terça-feira, agosto 17, 2010

Rússia reconfigura relações com a Ásia Central

O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, vai encontrar-se, na próxima quarta-feira, em Sotchi, com os seus homólogos afegão Hamid Karzai, paquistanês Asif Ali Zardari e tadjique Emomali Rakhmon.
Segundo o centro de imprensa do Kremlin, Medvedev irá também ter encontros bilaterais com os dirigentes dos três países.
O diário Vremia Novostei considera que o encontro a quatro ajudará a Rússia a reconfigurar as suas relações com a Ásia Central.
O jornal sublinha que a próxima cimeira, a segunda depois da que teve lugar em Julho de 2009 em Duchambé, seria inconcebível há cinco ou dez anos. As relações de Moscovo com Islamabad eram historicamente dificultadas pela cooperação estratégica entre a Índia e a Rússia; a memória da invasão soviética de 1979 complicava ainda a participação da Rússia no atual processo de normalização no Afeganistão e a amizade com o Tadjiquistão era posto continuamente à prova devido às vacilações conjunturais de Rakhmon entre a Rússia e o Ocidente.
Porém, a situação geoestratégica mudou significativamente nos últimos anos. A Administração de George W. Bush conseguiu fazer da Índia o principal aliado da política norte-americana no Sul da Ásia, o que enfraqueceu os laços entre Nova Deli e Moscovo e levou a diplomacia paquistanesa a “reiniciar” a relação com a Rússia.
Os ânimos anti-americanos no Afeganistão aumentam e a intervenção armada da coligação liderada pelos Estados Unidos encontra-se num beco sem saída. Por isso, Cabul vê como tarefa prioritária restabelecer as relações com Moscovo sem olhar para o passado recente.
Emomali Rakhmon não tem alternativa ao fomento dos laços com a Rússia, porque o Ocidente, não obstante todo o interesse nos recursos energéticos da Ásia Central e o desejo de marginalizar a Rússia, não está disposto a tratar como “amigos” os dirigentes autoritários dessa região.
O incipiente formato quadrilateral vislumbra-se como o arquetipo de uma nova aliança baseada na cooperação pragmática, livre de critérios políticos e ideológicos.
Natália Zamaraieva, perita do Instituto de Estudos Orientais da Rússia, defende que a questão central na agenda da cimeira será a assistência financeira ao Paquistão, onde as inundações provocaram milhões de deslocados. Moscovo poderá anunciar a doação de significativa ajuda a Islamabad.
Além disso, a Rússia pretende participar na solução de vários problemas comuns ao Afeganistão, Paquistão e Tadjiquistão, em particular, a falta de recursos energéticos e água potável, a necessidade de unificar infraestruturas para criar novos corredores de transportes. Por exemplo, Moscovo está interessada na contrução de vias féreas e estradas que liguem Islamabad ao Vale de Fergana e Duchambé, através de Cabul.

2 comentários:

Anónimo disse...

São coisas que se explicam um pouco melhor consultando isto;


www.voltairenet.org/article165970.html

Ou isto; www.voltairenet.org/article164900.html


Talvez aqui também;

www.voltaire.org

Nada existe do acaso, tudo tem uma origem, temos é que saber procurá-la.

PortugueseMan disse...

...A Administração de George W. Bush conseguiu fazer da Índia o principal aliado da política norte-americana no Sul da Ásia, o que enfraqueceu os laços entre Nova Deli e Moscovo e levou a diplomacia paquistanesa a “reiniciar” a relação com a Rússia...

Hum...

Seria interessante ver o que consideram de tão importante, para considerar que a Índia é o principal aliado.

E que laços foram enfraquecidos entre Moscovo e Nova Deli.

Os laços não foram enfraquecidos, agora a posição negocial da India foi reforçada, porque a India é essencial para o equilibrar da balança com a China e isso é de todo o interesse dos EUA, além de quererem vender armamento a um excelente comprador de armas.

E Bush não fez a India o seu principal aliado, Bush fê-lo com o Paquistão, devido às necessidades para chegar ao Afeganistão. Depois Bush cometeu um erro enorme. Bush não queria vender armas ao Paquistão, apesar de dizer que era seu aliado e foi a correr oferecer armas à India. Asneira. A partir daqui a frágil aliança para gerir o Afeganistão ficou seriamente comprometida. Quem tudo quer tudo perde. Bush não podia chamar de aliado ao Paquistão e de seguida ir namorar a India.

Os resultados estão à vista.