As autoridades russas consideram indispensável a saída do dirigente líbio Muammar Khadafi do palco político, declarou uma fonte do Kremlin, citada pelas agências russas.
“Partimos do princípio que mesmo que Khadafi consiga controlar a situação, ele é um cadáver político vivo que não tem lugar no mundo moderno civilizado”, declarou a fonte, sublinhando que “é inaceitável o emprego da força arma contra o seu povo”.
Segundo ela, “o Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, olhou de forma negativa para as ações das atuais autoridades da Líbia desde o início”.
A fonte sublinhou que a “posição inicialmente contida” de Moscovo no início dos acontecimentos na Líbia é explicada pelo “receio pelo destino dos cidadãos russos que se encontravam nesse país”.
“Seria falta de cuidado fazer declarações duras antes da retirada dos cidadãos russos”, frisou.
Porém, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, mostrou-se hoje contra a ideia da criação de uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia como forma de acabar com a repressão do regime contra a população civil.
Numa conferência de imprensa, o chefe da diplomacia russa considerou que qualquer nova medida que se adote contra o regime líbio de Muammar Khadafi deve passar pelo Conselho de Segurança da ONU.
“Na reunião que tive ontem com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, não se abordou de forma alguma a questão da zona de exclusão aérea”, disse Lavrov aos jornalistas.
O ministro russo disse que a comunidade internacional se deve centrar na aplicação das sanões que foram aprovadas no sábado passado, como a congelação dos bens de Khadafi e o embargo de armas à Libia.
Diversos países europeus e os Estados Unidos admitiram a possibilidade de criação da zona de exclusão para evitar que o líder líbio bombardeie os revoltosos e para impedir a entrada de mercenários no país.
Lavrov recusou-se a responder à pergunta de se a Rússia apoiaria a iniciativa de criação da zona de exclusão aérea se ela fosse apresentada ao Conselho de Segurança da ONU.
Dmitri Rogozin, embaixador russo junto da NATO, considera que os Estados Unidos cometerão um sério erro ao tentar realizar uma “guerra-relâmpago” na Líbia, sublinhando que a intervenção da NATO fora da zona da sua responsabilidade constituirá uma “violação do Direito Internacional”.
“Trata-se de um conflito puramente interno, de uma guerra civil. Ingerir-se nela significa criar um longo problema não só para o Direito Internacional, mas também para a região. E isso poderá, nomeadamente, colocar a questão da própria sobrevivência da NATO”, acrescentou.
“Mas que organização é essa que se ingere numa guerra sem ter em conta a opinião dos restantes Estados?”, pergunta ele.
Esperemos que os Estados Unidos e a NATO não tenham a infeliz ideia de intervirem militarmente na Líbia, pois isso poderá ter consequências funestas.
Primeiro, será insensato criar mais uma frente de combate além do Iraque e do Afeganistão, tanto mais que estes dois conflitos estão muito longe de uma solução aceitável.
Segundo, é difícil de acreditar que os líbios aceitem unanimanente essa intervenção, o que poderá complicar ainda mais a situação.
Terceiro, será ainda mais grave se a intervenção militar for feita sem o apoio do Conselho de Segurança da ONU. Este órgão das Nações Unidas já não goza de grande prestígio no mundo e a intervenção estrangeira poderá desferir nele um golpe mortal.
E até a decisão de criar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia deve passar pelo Conselho de Segurança da ONU.
1 comentário:
...Esperemos que os Estados Unidos e a NATO não tenham a infeliz ideia de intervirem militarmente na Líbia, pois isso poderá ter consequências funestas.
...
Caro JM,
A NATO só fez intervenções militares com os EUA à frente. Sem estes a NATO nada faz.
E os EUA não têm capacidade de se enfiar em mais uma guerra de atrito, para durar anos e milhares de homens no terreno.
E se os EUA intervissem militarmente, estariam a dar razão ao regime, de que toda esta situação está a ser gerada/fomentada/financiada no exterior, tornando a situação bem mais complicada/agressiva no terreno.
Agora onde os EUA devem ter calafrios é se a situação chega à Arábia Saudita...
Enviar um comentário