Texto enviado por António Campos:
O caso da IKEA é um bom barómetro do clima de investimento na Rússia actual. Esta empresa, nada menos do que o maior investidor estrangeiro no país, acaba de anunciar que suspendeu a construção de um centro comercial nas imediações de Moscovo, com um valor orçado em cerca de mil milhões de dólares, e que se concentraria a partir de agora "nas lojas existentes". Nos próximos três a cinco anos não serão abertas mais lojas.
Segundo o bloguista Jesse Heath, esta mudança de estratégia é importante na medida em que, desde que abriu a sua primeira loja em 1999, a IKEA, por si só, investiu no país sensivelmente o mesmo que a totalidade das empresas estrangeiras nos parques empresariais na região de Kaluga e, é interessante notar, cerca do dobro planeado para os próximos três anos na "bala de prata que vai resolver todos os problemas tecnológicos russos e potenciar a modernização" chamada Skolkovo.
Dá que pensar que, apesar da excelente potencial atractividade comercial de uma rede de lojas como a da IKEA, a mesma tenha decidido mesmo assim interromper a sua expansão. A tal não será certamente alheio o clima selvagem de corrupção que tem vindo a causar inúmeros problemas na abertura das lojas, bem como os recentes escândalos de subornos a executivos russos da empresa.
Não é de admirar: numa peça no Moscow Times, Michael Bohm refere que durante o reinado de Putin o nível de corrupção aumentou seis vezes, de cerca de 50 mil milhões de dólares por ano na década de 90, para mais de 300 mil milhões em 2009, de acordo com a Indem. Uma razão para tal é que, sob a alçada do actual primeiro-ministro, o número de funcionários públicos aumentou de 485.566 em 1999 para 846.307 em 2008.
É então fácil de perceber a razão pela qual as acções das empresas russas são transaccionadas a preço de saldo nos mercados de capitais e os níveis de investimento directo estrangeiro têm vindo a ser miseráveis, apesar de todas as manobras de charme do Kremlin. As acções estão grosseiramente subvalorizadas porque ninguém as quer comprar. E essa subvalorização deve-se ao efeito de Vladimir Putin na economia.
É tempo de os russos acordarem e começarem a fazer contas à destruição de valor causada pelo impacto de Putin na economia. Se compararmos com o Brasil, o seu colega BRIC, o desconto bolsista é de 45%, o que representa o valor astronómico de quase mil milhares de milhões dólares.
Além de tudo o resto, foi este o preço “económico” que os russos tiveram que pagar por Putin. Se o russo comum tivesse acesso a estes dados, seria certamente um interessante exercício verificar o seu impacto nos níveis de popularidade do salvador da pátria.
http://therussiamonitor.com/2010/10/08/truth-or-consequences-ikea-as-a-case-study-of-russias-miserable-investment-climate/
http://www.themoscowtimes.com/opinion/article/thieves-should-go-to-jail/418993.html
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
13 comentários:
Esta faceta anti-Putin do JM é muito interessante, mas pouco credível. Devia ter deixado o homem beber o sumo de tomate até ao fim. Assim quem se lixou foi a outra, coitada, porque o mandante continua vivinho e brilhando.
Deixe lá que houve quem se tenha lixado bem mais por ter evitado outros chás. É um dos trágicos casos em que o fazer bem traz o mal.A Rússia não tem salvação.
Nada tendenciosa a análise...
E foi com as ajudas das “IKEAS” que os tigres do Báltico viraram ratinhos, a Republica Checa está em apuros, a Hungria tem uma divida que não se conhecem os contornos, a Roménia idem, a Bulgária mais do mesmo, Grécia, Espanha, Portugal igual. A Polónia passou a colónia de mão de obra barata e viu todo o seu potencial industrial destruído.
As economias exemplares da Irlanda e da Islândia definham à beira do abismo. E o monstro Germânico cresce, cresce à custa das desgraças alheias.
Não se desenvolvam os países com as suas próprias sinergias. Fiquem esperando por quem dá dois em troca de quatro, que começam a aproximar-se da India e do Bangladesh em velocidade de cruzeiro.
O Brasil é bem exemplo disso. Se os Brasileiros abrem mão dos sectores chave da economia.
Actualmente o Brasil já está entre as dez principais economias mundiais, sem se deixar submeter aos ditames dos grandes grupos económicos.
E a China igual.
Caro António, você escreve e eu é que apanho com os adjectivos de anónimos!
JM, já sabe que o exército norte-americano já foi autorizado a comprar helicópteros MiL-17 à Rússia?
É uma notícia interessante pois confirma duas coisas:
- que o material russo é resistente e fiável;
- que o material norte-americano não consegue cumprir a missão.
Já por razões similares os militares norte-americanos tinham sido obrigados a mudar as suas armas ligeiras, das carabinas M-4 para as HK416. É que as M-4 não conseguiam competir com as AK-47...
Ó JM, adjectivo anti-Putin em si é irónico, é esse o sentido do comentário aqui do anónimo, que se lixou por evitar que Putin bebesse um certo chá, e por isso passou a entender bem todos os antiputinistas, inclusive o autor do artigo. A vida pode ter ironias muito crueis. Alas!
Concordo com o Francisco.
Só discordo com relação ao Brasil. Quem dera o Brasil não abrisse mão de setores-chave de sua economia... Coisa que está muito longe de ser verdade, infelizmente.
O Ikea está é tendo queda no faturamento, isso sim, pois o consumo russo caiu. Aquela loucura consumista de até 3 anos atrás é coisa do passado. Só nos livros de história agora.
Por isso não vão investir mais e inventaram esse blá blá blá.
Dizer que a corrupção na Rússia -- país que foi DILAPIDADO na era Yeltsin -- aumentou 6 vezes de Putin só pode ser uma piada.
--------
Sobre os países do Leste Europeu -- completando o que Francisco disse -- estão em ruínas e sem saída. A tendência é rumar para a total degradação de suas economias já arruinadas.
Pagaram um preço alto pela entrada da UE -- a total submissão e desindustrialização. Coisa fatal.
Uma coisa boa que essa crise mostrou é que acabou-se essa estória de "economia baseada no setor de serviços".
Na hora que a coisa aperta só se segura quem tem parque produtivo, quem não tem, é jogado às baratas.
Esses paisecos viveram um sonho de uma noite de verão. Desabou o castelo de cartas. O que eram países ultra-industrializados hoje são estorvos sem a mínima perspectiva de melhora, e sem a mínima margem de manobra econômica. Já era.
Outra coisa(para o qual serviu a crise)é que caiu a máscara da UE: Quem manda é Alemanha(que por sinal vai crescer este ano, pois tem parque produtivo) e ponto final -- o resto é colônia.
(off)
Mas eu tenho pena mesmo é da Espanha. Já não era lá tão industrializada e se desindustrializou mais ainda, baseou sua economia no setor de serviços, com ajuda da construção civil... viveu também um período de pseudo-prosperidade, mas quando o dinheiro(virtual) some, o castelo de cartas desmorona com o bater das asas de uma borboleta.
E tendo em vista que essa crise vai perdurar anos, quiçá décadas, no mínimo de estagnação...
...seu parco setor produtivo não é suficiente para dar conta das demandas de sua população.
Vejo um futuro sombrio para os países que embarcaram nessa onda.
A festa acabou!
Concordo com o Francisco.
Só discordo com relação ao Brasil. Quem dera o Brasil não abrisse mão de setores-chave de sua economia... Coisa que está muito longe de ser verdade, infelizmente.
O Ikea está é tendo queda no faturamento, isso sim. Pois o consumo russo caiu. Aquela febre consumista de até 3 anos atrás é coisa do passado. Só veremos nos livros de história.
Por isso não vão investir mais e inventaram esse blá blá blá.
Dizer que a corrupção na Rússia -- país que foi DILAPIDADO na era Yeltsin -- aumentou 6 vezes com Putin só pode ser uma piada.
--------
Sobre os países do Leste Europeu -- completando o que Francisco disse -- estão em ruínas e sem saída. A tendência é rumar para a total degradação de suas economias já arruinadas.
Pagaram um preço alto pela entrada da UE -- a total submissão e desindustrialização. Coisa fatal.
Uma coisa boa que essa crise mostrou é que acabou-se essa estória de "economia baseada no setor de serviços".
Na hora que a coisa aperta só se segura quem tem parque produtivo, quem não tem, é jogado às baratas.
Esses paisecos viveram um sonho de uma noite de verão. Desabou o castelo de cartas. O que eram países ultra-industrializados hoje são estorvos sem a mínima perspectiva de melhora. Já era.
Outra coisa(para o qual serviu a crise)é que caiu a máscara da UE: Quem manda é Alemanha(que por sinal vai crescer este ano, pois tem parque produtivo) e ponto final -- o resto é colônia.
--
(off)
Mas eu tenho pena mesmo é da Espanha. Já não era lá tão industrializada e se desindustrializou mais ainda, baseou sua economia no setor de serviços, com ajuda da construção civil... virou também um período de pseudo-prosperidade, e quando o dinheiro(virtual) some, o castelo de cartas desmorona com o bater das asas de uma borboleta.
E tendo em vista que essa crise vai perdurar anos, quiçá décadas, no mínimo com uma estagnação...
...seu parco setor produtivo não é suficiente para gerar receita para mover a economia de modo a dar conta das demandas de sua população.
Vejo um futuro sombrio para os paíse que embarcaram nessa onda.
A festa acabou!
Concordo com o Francisco.
Só discordo com relação ao Brasil. Quem dera o Brasil não abrisse mão de setores-chave de sua economia... Coisa que está muito longe de ser verdade, infelizmente.
O Ikea está é tendo queda no faturamento, isso sim. Pois o consumo russo caiu. Aquela febre consumista de até 3 anos atrás é coisa do passado. Só veremos nos livros de história.
Por isso não vão investir mais e inventaram esse blá blá blá.
Dizer que a corrupção na Rússia -- país que foi DILAPIDADO na era Yeltsin -- aumentou 6 vezes com Putin só pode ser uma piada.
--------
Sobre os países do Leste Europeu -- completando o que Francisco disse -- estão em ruínas e sem saída. A tendência é rumar para a total degradação de suas economias já arruinadas.
Pagaram um preço alto pela entrada da UE -- a total submissão e desindustrialização. Coisa fatal.
Uma coisa boa que essa crise mostrou é que acabou-se essa estória de "economia baseada no setor de serviços".
Na hora que a coisa aperta só se segura quem tem parque produtivo, quem não tem, é jogado às baratas.
Esses paisecos viveram um sonho de uma noite de verão. Desabou o castelo de cartas. O que eram países ultra-industrializados hoje são estorvos sem a mínima perspectiva de melhora. Já era.
Outra coisa(para o qual serviu a crise)é que caiu a máscara da UE: Quem manda é Alemanha(que por sinal vai crescer este ano, pois tem parque produtivo) e ponto final -- o resto é colônia.
(off -- continuando)
Mas eu tenho pena mesmo é da Espanha. Já não era lá tão industrializada e se desindustrializou mais ainda, baseou sua economia no setor de serviços, com ajuda da construção civil... virou também um período de pseudo-prosperidade, e quando o dinheiro(virtual) some, o castelo de cartas desmorona com o bater das asas de uma borboleta.
E tendo em vista que essa crise vai perdurar anos, quiçá décadas, no mínimo com uma estagnação...
...seu parco setor produtivo não é suficiente para gerar receita para mover a economia de modo a dar conta das demandas de sua população.
Vejo um futuro sombrio para os paíse que embarcaram nessa onda.
A festa acabou!
Caro José, tal deve ocorrer porque os tais anónimos então enviesados, já que ainda não perceberam que o blog está aberto a participações de todas as correntes de pensamento.
E como os apologistas do regime de Putin têm todos empregos duros, famílias e créditos para pagar, não lhe sobra tempo nenhum para contribuirem, coitados.
Os contribuintes acabam por ser apenas empresários abastados e ociosos, ao serviço de "certos interesses", com muito tempo livre para participarem em fóruns ao vivo ou escreverem peças para publicação.
António Campos
Título interessante. Os piores são os que uivam seria um bom subtitulo.
"A Polónia passou a colónia de mão de obra barata e viu todo o seu potencial industrial destruído."
vc desconhece totalmente a realidade na Polónia...as maiores empresas do país são polacas (Orlen, PKK, ...). A produção industrial do país aumentou em mais de 400% nos últimos 7 anos. E veja bem, foi o único país da UE que não teve queda no seu PIB
Enviar um comentário