domingo, fevereiro 13, 2011

Futebol pode dar um contributo para o aumento do terrorismo

O título deste texto pode parecer completamente descabido se se considerar que o desporto é sinómino de saúde, divertimento, paz, etc., etc.
Mas, na realidade, existem fortes razões para voltar a afirmar que o futebol pode dar um contributo para o aumento do terrorismo. E passo a citar apenas alguns exemplos.
A equipa do "Terek" de Grozni, ou mais precisamente, Ramzan Kadirov, dirigente da Tchetchénia, contratou para treinador o famoso desportista holandês Ruud Gullit. Este não revelou os valores do contrato, mas ninguém acredita que ele aceitou ir trabalhar para o Cáucaso do Norte por apenas "alguns cêntimos".
Outro exemplo. O clube "Anji", de Makhatchkala, capital do Daguestão, vai assinar um contrato de dois anos com o futebolista brasileiro Roberto Carlos, 37 anos. Segundo o sítio electrónico do Corinthias, clube brasileiro onde jogava o futebolista, ele vai ganhar qualquer coisa como 6,5 milhões de euros por ano.
Tanto a Tchetchénia, como o Daguestão encontram-se no Cáucaso do Norte russo, numa das regiões mais pobres da Federação da Rússia, palco de uma luta entre a guerrilha separatista islâmica e forças de segurança federais russas que já provocou muitos milhares de mortos, feridos e desalojados.
As duas repúblicas são consideradas "dotadas", termo que em russo significa que vivem à  custa de  dotações do Orçamento da Federação da Rússia. 
Numa situação como a que se vive no Cáucaso do Norte, região que constitui o principal viveiro do terorismo no país, seria lógico canalizar os meios financeiros para resolver os problemas mais prementes da população, como, por exemplo, o desemprego, a criação de infraestruturas, o combate à corrupção, as desigualdades sociais, etc. O tratamento dessas feridas poderia contribuir para a integração da juventude na sociedade e afastá-la da tentação de se juntar às guerrilhas como forma de solução dos problemas.
Mas não, milhões de euros são canalizados para satisfazer os caprichos dos dirigentes locais que querem ver as suas equipas de futebol a participarem em competições europeias e, desse modo, a tornarem-se "pessoas respeitadas" na Europa. 
Além disso, transferências dessa envergadura permitem a alguns "melhorar" o orçamento familiar.
Na Grécia Antiga, as guerras paravam durante a realização dos Jogos Olímpicos, mas isso já foi há muitos séculos e, que se saiba, nessa altura, ainda não havia futebol e o "jogo rei", durante a sua existência, ainda não conseguiu proeza semelhante.  E dificilmente conseguirá no Cáucaso do Norte, onde está a ser empregue para os fins mais cínicos.
  

4 comentários:

MSantos disse...

O dinheiro envolvido no futebol seja na Rússia ou em que país fôr, é algo escabroso e pornográfico.

Cumpts
Manuel Santos

Pippo disse...

Plenamente de acordo, MSantos.

Pedro disse...

Não acredito muito que o Terrorismo seja consequencia disto, pois ele começou muito antes de haver estes investimentos inconcebiveis no Futebol.

No entanto é evidente que é uma situação altamente condenável.
Se estas regiões estão com problemas e estão estes idiotas a gastar o dinheiro num jogador brasileiro (Que já foi um excelente jogador sem duvida) em fim de carreira?
Tem de gastar o dinheiro em infraestrutura sociasi e económicas.
Apesar de o Senhor Milhazes não gostar que se façam aqui comparações, isto é comparável aos Clubes da Futebol da Madeira que gastam rios de dinheiro em jogadores estrangeiros com dinheiro do OE.

Anónimo disse...

Errado. É assim a economia de mercado, comunistas.


Se o indivíduo é bom no que faz recebe MAIS. Se é craque no esporte, deve receber em milhões mesmo.

Deixem de invejas e conformem-se. O que um jogador de futebol rende de dividendos pra os clubes é dezenas de vezes o que recebe. No caso do Roberto Carlos, ele simplesmente não sabe pra onde está indo. Está cometendo suicídio. Eu encerraria a carreira antes.