quarta-feira, junho 08, 2011

Contributo para História de Portugal (Camões é exemplo de poeta épico na Rússia)

O escritor Luís de Camões, a par de Fernando Pessoa, é um dos poetas lusófonos mais traduzidos para língua russa, podendo, neste campo, competir com outros nomes da poesia a nível mundial.
O maior homem das letras portuguesas começou a ser conhecido na sociedade russa em meados do séc. XVIII, numa altura em que se assistia precisamente à aproximação das cortes de Lisboa e de São Petersburgo.
O enciclopedista, poeta e escritor russo Mikhail Lomonossov vai buscar aos Lusíadas exemplos para ilustrar os géneros de versificação, bem como figuras de estilo literário na sua obra “Breve Compêndio de Retórica”, publicado em 1744.
O seu conhecimento da obra épica de Camões é de tal forma grande que levou Iúri Lotman, um dos pais da semiótica, a considerar que Lomonossov sabia português, tanto mais que, em alguns dos seus manuscritos, o fundador da primeira universidade da Rússia aponta para a consulta da “gramática portuguesa, léxico, Camões”.
É também visível a influência dos Lusíadas no poema épico de Lomonossov “Pedro, o Grande”, onde o poeta canta os feitos de um dos maiores czares russos.
O exemplo dos Lusíadas na composição de poemas épicos russos é seguido por outros homens das letras russas também no século XIX. Os estudiosos encontraram entre os papéis do poeta Vassili Jukovski notas sobre a leitura da obra de Camões antes de escrever o poema épico “Vladimir”.
Este poeta escreveu a tragédia “Camões”, sobre a morte do português, que era frequentemente representada nos teatros russos.
No século XIX, Alexandre Pushkin, o maior dos poetas russos, teve a ideia de escrever o poema épico “Ermak”, sobre o explorador russo que conquistou parte da Sibéria. Evgueni Baratinsk, outro poeta, escreve ao seu amigo Pushkin a propósito: “Dizem que, quando essa notícia chegar ao Parnaso, Camões ficará atónito. Que Deus te abençoe e te dê força para esse grande feito”.
No séc. XX, a obra épica de Camões continua a gozar de popularidade na Rússia. O poeta Valeri Briusov, quando escrevia o poema épico Atlândida (que ficou inacabado), deixou nas suas notas traduções de versos dos Lusíadas.



2 comentários:

Anónimo disse...

O maior gênio da língua deveria ser homenageado aqui no Brasil com uma estátua em cada praça. Pessoa tb.

Pippo disse...

Curioso. Não sabia desses factos, nomeadamente que Lomonossov leu Camões.
O JM dá-nos a conhecer factos realmente muito curiosos (e interessantes) sobre a História lusso-russa.
Obrigado.