O Presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, excluiu hoje a possibilidade de concorrer nas eleições presidenciais de março de 2012 contra o primeiro-ministro Vladimir Putin.
“Não se trata de brinquedos, trata-se do destino das pessoas, e não de ambições pessoais”, reagiu ele, numa conferência de imprensa com mais de 800 jornalistas russos e estrangeiros.
O Presidente russo frisou que tem muito boas relações com o “colega e parceiro”, acrescentando que “estas relações têm mais de vinte anos”.
“Digam o que disserem, mas nós realmente somos aliados”, acrescentou.
Segundo Medvedev, “há concorrência que ajuda, mas há concorrência que conduz a um beco sem saída. Iremos orientar-nos por uma abordagem responsável quando for decidida a questão de quem se candidatará ao quê”.
“Nós realmente temos a mesma formação, em direito, e os nossos valores estão muito próximos. E nós dois queremos realmente que o nosso país seja moderno... As discussões no dueto não são más, porque assim nasce a verdade”, sublinhou.
O Presidente russo espera o apoio do Partido Rússia Unida, dirigido por Vladimir Putin, se se decidir recandidatar.
Medvedev anunciou que não irá fazer alterações no Governo russo até às eleições parlamentares de dezembro de 2011, mas acrescentou que o executivo irá sofrer profundas alterações depois do escrutínio.
“O Governo será consideravelmente renovado, independentemente do partido que o irá formar”, precisou.
No que respeita ao “caso Khodorkovski”, magnata russo que está na prisão acusado de crimes económicos, mas que alguns analistas consideram tratar-se de um “preso político”, Medvedev considerou que “se ele sair da prisão, não constituirá absolutamente um perigo”.
No campo internacional, Dmitri Medvedev considerou que as relações entre a NATO e a Rússia não são as piores, mas podem agudizar-se devido aos problemas em torno do escudo antimíssil europeu.
Se os Estados Unidos avançarem com a criação de um escudo antimíssil europeu sem a participação da Rússia ou se Moscovo não receber garantias que esse escudo não está virado contra ele, Medvedev promete tomar medidas de resposta e forçar o desenvolvimento do potencial nuclear ofensivo.
“Esse cenário atirar-nos-ia para a época da guerra fria”, frisou Medvedev.
Quanto à situação no Médio Oriente e no Norte de África, o dirigente russo anunciou que não apoiará uma resolução do Conselho de Segurança da ONU sobre a Síria, semelhante àquela que foi aprovada em relação à Líbia.
“Não apoiarei resolução análoga, mesmo que me peçam os amigos”, frisou.
O dirigente russo considerou que a resolução sobre a Líbia está a ser “violada pelas ações realizadas por alguns estados”, foi “manipulada”.
Ao abordar as relações entre a Rússia e a União Europeia, o dirigente russo defendeu que a criação de um espaço único sem vistos é um passo lógico no desenvolvimento das relações entre elas.
“Se, na realidade, entre nós já existe uma área económica única, seria lógico chegarmos a um espaço único sem vistos, e eu irei lutar por isso”, considerou.
P.S. Sinceramente, não compreendi porque razão é que Dmitri Medvedev precisou de organizar uma mega conferência de imprensa, pois pouco ou nada esclareceu. Ou melhor, sublinhou que quase tudo irá ficar na mesma.
O Presidente russo voltou a jurar fidelidade a Vladimir Putin, deixando claro quem é que manda no país. Disse que ainda não decidiu se se vai recandidatar ou não ao cargo de Presidente, mas frisou que, se o fizer, não o fará contra Putin e espera o apoio do Partido Rússia Unida, controlado pelo primeiro-ministro.
Prometeu também não mexer no governo russo até às eleições parlamentares de dezembro de 2012 e renová-lo depois, em conformidade com os resultados do escrutínio. Como ninguém duvida que a Frente Popular Unida vai vencer as eleições com maioria constitucional, a formação do novo executivo ficará novamente a cargo de Vladimir Putin, que avançou a ideia da criação dessa nova força política.
Fiquei com a impressão de que Medvedev veio propôr a Putin para que tudo se mantenha na mesma e deixar claro que ele não tenciona fazer nada contra o primeiro-ministro.
No campo internacional, as declarações também não trouxeram nada de novo.
Pergunto outra vez: para que foi necessário organizar um espectáculo tão grande?
E mais um pormenor, enquanto Medvedev respondia às perguntas dos jornalistas, a Assembleia Muncipal de São Petersburgo destituiu Serguei Mironov do cargo de representante seu no Conselho da Federação (câmara alta) do Parlamento da Rússia.
Mironov, que dirigia esta câmara e constituía a 3ª pessoa na hierarquia do poder russo, foi destituído por ter declarado que "São Petersburgo era a cidade mais corrupta do país". Falou demais e pagou...
6 comentários:
"Mironov, que dirigia esta câmara e constituía a 3ª pessoa na hierarquia do poder russo, foi destituído por ter declarado que "São Petersburgo era a cidade mais corrupta do país". Falou demais e pagou... "
Não tenho tanta certeza que foi demitido apenas por ter pronunciado alguma frase. Afinal, os tempos de Estaline (quando se fuzilava, por vezes, por causa de uma palavra, pronunciada sem pensar) já passaram. Parece que o caso é mais complexo. Mas, na realidade, foi só formalmente a "pessoa número 3" no estado russo.
Anónimo russo, informe-se melhor antes de falar. Sei que o seu único desejo é justificar a política de Vladimir Putin, mas tento-o fazer de forma mais sólida.
"Blogger Jose Milhazes disse...
Anónimo russo, informe-se melhor antes de falar. Sei que o seu único desejo é justificar a política de Vladimir Putin, mas tento-o fazer de forma mais sólida."
Sim, sim, eu sou o agente de putinismo sangrento e o meu único desejo é satisfazer Putin, Putin, Putin...
A Unica coisa que eu não entendo: porque é que vocês, jornalistas ocidentais, tratam muitas vezes os seus leitores ocidentais como alguns atrasados mentais?
No caso de Mironov, desconfio que nem tudo é tão simples. Não se demite por uma frase.
Desconfie, desconfie, ainda se vai ver que se trata de um agente da CIA ou da NATO!
"Blogger Jose Milhazes disse...
Desconfie, desconfie, ainda se vai ver que se trata de um agente da CIA ou da NATO!"
Desconfio que CIA nada tem a ver com isso. Mas deve haver um conflito por detras desses acontecimentos.
Medvedev fala... Putin executa!
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