quarta-feira, janeiro 19, 2011

ACIDENTE DE MBUZINI QUE VITIMOU SAMORA


















Estados Unidos mantiveram comunicações entre Tupolev e Maputo sob escuta



– revela biografia de Pik Botha



Pretoria (Canalmoz) - As comunicações via rádio entre o Tupolev presidencial e a Torre de Controlo do Aeródromo de Maputo estiveram sob escuta dos Estados Unidos na noite do acidente de Mbuzini em que perdeu a vida o então chefe de Estado moçambicano, Samora Moisés Machel. A revelação vem contida na biografia do antigo ministro sul-africano dos negócios estrangeiros, Pik Botha, publicada em Dezembro último na África do Sul.

Segundo a autora da obra biográfica «Pik Botha and His Times», pouco depois do despenhamento do Tu-134A em Mbuzini, os investigadores da parte sul-africana receberam de entidades americanas a transcrição das referidas comunicações. A autora cita o investigador-chefe do acidente, pela parte sul-africana, como tendo dito que “os americanos mantinham a frequência sob escuta”. A frequência em causa era a do sistema de comunicações rádio de alta frequência utilizado pela Torre de Controlo do Aeroporto de Maputo para comunicar com aeronaves. O livro não fornece pormenores sobre a forma e o local onde foi efectuada a escuta, mas esta função cabe, em princípio, à NSA (National Security Agency), organismo norte-americano responsável pela recolha e análise de comunicações e transmissões em territórios estrangeiros.

Para além dessa transcrição, acrescenta a autora do livro, os investigadores sul-africanos também dispunham de outra, idêntica, obtida pela Base Aérea de Hoedspruit, situada junto à fronteira com Moçambique.

A transcrição permitiu aos investigadores de imediato detectarem falhas da tripulação do Tupolev presidencial. Efectivamente, no primeiro contacto com a Torre de Controlo do Aeroporto de Maputo, após ter entrado no espaço aéreo moçambicano, o Tupolev forneceu a hora prevista de chegada, o número de passageiros a bordo, o aeroporto de origem, e a autonomia da aeronave desde o momento de descolagem de Mbala, na Zambia. Nessa primeira comunicação, o operador de rádio do Tupolev pedia à Torre de Controlo para informar a quem de direito que “levava a bordo o No. 1”, numa referência ao Presidente Samora Machel.

Todos estes dados constam do plano de voo, que por norma deve ser efectuado antes da partida de uma aeronave. Tratando-se de um voo VIP, o plano de voo do avião transportando o presidente Samora Machel deveria ter sido efectuado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros moçambicano, com pelo menos 24 horas de antecedência. O fornecimento desses dados a cerca de 30 minutos da hora prevista de aterragem em Maputo era uma indicação clara de que a tripulação do Tu-134A não havia cumprido com um requisito elementar da navegação aérea, pondo em perigo a aeronave e a vida dos passageiros.

Posteriormente, em Moscovo, foi possível proceder à transcrição (e tradução do russo para o inglês) dos registos do gravador de cabine (CVR) do Tupolev que depois foi sincronizada com a transcrição da gravação da Torre de Controlo do Aeródromo de Maputo, ficando os investigadores com uma ideia mais clara do sucedido nos últimos 30 minutos do fatídico voo, em particular a acumulação de erros e falhas por parte da tripulação, o que viria a causar a colisão do aparelho contra os montes dos Libombos em Mbuzini. (ver transcrição integral de ambas as gravações em www.samoramachel.com/transcricaoo_CVR_ATC.pdf)


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