segunda-feira, novembro 29, 2010

Kremlin não comenta “personagens fictícias de Hollywood"

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 A Presidência da Rússia não fará comentários oficiais sobre as informações publicadas no portal Wikileaks porque “carecem de interesses”, declarou hoje a porta-voz do Kremlin, Natália Timakova.
“Não há nada de interessante, nem digno de ser comentado nas publicações do Wikileaks e de outros órgãos de informação”, assinalou Timakova.
Segunda ela, “personagens fictícias de Hollywood não merecem comentários”.
Diplomatas norte-americanos consideram que o Presidente russo, Dmitri Medvedev, continua na sombra do seu antecessor no Kremlin e atual primeiro-ministro Vladimir Putin, revela a correspondência publicada pelo sítio Wikileaks.
Nas suas mensagens, funcionários do Departamento de Estado dos Estados Unidos comparam a situação de Medvedev com a de “Robin em relação a Batman-Putin”, em alusão ao herói da banda desenhada e do cinema que, depois de longas aventuras sozinho, faz-se acompanhar de um ajudante mais jovem e menos experiente.
Outros documentos descrevem Medvedev como “fraco” e “indeciso”, enquanto que Putin é considerado o “macho alfa”.
Segundo os documentos publicados, os Estados Unidos estão preocupados com a ligação estreita de Vladimir Putin com o seu homólogo italiano, Sílvio Berlusconi, chamando a atenção para “presentes de luxo”, “contratos lucrativos no campo energético” e de um “agente secreto russófono”, a cujos serviços Berlusconi recorre.
Washington revela também preocupação face à cooperação entre os serviços secretos e o mundo do crime na Rússia, afirmando que este país se transformou num “Estado de bandidos”.
As revelações do Wikileaks ameaçam também complicar as relações da Rússia com outros Estados. Uma das cartas publicadas revela que o Kremlin estava disposto a suspender o envio de mísseis anti-aéreos S-300 para o Irão em troca de um contrato de mil milhões de dólares para o fornecimento de aviões não tripulados à Rússia.
Dmitri Peskov, porta-voz de Putin, considerou prematuro qualquer comentário.

“Por enquanto, não posso dizer nada de concreto. Antes de tudo, é necessário analisar que palavra inglesa é empregue precisamente, qual o nível dos diplomatas e dos funcionários que fazem as avaliações e de que tipo de documentos se trata”, declarou.
“E devemos compreender primeiro de é de Putin que se trata. Só depois poderemos comentar”, concluiu.

12 comentários:

PortugueseMan disse...

Isto é um bocado estranho.

Quem selecionou estes tópicos dentro das "fugas" para o Wikileaks?

É que com tanto coisa que se calhar seria interessante saber, o que é referido neste artigo não vale a notícia.

Ligações entre Medvedev e Putin?´
é uma não notícia

Putin é o homem forte? sempre foi dito isso.

Focar Berlusconi?? focar contractos lucrativos com Berlusconi no campo energético sem fazer referência que a maior dor de cabeça para os states é o facto do italiano ter virado para o South Stream, colocando em perigo o pipeline americano Nabucco??

Dispostos a trocar o S-300 por um fornecimento de aviões não tripulados?? isto é muito, muito vago.

É deveras estranho, o que andam a apanhar nos tais documentos...

Pippo disse...

"Diplomatas norte-americanos consideram que (...) Dmitri Medvedev continua na sombra do seu antecessor (...) Vladimir Putin"

- Estou chocado! Nunca ninguém pensou em tal coisa! :o)

"Nas suas mensagens, funcionários do Departamento de Estado dos Estados Unidos comparam a situação de Medvedev com a de “Robin em relação a Batman-Putin”"

- Olha que giro! Lembro-me de há uns tempos ter-me referido a Putin-Medvedev como "Duo Dinâmico". Dynamic Duo é, precisamente, a parelha Batman-Robin... Será que uso termos usados por diplomatas norte-americanos? E será que é por mero acaso? :o)

Estas divulgações são interessantes: os diplomatas norte-americanos referem que a Rússia se transformou num “Estado de bandidos” (o que é curioso dada a cooperação comprovada entre os EUA e barões da droga afegãos);
Também manifestam grande apreensão face às políticas francesas de contraposição às iniciativas norte-americanas;
Vêem com preocupação a cooperação (que já está a dar frutos) entre a Itália e a Rússia no campo energético.
As declarações de Alyiev (Azerbeijão) relativamente à Turquia, Arménia e Rússia são interessantíssimas, sobretudo no que diz respeito aos hidrocarbonetos e ao Nabucco.
Ou seja, a energia no principal campo das preocupações de Washington.
Isto pode e deve ser analisado em conjunção com uma recente entrevista de Putin onde ele expôs, de forma flagrante, a sua política de não deixar cair o Euro e querer moedas de referência alternativas ao dólar como forma de acabar com a ditadura desta moeda.

No aspecto militar, registo com interesse a suspensão da venda dos misséis DEFENSIVOS S-300 para o Irão. Qual a moeda de troca? O fornecimento de aviões não tripulados à Rússia.
E qual é a origem desses aviões? Dizem que é Israel...

Parece que a diplomacia posta a nu, afinal, não é nada lírica ou ideológica. O que só surpreende quem não sabe.

Manolo Heredia disse...

O Partido Republicano no seu melhor !!!!
Nos EUA vale tudo, desde o caso da sala oval...

HAVOC disse...

Estes arquivos divulgados não impressionam, pois todos sabem que quem governa a Rússia, com mãos de ferro, é o Vladimir Putin

Dmitry Medvedev é um fantoche, colocado no poder para cumprir a legislação, pois segundo consta, um presidente não pode se reeleger por mais do que dois mandatos consecutivos.

Bem, então todos já podem imaginar o que irá acontecer nas próximas eleições: O retorno triunfal de Vladimir Putin, que irá governar a Rússia com mãos de ferro, como um autentico CZAR do Século 21, e ninguém irá mais se lembrar deste Dmitry Medvedev!!!

António disse...

Para os mais atentos, não é obviamente a novidade das "revelações" dos telegramas diplomáticos que é relevante. O mais importante é que a análise política que os observadores têm vindo a fazer é partilhada a nível oficial pelos diplomatas. Sabe-se agora que o que, para todos os efeitos, era não mais do que especulação jornalística é efectivamente base de conhecimento com potencial para afectar políticas.

Mas a parte sumarenta estará ainda provavelmente por vir. Num artigo de 1 de Novembro da Time Magazine, Kristinn Hrafnsson, porta-voz do Wikileaks, afirmou que "os russos irão aprender muito acerca do seu país", quando comentava as próximas iniciativas do website contra regimes repressivos como a Rússia e a China.

O impacto doméstico de revelações bombásticas sobre a Rússia poderá não ser muito. Todos sabem que o estado e a vassalagem oligárquica roubam o país sem pudor. Mas é no plano internacional que as coisas poderão aquecer, especialmente neste momento em que a Rússia, desesperada por investimento externo e por tecnologia que não consegue desenvolver internamente, anda a cantar o canto da sereia aos investidores estrangeiros. Revelações incriminatórias sobre a classe dominante russa (que, tal como a comparação com a dupla Batman-Robin, não serão novidade para os observadores mais atentos), poderia constituir o golpe da misericórdia sobre a já miserável reputação de fiabilidade do "parceiro" chamado Kremlin.

Especialmente agora, que o mundo inteiro começou a falar do Wikileaks. Podermos ter um efeito Magnitsky, mas multiplicado por 1000. Adoro a ideia.

António Campos

Wandard disse...

"Cientistas americanos estão interessados em usar veículos aéreos não tripulados dos russos (UAV) para projetos conjuntos de pesquisa no Ártico, disse um oficial russo.



Vladimir Sokolov, chefe de uma expedição ártica dirigida por um centro de pesquisa afiliado ao Serviço Federal Russo de Hidrometeorologia e Monitoramento Ambiental, disse que aviões foram usados com sucesso para estudar as flutuações atmosféricas, que denotam se a superfície é água ou gelo.


Ele disse que a National Aeronautics and Space Administration (Nasa) e do Nacional Oceânica e Atmosférica Administration (NOAA) propôs estudos conjuntos no Ártico. Ele não disse quando a proposta foi feita.


"Possibilidades de cooperação estão sendo discutidas ao mais alto nível", disse ele sem dar mais detalhes."

A notícia já é passada.

A Rússia tem seus projetos em desenvolvimento.

A guerra de informação é o jogo.

De qualquer forma o Wikileaks está de parabéns, infelizmente para o tamanho da sujeira, não existe aterro sanitário no mundo que seja suficiente.

PortugueseMan disse...

Medvedev:Sem escudo antimíssil, haverá corrida armamentista

O presidente russo, Dmitri Medvedev, advertiu hoje que se num prazo de 10 anos não houver acordo para criar um sistema antimíssil comum, há risco de uma nova corrida armamentista.
«Para os próximos 10 anos, esperam-nos duas alternativas: ou alcançamos um acordo sobre defesa antimíssil e encontramos um mecanismo conjunto de cooperação, ou terá início uma nova espiral da corrida armamentista», declarou Medvedev na sua mensagem anual ao Parlamento da Rússia, transmitida ao vivo pela televisão...


http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=10&id_news=481485&page=0

Infelizmente é este o caminho mais provável que vamos percorrer. A cimeira de Lisboa não resolveu esta situação, o que só pode significar que os EUA estão com uns planos bem mais sérios para o seu sistema anti-míssil.

Obama exorta Congresso a ratificar tratado START

"Com a Guerra Fria terminada, é do interesse de toda a gente diminuir o arsenal nuclear. É demasiado oneroso, e minimiza riscos em termos de proliferação nuclear. Portanto, a relação EUA- Rússia é importante", disse o presidente dos EUA, Barack Obama, após a reunião do Conselho NATO-Rússia em Lisboa.

Barack Obama falava aos jornalistas - na mais concorrida conferência de imprensa de toda a Cimeira da NATO - mas dirigindo-se ao Congresso dos EUA. Este, agora com maioria Republicana, não quer ratificar o novo tratado START de redução de armas nucleares, que estipula o limite de cada qual a 1500 ogivas...


http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Nacional/Interior.aspx?content_id=1716092

Os republicanos não querem assinar o tratado. Sem este tratado não existe possibilidade de se chegar a um acordo sobre o sistema anti-míssil.

Se os republicanos querem adiar isto até às eleições de 2012, onde o mais certo é obterem de novo o controlo da Casa Branca, só podemos chegar a uma conclusão, os EUA querem manter o seu arsenal ofensivo e querem instalar um sistema defensivo de modo a anular os sistemas ofensivos dos seus opositores.

Este é o sinal que darão e é este o sinal que os EUA têm dado até à chegada de Obama. Portanto não existem razões de momento, para tanto a Rússia como a China, abrandarem o seu ritmo de armamento ofensivo, pois o mais certo é os EUA retomarem os seus planos de sistemas laser e armas no espaço, necessários para a implementação do sistema antí-míssil a nível global.

Nós estamos alegremente a caminhar para um conflito em larga escala e parece que ninguém está a conseguir colocar um travão.

NINGUÉM deveria pensar ser possível ganhar uma guerra nuclear, TODOS NÓS perdemos, mas parece que ALGUNS pensam que isso é possível, que é possível ganhar num confronto nuclear.

COMO É POSSÍVEL estarmos a percorrer este caminho??

Anónimo disse...

Mas os relatórios da Wikileaks não fazem também referencias aterradoras a outros dirigentes politicos mundiais? Qual a razão desta algazarra toda apenas em torno dos dirigentes Russos que por sinal nem são os mais "castigados".

Os neoliberais (direitistas)que sejam mais discretos porque assim denunciam-se logo ao que vêm.

Esta gente assumidamente de direita não terá um pouco de acanhamento em proferir este tipo de propaganda?

Ou julgam que os outros são todos uns lerdaços que engolem suavemente as patranhas que aqui despejam?

Não foram ainda capazes foi de dizer quais os dirigentes que consideram competentes para governar a Rússia. Ainda menos qual o modelo politico que a Rússia devia adoptar para caminhar em frente e sair do impasse que vive há vinte anos.

Talvez o ideal seria regressar ao Yeltsinismo?

Pippo disse...

Francisco, aqui não falam de outros dirigentes mundiais (Chavez, por exemplo) porque o blog é sobre a Rússia e o espaço ex-soviético.

O que eu noto aqui é que não se fala, por exemplo, sobre o facto do Vice-Presidente afegão ter chegado aos Emirados com uma pasta cheia de dinheiro ilícito (o que põe em causa a credibilidade - leia-se, honestidade - do Governo afegão), ou sobre as declarações do presidente do Azerbeijão relativamente à Arménia, Geórgia, Irão e Turquia, o que tem implicações na estabilidade do Caúcaso e no trânsito de petróleo do Cáspio.

Gilberto disse...

Caro Francisco.

Muitas vezes concordo contigo, mas tens umas opniões esquisitas.

Não vê, por exemplo, o óbvio, que Putin é a continuação de Yeltsin.

Anónimo disse...

Meu Caro Amigo Gilberto, peço-lhe que não confunda as coisas por favor. Eu sei muito bem que Putin é um Yeltsin adocicado.

No entanto também sei que há por aqui muitas pessoas que nem com esta fachada democratica seguida por este "senhor" estão satisfeitos. Querem que a Rússia regresse aos anos 90. São esses que eu tento provocar.

Como pessoa informada que que é, ainda não se apercebeu que as minhas simpatias por Estaline nada diferem daquelas que manifesto por Hitler?

No entanto na presença de neonazis acobardados assumo a defesa do primeiro, porque como se costuma dizer do mal o menos.

Cumprimentos.

Anónimo disse...

Caro Pipo:
Não posso deixar de estar de acordo consigo, o que acontece a maioria das vezes.

Compreendo que este Blogue se destina a discutir assuntos da Rússia e do espaço ex-Soviético e da sua zona de influência.
Mas tudo pela negativa e em favorecimento do bando de oportunistas pérfidos que contribuíram para a ruína do país, meu Caro Pipo.
Ora é aí que estoiram as minhas divergências com certas pessoas, entendo isso como uma manipulação direccionada, oportunista.

Isto porque nunca aqui vi palavras de solidariedade com os milhões de Russos e dos povos da Ex-URSS, que sofrem de pobreza, subdesenvolvimento, insuficiência alimentar, falta de apoio na educação, nos cuidados de saúde, no emprego, na velhice.

Também se “esquecem” abordar o atraso económico, tecnológico, social, e militar, que o país se tem vindo a afundar. Isso são assuntos de somenos importância. O mais importante tem sido divulgar as opiniões daqueles que não se contentam com o status quo existente, aqueles que pretendem o regresso à selvajaria do Yeltsinismo. Mais controlo económico por parte das multinacionais Ocidentais.

Preferem ainda um desastre maior que o existente.

Cumprimentos