Os eleitores do Quirguistão votam hoje num referendo destinado a legitimar o governo provisório instalado em abril depois do derrube do presidente Kurmambek Bakiev, mas que poderá transformar o país da Ásia Central numa república parlamentar.
“Queiram ou não, o referendo é necessário para sair deste caos. É possível que haja regiões onde não seja possível realizá-lo. Mas organizaremos muitos lugares onde possa ser realizado”, declarou Rosa Otunbaeva, primeira-ministra do Governo interino quirguize.
As autoridades introduziram alterações na lei eleitoral que permitem, nomeadamente, considerar o referendo válido caso nele participem menos de 50 por cento dos eleitores inscritos.
Caso o “sim vença”, o poder será redistribuído a favor do Parlamento e em detrimento do Presidente, serão marcadas eleições parlamentares para outubro deste ano e presidenciais para o ano seguinte.
Porém, os confrontos entre quirguizes e uzbeques, que começaram em 10 de junho em Och, segunda maior cidade do país, e alastaram rapidamente à região vizinha de Jalal-Abad dando origem a distúrbios, incêndios e pilhagens, levaram alguns políticos a considerarem que não existem condições mínimas para a realização do referendo.
Os distúrbios, cuja autoria as autoridades atribuem aos barões da droga e aos apoiantes do antigo presidente Bakiev, provocaram mais de 250 mortos, quase 1200 feridos e 700 mil refugiados.
Omurbek Suvanaliev, general da polícia quirguize que dirigiu a reposição da ordem em Och, demitiu-se em sinal de protesto contra a realização do referendo.
“Não quero que me obriguem a usar recursos administrativos e a manipular os votos das pessoas que sobreviveram a esse drama horrível”, declarou, sublinhando que a realização do escrutínio poderá provocar “nova onda de violência”.
O Partido Comunista do Quirguistão defende o adiamento do escrutínio e a legalização da nova direção do país através da convocação do Parlamento eleito na época de Kurmambek Bakiev e dissolvido após o levantamento popular de Abril passado, mas esta proposta foi recebida com ceticismo, porque cerca de 80 por cento dos deputados foram eleitos em listas do partido do ex-presidente.
Os adversários do referendo consideram também errado limitar os poderes presidenciais numa situação tão conflituosa.
A comunidade internacional, nomeadamente os Estados Unidos, Rússia e UE, defende a realização do refrendo, pois consideram-no um passo importante para estabilização no país.
2 comentários:
Essas rebeliões não vão acabar! Pode ser que acalme um pouco essa situação, mais durante um breve intervalo de meses!
Depois irá voltar com tudo de volta, irá desestabilizar todo o governo,
milhares irão morrer e irá ocorrer intervenção estrangeira!
Mais não irá receber grande atenção por parte da mídia, porque o Quirguistão não tem petróleo e gas, e fica no centro da Ásia, no meio do Himalaia!
O país então, irá virar uma Somália asiática, sem governo, sem lei, uma terra de bárbaros!
A situação ficará insustentável e o país entra em colapso, com grande parte da população tentando imigrar para os países vizinhos. Estes, irão barrar a entrada de quirguises, montando /em suas fronteiras postos de checagem e trincheiras!
O país então irá sustentar a sua população basicamente com a ajuda internacional, pois o Quirguistão não terá governo reconhecido internacionalmente!
Alone, faço votos para a que a situação não chegue a esse ponto.
Para além disso, não me parece que a China queira uma Somália nas suas fronteiras, para além de ser um país que esteja rapidamente a ficar na orla dos wahabistas, o que deve preocupar ainda mais Pequim.
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