segunda-feira, março 28, 2011

Serguei Lavrov considera apoio militar aos insurgentes líbios ingerência nos assuntos internos da Líbia

 Serguei Lavrov, Ministro dos Negócios estrangeiros da Rússia, considerou hoje que o apoio militar concedido pela coligação ocidental aos insurgentes líbios é, de fato, uma “ingerência” nos assuntos internos da Líbia.

“Consideramos que a ingerência da coligação numa guerra que, no fundo, é interna, civil, não foi sancionada pela resolução do Conselho de Segurança da ONU”, que previa o recurso à força para prioteger os civis contra a repressão do regime do coronel Muammar Kadhafi, declarou ele numa conferência de imprensa na capital russa.

“A defesa da população civil continua a ser a nossa prioridade”, disse, mas acrescentou: “há uma diferença sensível entre ataques aéreos contra os meios de defesa anti-aéreos líbios e contra colunas de tropas” fiéis ao dirigente da Líbia.

Serguei Lavrov reconheceu a legitimidade da entrega do comando à NATO da operação que está a ser realizada na Líbia, mas voltou a sublinhar que as operações militares devem exclusivamente visar a proteção da população civil.

“Essa decisão corresponde aos parâmetros previstos na resolução 1973. Nela está escrito que podem resolver as tarefas previstas no documento tanto países como organizações internacionais e regionais que se disponham para isso. A NATO é uma delas e, por isso, todos os processos foram observados”, precisou.

“Processos são processos, mas os poderes previstos na resolução podem ser utilizados apenas com o objetivo da população civil”, sublinhou.

As declarações de Lavrov são a primeira declaração dura de dirigentes oficiais russos na direção da coligação internacional depois do duelo verbal entre o primeiro-ministro Vladimir Putin e o Presidente Dmitri Medvedev,

Na semana passada, Putin comparou a resolução da ONU a um apelo às cruzadas medievais e condenou a “ingerência” nos assuntos de Estados soberanos como a Líbia. Medvedev saiu em defesa dessa resolução e conmsiderou incorreta a comparação feita por Putin.
É difícil compreender a posição da diplomacia da Rússia. A resolução 1973 do CS da ONU, que foi aprovada também graças à abstenção de Moscovo, visa proteger a população civil dos ataques das tropas fiéis a Kadhafi. Ora, para realizar esse objetivo, a coligação internacional fechou o espaço aéreo líbio e tenta enfraquecer ao máximo o poderio militar do ditador líbio. Se a coligação não deve recorrer a meios militares, como pode ajudar de outra forma a população civil, leia-se a oposição ao regime de Kadhafi?
E que medidas propõe Moscovo para defender a população civil? Um cessar de fogo. Mas se a oportunidade de se conseguir isso, se é que existiu alguma vez, passou, como conseguir agora o fim dos confrontos?
Por vezes, a política externa russa faz lembrar a política externa soviética de Andrei Gromiko, que passou à história com o cognome de "senhor niet" (senhor não). Os princípios seguidos na guerra fria continuam a ser fielmente seguidos.
Mas, às vezes, as posições da política externa russa parecem completamente cínicas, tentando garantir uma boa posição independentemente do desfecho dos conflitos. Se Kadhafi for afastado do poder, Lavrov poderá dizer que a Rússia contribuiu para isso ao não vetar a resolução do CS da ONU, mas se conseguir manter-se no poder, ele poderá dizer ao coronel que sempre nos manifestámos contra a ingerência externa, etc., etc.
Sublinho que, quanto ao cinismo na política externa, a Rússia não está sozinha, bem pelo contrário, está bem acompanhada pelas grandes potências
No entanto, também não se pode pôr de lado a possibilidade de Lavrov ser o porta-voz de Putin na política externa russa, desobedecendo às ordens do Presidente Medvedev.
Seja como for, vamos ver o resultado de semelhante política. A Rússia tem fortes interesses económicos e militares na Líbia, resta saber se os conseguirá conservar.











26 comentários:

MSantos disse...

Existe uma diferença entre abater aviões, helicópteros ou tanques que estão a massacrar civis e destruir infraestruturas de comunicações, acessibilidades etc num claro apoio aos insurgentes.

A isso chama-se tomar parte de um dos lados do conflito e Lavrov tem toda a razão no que afirma, e como lhe é habitual dado ter já demonstrado ser um diplomata muito sensato.

Independentemente da crueldade e tirania do coronel louco e da justeza da intervenção, o mais inquietante de tudo é que ninguém sabe o que esses insurgentes representam ou o que defendem, aparte os seus berros constantes "Allah'u akbar".

Como inquietantes continuam as situações tunisinas e egípicia, para não falar no Iémen, Síria ou Arábia Saudita.

O que vai sair daqui ainda é um imenso e não sossegador ponto de interrogação.

Cumpts
Manuel Santos

Pedro disse...

"Mas, às vezes, as posições da política externa russa parecem completamente cínicas, tentando garantir uma boa posição independentemente do desfecho dos conflitos"

Tenho de Concordar com isto. O mesmo se aplica á China.
Já no passado a Rússia também aceitou as sanções económicas ao Irão e recusaram a venda de armamento defensivo que já tinham acordado.
Alguém os deve ter compensado pela perda desses negócios.
Falta de carácter, é o que se pode dizer dos políticos, todos eles, Russos, Portugueses, Americanos, Chineses, etc....
Vendem-se com demasiada facilidade a negociatas obscuras.
Podemos ficar a pensar, o que terão prometido a Medvedev, para dar o aval a este tipo de acções barbaras, e próprias do tempo das cruzadas?

Ricardo disse...

Alguns jornais já denunciam o fato de que alguns grupos insurgentes na Líbia tem ligações com Al Qaeda, coalisão pode ter uma surpresa quando o novo governo assumir o poder naquele país.

Wandard disse...

"Ora, para realizar esse objetivo, a coligação internacional fechou o espaço aéreo líbio e tenta enfraquecer ao máximo o poderio militar do ditador líbio."

Conforme comentei anteriormente esta resolução da Onu parece conter aqueles textos com letras minúsculas, muito comuns em contratos de seguro, ou na melhor das hipóteses parece ser o resultados dos processos na justiça do Brasil, dependendo da interpretação por cada juiz e com isto os processos vão correndo por anos, cada um com uma interpretação diferente. A interpretação segue o entendimento do que trata "uma zona de exclusão" como operação militar e o sentido do texto, quanto à proteção da população civil. O caminho pelo qual está a seguir a coligação, há muito já ultrapassou a decisão do conselho dentro do entendimento lógico da resolução ou do contexto da respectiva operação militar referenciada. A Otan agora está realizando ataques, conforme as solicitações dos insurgentes, ou seja é de fato uma "ingerência" nos assuntos internos da Líbia, nó não enxerga quem é cego ou quem quer enxergar o posicionamento da Otan, Estados Unidos e países Árabes que tem seus interesses atrelados a estes, visto que começaram protestos no Bahrein(por acaso aonde fica uma frota americana estacionada) e imediatamente a Arábia Saudita e os emirados Árabes Unidos enviaram tropas para conter a população civil insurgente. Quer dizer, se o país for Pró-UE Ou Pró-EUA, podem ser enviadas tropas para sufocar a rebelião civil, se for opositor é decidido atacar e derrubar o governo, favorecendo a rebelião. Não é só o cinismo que não tem limites, mas a hipocrisia da política externa do Estados Unidos e das potências européias já ultrapassou todos os limites da moralidade, ou melhor da falta desta.

Pippo disse...

"Se a coligação não deve recorrer a meios militares, como pode ajudar de outra forma a população civil, leia-se a oposição ao regime de Kadhafi?"

JM, está a confundir as coisas. "população civil" não é igual a "oposição ao regime de Kadhafi". O Kadhafi também é apoiado pela "população civil", a que o apoia, nomeadamente da sua tribo.

É evidente que esta Resolução já foi em muito ultrapassada, como o testemunham a destruição de carros de combate, camiões e jipes (duvido que um camião ou um jipe coloque em risco a vida de civis... só se for por atropelamento!). Ou seja, a intervenção está claramente a ser feita, não para proteger civis, mas para proteger uma das facções. Neste caso, apesar da má utilização da palavra (como já o referi anteriormente), Putin tem razão, ou seja, a resolução, à qual ele se opunha mas Medvedev era favorável, consubstanciou-se numa espécie de apelo à Cruzada que tudo permitiu (até o saque de Constantinopla, é bom nunca o esquecer!).

Cristina Mestre disse...

Mesmo que tenham prometido, o actual presidente russo acredita ele próprio nelas ...

Francisco Lucrécio disse...

«««««««««««E que medidas propõe Moscovo para defender a população civil? Um cessar de fogo. Mas se a oportunidade de se conseguir isso, se é que existiu alguma vez, passou, como conseguir agora o fim dos confrontos?»»»»»»»»

Os dirigentes Russos ficaram completamente manietados quando deram o seu aval à agressão militar à Líbia. Compreenderam tardiamente que caíram num logro e isso vai-lhes sair muito caro no futuro.

Portanto quaisquer propostas Russas sobre a resolução deste conflito não têm a mínima validade nem tão pouco qualquer aceitação. Resta-lhes o consolo de barafustar.

Moscovo já compreendeu que perdeu a sua influencia na Líbia e por conseguinte em todo o Magrebe e num futuro muito próximo irá perder o seu único aliado afastado das suas fronteiras, a Síria. Isto porque os Iranianos há muito que deixaram de confiar nas boas intenções dos Russos.

Na Líbia com o rumo que o conflito está tomar, começaram a ser levantadas questões de outra ordem.

O mandato da ONU destinava-se e era bem claro nisso, em criar uma zona de exclusão aérea para a protecção de civis. Ora neste momento o que se está a verificar é que as forças de intervenção estrangeiras estão a efectuar bombardeamentos navais e aéreos maciços para abrir caminho aos rebeldes. Portanto estão a promover a guerra apoiando uma das partes.

E a gravidade do problema está nisto. Sabendo-se que a Líbia é um país tribal, composto de clãs distintos. De futuro tencionará a NATO começar a bombardear o lado que hoje apoia para defender os civis do outro lado? Isso já é uma realidade ao verificar-se que as ultimas cidades que os rebeldes tomaram estão totalmente desertas.

Portanto está ali à vista a iminência de uma catástrofe humanitária de contornos imprevisíveis. Mas todos tenha-mos uma certeza que a acontecer uma tragédia dessas, vai ser tudo abafado.
Porque nada disso interessa àqueles que a provocaram . O que conta são os 420 M Milhões de dólares de fundos de investimento Líbios aplicados nas economias da Europa e dos EUA.

Kadhafi atreveu-se a desafiar os interesses das grandes petrolíferas a laborar na Líbia, diminuindo-lhe as margens de lucro. Como foi o caso da Total Francesa, não só lhe baixou a participação para 20% como a multou em 500 Milhões de dólares. Está a pagar bem caro pelo desafio.

Deste modo os dirigentes Russos não podem vir alegar que desconheciam as manobras que há alguns meses (desde Novembro) se estavam a desenrolar em torno da Líbia.

A posição que a Rússia assumiu neste caso, além de ter provocado a machadada final na confiança dos seus parceiros. Retirou-lhe a partir de agora todas as hipóteses de se assumir como potencia mundial. Ninguém mais se arrisca em abrir as portas à instalação de bases no seu território. Foi o caso de Cuba da Venezuela e do Vietname. Tiveram até aqui uma base naval de passagem em território Líbio. Isso acabou.

Sei que vou causar alguma controvérsia em alguns dos participantes deste blogue com esta afirmação. Entendo que a Rússia em forças convencionais está totalmente debilitada (acabada). Basta dizer-se que 70 % dos seus arsenais estão completamente obsoletos, têm todos mais de trinta anos.

Portanto a cedência com a abstenção Russa esconde contornos que só o tempo dirá quais são. Os Chineses já vieram dizer que contactaram os Russos para votar não, só que eles recusaram e para não ficarem isolados optaram pela mesma opção.

PortugueseMan disse...

...A resolução 1973 do CS da ONU, que foi aprovada também graças à abstenção de Moscovo, visa proteger a população civil dos ataques das tropas fiéis a Kadhafi...

Meu caro,

Olhe que isto não está totalmente correcto.

A resolução não visa proteger a população civil dos ataques das tropas fiéis a Kadhafi.

A resolução VISA proteger a população civil. De QUALQUER ataque.

Ora, o que fazer à população fiel a Kadhafi? O que fazer às cidades que demonstrem séria resistência aos rebeldes?

Nitidamente a coligação está a abrir caminho aos rebeldes, e isso não está sancionado pela resolução da ONU.

Não haverá problemas com isto se não existir população fiel a Kadhafi, o regime acabará por cair, de uma forma mais rápida. O problema é se existe uma parte do país que não está do lado dos rebeldes.

A posição da Rússia não é completamente descabida. Da mesma maneira que a posição da coligação não é inocente, pensando apenas no bem estar de uma população, que vive em cima de um mar de petróleo.

PortugueseMan disse...

Já agora um pouco ao lado disto, mas não deixa de certa maneira de estar relacionado:

Declarações de um possível candidato presidencial em 2012 nos EUA.

Trump: Charge For Military Protection

Donald Trump says the federal government needs to charge the countries our military is charged with protecting.

In an exclusive interview with Neil Cavuto on Fox News Channel, the potential presidential candidate suggested the United States could raise revenue and get out of debt by tapping unlikely sources like Iraq.

"We took over Iraq and we totally weakened the country. We've ripped their infrastructure apart. The country is a mess. It's a total mess, and ok now we're gonna leave," said Trump. "They have 15 trillion dollars worth of oil. We've spent one and a half trillion dollars. Why aren't they paying us?"...


http://politics.blogs.foxnews.com/2011/03/15/trump-charge-military-protection

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caros PM e Pippo, e isso não era previsível quando foi aprovada a resolução, que tem propostas mais abrangentes do que a criação de uma zona de exclusão aérea?

PortugueseMan disse...

Era previsível que a França queria fazer uma coisa destas?

Meu caro,

Pessoalmente a mim nunca me passou pela cabeça que a França estava a pensar nisto.

Falando por outros, nunca vi um artigo, declaração ou seja do que fôr sobre isto antes de se tornar evidente que a coligação está a dar cobertura aérea a uma das facções.

É uma táctiva nova. Em vez de meterem militares no terreno, com todos os problemas que isso traz, usam as suas vantagens. Anulam a força aérea do oponente e atacam de longe.

Portanto a coligação neste momento é a força aérea dos rebeldes.

O problema pode surgir quando os rebeldes tiverem que bombardear cidades para avançarem. A coligação deveria bombardear neste caso os rebeldes. Se não o fizer...

Vamos a ver qual o desfecho desta nova táctica.

Pedro disse...

Apesar de eu não ser saudoso da URSS, nem ser comuna, esta situação vem demonstrar que o Putin tinha razão quando disse que a queda da URSS foi a maior catastrofe do Sec XX.

Esta situação nos tempos da URSS era menos provável de acontecer.
Os aliados podia aventurar-se a bombardear a Libia, mas sabiam que mais tarde ou mais cedo a URSS iria sorrateiramente instalar lá meios anti-aereos e desmoralizar a forças invasoras com os caças a cair que nem tordos.

Se olharmos para o passado, desde a queda da URSS a NATO e USA já bombardeou a Jugoslávia, o Iraque(2 vezes), o Afeganistão, a Libia, a Somália, muito mais que durante os 40 anos de Guerra Fria.
E onde se aventuraram durante a guerra Fria (Vietname, Coreia) ficaram sempre com uma grande azia.

A URSS não devia ter caido.
Devia ter-se renovado, reformado, democratizado, mas mantendo-se coesa. Podiam até abandonar o comunismo como base ideologica e economica, mas mantendo o equilibrio geo-estratégico mundial.

O Mundo da politica seria certamente um pouco mais saudável.

MSantos disse...

Caro PM

O Sr Donald Trump é um desbocado que berra bem alto apenas o propósito das intervenções norte-americanas dos últimos 20 anos e que os protagonistas não admitem por pudor.

Recordo-me de ter lido em qualquer lado, à laia de anedota, que as agências de turismo soviéticas tinham um anúncio:

"Visite a URSS.
Antes que nós o visitemos"

Tragicamente o mesmo pode ser aplicado aos EUA hoje em dia.

Cumpts
Manuel Santos

Jest nas Wielu disse...

Uma opinião russa bem típica, a Rússia apoiou, armou e entrou na guerra em apoio dos separatistas da Ossétia do Sul sem nenhuma resolução da ONU e ainda critica os aliados (entre eles os países árabes) de fazer o mesmo, mas em menor escala, ao abrigo da resolução Nr. 1973 do CS da ONU.

p.s.
Vejam a primeira televisão privada líbia Líbia Al-Hurra TV sediada em Bengazi e fundada pelo jornalista e blogueiro líbio Mohammed Nabbous, assassinado pelo regime do ditador Gaddafi no dia 19 de Março de 2011:
http://www.livestream.com/libya17feb

Pippo disse...

"Caros PM e Pippo, e isso não era previsível quando foi aprovada a resolução, que tem propostas mais abrangentes do que a criação de uma zona de exclusão aérea?"

Se calhar até era, e por isso é que (dizem) o Putin se opunha a esta resolução. Mas o Medvedev, o Medvedev... E agora vê-se quem tinha razão.

E é como já vários aqui o disseram (e na verdade nem precisavam de o dizer pois é por demais evidente): as forças aéreas europeias e norte-americanas estão a dar apoio aéreo próximo aos rebeldes.

Ora, o que acontecerá caso os rebeldes comecem a flagelar civis pró-Kadhafi? Será que serão atacados pela aviação coligada? A ver vamos...

PortugueseMan disse...

...e entrou na guerra em apoio dos separatistas da Ossétia do Sul sem nenhuma resolução da ONU...

Nunca precisou de uma resolução da ONU para entrar na Ossétia do Sul, eles já lá estavam e mandatados para isso.

Precisava sim de uma resolução para entrar no território da Geórgia.

Não existe comparações com a Líbia.

PortugueseMan disse...

Bom,

A coisa cada vez está mais estranha. Agora já se ouve falar em ARMAR os rebeldes.

Isto sobe a parada uma vez mais. A questão de salvar os civis inocentes está a ser mandado para as urtigas. Se do lado de Kadhafi, existe força suficiente para lutar, o que estamos a assistir é o prolongamento de uma guerra civil, com direito a "oferta" de material para esse mesmo prolongamento.

A coligação não só faz de força aérea dos rebeldes como possivelmente irá fornecer tudo o que os rebeldes necessitem para atingir os objectivos de "todos"

E os rebeldes até já podem pagar pelas armas, porque o Qatar vai ser o intermediário da venda de petróleo vindo dos rebeldes.

Bom, se isto tem alguma coisa a ver com a resolução 1973, escapa-me completamente.

E enquanto isto for entre grandes de um lado e pequenos do outro, o mundo ainda pode ver isto no conforto do sofá.

Quando for entre grandes de um lado e grandes do outro...

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, enquanto ficarem garantidos os interesses de russos e chineses quando da repartição do bolo, não haverá queixas dos grandes.

PortugueseMan disse...

Caro JM,

Os meus pensamentos são um pouco mais sinistros que isso. Não era bem essa situação que estava a pensar.

Estes conflitos que temos estado a assistir nos últimos anos, permitem-nos ver a coisa a partir do sofá, porque elas acontecem longe de nós.

Isto porque apenas um dos lados tem capacidade de fazer guerra longe da sua zona.

Mas não podemos esquecer a importância da energia nisto. Quando duas grandes potências colidirem pela mesma energia, aí é que vamos ter uma guerra a sério.

E estamos a caminhar alegremente para um cenário desses. O consumo de energia não pára de aumentar.

Repare todos estes últimos conflitos que temos assistido estão relacionados com energia.

Iraque, Afeganistão, Geórgia, Líbia.

Se recuarmos no tempo, veremos outros conflitos que se cruzam sempre com a energia.

Agora quando as grandes potências chocam, temos o caldo entornado.

Seja como fôr isto não é tão negativo para a venda de armas russas. É mais que claro que quem quer estar protegido de "ajuda externa", necessita de um bom sistema defensivo e a Rússia oferece bons sistemas desses. Tão bons que ninguem quer que se vendam ao Irão. Á vista do que está a acontecer na Líbia, deve aparecer para aí uns contratos urgentes...

Da Rússia, de Portugal e do Mundo disse...

Caro PM, estou de acordo consigo e o pessimismo aumenta com o desatre nuclear no Japão, que faz com que esse tipo de energia sofra um rude golpe. Há que procurar novos tipos de energia, pois a luta por uns: petróleo e gás, leva frequentemente à guerra, e a energia atómica mostrou os seus elos fracos, provocados pela irresponsabilidade humana.

Jest nas Wielu disse...

2 PortugueseMan 10:14

/Nunca precisou de uma resolução da ONU para entrar na Ossétia do Sul, eles já lá estavam e mandatados para isso. Precisava sim de uma resolução para entrar no território da Geórgia./
1. Poderá nós esclarecer quem é que mandatou a FR estar na Ossétia do Sul?
2. Já que o próprio reconhece que or russos precisavam de uma resulução para entrar na Geórgia e não tinham nenhuma, significa que Rússia violou em 2008 o direito internacional, algo que de facto, não acontece na Líbia.
3. Moussa Koussa fogiu para o Ocidente. Porque sera?

PortugueseMan disse...

...Poderá nós esclarecer quem é que mandatou a FR estar na Ossétia do Sul?...

Mas você não sabe? Está a brincar? Poderá esclarecer "nós"?

Mas quem são os "nós"?

Se você não sabe, informe-se antes de fazer informações falsas. Acho muito estranho uma pessoa como você que parece andar sempre tão informado nestas questõezinhas, não saber uma coisa destas.

Não brinque, que eu não tenho paciência para isso.

2. Não há violação do direito internacional na Líbia???? Só me falta dizer que a coligação está a agir de acordo com a resolução da ONU...

3. Porque recebeu dinheiro. O impacto mediático é significativo.

Jest nas Wielu disse...

2 PortugueseMan 09:36

1. Não conheço nenhuma autorização internacional que permitisse ao 58° exército russo de entrar na Geórgia / sua parte integrante Ossétia do Sul. Dai o meu pedido.
2. Não discuti se há ou não, pois não sou o períto em direito internacional, apenas disse que existe a resolução do CS da ONU, algo que não existia durante a agressão russa em 2008.
3. Pois, todos os que abandonaram o Gadaffi é porque receberam o dinheiro, certo.

Off top:
Fotos de Chornobyl de 1986:
https://picasaweb.google.com/vepshteyn/
1986?authkey=Gv1sRgCJeR8d3i48_lRQ#

PortugueseMan disse...

Você queria uma autorização internacional para o 58° exército russo??

O quê, um passe para cada tanque, soldado e avião?

Já agora, exactamente que autorizações internacionais existem para os soldados russos que estavam na Ossétia do Sul antes de começar o bombardeamento?

Porque eles estavam lá e mandatados. Portanto se os que lá estavam fossem atacados, o que é que as "autorizações internacionais" em vigor na altura permitiam fazer o quê?

Não são todos os que abandonam Khadaffi, mas tipos com altos postos no governo, "fugirem" ainda por cima, para onde foram, é para mim óbvio que só por acordos. Porque esses também têm as mãos sujas de sangue, não estavam no cargo por obrigação e muito menos estão arrependidos agora.

Francisco Lucrécio disse...

Jest; Você está a confundir o óbvio com o aparente.

A situação na Líbia é totalmente distinta dos acontecimentos do Cáucaso de Agosto de 2008.

Na O. do Norte houve o desencadear de um conflito por parte de um país (não vou discutir se com ou sem razão) na tentativa de resolver uma situação que estava a ser monitorizada sob os auspícios da ONU em que o “agressor” à revelia de todos os acordos firmados ( aceites por ele também) tentou resolver unilateralmente a questão pela força.

Portanto a Rússia reagiu com toda legitimidade a uma acção ilegal que a não ser travada, provocaria uma espiral de violência, ajustes de contas, vinganças,e um êxodo massivo de civis que nunca mais paravam.

Quanto à Líbia; tratasse de uma agressão muito bem preparada e ensaiada desde há muito tempo. Isto porque Kadhaffi já tinha cometido tropelias muito bem piores anteriormente. É muito estranho como apareceram tantas armas na mão de civis desde o primeiro momento da rebelião.

Não sei se algum país tolera alguém exibir armas em publico desafiando a autoridade estabelecida?

Vai desculpar-me; mas por isso mesmo entendo a sua opinião como um (Reductio ad absurdum). Um absurdo sem pés nem cabeça.

Francisco Lucrécio disse...

Rectifico.

Não é O. do Norte mas sim do Sul.