terça-feira, junho 28, 2011

Blogo do leitor: (A Nova Nobreza: os herdeiros do KGB)

Texto enviado pelo leitor António Campos:


"Nos países lusófonos, e especialmente em Portugal, a Rússia continua a ser uma “adivinha embrulhada num mistério dentro de um enigma” que, quase setenta e um anos após Winston Churchill o ter afirmado pela primeira vez, continua a ser a definição mais precisa da sua realidade, mesmo para os entusiastas estranhos que insistem, com maior ou menor sucesso, em tentar deslindá-la. Em geral, a população portuguesa tem uma noção que raia o residual da importância geopolítica do mais extenso e misterioso país do planeta e a vaga de imigração proveniente dos destroços da antiga União Soviética pouco fez para estimular a curiosidade local. O desinteresse aparenta ser mútuo, se exceptuarmos as habituais curiosidades culinárias, os casamentos mistos, falhados na sua esmagadora maioria por razões que dariam para escrever um tratado, e as estrelas do futebol de ambos os lados, que transitam deste clube para aquele a troco de milhões suficientes para fazerem manchete nos equivalentes masculinos da imprensa dos mexericos. E fica por aí.

Para isso muito contribui a escassez de publicações recentes, traduzidas para português, de livros de autores russos que se dedicam a escrever sobre a sua realidade social e política. Sabemos que já não há União Soviética há mais de 20 anos e o pouco que é divulgado e discutido em português vai-se fazendo através do blog “Darussia” do jornalista e historiador José Milhazes, bem como de alguns outros com projecção muito mais limitada.

Felizmente, para os leitores da língua inglesa, a realidade é diferente. Para além de muitos descendentes da emigração “branca” russa para o ocidente, alguns dos quais se tornaram jornalistas e escritores com projecção significativa, muitas das publicações de carácter político de autores e jornalistas russos acabam por ser traduzidas para inglês, ou mesmo escritas de raiz nessa língua. É o caso do “The New Nobility”, escrito pelos jornalistas Andrei Soldatov e Irina Borogan, co-fundadores do site agentura.ru, uma espécie de observatório online independente das forças de segurança russas, que luta pela sua existência há mais de dez anos.

O livro que escreveram é extremamente importante, na medida em que, para entender a sociedade e a política russa actuais, é necessário entender em primeiro lugar o papel que as forças de segurança e, em especial o FSB, desempenham no aparelho de estado. E a forma como os seus tentáculos penetram no tecido social. E é importante também, na medida em que o Ocidente, mais preocupado com a chamada “guerra ao terror” no início da primeira década do século, virou a sua atenção para o radicalismo islâmico, enquanto o seu antigo inimigo da guerra fria transitava silenciosamente do caos de Yeltsin para um estado que passou a ser dominado pelos herdeiros do antigo KGB, que procuram agora ganhar alavancagem geopolítica com a arma da venda e do transporte de petróleo e gás.

O subtítulo do livro, cujos autores revelam um conhecimento enciclopédico e quase obsessivo do tema, é revelador do seu tom geral: “A restauração do estado policial russo e a persistência do legado do KGB”. Conta-nos como os destroços do KGB foram organizados por Putin e transformados numa “nova aristocracia”, cujo objectivo é o de proteger o regime. Retratada na propaganda estatal como a única força capaz de restaurar e manter a estabilidade do país, é, nas palavras dos autores, “em muitos aspectos bastante mais próxima das implacáveis Mukhabarat, as polícias secretas dos países árabes: dedicadas à protecção de regimes autoritários, responsáveis unicamente perante os que ocupam o poder, impenetráveis, totalmente corruptos e livres de utilizar métodos brutais contra indivíduos ou grupos suspeitos de terrorismo ou dissidência”.

Utilizando fontes indirectas, jornalismo de investigação e entrevistas com agentes no activo, que permanecem anónimos em muitos casos, Soldatov e Borogan embalam o leitor num conto sinistro, em que Putin, levado à popularidade após os misteriosos ataques bombistas em Moscovo, em Setembro de 1999, destrói progressivamente uma série de agências de segurança até aí independentes e competindo por influência, tais como a polícia fiscal, a agência de comunicações (dedicada à segurança da informação e das comunicações) e a guarda fronteiriça, transferindo os seus poderes para o FSB. A organização assume poderes de contra-informação até no exército, numa manobra que se assemelha à introdução dos famosos “comissários políticos” do NKVD nas fileiras do Exército Vermelho. Os arquitectos desta reorganização são todos amigos de Putin, antigos funcionários dos departamentos regionais do FSB de São Petersburgo e da Carélia. Nomes conhecidos que ainda hoje ocupam altos cargos no aparelho de estado, tais como Nikolai Patrushev, Rashid Nurgaliev, Victor Ivanov e Igor Sechin.

Passando pela descrição detalhada da promoção de uma espécie de culto de personalidade da organização, apoiado em “séries policiais” encomendadas, algumas até com significativa popularidade junto do público, os autores descrevem o ataque às organizações não-governamentais, aos cientistas, aos ambientalistas, e aos jornalistas estrangeiros em nome do mito do inimigo externo contra a fortaleza Rússia, e a infiltração em movimentos oposicionistas: a repressão da “quinta-coluna”, reforçada ainda mais após a introdução, pelo presidente Medvedev, das leis contra o “extremismo”.

Estas leis foram o veículo ideal para intimidar a comunidade blogger, que ainda constitui a esperança de um dia ser possível existir algo que se assemelhe a uma sociedade civil na Rússia. Em Março de 2009, segundo os autores, Dmitri Soloviev, líder do grupo oposicionista Oborona em Kemerovo, foi criminalmente acusado de criticar o FSB no seu blog do LiveJournal. Os alegados “crimes" foram dois posts, intitulados “o FSB mata crianças russas” e “Comportamento arbitrário do FSB no centro de recrutamento militar”. A acusação entendeu que a informação publicada por Soloviev “incitava ao ódio e à hostilidade e degradava um grupo social: a polícia e o FSB”. AS acusações foram mais tarde retiradas. O livro relata inúmeros exemplos semelhantes, alguns cujas acusações raiam o ridículo, terminando o capítulo com uma citação da conhecida activista dos direitos humanos Ludmila Alekseeva: “Temos uma sensação de “déjá vu”. Retornámos à prática da vigilância sobre os dissidentes, arrastando pessoas para fora de comboios, evitando conversas. Esta prática não só voltou como foi enriquecida com novos métodos de pressão”.

Interessante também é a forma como é descrita a transferência de privilégios materiais para os oficiais do FSB, e como os Volgas negros com motorista dos generais do KGB se converteram em Mercedes, BMWs e Audis ostentando a famigerada luzinha azul, que até lhes permite andar em contramão a alta velocidade, bem como as mansões dos generais do FSB paredes-meias com as dos oligarcas queridos do regime, na prestigiosa área de Rublyovka.

A segunda parte do livro lida com a eficácia das forças de segurança na abordagem às grandes crises terroristas da primeira década do século: a crise dos reféns no teatro Dubrovka e a tomada da escola em Beslan. O leitor é confrontado com relatos detalhados em primeira mão do desenrolar dos acontecimentos, na perspectiva dos próprios jornalista a testemunhá-los, quase minuto a minuto. Para quem ficou confuso com a cobertura mediática dos acontecimentos e a sua filtragem pelo regime, esta obra constitui um recurso valioso, se extremamente dramático, e engloba a demonstração inequívoca de que, apesar do comportamento descoordenado e incompetente do FSB, ninguém do aparelho foi punido ou afastado em virtude do seu desempenho. Segundo os autores, no dia 19 de Outubro de 2004, Irina Khakamada, deputada liberal da Duma, exigiu um inquérito parlamentar ao desastre de Beslan. Apenas 44 dos 441 membros do parlamento votaram a favor. Acabou por não ocorrer qualquer inquérito parlamentar.

A obra não poderia ficar completa sem capítulos que abordassem o papel das forças de segurança em execuções extrajudiciais e assassinatos de separatistas no estrangeiro, tais como o do senhor da guerra checheno Zelimkhan Yandarbiyev em Doha em 2004 e, como não poderia deixar de ser, o envenenamento em Londres do dissidente e antigo tenente-coronel do FSB, Alexander Litvinenko.

O último aspecto abordado pelo livro é a aliança entre o FSB e uma rede não oficial de hackers simpatizantes do regime, pioneira nos ataques aos sites separatistas chechenos, e a diversificação dos seus ataques a sites de grupos “extremistas”, tais como o do partido Nacional-Bolshevique, o site de Garry Kasparov e até os sites do jornal Kommersant e da rádio Ekho Moskvy . Em Abril de 2007, um país inteiro, a Estónia, tornou-se um alvo destes hackers. Em 2008, seguiu-se-lhe a Lituânia.

Depois de descreverem, em cerca de 200 dramáticas páginas tão absorventes que se lêem num ápice, o alcance imune a escrutínio que o FSB atingiu na sociedade russa, as conclusões dos autores não deixam de surpreender: desenham um Vladimir Putin empenhado em construir um aparelho de segurança em torno do estado, que constituísse ao mesmo tempo um garante da estabilidade e uma defesa contra as ameaças do separatismo violento. Uma genuína e patriótica defesa da Mãe Rússia. O actual primeiro-ministro terá (politicamente) “aberto as portas a dezenas de agentes de segurança, talvez na esperança de os mesmos se revelarem a vanguarda de estabilidade e ordem. Mas uma vez que provaram os benefícios, começaram a lutar entre eles pelos despojos”, dizem os autores. Mais adiante, “os serviços de segurança imiscuíram-se na política para proteger Putin, talvez para demonstrar o seu poder e a lealdade ao Kremlin, ou porque calcularam mal as eventuais oposições ao popular presidente”, num tom idealista, em que o FSB deveria ser a engrenagem da máquina de um estado governado pela lei, mas que demonstrou falta de visão e falhou redondamente na protecção dos cidadãos, tendo-se tornado complacente e opulenta com as recompensas à lealdade. E, porventura, terá extravasado as suas responsabilidades. Na prática, esta resenha quase inocenta Putin, retratando-o como uma espécie de criador bem-intencionado, ultrapassado pela máquina que criou. Num mundo perfeito, talvez fosse possível alinharmo-nos com este "volte-face" final idealista por parte dos autores do que terá presidido à formação do serviço de segurança federal, na linha do famoso combate ao “niilismo legal” promovido pela já não tão recente retórica de Medvedev. Que poucos ou nenhuns frutos gerou.

No entanto, se o objectivo for pura e simplesmente a defesa do aparelho do estado, tal como era a função da PIDE nos tempos de Salazar, teremos que concordar que estão a fazer um trabalho irrepreensível. Graças aos serviços de segurança, o domínio de Putin sobre a sociedade é total e quaisquer ameaças ao regime, internas ou externas, tornaram-se irrelevantes. O facto é que um regime autocrático que preside a 140 milhões de habitantes, que deliberadamente destruiu a sociedade civil e implantou um sistema corporativista e um simulacro de parlamento não pode passar sem uma polícia de defesa do estado contra os cidadãos para garantir a sua longevidade. Os próprios autores o afirmam no início da obra, ao compararem o FSB à polícia política de Saddam Hussein.

Onde está a verdade? Como em quase tudo na Rússia, cabe então ao leitor desvendar mais esta adivinha embrulhada num mistério dentro de um enigma.

“The New Nobility”
Andrei Soldatov e Irina Borogan
Public Affairs, 2010"

22 comentários:

Anónimo disse...

Excelente artigo.

Cristina disse...

Que dizer?
Brilhante artigo, muito bem escrito, bastante apelativo e com muitos dados factuais. Quanto ao "final idealista", não é que também queira inocentar Putin mas a verdade é que a sua ideia inicial era mesmo criar um sistema que protegesse o regime. O sucesso de tal sistema garante-lhe a a permanência no poder e evita aquilo que é a sua fobia principal: a alegada possível desintegração da Rússia. Tal como disseste, Putin não sobrevive sem o FSB, ele próprio criou um país que aceita o regime e tolera a repressão em nome de uma mítica estabilidade. Onde está a verdade? A verdade está na realidade que o livro descreve: uma polícia que controla muito do que acontece no país, um povo que aceita esse controlo e o Ocidente, que o tolera em troca de determinadas vantagens.
Resta só dizer que para a maioria dos cidadãos russos, habituados a uma história de arbitrariedades, esse controlo não é tão repugnante como é para nós.

HAVOC disse...

Parabéns pelo artigo! A Rùssia é um país impressionante. Minha fascinação por estes país se iniciou á partir do momento em que conheci os caças da SUKHOI!

Realmente, é péssima a escassez de publicações sobre a Rússia para a lingua portuguesa, assim como também escolas para aprender russo! Isso é decepcionante para mim, que tem que usar "translators" da vida para ler algo em cirílico que sejan interessante.

O que é escrito em inglês sobre a Rússia é tudo conspiração, sempre jogando os leitores contra a Rùssia, porque essa é a regra literária dos EUA, Reino Unido e outros. É uma campanha aberta de demonização contra os russos.

Este website, agentura.ru, não foge da realidade. É um website escrito por russos que moram nos Estados Unidos, com domínio .ru mas escrito em Washington DC, o que faz com que se perca toda a credibilidade. Esta é a pior espécie de cidadão russo, o que critica seu país, morando na América. Deve receber grandes recompensas da CIA.

A Rússia precisa da FSB porque para qualquer lado que a Rússia vire, só vê inimígos. Se olhar para a Europa, tem o Báltico e os antigos países da URSS que trairam a terra-mãe pelas costas. Se olhar para o Oriente Médio, tem Israel e Turquia. Se olhar para o Extremo-Leste, tem o Japão e Coréia do Sul, que são fantoches do Capitólio.

Mas o maior inimígo da Rùssia está justamente dentro da Rússia. Milhares de pessoas estão neste exato momento conspirando contra o Kremiin, dentro do território russo. No Cáucaso, tem os terroristas islâmicos. Na Sibéria, tem os chineses que estão colonizando toda aquela vasta área.

O que o FSB faz é quase igual ao que o MOSSAD faz, porém nunca houve assassinatos atribuídos ao FSB fora da Rússia.

E eu não concordo quando neste post, é referido á Rússia como um "regime". A Rússia não é um "regime". Regime é a Líbia, o Irã, a Coréia do Norte.

A Rússia é uma democracia, e não um regime!

A Rússia precisa manter a ordem, e precisa ter o controle sobre o território, porque há muitos inimígos morando dentro dessa "casa", conspirando contra a sua própria Terra-Mãe!

Pippo disse...

Sem este controlo por parte do FSB seria possível manter a integridade territorial do Estado? Provavelmente não. Se assim for, estas acções são justificadas, mesmo as tais "execuções extra-judiciais" de enimigos do Estado (há mais países que o fazem e ninguém parece ficar muito perturbado por causa disso, vide capturexecução de Bin Laden).

Wandard disse...

"Onde está a verdade?"

A verdade está lá fora.


Tão interessantes são os mistérios da Rússia, quanto o são, os mistérios dos Estados Unidos.

Cristina disse...

Zhirinovsky
"Nunca houve assassinatos atribuídos ao FSB fora da Rússia"?

Era muito bom que nunca tivesse havido.....

Jest nas Wielu disse...

2 Cristina 08:26

O nosso Zhirinovsky/FOB Flanker anda distraido como sempre, a) FSB não actua fora da Rússia, para isso existe SVR; b) dois agents do SVR foram presos em 2004 em Catar e depois financeiramemente resgatados pela FR pelo assassinato do presidente checheno Zelimkhan Yandarbiyev (http://en.wikipedia.org/wiki/
Zelimkhan_Yandarbiyev)

Jest nas Wielu disse...

2 Cristina 20:24

/Resta só dizer que para a maioria dos cidadãos russos, habituados a uma história de arbitrariedades, esse controlo não é tão repugnante como é para nós./

Aqui temos o cinismo Ocidental na sua pior versão. “Nós” ocidentais, somos gente fina, culta e civilizada, sofremos com qualquer tipo de injustiça. “Eles”, os russos (ou mais largamente, eslavos), são mujiques, são criaturas que aguentam tudo, tal como aguentaram Ivan, o Terrível, Stalin, comunismo. Eles não sentem a dor (ou se sentem é em menor escala), eles não sentem as humilhações, nem perseguições, nem precisam da liberdade, acostumados ao pouco. O regime russo (ainda) não proibiu as conversas nas cozinhas, porque que eles reclamam?!!

É por isso que Europa Central e do Leste olha com esperança para EUA e não para a velha Europa ocidental, que traiu Checoslováquia e Polónia nos anos 1940 e hoje está disposta a mesmo, à troco do gás barato…

(Estimada, Cristina, o meu comentário apenas se refere à sua frase aqui registada, e não a sua pessoa, personalidade, qualidades morais ou a formação técnica e afim).

Jest nas Wielu disse...

FSB como novos «boyardes»: a não esqucer que essa ideia foi defendida pelo Gleb Pavlovsky (http://en.wikipedia.org/wiki/Gleb_Pavlovsky) ainda no peíodo soviético, por isso e pela colaboração com KGB ele viu, na altura, a sua pena bastente reduzida.

Anónimo disse...

Caro Jest,

concordamos quase sempre, mas desta vez tenho que concordar com a Cristina. É uma questão cultural. Por exemplo, em França, qualquer alteração à legislação que seja considerada minimamente desfavorável é "combatida" com protestos nas ruas. Os franceses protestam e vão para a rua gritar por tudo e por nada. Em contraste, em Portugal, não é assim. Existe uma cultura de muito mais resignação. A afirmação da Cristina não tem que ver com o que uns "podem" ou "devem" aguentar porque são civilizações mais ou menos "inferioes". Tem apenas que ver com o grau de resignação que sentem e os resultados que esperam se protestarem. Na Bielorrússia é a mesma coisa. As pessoas não têm uma cultura de protesto e até as reaçções á fraude eleitoral de Dezembro do ano passado foram relativamente modestas. Não saiu muita gente à rua, e foi essa uma das razões pelas quais Lukashenka levou a sua avante.

Relativamente à traição ocidental, há também que recordar que foram as pressões do presidente Roosevelt que de facto foram a chave do sacrifício da Polónia aos interesses da URSS. Churchill foi compelido a abandonar a Polónia, uma vez que no final da guerra tinha uma posição negocial extremamente desfavorável. O seu remorso é genuíno, demonstrado pelo seu pedido aos Chiefs of Staff o plano de viabilidade da operação Unthinkable, cujo objectivo seria o de impôr pela força uma posição favorável à Polónia, abrindo hostilidades contra a URSS em Julho de 1945.

Ao final do dia, outrora e hoje em dia, é sempre uma questão de realpolitik. Os governos europeus actuais estão reféns do eleitorado e sacrificam políticas energéticas comuns e braços de ferro dispendiosos a troco de votos. A Rússia aproveita-se disso e divide para reinar. Aliás, até o governo polaco adoptou uma posição realista face à Rússia, atirando, tanto quando pôde, o passado às urtigas porque percebeu que tinha mais a ganhar com isso.

António Campos

Anónimo disse...

O livro dá uma perspectiva interessante sobre o assunto: até hoje, não se sabe que organização foi responsável pelo ataque bombista em Doha. Após o assassinato de Yandarbiyev, um coronel do FSB do grupo de elite Vympel perguntou a Soldatov: "Veja a Mossad. Porque não podemos fazer o mesmo com os nossos terroristas?"

Na obra afirma-se que, já antes do atentado contra cinco diplomatas russos em Baghdad, em 3 de Junho de 2006, houve uma pressão legislativa para permitir ao FSB assassinar terroristas em solo estrangeiro. A lei foi apresentada à Duma em Março de 2006. A lei foi aprovada a 5 de Julho, logo após o atentado em Baghdad e as promessas de Putin de esmagar os responsáveis.

A obra relata também que existem inúmeros agentes do FSB a operar em solo estrangeiro. Em 2002, cinco agentes do FSB foram apanhados em Baku com documentos falsos e equipamento de vigiância.

Os serviços secretos francesos, citados pelo periódico turco Sabah, têm razões para crer que a série de assassitatos de rebeldes chechenos na Turquia, em 2008-2009, foram planeada pelo FSB.

E depois, claro, há o assassínio de Litvinenko...

António Campos

Anónimo disse...

Pippo! vc por aqui?


Falou em FSB o Pippo aparece!


Por q será?


hehehehe!

Jest nas Wielu disse...

2 António Campos 12:54

Concordo e discordo, por um lado, se não existe a sociedade civil não poderá existir a dignidade. Na França o conceito do cidadão vigora, salvo seja, desde o século XVIII, na Rússia uns 20 anos. França não viveu GULAG, a elite intelectual russa emigrou para Ocidente e dai o país, desde URSS é governado pelos filhos das cozinheiras (vide Lenin) e dos “faxineiros e guardas” (vide Boris Grebenshikov), etc. Mas não devemos pactuar com a situação e dizer que “os russos precisam de disciplina, Stalin/Putin é bom nisso”, etc. É uma teoria muito em voga no Ocidente, não é a primeira vez que estou a ouvir isso.

Pessoalmente, desconfio que os diplomatas em Bagdade (todos de baixo escalão, funcionários quase), podiam ser sacrificados ao melhor estilo do NKVD/KGB para fazer lobby daquela lei junto ao opinião pública russa.

HAVOC disse...

A Rùssia é a vítima! É vítima de uma conspiração aberta dos EUA e seus fantoches do Ocidente.

Certa vez eu li um artigo no PRAVDA que dizia que o Departamento de Defesa dos Estados Unidos pagariam um salário maior á soldados ou pilotos dispostos á aprender o cirílico. Porque será?

Mas este blog é sobre a Rússia, então deve ser respeitado o objetivo do blog, que eu particularmente adoro. Então, analizando criticamente a Rússia apenas, sem interferencias externas, a Rússia precisa e muito de seus agentes secretos e de suas agencias de segurança trabalhando porque há muita gente conspirando contra a Rússia.

Estas explosões misteriosas que vem ocorrendo em depósitos de munições da Rússia são obra de traficantes de armas, que roubam o que querem e depois explodem o local, para não deixar evidências. E essas pessoas são russas ou ligados á antiga URSS!

Portanto, o que Vladimir Putin vem fazendo, segundo diz este post ( e eu não concordo em alguns aspectos) é apenas proteger a soberania nacional russa, porque não importa para onde vire a cabeça, o Kremlin só vê inimígos, até dentro de seu próprio território!

A verdadeira conspiração é desestabilizar o território russo, até virar em pedaços. O ocidente quer a desintegração do império russo, porque os russos são simplesmente inimígos dos interesses dos EUA, OTAN e seus fantoches.

A Rùssia é sempre a vilã! Peguem qualquer filme de guerra ou de aventura, e vocês verão isso!

Para estas pessoas, não existem pessoas boas na Rússia, todos são demonios...

E é por isso que estão barrando a Rússia na Organização Mundial do Comércio,de qualquer maneira querem barrar a Rússia em qualquer esfera da sociedade. E isso é uma coisa que qualquer um irá notar, não importa de que lado esteja!

Quando os Estados Unidos enviam seus navios de guerra para o Mar Negro,junto á costa russa ninguem critica.Todo mundo apoia. Mas quando a Rússia manda seu navio Pyotr Velik e alguns TU-160 BLACKJACK para o Caribe e Venezuela como ocorreu em 2008, é motivo de desespero...

Quando os EUA enviam seus drones PREDATOR para bombardear vilas civís no Paquistão, todo mundo apoia. Mas quando tem bombardeiros TU-95BEAR patrulhando o Mar do Norte e o leste do pacífico, todo mundo se apavora... Porque?

Se analizarmos Rússia e Israel, Israel é muito mais malígna que a Rússia, por exemplo! Sua política externa é baseada em crimes contra a humanidade. E patrocinada por quem? Nem precisa responder...

E por mais que as pessoas insistam, sempre haverá esta aura de guerra fria, KGB e comunismo na Rússia, por que simplesmente foi este país o idealizador. Mas o que vocês querem? A Rússia atual existe á apenas 20 anos!

Nenhum país progrediu tanto na história da humanidade como a Rússia, que saiu de uma economia planificada e se tornou uma democracia exemplar!

Cristina disse...

Jest nas Wielu
Era para responder à sua interpelaçao mas o António já o fez e concordo totalmente com as suas palavras.
Só acrescentaria que não é de facto "cinismo ocidental", é aquilo que tenho observado: os russos resignam-se muito mais ao controlo por parte dos serviços secretos do que nós. Aqui não falo dos 15%-20% de pessoas mais instruídas, das grandes cidades e com uma cultura mais ocidentalizada - essas já têm uma mentalidade mais crítica. Falo das restantes, da maioria. Como disse o António, "tem apenas que ver com o grau de resignação que sentem e os resultados que esperam se protestarem".

Anónimo disse...

"Nenhum país progrediu tanto na história da humanidade como a Rússia, que saiu de uma economia planificada e se tornou uma democracia exemplar!"

Zhirinovsky/Fab Flanker/Alone Hunter

Você é um bom piadista !

Jest nas Wielu disse...

2 Cristina 00:37
Samora Machel dizia: “Não se pergunta a um escravo se ele quer ser livre”, os russos vivem nos regimes altamente autoritários nos últimos 500 – 1.000 anos (com curtíssimos periodos mais liberais), a “resignação” desde sempre era a única maneira de sobreviver, desde Ivan, o Terrível até Putin...

Jest nas Wielu disse...

Um estudo sociológico interessante sobre os mitos e crenças da sociedade actual russa:
http://www.gazeta.ru/politics
/2011/06/29_a_3680037.shtml

Jest nas Wielu disse...

Sobre os “brigadistas”

O nosso Zhirinovsky/Fab Flanker/Alone Hunter se comporta como um típico membro da “brigada”, usa vários nicks para fazer de conta que a sua opinião é compartilhada por muita gente.

Cristina disse...

Jest
Estou perfeitamente de acordo consigo...

Jest nas Wielu disse...

O livro “Adeus, Stálin”, da psicanalista russa Irene Popow, radicada no Brasil:
http://gazetarussa.com.br/12416

Gilberto disse...

Nossa...!

Não aguentei ler 2 parágrafos desse "estudo sociológico" sobre a Rússia atual.

Os paralelos com a República de Weimar são uma forçação de barra intelectualmente desonesta.

Uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra.

Nota zero para a dialética do autor.

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Esse Alone Hunter é um fetichista de primeira. Beira à pederastia, esse fetiche.