Texto traduzido e enviado pela leitora Cristina Mestre:
"Há umas semanas, a blogosfera russa ficou chocada com uma história passada em Vladivostok, envolvendo uma mãe solteira a quem tinham diagnosticado cancro na mama. A lista de espera para uma operação era tão longa que a mãe decidiu tomar o destino nas suas mãos. Tendo tido quatro anos de formação médica, administrou a si própria um anestésico, pegou num bisturi e extraiu o tumor. A operação foi realizada na sua sala de estar, com as duas filhas fechadas na cozinha.
Por mais bárbaro que o caso seja, ele reflecte uma notável mudança na mentalidade russa. Os russos estão a abandonar a crença errada, com raízes no paternalismo soviético, de que o governo é responsável pela resolução dos seus problemas. Agora, estão a resolver os assuntos por si próprios.
Por exemplo, na sequência dos incêndios deste Verão, apareceu no LiveJournal a comunidade online pozar_ru. Com o auxílio deste site, voluntários continuam, até hoje, a organizar grupos que se deslocam para apagar os fogos e a coordenar a recolha e a distribuição de assistência às vítimas.
Na semana passada, a Internet ajudou outras vítimas de forma diferente. Um site local em Riazan relatou que dois camiões com ajuda humanitária enviados de Novossibirsk, tendo chegado à cidade de Chatsk foram imediatamente enviados para a lixeira por burocratas locais. Quando os meios de comunicação souberam da notícia, as autoridades foram forçadas a tomar medidas, incluindo o despedimento do funcionário público responsável pelo auxílio às vítimas dos incêndios.
Hoje em dia, na Rússia, a Internet tornou-se num vigilante colectivo que está a forçar os burocratas a mexerem-se mais depressa do que estavam habituados. E não é só nos burocratas que o impacto se faz sentir, é também na Polícia.
No dia 1 de Setembro, na estrada entre Iekaterinburg e Tiumen, um grupo de indivíduos saiu dos seus carros e atacou outra viatura. Os suspeitos partiram os vidros com tacos de baseball e dispararam balas de borracha contra o pára-brisas. A Polícia não conseguia encontrar os suspeitos. De acordo com a versão oficial, as viaturas dos atacantes não tinham chapas de matrícula, e uma busca nas aldeias circundantes não deu resultados.
"Leste a versão da Polícia?", perguntou o utilizador do LiveJournal pilgrim_67. "Três rapazes de uma aldeia ostentando correntes de ouro estavam cansados de acarretar estrume. Então, correram para os seus "humildes carros de aldeia" (um Audi, um Volkswagen e um Opel) e fizeram-se à estrada. Depois, foram contra um transeunte e voltaram à aldeia, para carregar estrume outra vez".
O blogger ficou furioso com a incapacidade (ou falta de desejo) da Polícia de encontrar os suspeitos. Então, pilgrim_67 decidiu ele próprio investigar.
Uns quantos cliques no Google deram algumas pistas. Nesse dia, dois condutores tinham avistado carros que pareciam corresponder à descrição das viaturas dos atacantes. Estes carros tinham violado inúmeras regras de trânsito. Alguém chegou mesmo a fotografar os carros, tendo publicado a fotografia na Internet. Nessa foto, era possível ver claramente a chapa de matrícula de um dos carros, a mesma que, na versão do inspector de trânsito, não existia.
Com a matrícula, não foi difícil descobrir a identidade de pelo menos um dos condutores. Ao fim do segundo dia de trabalho como detective privado, pilgrim_67 tinha já publicado as suas fotografias. Acabou por se saber que o indivíduo era o filho de um oligarca menor, deputado local e membro do partido Rússia Unida.
Talvez isto explique a razão pela qual a Polícia, que teve o seu trabalho feito pelo blogger, não fez nada. No entanto, por esta altura, o blog de pilgrim_67 tinha sido lido na cidade de Bogdanovichi, nos Urais, onde a vítima vivia. Os homens nos Urais são muito diferentes dos seus indulgentes compatriotas das grandes cidades. Um grupo reuniu-se e deslocou-se (com tacos de baseball na mão) à morada do suspeito. A Polícia teve dificuldade em convencê-los a voltarem para casa. Para evitar um bando de linchamento, a Polícia teve que deter um dos suspeitos, que mandou em liberdade sob fiança no dia seguinte.
Tal foi provavelmente um erro. Para manter os suspeitos vivos e de boa saúde, a Polícia deveria tê-los prendido. Na era da informação, estas pessoas podem fugir mas não se podem esconder. O Big Brother do século XXI, mais conhecido por Internet, está atento.
Artigo original: http://www.themoscowtimes.com/opinion/article/the-new-cyber-watchdog/414784.html "
22 comentários:
"Os russos estão a abandonar a crença errada, com raízes no paternalismo soviético, de que o governo é responsável pela resolução dos seus problemas. Agora, estão a resolver os assuntos por si próprios."
Isso é crucial para que um povo se torne realmente livre. Fico feliz. Espero que aqui no Brasil passemos a pensar assim tb.
Este artigo chama a atenção para a questão fundamental subjacente à maior parte dos problemas actuais da Rússia: o grande cancro da sociedade deste país é o estado. O estado é gerido por uma organização criminosa que produz incentivos à promoção profissional dos piores indivíduos da população, colocando-os em posições-chave. Para a administração pública, tribunais e polícia vão muito mais facilmente as pessoas que não têm o menor escrúpulo em matéria de subornos, intimidação, agressão, falsidade e roubo. E até assassínio. As pessoas honestas são sistematicamente afastadas de qualquer influência na sociedade. As que se insurgem contra as injustiças do sistema são intimidadas, marginalizadas, despedidas ou pior.
E este é o exemplo que fica para a população. O cidadão comum olha para cima e conclui que se o estado rouba, ele também tem autoridade moral para roubar. E o cancro alastra até às bases da pirâmide social.
Mas o artigo mostra também que existem milhões de russos com verdadeira consciência cívica, activos, que se tivessem uma oportunidade de assumir posições influentes tornariam a Rússia num país infinitamente melhor. Infelizmente, enquanto a trituradora de pessoas que conhecemos estiver entrincheirada no poder, não há grande coisa a fazer.
António Campos
Doutor Milhazes,
parece que houve, hoje, um atentado bombista em Vladikavkaz, capital da Ossétia do Norte:
http://pt.euronews.net/2010/09/09/atentado-terrorista-faz-varios-mortos-/
Pode-nos adiantar algo sobre o assunto?
"Agora, estão a resolver os assuntos por si próprios."
Gaita, que foram precisos 20 anos para perceberem? Ainda säo piores que os portugueses?
Assim sendo, lá para 2100 a Rússia entra nos eixos...
verdade é coisa que não existe nesse maldito país
António Campos:
é o que está a ocorrer em Portugal
"o grande cancro da sociedade deste país é o estado"
Errado!
O problema não é o estado mas a má utilização que fazem dele.
Apesar de relatar UM caso de nepotismo, o objecto do presente artigo, claramente, não é o de expor a corrupção no seio do Estado russo.
Como facilmente se constata - e daí advém o seu interesse - o artigo relata uma nova realidade, comum a grande parte do Mundo, que é a capacidade que o normal cidadão, com livre acesso aos Média, adquiriu para intervir na sociedade, veicular informações, denunciar determinadas situações e influenciar os seus congéneres e o poder político. E isto é comum a todos os países onde o acesso à internet é livre e onde impera o livre pensamento.
Ora isso leva-nos a reflectir sobre a realidade russa onde, ao contrário do que é “vox populi”, o Poder também está sujeito ao escrutínio dos cidadãos, que pensam e agem, seja à revelia do Estado, seja em seu complemento. A tomada de uma voz activa na condução da Polis, ou seja, o acto de tomar a política nas suas mãos, é a mais completa revelação da verdadeira Democracia, na qual o cidadão, em lugar de se alhear e delegar o Poder em indivíduos obscuros, exerce os seus direitos e DEVERES de cidadania.
A intervenção dos cidadão na esfera pública, em complemento do Estado, já é comum nos países ocidentais, onde pululam as ONG que intervêm em todos os níveis da sociedade, quer ao nível da assistência aos mais desfavorecidos quer ao nível da educação, ATL, limpezas de matas, etc..
Por outro lado, a intervenção dos cidadãos na política a fim de mudar os comportamentos e os “tiques” despóticos da classe política tem-se revelado, frequentemente, infrutífera. Demonstração disso foi o resultado (nulo) da acção dos cidadãos portugueses para mudar o número de deputados da AR, ou a tomada de consciência, por parte dos cidadãos europeus, dos constantes abusos por parte das cúpulas do Poder, que se revezam nos cargos, que se auto-promovem, e que constroem, para si, verdadeiras “torres de marfim” que provocam desníveis notáveis relativamente aos demais membros da sociedade. O alerta para estes comportamentos escandalosos tem alterado em alguma coisa os comportamentos de quem nos governa? Tem ditado demissões, como frequentemente alguns requerem, neste blogue, para certos e determinados políticos russos? Não. E contudo, supostamente, na Europa Ocidental vive-se em liberdade e democracia, onde deveria haver responsabilização de quem exerce o poder.
Será que a intervenção dos cidadãos indica a falência ou corrupção do Estado? Claro que não. Mas indica, certamente, que os cidadãos não se conformam, não pretendem ser meros espectadores, agentes passivos, mas tomam o destino nas suas mãos.
Nesse campo, parece-me que os russos estão em franca evolução, o que não é surpreendente se tivermos em consideração que o povo russo tem um nível cultural que não fica atrás da maioria dos restantes europeus.
Apesar de relatar UM caso de nepotismo, o objecto do presente artigo, claramente, não é o de expor a corrupção no seio do Estado russo.
Como facilmente se constata - e daí advém o seu interesse - o artigo relata uma nova realidade, comum a grande parte do Mundo, que é a capacidade que o normal cidadão, com livre acesso aos Média, adquiriu para intervir na sociedade, veicular informações, denunciar determinadas situações e influenciar os seus congéneres e o poder político. E isto é comum a todos os países onde o acesso à internet é livre e onde impera o livre pensamento.
Ora isso leva-nos a reflectir sobre a realidade russa onde, ao contrário do que é “vox populi”, o Poder também está sujeito ao escrutínio dos cidadãos, que pensam e agem, seja à revelia do Estado, seja em seu complemento. A tomada de uma voz activa na condução da Polis, ou seja, o acto de tomar a política nas suas mãos, é a mais completa revelação da verdadeira Democracia, na qual o cidadão, em lugar de se alhear e delegar o Poder em indivíduos obscuros, exerce os seus direitos e DEVERES de cidadania.
(cont.)
(cont.)
A intervenção dos cidadão na esfera pública, em complemento do Estado, já é comum nos países ocidentais, onde pululam as ONG que intervêm em todos os níveis da sociedade, quer ao nível da assistência aos mais desfavorecidos quer ao nível da educação, ATL, limpezas de matas, etc..
Por outro lado, a intervenção dos cidadãos na política a fim de mudar os comportamentos e os “tiques” despóticos da classe política tem-se revelado, frequentemente, infrutífera. Demonstração disso foi o resultado (nulo) da acção dos cidadãos portugueses para mudar o número de deputados da AR, ou a tomada de consciência, por parte dos cidadãos europeus, dos constantes abusos por parte das cúpulas do Poder, que se revezam nos cargos, que se auto-promovem, e que constroem, para si, verdadeiras “torres de marfim” que provocam desníveis notáveis relativamente aos demais membros da sociedade. O alerta para estes comportamentos escandalosos tem alterado em alguma coisa os comportamentos de quem nos governa? Tem ditado demissões, como frequentemente alguns requerem, neste blogue, para certos e determinados políticos russos? Não. E contudo, supostamente, na Europa Ocidental vive-se em liberdade e democracia, onde deveria haver responsabilização de quem exerce o poder.
Será que a intervenção dos cidadãos indica a falência ou corrupção do Estado? Claro que não. Mas indica, certamente, que os cidadãos não se conformam, não pretendem ser meros espectadores, agentes passivos, mas tomam o destino nas suas mãos.
Nesse campo, parece-me que os russos estão em franca evolução, o que não é surpreendente se tivermos em consideração que o povo russo tem um nível cultural que não fica atrás da maioria dos restantes europeus.
esta mulher tinha tumor para remover, porque a nova moda é removerem a mamam sem haver tumor
Está boa…e eu que achava, na minha infinita inocência, que o estado e as suas instituições, tais como a policia, os tribunais, o sistema de saúde pública, as autoridades fiscais, os bombeiros, as autoridades sanitárias e de segurança no trabalho e por aí adiante, deveriam servir para alguma coisa para lá de serem um sorvedouro de dinheiro, tanto pela via dos impostos como dos subornos ou da extorsão. Se só servirem para isso mesmo, não vale a pena existirem.
Sendo este um país onde a população tem mais medo da polícia do que dos gatunos, onde uma mulher atropela mortalmente duas compatriotas por negligência criminosa e safa-se devido a contactos políticos, onde uma testemunha-chave do maior caso de raiderstvo e fraude fiscal da história é deixada morrer na prisão por abandono deliberado, onde nunca um assassino de jornalistas ou activistas de direitos humanos foi apanhado e punido, onde uma firma de contabilidade internacional é pressionada a alterar os seus pareceres para que o estado possa formular uma acusação judicial com fins políticos e onde uma mulher tem que se auto-mutilar para evitar a morte por cancro pela ineficiência do sistema de saúde, interpretar o artigo como não mais do que o retrato de uma saudável intervenção cívica é uma corrupção insultuosa da realidade.
Não foi à toa que o autor iniciou a peça com um episódio profundamente chocante para qualquer cidadão de um pais civilizado, e não com uma qualquer história sobre problemas na recolha municipal de lixo ou excesso de deputados. A história foi escolhida a dedo exactamente para ilustrar as profundezas da degradação a que os cidadãos russos têm que descer para sobreviverem num país onde o estado nutre a mais abjecta indiferença por eles. E foi também para deixar claro que os cidadãos tão tiveram outro remédio senão recorrerem a outros meios para se protegerem do estado. Para sobreviverem APESAR dos crimes que o estado contra eles comete todos os dias.
É revoltante formular comparações com países ocidentais, e mesmo com Portugal, onde as coisas nem funcionam muito bem, segundo padrões de países desenvolvidos. Que o digam os russos que cá vivem e que conhecem ambas as realidades. Toda a gente sabe que em todo o lado ocorrem casos de corrupção, ineficiência e uso abusivo de fundos públicos. Toda a gente se queixa, toda a gente protesta. Até os franceses, que vivem num dos estados sociais mais evoluídos do mundo, que faz os americanos empalidecerem de vergonha, não param de sair à rua a protestar por tudo e por nada. Mas usar estes argumentos para estabelecer paralelos entre os defeitos das instituições europeias e o deboche criminoso oficial que os russos têm que suportar, com o objectivo de neutralizar a crítica, é um relativismo moral que dá a volta à tripa a qualquer pessoa com um pingo de honestidade.
António Campos
Mais uma vez, caro Antº, não só vc interpreta os factos à sua luz como ainda tem a lata de afirmar que quem não concorda consigo é desonesto, etc. Esse tipo de discurso dicotomista já está muito usado e só engana os camelos.
O artigo é evidente e o seu título ainda o é mais. E se tem dúvidas, reaprenda a ler e leia este excerto do artigo: "Os russos estão a abandonar a crença errada, com raízes no paternalismo soviético, de que o governo é responsável pela resolução dos seus problemas. Agora, estão a resolver os assuntos por si próprios."
Isto é EXACTAMENTE o mesmo que se está a passar no Ocidente, quer isso lhe agrade ou não.
Quanto às suas interpretações ideológicas da realidade, dispenso-as. Não tenho paciência para elas.
"Será que a intervenção dos cidadãos indica a falência ou corrupção do Estado? Claro que não."
Infelizmente para muita gente o objectivo é mesmo esse e isso é que torna os tempos actuais tão ameaçadores.
E seria interessante sabermos dessas melhores alternativas ao último garante dos nossos valores civilizacionais, caso contrário tornar-nos-emos em Somálias económicas.
Cumpts
Manuel Santos
Confunde-se o Estado com os agentes (individuos) do Estado. Isto é uma confusão perigosa porque faz pasar ao lado dos problemas essenciais. O Estado é o povo organizado. O Estado que temos é também um reflexo do grau de organização e cultura cívica dum povo. Ou da falta dela.
Além disso o Poder não tem vácuos e além do Poder de Estado existem outros poderes (fácticos e informais) que ocuparão o seu lugar. Onde o Estado recua ou desaparece são esses poderes (como por exemplo o crime organizado) que ocupa o lugar livre.
Ao contrário do que dizem alguns o recuo do Estado não traz mais liberdade ao conjunto do Povo, mas apenas a um pequeno grupo de poderosos que se apropriam desse poder. À generalidade da população traz menos liberdade e mais opressão.
O problema do Estado russo é que foi capturado por grupos de criminosos como Ieltsin, Berezovski e outros oligarcas que enriqueceram do dia para a noite à custa do roubo do povo e do Estado. Mesmo Putin é um produto desse tempo.
Mais um excelente exemplo da modernização à la Kremlin. O empresário Yuri Fink, que, após ter sido libertado sob fiança depois de um ano em prisão preventiva, produziu dois vídeos no YouTube a Medvedev e a Putin, nos quais apelava aos mesmos que o protegessem de ataques à sua empresa por parte de funcionários estatais criminosos.
O resultado não se fez esperar. Após a difusão dos vídeos, Fink foi imediatamente detido de novo, acusado de "difundir informações falsas nos media", tendo agora sido condenado a seis anos de prisão por "apropriação criminosa de fundos".
Na Rússia, protestar faz mal à saúde. Mais um coitado que não ficou caladinho e acabou por levar no focinho. Yuri Fink devia ter prestado atenção aos avisos do seu primeiro-ministro antes de se ter aventurado nesta imprudência descarada.
http://www.youtube.com/watch?v=_MD4BBYnG-0&feature=related
António Campos
Caro José Manuel
Para clarificar, talvez seja necessário dizer que neste contexto, a palavra "estado" refere-se ao conceito mais restrito do "conjunto de instituições que detêm a autoridade para criar e fazer cumprir as regras que governam um povo numa ou mais sociedades, com soberania interna e externa sobre um determinado território". Talvez tivesse sido mais preciso chamar-lhe "administração pública", "aparelho de estado"ou "sistema político". Venha o diabo e escolha. Seja como for, o conceito cinge-se apenas a isso e não à nação organizada como um todo, especialmente no contexto da Rússia, onde existe uma clara separação (e antagonismo de objectivos) entre o apparat e o povo que supostamente este deveria proteger e governar.
António Campos
Felizmente, as tentativas de mascarar a realidade com conversa fiada embrulhada em pomposidade palerma nada fazem para alterar os factos. Só os ocultam junto de cabeças menos informadas. Negar a realidade contra a avalanche de evidências, chamando-lhe "opinião", só pode ser atribuído a uma de duas razões: ignorância ou desonestidade. Nenhuma delas é muito abonatória para o carácter de quem o faz.
Tenho imensa pena que não venham muito a este blog russos lusófonos (para além dos habituais anónimos) que, à semelhança do que muitos outros fazem até à náusea em sites como o LiveJournal, relatassem as suas experiências no paraíso putinista. Disporíamos então aí de um precioso "reality check" para contrapor a estas "opiniões".
António Campos
As tentativas ridículas de falsear a realidade, distorcer os factos para os encaixar numa agenda política e interpretar de forma obtusa textos claros e evidentes são seu apanágio, caro António. Como aqui ficou demonstrado!
Para si, qualquer falha do Estado russo é sinal claro da sua falência e só a decapitação da actual liderança política poderá salvar o país. Em compensação, a demonstração das falhas dos Estados ocidentais são mera "poeira" que gente desonesta (eu, por exemplo) tenta lançar para as vistas dos mais incautos.
Curiosa, essa sua visão das coisas...
Pelos vistos, o facto da AMI (!) ter de prestar cuidados médicos CÁ EM PORTUGAL aos mais desfavorecidos é "poeira para os olhos"; o facto do BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME ter cada vez mais gente para alimentar é mera "desonestidade intelectual"; e o facto do governo francês querer expulsar os imigrantes pobres por JÁ NÃO OS PODER SUSTENTAR é "conversa fiada ". Em suma, são reles mentiras de gente ignóbil e tendenciosa.
Para si, estes casos não significam a falência dos Estados Ocidentais, mas se o mesmo ocorrer na Rússia, é de bradar aos céus! Corra-se com Putin, que é um bandido! Mas nem pensar em compara-lo aos governantes portugueses que levam o povo a pedinchar por comida! Isso seria desonesto!
(cont.)
(cont.)
Da sua conversa pseudo-intelectual, fazendo-se a triagem, pouco ou nada sobra a não ser uma ideologiazeca liberaloide com ares (falsos) de democracia. E quanto ao resto, raspada a cobertura, sobra apenas arrogância, insolência, umas larachas sobre economia e hipérboles sobre "fait divers". Ignora a montanha mas arregala os olhos ao ver a rocha. Ignora a realidade mais vasta, mas ainda assim aborrece-nos com as suas tiradas (cheias de erros ortográficos e péssimas traduções, como a dos “locais”!), e insulta os demais, procurando rebaixar, com ares de idiota superioridade, quem de facto já demonstrou por várias vezes ser-lhe superior.
Já agora, tem pena que não venham aqui muitos russos lusófonos? Mas eles aparecem aqui, meu caro! O que o apoquenta é que eles não partilhem das suas opiniões! Se calhar porque esses não são muitos...
Pois então terá de se aguentar com os que há, os quais não tocam pelo seu diapasão. Aguente, respire fundo e não chore!
Quanto a nós, a conversa acabou.
Grande Pippo.
Já era tempo de alguém fechar a matraca a esse arrogante.
Excelente Pippo.É bom haver critérios claros.
Enviar um comentário