domingo, junho 27, 2010

Governo do Quirguistão procura legitimação no referendo

Os eleitores do Quirguistão votam hoje num referendo destinado a legitimar o governo provisório instalado em abril depois do derrube do presidente Kurmambek Bakiev, mas que poderá transformar o país da Ásia Central numa república parlamentar.

“Queiram ou não, o referendo é necessário para sair deste caos. É possível que haja regiões onde não seja possível realizá-lo. Mas organizaremos muitos lugares onde possa ser realizado”, declarou Rosa Otunbaeva, primeira-ministra do Governo interino quirguize.

As autoridades introduziram alterações na lei eleitoral que permitem, nomeadamente, considerar o referendo válido caso nele participem menos de 50 por cento dos eleitores inscritos.

Caso o “sim vença”, o poder será redistribuído a favor do Parlamento e em detrimento do Presidente, serão marcadas eleições parlamentares para outubro deste ano e presidenciais para o ano seguinte.

Porém, os confrontos entre quirguizes e uzbeques, que começaram em 10 de junho em Och, segunda maior cidade do país, e alastaram rapidamente à região vizinha de Jalal-Abad dando origem a distúrbios, incêndios e pilhagens, levaram alguns políticos a considerarem que não existem condições mínimas para a realização do referendo.

Os distúrbios, cuja autoria as autoridades atribuem aos barões da droga e aos apoiantes do antigo presidente Bakiev, provocaram mais de 250 mortos, quase 1200 feridos e 700 mil refugiados.

Omurbek Suvanaliev, general da polícia quirguize que dirigiu a reposição da ordem em Och, demitiu-se em sinal de protesto contra a realização do referendo.

“Não quero que me obriguem a usar recursos administrativos e a manipular os votos das pessoas que sobreviveram a esse drama horrível”, declarou, sublinhando que a realização do escrutínio poderá provocar “nova onda de violência”.

O Partido Comunista do Quirguistão defende o adiamento do escrutínio e a legalização da nova direção do país através da convocação do Parlamento eleito na época de Kurmambek Bakiev e dissolvido após o levantamento popular de Abril passado, mas esta proposta foi recebida com ceticismo, porque cerca de 80 por cento dos deputados foram eleitos em listas do partido do ex-presidente.

Os adversários do referendo consideram também errado limitar os poderes presidenciais numa situação tão conflituosa.

A comunidade internacional, nomeadamente os Estados Unidos, Rússia e UE, defende a realização do refrendo, pois consideram-no um passo importante para estabilização no país.

2 comentários:

HAVOC disse...

Essas rebeliões não vão acabar! Pode ser que acalme um pouco essa situação, mais durante um breve intervalo de meses!

Depois irá voltar com tudo de volta, irá desestabilizar todo o governo,
milhares irão morrer e irá ocorrer intervenção estrangeira!

Mais não irá receber grande atenção por parte da mídia, porque o Quirguistão não tem petróleo e gas, e fica no centro da Ásia, no meio do Himalaia!

O país então, irá virar uma Somália asiática, sem governo, sem lei, uma terra de bárbaros!

A situação ficará insustentável e o país entra em colapso, com grande parte da população tentando imigrar para os países vizinhos. Estes, irão barrar a entrada de quirguises, montando /em suas fronteiras postos de checagem e trincheiras!

O país então irá sustentar a sua população basicamente com a ajuda internacional, pois o Quirguistão não terá governo reconhecido internacionalmente!

Jorge Almeida disse...

Alone, faço votos para a que a situação não chegue a esse ponto.

Para além disso, não me parece que a China queira uma Somália nas suas fronteiras, para além de ser um país que esteja rapidamente a ficar na orla dos wahabistas, o que deve preocupar ainda mais Pequim.