quinta-feira, março 10, 2011

Business as usual


Texto enviado pelo leitor Pippo: 
"Na cena internacional, as nações e os fazedores de opinião frequentemente adoptam uma linguagem dúplice e maniqueísta, através da qual demonizam certos povos, países e líderes enquanto louvam outros que, na sua essência, são iguais aos primeiros. O observador atento cedo se apercebe que os falsos moralismos normalmente invocados não são mais do que a capa de interesses materiais, normalmente associados à economia e ao lucro, mais do que ao bem estar das populações.
No caso dos países ex-soviéticos, é notória a preocupação com os países da UE condenam o regime bielorrusso e o seu presidente, taxado de Ditador e anti-democrata (e poucas dúvidas parece haver de que assim seja), ao mesmo tempo que cortejam ditaduras, pelo menos, iguais à bielorrussa, muito mais militaristas e potencialmente agressivas, mas também com mais recursos energéticos e mais abertas ao investimento estrangeiro. É o caso do Azerbaijão.
Apesar da crescente preocupação britânica com o estabelecimento de laços económicos com ditaduras estrangeiras no Médio Oriente e na Ásia Central, nesta segunda-feira o duque de York pressionou um deputado Tory para ajudar a impulsionar as relações das empresas britânicas com o Azerbaijão, uma autocracia acusada ​​de torturar manifestantes e opositores políticos (no ano passado, uma coligação de grupos de direitos humanos disse que Aliyev tinha conseguido a estabilidade do país apenas através de uma ofensiva total contra a oposição política, sufocando os meios de comunicação independentes e de oposição, e a redução das liberdades fundamentais).
De acordo com Mark Field, deputado Tory pelas cidades de Londres e Westminster e presidente do grupo de todos os partidos parlamentares sobre o Azerbaijão, o Palácio de Buckingham pediu o apoio no parlamento e em Whitehall (sede do MNE) para os investimentos britânicos no Azerbaijão, país que o príncipe André pressentia ser "um país de Cinderela que tem grandes oportunidades".  Field acrescentou, dizendo que "uma das coisas que André disse sobre esse seu sentimento foi de que o Azerbaijão era uma grande oportunidade, e que quanto mais os políticos e as empresas britânicas se comprometem com as suas congéneres do Azerbaijão, maiores serão os seus benefícios materiais".

O duque de York, que atua como representante especial do Reino Unido para o comércio internacional e investimento, Pretende realizar a sua oitava visita ao Azerbaijão em Junho. A sua última visita, em Novembro de 2010, ocorreu apenas algumas semanas após as críticas internacionais contra a realização de eleições parlamentares do país. 
André viajou para aquela ex-república soviética três vezes desde 2008 a título privado. Das restantes vezes, ele viajou para lá em nome da UK Trade and Investment. 
De acordo com declarações do porta-voz do Príncipe André, o trabalho do Duque funciona de duas maneiras:"Ele tenta identificar oportunidades de negócios britânicos em mercados estrangeiros. Igualmente, é, por vezes, atrair investimento estrangeiro para o Reino Unido. 

"É inteiramente apropriado que o duque de York deve tentar identificar oportunidades de negócios para as empresas britânicas no Azerbaijão, um país no qual o governo britânico opera"".

1 comentário:

MSantos disse...

O Azerbeijão é fulcral para o Nabucco, que o eixo Washington-Londres não desistiu, na sua estratégia de isolar a nível de energia, a Rússia.

Quanto às relações de Estados ditos "aceitáveis" com ditadores sempre existiu, existe e existirá pois a geopolítica, interesses económicos e relações internacionais não se coadunam com moralismos.

Cumpts
Manuel Santos