara a derrota de Pyongyang, num possível conflito contra Seul, que seria patrocinado pelos Estados Unidos.Mais essa vitória pagaria um preço, que seria a destruição de Seul, e a morte de talvez milhões!!!
E seria uma das piores crises humanitárias da História, pois a Coréia do Sul teria que absorver a Coréia do Norte, e seus milhões de famintos e miseráveis. E também restaria á China arcar com as consequencias de uma guerra que não tem nada á ver com Pequim!!!
As consequencias seriam sentidas por décadas!!!
Não existe mais(aquela social-democracia) porque não existe mais o perigo iminente do comunismo, caro Manuel Santos.
E sobre a política externa soviética:
Nada mais é do que a política externa stalinista.
Usar países com potenciais movimentos revolucionários -- sob influência de partidos comunistas que estavam sob a batuta de Moscou -- como moeda de troca. Para obter poder de barganha frente ao mundo capitalista.
Cunhal era uma figura torpe. Um empregadinho vagabundo e submisso às ordens de Moscou.
Uma vergonha...
Gilberto
Quando constatei esse facto nem me apercebi dessa implicação mas é uma triste realidade, de facto.
Já uma vez referi que o comunismo era como que um bicho-papão que metia certos sectores na ordem.
O mais irónico de tudo é que na prevalência desses mesmos sectores hoje em dia, o comunismo apesar de derrotado e praticamente extinto é ainda apresentado como a principal ameaça.
Mas devido ao extremismo a que levaram o mundo do qual a actual crise económica global é um dos resultados, acredito que ele (comunismo) venha a ressurgir tal e qual o nazismo nos dias de hoje.
Cumpts
Manuel Santos
Até nem seria mau se realmente Portugal fosse entregue à social-democracia, que tal como o MSantos escreveu, foi responsável pelo grande progresso e desenvolvimento económico da Europa desde o pós-guerra até aos finais dos anos 80 e que não existe mais.
Aliás, Vasco Gonçalves enquanto 1.o Ministro referiu que já ficaria contente se Portugal se tornasse nem que fosse numa tímida social-democracia. Foi apelidado de comuna, pois claro.
O verdadeiro "democrata" Mário Soares, entäo, assim que pôde pôs o socialismo na gaveta e aliou-se aos fascistas reciclados do CDS... daí para a frente foi o que se viu. Mas se o povo gosta, é dar-lhe mais!
Muito curioso este texto. Gostei bastante desta perspectiva das coisas.
Ainda bem que valíamos menos que a Checoslováquia.
A Checoslováquia (Polónia, Hungria, etc) só valiam tanto, porque serviam de zona – tampão entre o Ocidente e a URSS. No seu geral, o texto me parece um claro exagero: é claro, que a URSS exercia uma influência absoluta sobre o PCP, mas já nem tanto no meio do MFA.
Portugal não foi entregue a uma social-democracia. Hoje sabemos, na pele, qu enão foi isso. Portugal foi entregue a um conjunto de individuos que tornaram o nosso país no que é hoje: um poço sem fundo, sem ideologia e sem rumo.
Tomara nós que fosse a social democracia...
O PCP perdeu nos bastidores, talvez bem...
O resto já nós sabemos, talvez da pior maneira...
Enviar um comentário