Serguei Riabkov, vice-ministro russo dos Negócios Estrangeiros, ameaçou que a Rússia poderá abandonar o Tratado START caso os Estados Unidos continuem a instalar elementos do sistema antimíssil na Europa.
“As nossas propostas no campo do sistema antimíssil baseiam-se na constatação de que os atuais armamentos estratégicos defensivos não minam a vitalidade e eficácia dos armamentos estratégicos ofensivos das partes. Compreendemos também que as partes não tencionam desenvolver os seus armamentos estratégicos defensivos uma contra a outra, enfraquecendo o potencial estratégico de contenção nuclear da outra parte. Mas não temos garantias que assim será no futuro”, declarou ele.
“Sem a elaboração e fixação dos respetivos entendimentos, será difícil falar de posteriores passos com vista à redução de armamentos ofensivos estratégicos”, frisou, ao discursar perante os deputados russos.
Segundo ele, se os Estados Unidos continuarem a instalar o sistema antimíssil na Europa, a Rússia poderá abandonar o Tratado de redução dos armamentos nucleares ofensivos START.
“Já prevenimos por mais de uma vez que o aumento quantitativo e qualitativo do sistema antimíssil norte-americano, que ponha em perigo o potencial das forças nucleares estratégicas da Rùsia, pode ser interpretado por nós como uma circunstância extraordinária, prevista no artigo 14 do Tratado, o que pressupõe a possibilidade de saída da Rússia desse tratado”, precisou.
Riabkov anunciou também que Moscovo ficou desiludida com a renúncia de Washington de dar garantias jurídicas de que o sistema antimíssil norte-americano na Europa não será dirigido contra a Rússia.
Na Cimeira de Lisboa do Conselho Rússia-NATO, em Novembro de 2010, Moscovo e a Aliança Atlântica acordaram chegar a um acordo sobre o sistema de defesa antimíssil europeu.
A 04 de maio de 2011, o general Nikolai Makarov, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas da Rússia, anunciou que Moscovo estava disposta a discutir quaisquer propostas sobre a sua participação nesse sistema se a NATO desse garantias de que ele não ria ameaçar o potencial nuclear russo.
Os presidentes da Rússia e dos Estados Unidos, Dmitri Medvedev e Barack Obama, irão discutir a situação criada em torno do escudo antimíssil na Cimeira do G-8, que terá lugar em finais de Maio em França, declarou Dmitri Rogozin aos jornalistas.
“Atualmente tem lugar uma preparação ativa do encontro em Doville, incluindo a questão do escudo antimíssil. Realizam-se ativamente conversas pelas vias diplomática e militar”, precisou o representante da Rússias junto da NATO.
“Hoje, precisamos de garantias claras de que o sistema de defesa antimíssil não será dirigido contra os potenciais russos. Estamos dispostos a esperar, ninguém tem pressa”, frisou.
Rogozin considerou que é impossível criar um sistema de defesa antimíssil na Europa sem a participação da Rússia
“Isso é impossível, trata-se de bluff”, acrescentou.
Ele apresentou o seguinte exemplo: “Imaginem, nós detetamos o lançamento de mísseis no terrirório de países europeus, sem saber a quem pertencem os mísseis. Não teremos tempo para realizar conferências de imprensa, telefonar para a NATO, Washington e esclarecer se trata de mísseis ou de sistemas de defesa antimísil e porque razão foram disparados. O nosso sistema de prevenção reagirá como a um ataque de mísseis com todas as consequências que daí advirão. Eu já expliquei isso aos meus colegas em Bruxelas”.
Segundo ele, “este argumento dita a necessidade de correlação dos sistemas da Rússia e da NATO e, por isso, é uma estupidez fazer de conta que nada se passa e que a Rússia não existe com o seu potencial nuclear”.
Porém, Rogozin acredita num acordo entre Moscovo e Washington.
“Se o compromisso for conseguido, e pensamos que é possível isso com a administração de Obama, isso será um salto que nos levará a viver num mundo completamente novo”, frisou.
“Hoje encontramo-nos numa etapa em que a NATO tenta realizar os seus planos sem compartilhar tecnologias e garantias jurídicas com a Rússia, mas isso não passará. Conseguiremos o nosso objetivo ou de uma forma, ou de outra”, concluiu o embaixador russo.
7 comentários:
Este é um assunto muito perigoso.
A Rússia a meu ver tem agido bem.
Tem sido a parte mais sensata e mais coerente neste assunto.
Os USA e NATO estão sempre a tentar artimanhas, dizem hoje uma coisa e depois fazem outra.
Na cimeira de Lisboa era tudo a dar palmadinhas nas costas ao Medvedev mas depois por trás das cortinas decidem outras.
Já houve várias situações de ataques nucleares iminentes e mais tarde ou mais cedo um incidente destes pode acontecer e com consequências devastadoras para o planeta.
Neste assunto não pode haver orgulho, tem de haver rigor e transparência de todas as partes.
O Tratado tal como está de pouco ou nada vale.
Os EUA precisam de colocar o sistema e não só na Europa. Também necessitam de colocar armas no espaço.
A coisa está um pouco em banho maria com a entrada de Obama, mas mais tarde ou mais cedo vão ter que avançar.
Quando não der para adiar mais, vai ser inevitável, o tratado não pode ser implementado e as armas de ambos os lados vão avançar.
Possivelmente depois das eleições nos EUA e Rússia em 2012.
Enfim, cada vez mais longe de um mundo sem armas nucleares.
A propósito desta temática deixo aqui esta notícia: um bluff? ou aumento da parada?
Rússia revela novo tipo de ICBM
https://rt.com/politics/nato-russia-missile-defense-europe/
Pedro,
concordo plenamente com você. Contudo, já é hora de responder à prepotencia e soberba dos americanos.
Acho que está faltando atitude dos russos. Juntamente com as pressões diplomáticas, já deveriam estar implantando mísseis ofensivos em Kalinigrado.
A implantação em Kalinigrado é bem mais simples do que se possa imaginar, já existe uma quantidade enorme de armamentos estacionados em kalinigrado. A Rússia segue o caminho correto, apelando pela forma diplomática e dando prosseguimento ao processo de rearmamento. Os sistemas de defesa dos países da Otan já são ineficazes para uma boa parte dos mísseis russos, por fim a Rússia vai executando a sua ópera, pelo visto a aproximação com a China lhes ensinou a paciência.
Pedro diz...
"Este é um assunto muito perigoso..."
O que adianta a Rússia assinar um tratado com os Estados Unidos, se a Índia, Paquistão e China estão desenvolvendo novos mísseis ICBM?
Esse tratado não irá resolver o problema da proliferação nuclear... Pelo contrário, desde o fim da Guerra Fria, Coréia do Norte e Irã irão se juntar ao seleto grupo!
É só aguardar!
A resposta para estas ameaças da NATO é simples:
a) Instalar batalhões equipados com mísseis ISKANDER em Kaliningrado
b) Criar sistemas de jameamento para interferir na integração destes mísseis ocidentais ( Guerra Eletronica)
c) Incorporar submarinos de propulsão convencional da nova classe LADA ou KILO no Mar Báltico, para se contrapor aos destroyers da classe Arleigh Burke americana que irão transportar estes mísseis SAM pelo sistema AEGIS.
d)Cortar relações diplomáticas e bilaterais com os traidores polacos e tchecos!
e) Desenvolver novos mísseis nucleares táticos ( não intercontinentais ) com 500 á 1000 quilometros de alcance e integrar as plataformas disponíveis - caças e bombardeiros e lençadores terrestres - pois o tempo de reação seria muito pouco para retaliar!
f) Criar bases militares em Belarus, á 90 quilometros da Polonia e equipa-las com caças MIG-29, SU-27, SU-30 e batalhões de mísseis ISKANDER com ogivas convencionais e nucleares
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